Brutal Game escrita por Mandy-Jam


Capítulo 2
Nudez


Notas iniciais do capítulo

Aposto que a Luiza vai adorar esse capitulo. Quanto aos outros leitores, eu espero que gostem também.
Boa leitura.



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Luiza abriu as portas do palácio de Hades. O senhor dos mortos estava conversando com Perséfone, tentando acalmá-la quanto ao jardim, mas parou para ver o que a filha estava fazendo.

- Já terminou de limpar tudo? – Perguntou erguendo uma sobrancelha de modo ameaçador. Ela sorriu para ele, sem muita simpatia.

- Não. – Respondeu simplesmente – E nem vou.

- Como é? – Perguntou Hades em um tom furioso. Luiza teria medo disso em qualquer outro dia, mas depois de sua conversa com Éris, ela sabia que estava acima das punições de Hades.

Dirigiu-se até Perséfone, parando bem na sua frente. A Deusa ergueu uma sobrancelha para ela, nada feliz por ter tido o descuido de deixar o cão infernal destruir seu jardim. Luiza sorriu para ela e estendeu a mão entregando um envelope.

- O que é isso? – Perguntou a Deusa.

- Isso é um convite formal para que você participe do novo concurso de beleza do Olimpo. Uma votação para a Deusa mais bela. – Respondeu Luiza quase que cantando aquilo. Perséfone piscou os olhos deixando sua raiva se dissipar – Querem refazer a competição que teve entre Hera, Afrodite e Atena há milênios atrás. Quando Paris escolheu Afrodite como a mais bela de todas as Deusas.

Perséfone tocou o convite com a ponta de seus dedos finos, e deixou um sorriso escapar.

- Então estão convidando todas as Deusas dessa vez? – Perguntou surpresa – E eu terei a chance de ser a mais bela de todas?

- Sim. – Confirmou Luiza – Éris veio pessoalmente entregar isso á você. E me deixou responsável por entregar mais um convite. Sinto muito pelo jardim. Mesmo. Mas não vou poder concertá-lo agora.

Luiza virou as costas e saiu correndo. Perséfone sorriu boba para o convite em suas mãos, e tocou seu próprio rosto. Era muita emoção. Muita. Hades olhou para ela, e soltou um suspiro.

- Julia! Venha até aqui! – Berrou. Sua segunda filha, mais velha que Luiza, apareceu. O senhor dos mortos massageou suas próprias têmporas como se estivesse com uma ligeira dor de cabeça. Ele sabia que aquilo de concurso não daria certo – Julia, limpe a sujeira do cachorro no jardim.

- O que? – Perguntou ela chocada – Mas é a vez da Luiza cuidar disso!

- Não proteste. Só obedeça. – Reclamou. Juh suspirou pesadamente, xingando mentalmente a irmã. Ela se dirigiu para o jardim e começou a organizar a bagunça.

Como Luiza pode ser tão descuidada a ponto de deixar que o cão infernal destrua o jardim?, pensou irritada. Enquanto tampava os buracos cavados no jardim com a pá, Éris a observava.

A Deusa da discórdia sempre tem algo em mente, e nunca faz escolhas ao acaso. Éris pensara muito bem no que aguardaria Luiza, mas também tinha planos para Julia.

- Ah, Luiza, eu pensei em algo que você adoraria...! Ah, desculpe. – Disse assim que Julia ergueu o olhar para ela. Éris fingiu-se de inocente – Eu achava que era a sua irmã, querida. Sinto muito.

- Minha irmã saiu, Éris. – Respondeu em mau gosto e voltou a tampar os buracos. Éris soltou um suspiro.

- Não imaginei que ela partisse tão rápido. Eu disse á ela que não precisava ter pressa só porque é a nova jurada e... Oh, não! – Éris fez uma cara de choque muito convincente, e Julia franziu o cenho – Oh, não, você não ouviu isso!

- Jurada? Jurada de que? – Perguntou confusa.

- Shhh! – Fez a Deusa do caos. Ela deu alguns passos na direção de Julia – Você não pode contar o que eu te disse para ninguém, certo? Sua irmã vai me fazer o grande favor de ser jurada do novo concurso de beleza das Deusas olimpianas. Mas ninguém pode saber disso, entendeu?

- Vai ter um concurso de beleza? – Repetiu Julia franzindo o cenho – E a Luiza vai ser jurada? A Luiza? Você escolheu mesmo a minha irmã?

Julia parecia incrédula com o fato de Luiza poder servir como jurada de algo, principalmente de um concurso de beleza, e isso provocou algumas risadas em Éris.

- Você não está armando nada para cima dela, está? – Perguntou cruzando os braços – Seria o único motivo para você escolhê-la.

Não estou armando só para ela, querida. Pensava Éris, mas conteve esse pensamento só para si. Ela sorriu.

- Armando algo? Claro que não. Assim sinto-me ofendida. Eu escolhi sua irmã por ser uma meio-sangue, e por não ter nenhum contato direto com as Deusas. E, já que essa informação é sigilosa... Nada vai acontecer. – Falou Éris sorrindo – Só depende de você agora, é claro. Guarde segredo, certo?

Julia estava desconfiada, mas acabou assentindo.

- Eu vou. – Confirmou – Não vou contar para ninguém.

- Ótimo. Agora dê um jeito no jardim, porque ele está um horror. – Falou fazendo uma careta de desaprovação e sumindo. Julia ficou com raiva.

- A sua simpatia também é um horror, mas ninguém comenta. – Resmungou enquanto continuou a limpeza.

Luiza foi para o Olimpo com a ajuda da viagem pelas sombras. Não costumava muito visitar aquele lugar, pois sabia o pequeno preconceito que as pessoas tinham com Hades e seus filhos. Podia ver muito bem algumas ninfas torcendo o nariz ao notarem sua presença, Deuses menores fofocando e desviando o caminho para não passarem perto dela.

Ela tentava fazer com que aquilo não a afetasse. Tentava fazer fingir que não percebia o quanto era mal recebida.

Ao ver um grupo de ninfas darem risadinhas maldosas por suas costas, ela teve que respirar fundo. Tinha que se concentrar. Tinha que ignorar tudo aquilo e lembrar o motivo de ter vindo até ali.

- Mas que cabelo horrível... – Cochichavam. Luiza ajeitou uma mexa atrás da orelha e olhou em volta. Para piorar a situação, ela estava perdida.

- Não é só o cabelo. Viu aquelas olheiras? – Sussurrou outra.

As ninfas eram as únicas ali. Ela engoliu em seco e se virou para elas. Esperava não parecer tão irritada e ofendida quanto estava. Caminhou para pedir informações, e elas tentaram esconder leves caretas.

- Vocês... Vocês sabem me dizer onde eu acho o Apolo? – Perguntou com a voz um tanto falhada. As ninfas riram ao ouvir aquilo.

- O que você quer com o Lord Apolo? – Perguntou uma delas.

- Eu quero falar com ele. – Respondeu esperando que sua voz parecesse firme e determinada, mas não estava dando certo. Para piorar a situação, elas eram bonitas. Muito bonitas. Não tinha nem mesmo como apontar os defeitos delas também. Ao menos não físicos.

- Claro que podemos, querida. – Confirmou uma delas com um sorriso maldoso – Mas acho que ele não vai querer perder muito tempo com você.

- Lord Apolo prefere garotas mais bonitinhas. – Comentou outra. Luiza trincou os dentes, irritando-se com as risadas.

- Só digam logo para onde eu vou. – Reclamou. O banco onde elas estavam sentadas trincou, fazendo-as levantar com um pulo para que não caíssem no chão. Luh sabia que ela devia controlar a raiva, senão coisas daquele tipo aconteceriam.

Uma das ninfas olhou para ela e apontou para uma direção. Seu dedo tremia um pouco, e agora a presença de Luiza as incomodava mais do que antes.

- É para lá. O templo com uma lira na entrada. Vai identificar rápido. – Respondeu curta e grossamente.

- Tchau. – Foi tudo o que ela disse antes de virar as costas para elas e ir embora. Mesmo já á certa distância, podia ouvir reclamações.

Aqui não é lugar para eles.

A culpa não era dela se tinha um dom ainda desajustado para controlar energias negativas. Que, quando perdia a paciência, as coisas começavam a quebrar, estragar, morrer ou despedaçarem.

 Perdida em seus pensamentos, Luiza só foi notar que estava na porta do templo de Apolo depois de alguns minutos. Ainda não estava com humor tão bom, mas tentou melhor isso. Sempre quis conhecer Apolo frente á frente para ver a beleza e simpatia que todos diziam que ele tinha.

Cerrou o punho da mão direita e bateu na porta. Esperou alguns instantes e nada. O Deus do Sol não apareceu. A ideia de que talvez Apolo também não aceitasse filhos de Hades com facilidade lhe passou pela cabeça. Aquilo seria deprimente.

Refletiu melhor e não soube dizer porque aceitou participar do grupo de jurados. Ninguém no Olimpo ia gostar de vê-la ali mesmo. Luh bateu mais uma vez á porta, perdendo suas esperanças. Ao ver que Apolo não estava respondendo, resolveu desistir.

Ela se abaixou, pronta para colocar o convite de Éris debaixo da porta, quando de repente... Sentiu gotas d’água pingarem nela.

Apolo tinha atendido a porta.

Luh olhou para o par de joelhos cobertos por uma toalha e levantou o olhar ainda mais. O Deus do Sol estava ali, em pé, com o cabelo molhado e com sua barriga tanquinho a mostra. Ele olhava para ela com dúvida, e Luh não conseguiu reagir.

Seus olhos se prenderam nele por alguns instantes, e ela só conseguiu acordar quando ele disse...

- O que está fazendo aí embaixo? – Perguntou franzindo o cenho. Luh notou que qualquer um que olhasse a cena poderia pensar milhões de besteiras. Ela colocou-se de pé com um pulo. Agora estava de frente para o peitoral definido do Deus do Sol.

- Oi. – Foi tudo que conseguiu dizer sem se engasgar.

- Oi. – Respondeu ele mexendo no cabelo molhado. Luh sentiu seu rosto ficar vermelho, e torceu para que os comentários maldosos das ninfas fossem exagero. Não queria parecer feia perto de Apolo.

- Eu estou te atrapalhando? – Perguntou um tanto apressada.

- Bem... – Apolo olhou para a toalha em sua cintura e depois para a filha de Hades – Não, não. Pode falar.

- Isso foi sarcasmo? Porque se foi, tudo bem. De boa, eu volto depois. – Falou ainda apressada. Apolo riu da reação dela.

- Não. De boa. – Imitou – Pode falar.

Luh estendeu a mão entregando para ele o convite de Éris.

- Mas o que é isso? – Perguntou olhando o papel em suas mãos.

- Você está convidado sendo... – Luiza trocou as palavras ao prestar mais atenção á barriga tanquinho dele – Você... Você está...

Apolo notou que sua seminudez estava afetando a filha de Hades. Ele prendeu o riso e assentiu com a cabeça.

- Aham. Sei. – Confirmou tentando não rir – Você preferiria que eu vestisse uma roupa?

- Não. – Respondeu Luh, mas viu Apolo sorrir malicioso ao ouvi-la responder tão prontamente – Quero dizer... Sim. Ahm... Não. Não que eu queria te ver de toalha. E não que eu não queira. Mas não que eu não queira porque você é feio. Não que você seja feio. Você não é feio. E eu não disse isso como uma cantada. Não que eu tenha pensado em uma cantada...

Apolo desviou o rosto morrendo de vontade de rir.

- Calma. Está tudo bem. Eu causa isso nas garotas. – Disse rindo um pouco. Ele chegou para o lado de repente, e nova garotas extremamente bonitas saíram ajeitando os cabelos e as maquiagens. Luh arregalou os olhos e depois olhou para Apolo – Musas. Agora... Quer entrar, respirar fundo, e falar com calma? Algo na minha língua, ao menos. Eu vou trocar de roupa.

Luiza ia responder, mas Apolo já tinha entrado novamente no templo.

- Feche a porta quando entrar. – Disse de algum lugar mais distante. Luiza fechou a porta atrás de si e imaginou por quantas horas seu pai iria gritar se soubesse que ela ficara sozinha com Apolo em seu templo.

Ela andou em direção á um quarto no final de um largo corredor. A porta estava aberta, e ela pôde ver Apolo puxar a calça jeans para cima, ainda só de cueca. Ela desviou o olhar, inocente, fingindo que não tinha visto nada.

Quando o Deus do Sol se vestiu, ele andou até ela.

- E então? Melhorou agora? – Perguntou. Ela abriu a boca para responder, mas ele a impediu – É... Deixa para lá. Não tente responder. Só diga... Que convite é esse?

Luh respirou fundo e olhou para o envelope fixamente.

- Você está sendo formalmente convido á participar do grupo de jurados do concurso de beleza das olimpianas. – Contou ela bem devagar para não errar as palavras – Isso. Falei certo agora.

- Vai ter um concurso de beleza? – Perguntou ele estranhando aquilo – Uhm... Já estou vendo brigas pela frente. Isso vai começar de novo. Primeiro em Tróia. Agora aqui.

Apolo olhou para o envelope e depois para Luh.

- Eu sei que vou me arrepender de perguntar isso, mas quem vão ser os outros jurados? – Perguntou ele um tanto de mau humor.

Luiza olhou para ele sentindo-se um pouco mal agora. Pelo visto, Apolo não estava gostando tanto assim do convite quanto Éris disse que ele iria gostar. Ela hesitou em responder. Abaixou a cabeça e deixou as palavras serem pronunciadas automaticamente.

- Sou eu. – Respondeu em um murmuro baixo.

Apolo piscou os olhos para Luh, sem acreditar que tinham escolhido uma filha de Hades para ser jurada de um concurso. No entanto, notou que ela tinha se sentido mal pelo jeito como ele falara. Ele tocou o queixo dela e ergueu o seu rosto com delicadeza.

- Desculpe ter falado desse jeito. – Disse olhando fixamente para seus olhos – Eu não queria fazer você se sentir mal. É só que isso tende a ser um pouco problemático, entende? Da última vez teve uma guerra por causa disso.

- Eu entendo. – Confirmou ela – Você vai aceitar o convite?

Apolo mordeu o lábio inferior e olhou para o envelope mais uma vez. Luiza queria que ele participasse. Só aceitara fazer parte dos jurados, porque Éris disse que Apolo estaria lá. Mas é claro que ela não deixaria o Deus saber sobre esse detalhe.

- Por favor. Escolheram você por ser o Deus da beleza. – Pediu Luh – Quem mais poderia ser um jurado melhor que você?

- E quem me escolheu? – Perguntou erguendo uma sobrancelha.

- Éris. – Respondeu viu Apolo revirar os olhos – Mas não é o que está pensando. Ela não está armando nada dessa vez. É sério.

- Éris? Não armando nada? – Repetiu quase rindo, mas depois reviu os elogios em sua mente – Quer dizer que ela disse que não existe melhor jurado do que eu?

Luiza sabia que era mentira, mas porque contar á ele?

- É. Ela disse sim. – Mentiu – Disse que sem você não teria concurso.

Apolo sorriu ao ouvir aquilo. Sentiu uma bela massagem em seu enorme ego, e acabou assentindo com a cabeça.

- Tudo bem. Então... Acho que estamos juntos nessa agora. – Falou piscando para Luh, que quase derreteu.

Ainda bem, pensou ela.


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Notas finais do capítulo

E Éris arma para todo mundo. Sempre.
Os jurados já estão selecionados, mas o que será que vai acontecer com as candidatas?
Espero pelos comentários de vocês. Até o próximo capítulo!