Brutal Game escrita por Mandy-Jam


Capítulo 1
Lembranças


Notas iniciais do capítulo

O primeiro capítulo pode não ser isso tudo. Serve mais para dar uma ideia do que está por vir.
Espero que gostem, e boa leitura!
PS: Feliz aniversário, Luh13! Espero que você goste dessa fic mais do que todo mundo! Haha!



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Todas as Deusas estavam reunidas em um dos jardins do Olimpo para passar o tempo livre. Depois de cumprir seus deveres, resolveram relaxar.

A tarde estava quente e uma leve brisa soprava de vez em quando. As flores estavam lindas, graças aos cuidados das ninfas. Deméter sorria admirando aquele trabalho bem feito, enquanto Hera continuava falando, achando que estava sendo ouvida pela irmã.

- Eu achei tão divertido! E teve também aquela vez em que... – Hera parou de falar ao ver que Deméter não a ouvia – Deméter!

Hera fechou o livro que tinha em mãos com raiva, e estreitou os olhos para a Deusa. Deméter piscou os olhos e notou que havia deixado a irmã um tanto irritada.

- Ahm... Sinto muito. O que estava dizendo? – Perguntou com calma. Hera revirou os olhos e deixou seus ombros caírem.

- Não estávamos lembrando de eventos passados? Eu estava falando do casamento de Hades e Perséfone, quando Hermes e Apolo improvisaram aquela música mortal. – Repetiu a rainha dos Deuses. Deméter fez uma careta ao lembrar de Hades casando-se com sua filha tão querida, mas depois riu um pouco.

- Hermes realmente sabe tocar gaita. – Comentou assentindo – Love me do ficou ótima ao som deles.

Atena, Ártemis e Afrodite, que antes estavam conversando entre si, resolveram chegar mais perto de Hera e Deméter para ver o que elas estavam fazendo. A Deusa do casamento tinha em mãos um livro sobre mitologia, bem grosso por sinal, e olhava-o como se fosse um álbum de família.

- Tivemos momentos interessantes, devo confessar. – Murmurou passando as páginas. Atena confirmou e Ártemis também.

Afrodite revirou os olhos. Seu vestido era bem decotado, mas ainda assim ela morria de calor. Abanou-se com um leque, só que viu que só aquele ventinho não seria o suficiente.

- Ah, só uma brisa. Vamos lá... – Murmurou olhando para o céu azul. Nem mesmo as árvores pareciam se mexer, não havia vento nenhum.

- Tem muita coisa para ser lembrada. – Disse Atena sorrindo para o livro – Vocês por acaso se lembram de quando...?

Ela foi interrompida. Para a curta felicidade de Afrodite, um vento forte bateu. As páginas do livro viraram sozinhas, violentamente, até que pararam em um momento que ninguém se sentia confortável em relembrar.

- A Guerra de Tróia. – Disse uma voz diferente. Éris surgiu entre as árvores do jardim e sorriu docemente para as Deusas. Ela ignorou a pequena placa de “não pise na grama” e andou na direção delas, com os olhos fixos no livro – Isso foi realmente memorável.

Todas torceram o nariz e pareceram desconfortáveis. A mera presença da Deusa do caos e da discórdia já era razão o suficiente para se preocupar. Éris fingiu-se chocada ao ver que não estava sendo lá tão bem recebida.

- O que foi? Cheguei em má hora? – Perguntou olhando-as – Eu vi vocês conversando tão alegremente, e achei que talvez pudesse fazer parte desse momento em família.

Afrodite desviou o olhar com irritação. Queria desesperadamente uma brisa, mas não se ter Éris por perto fosse o preço disso. A Deusa da discórdia olhou para a Deusa do amor – sua antiga rival – e prendeu um sorriso maligno.

- Afinal, é isso que somos, não é? Somos família. – Comentou devagar – E família fica sempre junta.

- Até você á separar. – Falou Afrodite com nojo, sem olhar para Éris ainda.

- Que absurdo. Dizem então que estão me excluindo desse momento? – Perguntou fingido-se ofendida.

- Antes só do que mal acompanhado. – Rebateu olhando para a Deusa – Será que não vê que sua presença não é querida?

- Ah, querida. Eu sei que a minha presença nunca é querida por você. Mas eu não ouvi nada vindo delas. – Falou Éris dando uma risada simpática – Atena, você acha que eu devia ir embora?

- O que você quer aqui, Éris? – Perguntou a Deusa da sabedoria, sabendo que algo estava errado – Pelo que sei, você não é fã de momentos familiares.

- Porque ninguém nunca me deu uma chance. – Disse em um tom triste, e enxugou lágrimas imaginárias – Vocês sempre me expulsam como se eu fosse um monstro. Será que não notam que eu só quero companhia? Que eu sou solitária e que ninguém nunca fica do meu lado?

- Lógico. Você mata todo mundo que fica do seu lado. – Murmurou Afrodite revirando os olhos. Éris ignorou o comentário, e olhou diretamente para Hera.

- Hera, você vai me expulsar? – Perguntou com sua melhor expressão de tristeza. A rainha dos Deuses abriu a boca, mas não conseguiu responder de cara. Ela olhou para o livro em suas mãos e depois para Éris – Será que eu não posso ficar nem um pouquinho?

Hera suspirou e assentiu.

- Você pode ficar, Éris. – Confirmou tentando dar um sorriso simpático – Você também é parte da família, creio.

Éris bateu palmas e abriu um largo sorriso. Ela correu na direção das Deusa e sentou-se entre Atena e Ártemis. Abraçou as duas como se fossem suas grandes amigas e inclinou-se para frente na tentativa de olhar melhor o livro.

- Ah, essa época foi tão divertida! – Exclamou sorrindo, mas notou que ninguém parecia feliz com aquilo – Ahm... Digo. Foi muito desgastante também, é claro. Cheio de guerras, mortes, traições e essas coisas todas, mas... Um pouco antes disso. Hera vire umas páginas... – A Deusa do casamento virou algumas páginas para trás e Éris sorriu de novo, puxando Atena e Ártemis contra si – Ah, isso! Isso sim foi legal!

O livro mostrava uma figura. Um homem de vinte e poucos anos de frente para três Deusas. Hera, Afrodite e Atena.

- Ah, me poupe, Éris. – Disse a Deusa do amor revirando os olhos – Você acha que nós somos idiotas?

Ela se colocou de pé, e Éris ergueu os olhos para Afrodite. Dava para ver que as duas eram completamente diferentes. Afrodite estava sempre bem vestida, com roupas justas, elegantes, e coloridas. Já sua rival usava roupas pretas rasgadas, com um estilo punk. O cabelo de Afrodite era comprido e bem tratado. O de Éris era curto e picotado.

- Eu não disse nada disso. – Respondeu Éris. Ártemis e Atena tentaram se livrar dos braços da Deusa, mas foram puxadas ainda para mais perto – Acho que Afrodite está ouvindo coisas, não é Ártemis?

A Deusa da lua sorriu friamente para ela, e depois olhou para Afrodite.

- Você vai começar a falar daquele evento de novo para ver se consegue provocar uma nova briga. Esqueça, sua tonta. Isso não vai dar certo. – Ela não tinha muita paciência para os truques de Éris, porém a Deusa da discórdia não estava disposta a ser passada para trás tão facilmente.

- Eu não ia contestar o resultado, Afrodite. Fique tranquila. – Disse com calma. Atena assentiu sentindo-se aliviada por não presenciar o começo de outra guerra – Na verdade, acho que Paris foi muito sábio ao escolher você como a mais bela.

- Sábio? – Repetiu Atena incomodada. Deu um riso pouco simpático e todos os olhares se voltaram para ela – Você achou Páris sábio? Ele foi ingênuo. Tem uma boa diferença.

Atena ficara ressentida com o jovem desde que ele escolhera Afrodite como a Deusa mais bela de todas. Destruir Tróia até só sobrar farelos, esmigalhar suas muralhas, aquilo tudo não a fizera sentir-se melhor. Se tinha uma coisa que a Deusa da sabedoria odiava era quando não reconheciam sua beleza também.

Ninguém nunca notou isso, porque Atena nunca foi como Afrodite. Ela não gostava de se exibir ou de ficar cercada por pretendentes, mas tinha lá sua vaidade também. E ainda se sentia ofendida com um episódio de milênios atrás.

- Devo admitir que Páris não pensou muito bem na hora de fazer sua escolha, mas não acho que esse assunto deva ser discutido novamente. – Comentou Hera em um tom amargo. Ela também não se sentia nem um pouco feliz por ter sido jogada de lado por um mero mortal. Sua beleza devia ser maior do que de todas as Deusas juntas, uma vez que era a Rainha do Olimpo.

- Odeio o modo como você sempre arruma confusão. – Disse Afrodite com raiva de Éris – Colocou elas contra mim novamente!

- Eu não fiz nada! – Exclamou Éris inocentemente.

- Nada? Ah, tá bom! Você queria que elas contestassem o óbvio novamente! Admita, Éris! – Reclamou a Deusa do amor – Eu sou a mais bela das Deusas, e isso não devia nem mesmo ser colocado á prova. A culpa não foi de Páris, nem de ninguém. É só a verdade.

- Você é pior do que Narciso, sabia? – Resmungou Atena – Páris só te escolheu porque é a Deusa da beleza. Mas se não soubesse disso, tenho certeza de que sua escolha seria outra.

- Acha que ele não me escolheria como a mais bela? – Perguntou ela rindo – Eu não gosto de jogar isso na cara de ninguém, Atena, porque entendo que as pessoas se sentem ofendidas de vez em quando, mas... – Afrodite prendeu o riso e apontou para si mesma – Ninguém é mais bela do que eu.

Atena ia responder algo, porém Hera foi mais rápida.

- Páris foi um idiota. – Falou Hera – Ele escolheu você, mas não quer dizer que qualquer outro homem faria o mesmo.

Afrodite estreitou os olhos para ela, e tentou se conter. Deméter acabou comentando algo também.

- Vale comentar que nem todas as Deusas participaram dessa competição. – Murmurou desviando o olhar. Éris prendeu o riso, e esperou por mais. Ártemis deu de ombros.

- Para mim isso é indiferente. – Respondeu sem ligar – Só acho idiota que vocês ainda discutam sobre isso.

- Idiota? – Repetiu Hera olhando para Ártemis com irritação – Diz isso porque não foi você quem foi subjulgada por um mortal!

- Ei, gente. Calma. Não precisam brigar. – Disse Éris tentando esconder um sorriso de satisfação – Acho que todas vocês devem saber o melhor jeito de resolver isso.

- Do que você está falando? – Perguntou Afrodite franzindo o cenho.

- Estou dizendo que poderíamos repetir essa pequena competição. – Disse Éris como quem não quer nada – Para não termos briga, acho que deveríamos resolver isso de um modo pacífico e civilizado.

- Você acha que vamos cair nessa? – Disse Afrodite com raiva.

- Eu concordo. – Disse Atena pesadamente.

- Só pode estar brincando, Atena. Você vai cair na dela?! – Perguntou Afrodite chocada por Éris ter conseguido influenciar Atena.

- Não é como se eu quisesse arrancar o seu título de beleza, princesinha cor de rosa. – Disse Éris tentando parecer simpática – Só estou sugerindo que talvez devêssemos fazer uma competição amigável com todas as Deusas dessa vez.

- Não vejo problema nenhum nisso. – Concordou Hera também caindo na história de Éris – Acho até bem justo.

- Ótimo! – Sorriu Éris e depois olhou para Afrodite. As duas se odiavam tanto, que podiam saber o que a outra dizia só de olhar nos olhos. A Deusa do amor viu que sua rival estava cheia de ânimo, e que aquilo ia muito além de uma competição amigável – Você concorda, Afrodite?

Ela franziu o nariz com irritação. Não queria cair no joguinho de Éris, mas no fundo estava com raiva de ter sua beleza contestada pelas outras Deusas.

- Eu concordo. – Confirmou devagar – Não tenho problema em vencer novamente, Éris. Isso vai acabar mais rápido do que você espera.

- Chamarei Apolo para ser o jurado. – Disse Éris olhando para as Deusa – Acharei outra pessoa, bem imparcial para auxiliá-lo na escolha. Falarei mais tarde como podemos realizar essa disputa.

- Não vai participar? – Perguntou Ártemis erguendo uma sobrancelha.

- Eu? Oh, não! Não teria chance contra vocês. – Disse dando uma risada amigável – Chamarei Perséfone, Anfitrite, e Héstia... Faltou mais alguém? Talvez Nike e Nêmesis. Eu vou fazer a lista.

Éris foi embora com um grande sorriso no rosto. Principalmente ao ouvir que as Deusas começaram a discutir sobre o assunto. Aquilo seria mais divertido do que ela pensou que pudesse ser.

- Luiza! – Rugiu Hades com raiva. Perséfone revirou os olhos e foi em direção á sala dos tronos. Uma semideusa de cabelo castanho ondulado apareceu, andando lentamente.

- Ahm... Sim? – Disse desviando o olhar.

- O que eu falei para você? – Perguntou ele com raiva. Antes mesmo que ela pudesse responder, Hades se adiantou – Eu falei que, se você quisesse ter um cão infernal de estimação, você teria que cuidar da bagunça dele!

- Eu estou cuidando, pai. – Murmurou ela ainda desviando o olhar.

- E como explica isso?! – Perguntou ele apontando para o jardim de Perséfone. Todo o lugar estava destruído. O cão infernal havia cavado buracos enormes, e ainda presenteado as plantas algo nada cheiroso.

- Ah, pai! É a vez da Julia limpar! – Reclamou Luiza revirando os olhos. Hades passou a mão pelo rosto.

- Não me interessa de quem é a vez de limpar! Quero que limpem! – Reclamou ele – Perséfone vai passar dias falando no meu ouvido por causa disso. Tem noção do quanto isso é chato?!

Deve ser tão chato quanto ter você falando no meu ouvido, pai, pensou Luiza.

- Você é o dono do Mundo Inferior. Não dá para pedir para alguém fazer isso? Um dos seus servos zumbis. – Tentou se livrar do serviço.

- Aí vocês não aprenderiam o que é ter responsabilidade. Ao trabalho, Luiza! – Rebateu indo em direção ao seu palácio. A filha de Hades bufou. Adorava ficar no Mundo Inferior, onde todas as pessoas estavam mortas, entretanto odiava ter que obedecer todas as ordens de seu pai.

Ela pegou uma pá e começou a tampar os buracos que seu cão fizera. Sabia que Perséfone ainda reclamaria com ela por causa daquilo. Podia ser uma boa madrasta, mas paciência tinha limites.

Talvez se ela deixasse tudo muito arrumadinho, a Deusa não dissesse mais nada. Mesmo que suas flores favoritas tenham sido reduzidas á pétalas amassadas.

- Ei, você. – Chamou alguém. Luiza se virou para ver quem se aproximava dali. Éris parara no caminho entre os jardins e olhara para a filha de Hades sem dar nem mesmo um sorriso – Onde está Perséfone?

- Longe daqui, para a minha sorte. – Murmurou em resposta, mas depois negou com a cabeça – Ocupada. Por que?

Éris revirou os olhos e mostrou um envelope branco com laçinho.

- Vim fazer um convite que ela vai adorar aceitar. – Disse Éris. Luiza suspirou pesadamente.

- Se vai fazer ela ficar feliz, leve para ela. Está lá dentro junto com o meu pai provavelmente. – Contou ela apontando em direção ao palácio.

Éris estava prestes a seguir até lá, quando olhou melhor para a filha de Hades. Ela coçou o queixo com um sorriso maldoso. Talvez aquela garota, que parecia tão irritada com Hades e Perséfone, pudesse ser útil.

- O que entende sobre beleza? – Perguntou Éris.

- Está me chamando de feia? – Perguntou Luiza incomodada. Éris deu uma risada e negou com a cabeça.

- Não, claro que não! – Falou agora muito mais simpática do que antes – Esqueça Perséfone. Eu tenho algo á falar com você. Posso te garantir que é muito mais interessante do que fechar buracos, e limpar cocô de cão infernal.

Luiza jogou a pá para longe no mesmo instante e sorriu para Éris.

- Estou ouvindo. 


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Notas finais do capítulo

Qualquer crítica, comentário e elogio serão muito bem-vindos nos reviews. Espero que tenham gostado, e até o próximo capítulo!