Deathwish escrita por Nero00


Capítulo 4
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

um dos meus capítulos favoritos... inspirado na canção "Desert song"



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ATO 4 : a canção do deserto

Fiz o que tive que fazer com Gerard com um peso no coração. Eu não queria rejeitar aquele amor, não queria fazê-lo sofrer... Mas, infelizmente, tive.
Talvez você não entenda e eu também não poderia explicar todas as regras que regem a vida e a morte, e o que aconteceria se tentássemos burlá-las.
Depois de ter deixado Gerard no hospital, me encontrei em uma confusão de pensamentos que iam de cenas borradas de atropelamento para o som da voz de Gerard, em seguida ia para a cena de um triplo homicídio para a sensação do toque dos dedos dele no meu pulso. No topo de um edifício, levei as mãos à cabeça, cambaleei alguns passos e cai sentada no chão, Algo subiu pela minha garganta e lutou para querer sair pela minha boca:
- Porque eu tinha que amá-lo? – gritei com toda a força que desprendi do meu desespero.
Me encolhi no chão e a única resposta que tive foram lágrimas. Mas, eu não tive tempo para mim, tempo para o meu egoísmo. Eu estava sendo chamada.

Aqui, o leitor terá que me perdoar por mais um parêntese que farei na nossa história.
Ao ouvir o chamado, me ergui, enxuguei meu rosto e me transportei. De imediato a areia, carregada pelo vento, arranhou meu rosto, ajeitei o capuz sobre minha cabeça e tentei entender aquela cena.
Haviam dois carros parados ali, em um deserto, no meio do nada. Notei seis homens usando ternos pretos. Um deles, o único que estava de óculos escuros, sorriu e eu me assustei ao notar que seus caninos eram pontudos como os de um vampiro.
Foi quando vi, segurados pelos braços, por dois dos homens de preto, um casal. A moça usava um vestido branco e os cabelos arrumados em um perfeito coque, o rapaz também usava um terno escuro, mas em tudo diferente dos seus algozes.
- Tirem as vendas. – disse o de óculos, que deveria ser o chefe.
O rapaz, assim que lhe retiram a venda, procurou pela moça. E ao encontrá-la pareceu se acalmar.
- Por favor, a deixem ir... – o rapaz disse.
- O que disse? – o “vampiro” riu. - onde estariam meus modos se deixasse uma moça tão bonita torrando nesse sol? Vamos poupá-la disso.
Ele tirou uma pistola de dentro do paletó.
A moça olhou para o rapaz e disse algo sem som antes de ser empurrada para longe. Ela caiu de joelhos na areia.
- Por favor, - eu pensei – que ela não sofra muito.
Ela olhou para o rapaz e disse com som:
- eu sempre vou amar você.
Foi rápido. No instante em que o homem de óculos escuro atirou, eu já havia me posicionado atrás da moça. A bala atravessou seu peito e enterrou na areia fofa. O corpo tombou para trás, e eu o atravessei como um fantasma para retirar lhe a alma. A abracei com força em nosso pequeno vôo e ela se agarrou no meu corpo com uma criança pequena na mãe.
- NÃÃÃOOOO!!!- o rapaz gritou, se debatendo contra os corpos dos que o seguravam.
A moça abriu os olhos para mim.
- Oh... – ela respirou fundo – Mas... E ele...?
- Não se preocupem vocês irão se reencontrar. Vá agora, não irá demorar.
- Ele vai ficar bem...?
Olhamos para o rapaz que continuava na sua luta inútil.
- Vai. - e insisti querendo poupá-la. – Vá, por favor.
Ela partiu.
Na sua luta o rapaz conseguiu acertar uma cabeçada no queixo do homem que o segurava, conseguindo se libertar. Meio tonto ele correu até o corpo da sua amada e se jogou sobre ela.
- Seus malditos! – ele gritou transtornado de dor. – Nem que eu tenha que voltar do inferno, eu voltarei para pegar cada um de vocês!!
- Não! – eu disse assustada com aquela ira insana. – Não diga isso...
Ele continuou sem ouvir meu apelo mudo:
- Estão me ouvindo?- ele se agarrou ao corpo da moça, sujando-se com aquele sangue, para ele, tão precioso. – vou pegar as almas de cada um de vocês!
O “vampiro” parecia estar se divertindo com todo aquele sofrimento, agachou-se na frente do rapaz ainda com a pistola na mão. Ele tirou os óculos e, sorrindo, encarou o rapaz.
- Quer ir pro inferno? – e apontou a arma para a cabeça do rapaz.
O rapaz encostou a testa no cano da pistola e rangeu os dentes:
- Vou encontrar com você lá, sue filho da puta!
Houve mais um estrondo.

Passaram-se algumas horas e ainda estávamos no deserto. O rapaz e eu, os carros e os assassinos haviam ido embora.
Os dois corpos estavam ali, caídos juntos, podia estar meio abraçados. Mortos, mas cheios de uma estranha beleza.
Eu estava sentada na areia quente, e olhava para aqueles dois que pareciam não temer nada e estavam cientes da força daquele amor.
- Amor... – e repeti inconsciente.
O rapaz, que até então estava observando os corpos, voltou-se para mim.
- Me diga que eu fui um homem mal.
- Como? – fiz surpresa.
- Eu sei que vou para o inferno. Eu não sou um anjo, assim como ela. Sei que vou pro inferno por conta dessa sede doentia de vingança que estou sentindo agora. – ele estava sério. – Foi isso que você me reservou, não é?
- Você faz suas escolhas. – foi a única resposta a ser dada.
- É... – ele resmungou - Vamos logo, parece que eu ainda tenho muito que fazer.
- Não se preocupe. – consegui dizer no final. – Vocês ainda vão ficar juntos.
- Obrigado...
E ele se foi.


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