Deathwish escrita por Nero00


Capítulo 23
Capítulo 23




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/33481/chapter/23

[[Just the way it goes]]
ATO 23: Faça uma prece.

E ao mesmo tempo em que eu ia sumindo em New Jersey ia reaparecendo, me recompondo em outro lugar. A maneira como isso acontecia eu não saberia explicar, por que Dominique havia me dito que Jack era mortal novamente logo ele não deveria ter esses “poderes além da compreensão humana”, outra coisa que eu não saberia explicar seria essa espécie de teletransporte que eu acabara de sofrer.
Mantinha os olhos fechados porque senti muita tontura, tornei a abri-los poucos segundo depois para uma cidade que brilhava no escuro.
- Estamos em Tokyo. – ouvi Jack dizendo. – Caso você esteja interessado em saber.
Virei para ele, o enxerguei de pé a alguns passos de onde eu estava. Olhei novamente ao redor. Estávamos no alto de um prédio, os carros lá em baixo pareciam pequenas estrelas vermelhas e douradas caídas aos meus pés.
Ventou e me senti estranhamente em paz. Voltei-me para Jack, mas foi ele quem falou:
- Aquela arma que você possui...? Não é sua na realidade, é? – ele sorriu.
- É minha agora. O que importa?
- Nada. É muito bonita – ele gesticulou e apanhou novamente suas pistolas – e tem um toque de feminilidade.
Confesso que fiquei confuso com esse comentário e acho que franzi as sobrancelhas na esperança de entender.
Ele sorriu.
- Olhe minhas armas. – ele as beijou uma a uma, primeiro a da mão direita, depois a da esquerda. – Eu as amo, porque são meus meios pra ter de volta quem eu amo.
- Como ela se chama? – eu disse.
Jack me olhou surpreso e depois sorriu me estudando:
- Ellen...
Ventou novamente:
- Me conte a sua história Jack... – pedi.
- O quê? Quer mesmo ouvir?
Balancei a cabeça que sim.
O olhar de Jack vagou. Ele foi se sentando lentamente no parapeito e ficou olhando, perigosamente, para baixo.
- Fomos assassinados. Eu assisti ela morrer em baixo de um sol escaldante no meio do nada.
“A verdade é que tudo foi minha culpa, eu desgracei completamente a vida dela...O pai dela era um desses bastardos cheios da grana, ele era o dono de uma rede de hotéis e de vários cassinos, dono da metade da cidade e de uma riqueza construída a base da cocaína.”
Eu estava ficando interessado. Jack continuou a falar, talvez aquilo fosse um desabafo pra ele:
- Mas ela... – ele suspirou. – Ah, ela um lindo passarinho preso em uma gaiola. Era inocente e meiga de mais pra esse mundo. Ela sofria tanto por causa pai, sofria por ter que usar roupas caras que foram pagas com dinheiro sujo. Ela era infeliz.
- E você? – perguntei depois que ele passou um bom tempo em silêncio, talvez pensando nela.
- Eu? Eu era um moleque da parte pobre de Las Vegas, eu era um moleque perdido no meio de um luxuoso hotel, trabalhando todo o santo dia pra receber algo no fim do mês. – ele riu com pesar.
- Foi onde você a conheceu?
- Foi. – ele me olhou. – Apenas um único olhar e eu me apaixonei por ela. E eu fiquei sabendo com o passar dos dias que ela notará minha presença apaixonada e devota, tomei coragem e fui falar com ela. Seu sorriso me deixou mais encantado, passamos horas conversando e percebi que ela era a mulher da minha vida.
“Ela me contou da sua vida e eu contei a minha. Ela me falou dos seus medos e eu falei dos meus. Nos vimos muitas vezes mais. Eu fugia do trabalho e ia até o quarto dela, sentávamos no chão e tomávamos sorvete. Ela era sozinha e eu desesperado pelo coração dela!”
“Certa vez, ela sussurrou no meu ouvido que amava mais que a própria vida, disse que eu era seu amigo verdadeiro, que eu era o homem pelo qual ela sempre esperou.”
“Nos beijamos, nos tocamos. Nós éramos uma única pessoa. Ela me confidenciou que era infeliz e que juntos poderíamos fugir pra longe de tudo, pra longe daquela cidade, longe do pai que ela odiava. Eu concordei, nos planejamos, iríamos de carro, cruzaríamos o deserto que separava Las Vegas do resto do mundo, iríamos pra casa de uns amigos meus em outro estado. Mas o pai dela descobriu e mandou seus homens atrás de nós com ordens de nos matar. Eles no acharam. Acabaram conosco ali mesmo e deixaram nossos corpos para torrar naquele sol. Mas,morri com ela me dizendo até o ultimo momento que me amava. ”
E o que aconteceu depois acho que você já sabe... Quis tanto me vingar que voltei quase como um zumbi dos infernos pra fazer todos pagarem. – ele riu triste – e tê-la de volta.
- Você acabou vendendo sua alma?
- Isso... Vendi pra poder alcançá-la.
- Entendo. – foi o que respondi.
- É. – ele saiu daquele transe suicida ao se levantar e caminhar a minha direção.
E então, foi simultâneo. No mesmo momento em que ele pegou novamente as pistolas, eu fazia minha foice aparecer novamente.
- E sinto muito. – disse empunhando a foice.
- Obrigado. – ele erguia as duas armas para mim.- Não queria que as coisas fossem assim para mim e para você, Gerard. Não queria que tivéssemos que nos enfrentar, mas já que não há outro jeito... Eu não perderei, não agora que a sua alma será a última de que eu preciso.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Deathwish" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.