Deathwish escrita por Nero00


Capítulo 18
Capítulo 18




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[[Just the way it goes]]
ATO 18:um anjo de gelo

- O que você vai fazer? – eu disse sem largá-la.
- Vou tentar fazer algo por vocês. – ele andou alguns passos em direção ao altar, mas antes que pudesse chegar lá parou no meio do caminho. – Agonia...
Ele a chamou e no mesmo instante aquela mulher esquisita se pôs de pé. Realmente os machucados que a Morte tinha lhe feito sumiram magicamente.
- Agonia, cuide de Destino. – ele ordenou e mais que depressa ela correu até o corpo e o abraçou, o envolvendo com correntes frias, como eu bem sabia, e por fim os dois desapareceram.
- Pra onde eles foram? – murmurei. – Não vou deixar que você a leve também!
- Shhuu! – ele pareceu severo. E continuou abrindo os braços e olhando para o teto da igreja. –Dominique! – ele chamou para o vazio.
E o eco que se fez na igreja foi sinistro. Alias, por que estávamos sozinhos na igreja? Por que ninguém aparecia justamente nas horas em que eu gesticulava e falava com o vazio?
- Dominique! – ele disse mais uma vez.
- O que está fazendo? – eu disse do chão, olhando para aquele rosto vazio e docemente adormecido em meus braços. Meus olhos se encheram de lagrimas com aquela beleza morta e fria demais para ser humana.
Mas antes que Medo me respondesse alguém já havia respondido ao seu chamado e se encontrava para a nossa frente nos encarando. Era Dominique, é para minha surpresa se tratava de um ser que eu não saberia diferenciar se era homem ou mulher, tamanha era a sua androgenia.
Será que era um anjo de Deus?
- Dominique... - Medo começou finalmente. – perdoe-me por chamar você a este plano, mais sei que posso contar com a sua amizade diante de uma situação dessas...
- Pode dizer. – Dominique disse e sua voz era extremamente máscula, me levando a conclusões óbvias. - Farei o que me for possível.
- Você bem deve saber o que acaba de ocorrer...
- Sim, estou ciente de todas as regras que foram quebradas esta noite por você e seus iguais, Medo.
Dominique me pareceu uma espécie de chefe. Será que era assim que essas coisas funcionavam? A verdade é que eu sempre tive uma curiosidade enorme de perguntar essas coisas para a Morte, mas nossos encontros eram sempre raros que quando aconteciam minha felicidade era tão grande que eu não queria desperdiçar os segundos fazendo perguntas tolas sobre a eternidade, eu só queria beijá-la, abraçá-la forte para que nunca se separasse de mim... Era só isso que eu queria.
Medo havia comentado que pediria ajuda aos céus para que eu pudesse reencontrá-la e para que ele cumprisse a sua promessa e cá estávamos nós diante daquele anjo de gelo que era Dominique, alto, loiro, muito bonito de se ver, uma verdadeira pintura digna de qualquer renascentista.
- Então, bem sabe, Dominique, que tudo não passou de uma conseqüência de erros da mente enciumada de Destino.
- Concordo, mas ressalte dentro das suas acusações que sua irmã também cometeu deslizes graves. – e ele olhou para mim.
- “Deslizes”? – repeti ofendido. Eu estava realmente muito abalado emocionalmente, sequer raciocinava direito com tanta dor que eu sentia, física e espiritual.
Dominique me olhou novamente e pareceu meio surpreso por me ouvir falar. Ele continuou para o Medo.
- Como você já disse, Medo, existe a nossa amizade em meio ao pedido que sei que você ira me fazer. Um pedido que apenas eu posso atender.
- Sim Dominique, peço sua ajuda para cumprir uma promessa mediante o seu poder.
Me pareceu uma tremenda puxação de saco aquilo tudo, e acho que Medo sabia disso também. Dominique era frio, duvidei que houvesse um coração em seu peito (haveria?), mas ele representava uma única chance, a chance que eu havia pedido.
- Eu farei. – ele respondeu cheio de si. E, por fim, me dirigiu a palavra. – Mas, saiba que não vai ser nenhum pouco fácil.
- Basta você me dizer que eu vou poder estar com ela no final. - respondi.
Dominique sacudiu a cabeça afirmativamente. E continuou.
- Sei o seu nome, sei quem você é, sei quando nasceu e o sei o dia em que vai morrer Gerard. Eu sou o emissário dos comandos de Alto sobre o plano dos mortais, sou o responsável pela vida e pela morte, pelo destino, por suas dores, medos, agonias, sonhos e desejos.
“Mas, vi a confusão que vocês provocaram. E isso era algo que sequer eu podia imaginar que aconteceria. Portanto, atribuo tudo o que aconteceu hoje e no decorrer desses anos todos como sendo em parte sua culpa também .”
- COMO É? – disse espantado.
- Primeiro por não ter morrido quando era pra você ter morrido, segundo por ter desenvolvido esse relacionamento com a Morte assim como o desenvolvimento sua mediunidade avançada e terceiro por ter destruído o Destino e indiretamente a Morte.
- Espera aí? Eu sou o culpado? É isso? Você vai me culpar?
- Eu estou errado? – ele me deu como resposta.
- Era essa a ajuda que você ia me dar? – eu disse indignado para o Medo. – Vão à merda vocês dois!
Eu me levantei e carreguei o corpo da Morte em meus braços, ia sair dali. Eu ia dar o meu jeito.
- Gerard, eu tenho uma proposta para você. – ele me chamou assim que lhe dei as costas.
Eu parei para ouvir. E Dominique foi direto:
- Assuma o lugar da Morte e lhe darei o que você tanto deseja.

 


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