Deathwish escrita por Nero00


Capítulo 19
Capítulo 19




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[[Just the way it goes]]
ATO 19: “bem-vindo ao inferno, garoto!”

Eu parei. Olhei aquele rosto branco e sem vida, com cabelos escuros e anelados caindo como uma cortina sobre o meu braço.
- É uma promessa? – perguntei sem me voltar pra olhá-lo.
- Eu não mentiria pra você, Gerard. - Dominique me disse.
- Apenas responda a minha pergunta...
Ele ficou em silêncio.
- Sim. É uma promessa.
- Mas Dominique... – Medo começou a dizer. – Isso é realmente possível?Quer dizer como Gerard pode assumir o lugar da Morte?
- É evidente que é algo absurdo para qualquer mortal sequer imaginar, mas estou disposto a fazer isso por ele.
- E o que você ganha com isso? – eu disse me virando. – Claro, porque eu já percebi que você gosta de levar vantagem em tudo, não é?
- Eu não ganharei nada, Gerard. E sim todo o plano espiritual e terreno ganharão, se você estiver inclinado a ouvir minha proposta...
- Pode falar. – eu disse colocando o corpo dela em um banco próximo e não levantando a cabeça para olhar para a figura dourada de Dominique sem antes terminar de arrumar os cabelos e as roupas sujas daquela mulher linda que eu amava. Senti muita vontade de chorar quando mais uma vez lembrei-me do quanto ela sofreu para ter aquela aparente paz, mas não chorei, era quase que uma habilidade minha conseguir segurar as lágrimas dentro de mim até o momento em que elas explodiam.
- Existe um jovem rapaz que foi assassinado há algum tempo atrás junto com sua namorada, a própria Morte esteve presente no instante desse acontecimento e foi testemunha do sentimento de vingança que se alojou no coração do rapaz...
- Tocante... – eu disse com sarcasmo, pensando agora foi algo terrível da minha parte porque aquela poderia ter sido minha história. De fato o meu coração estava gelando e eu sequer notava isso. Completei – E onde é que eu entro?
Medo pareceu profundamente irritado comigo, porém não disse nada apenas me deu as costas, eu sentia que a cada instante ele gostava menos de mim.
Dominique continuou sem tecer nenhum comentário sobre minha falta de modos.
- O que eu preciso Gerard, é que você assuma o papel da Morte apenas para executar uma tarefa: encontrar esse rapaz e detê-lo.
- E depois disso você fará com que eu e ela nos encontremos?
- Farei. – ele respondeu.
- Me diga o que eu tenho que fazer. – eu aceitaria qualquer proposta, qualquer coisa por ela.
- Encontre esse rapaz, ele atende pelo nome de Jack, e o convença a deixar a vida que ele leva servindo a escuridão. Ele deve ser tocado novamente pela morte, compreende?
- Ele tem que morrer de novo? – disse meio em dúvida.
- Sim. Ele recebeu seu corpo mortal de volta e está prestando serviço para o inferno coletando a alma de cem homens maus.
Eu respirei fundo. Mas coisas sem sentindo iam começar, parecia uma espécie de história confusa que sai da cabeça de alguém com a imaginação fértil demais para conseguir dormir a noite. História da qual eu era o personagem principal.
- Mas,- eu comecei a dizer. – se o cara está acabando com a escória da humanidade, por que ele deve ser impedido?
- Você não ouviu o “inferno” ser mencionado? – Medo falou enquanto caminhava pela igreja.
- Por que são todos filhos de Deus,e esse rapaz se perdeu. Sempre poderá recorrer a misericórdia de Deus mas por enquanto seu coração está dominado pelas trevas por isso merece essa punição. – Dominique disse apaziguador.
- Essa é a coisa mais idiota que eu já ouvi... – disse sincero e muito revoltado com aquilo tudo. Parecia que se você saísse da linha e fizesse qualquer merdinha errada, os “caras maus” iriam te pegar e ao mesmo tempo se você fizesse algo bom, como esse moleque de quem eu iria atrás estava fazendo, os “cara bons” vinha atrás de você. Até Deus puniria você! Que merda...
Dominique fez uma cara assustada e completou:
- Mas vai ser isso que você terá que fazer.
- Você está jogando comigo... – eu ri triste. – Parece que ainda estou preso em uma teia, parece que algo está me conduzindo sempre a caminhos estranhos.
Eu estava extremamente triste. E estava a ponto de enlouquecer...
Analisei minhas mãos fraturadas em milhões de pedaços, roxas, com os dedos moles, doendo insuportavelmente.
Dominique as tomou com as suas, que eram bem maiores e mais fortes que as minhas. Fiquei imóvel. Ele levou minhas mãos até perto de sua boca e bafejou um hálito perfumado sobre meus dedos que magicamente voltaram para seus lugares, totalmente reconstituído. Falange por falange, ligamento por ligamento.
Abri a boca, pasmo com aquela cura milagrosa. Divina.
Antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, Dominique segurou minhas mãos com gentileza e disse:
- Criança... Esteja sempre em paz. – ele parecia sereno e cheio de amor. Parecia que eu nunca o havia destratado e ele nunca havia sido indevidamente arrogante e cheio de si de mais para um anjo. – Que sua introdução ao mundo dos mortos seja a mais branda que puder ser. E que seu amor seja sempre seu guia. Apanhe aquela foice, porque ela lhe pertencerá agora.
Dominique aproximou o rosto do meu, e eu não fiz nada para recuar. Ele era inebriante e lindo como uma fogueira ardendo voraz. Ele abriu a boca e soltou o mesmo hálito perfumado sobre meu rosto, encheu minhas narinas com um perfume que eu já havia sentido nos cabelos da Morte. E foi maravilhoso, senti meus olhos se enchendo de água e minha vista pesando.
Eu ia desmaiar. Um braço forte me aparou antes da queda e ouvir, enquanto meus olhos se fechavam de vez para a vida, uma voz grave que vinha de um menino com a máscara de ferro e cabelos pretos escorrido, ele quase lamentava:
- Bem-vindo ao inferno, garoto...


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