O Deus Sem Nome e o Narciso De Prata escrita por Luiza


Capítulo 4
Voltamos para casa no Carro de Fogo


Notas iniciais do capítulo

Olha só como eu estou rápida! Amei os comentários passados, nem vou fazer chantagem emocional(ainda)...
Bom, eu estou AMANDO responder as dúvidas de vocês lá no melrosing.tumblr.com , mesmo que a maioria seja sobre Ronner, que eu já disse que NÃO EXISTE!
De qualquer forma, boa leitura, e deixem comentários para me fazer feliz :D
~Lu



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–Eu lhes apresento o Carro do Sol!- exclamou meu pai, gesticulando veementemente em direção ao último modelo de Maserati, numa cor vermelho-cereja que brilhava e cintilava.

Um certo enjoo tomou conta de mim. Nunca que eu ia subir naquilo!

–Não era para ser uma carruagem?- perguntei apenas para desviar um pouco do assunto. De repente, o avião não me parecia tão mal.

–Ah, isso é passado- respondeu Apolo animadamente- Prefiro o modelo esportivo. Agora entrem, antes que as pessoas comecem a notar que o sol está atrasado nos Estados Unidos. É realmente uma pena que você não possa dirigir.

–É, uma pena mesmo- comentei sarcasticamente, mas acho que ele não percebeu.

–Mas acho que posso deixar nosso amigo Will aqui conduzir hoje, certo?- ele deu tapinhas nas costas de Will e eu ri.

–Pai, nós temos a mesma idade, ele não pode dirigir!

Os dois se entreolharam e levantaram as sobrancelhas. Eu conhecia aquele olhar muito bem. Era o olhar de “nossa, que lentinha...”.

–Humm, Rose querida- começou Apolo, tentando dar uma explicação razoável- Eh, Will? Você fala.

O menino-bode lançou um olhar penoso para o Deus, mas concordou.

–Rosie, os sátiros se desenvolvem muito mais lentamente do que os humanos, é por isso que parecemos ter a mesma idade.

Arregalei os olhos.

Parecemos ter a mesma idade? E quantos anos você tem?

Ele coçou a cabeça e esperou alguns segundos antes de responder.

–Humm, vinte e dois.

Se eu estivesse tomando algo, tenho certeza de que teria cuspido naquele momento. Vinte e dois?

–Que ótimo, não sei nem mesmo a idade do meu melhor amigo!

–Sinto muito- disse ele- Eu ia explicar isso no ano passado, mas não achei que fosse assim tão importante.

–Claro que não- murmurei.

–De qualquer forma, não tenho carteira de motorista, Lorde Apolo.

–Deixe disso. Desde quando é preciso carteira para dirigir?

–Eu não sei, desde sempre?- exclamei, apavorada. Aqueles dois não batiam muito bem.

–Não seja tão careta, Rose- disse Meu pai começando a dar a volta no carro para entrar no lado do carona. O parei antes que pudesse chegar lá.

–Escuta, Apolo- falei para ele, puxando a gola de sua camisa polo para baixo- Eu morro de medo de alturas e não quero entrar nessa coisa, mas parece que não tenho escolha. Você vai dirigir o maldito carro, e vai dirigir direito, okay?

Sabia que ele não tinha medo de mim. Porque teria? Mas ele sorriu e assentiu.

–Certo. Tudo bem- então depois de alguns minutos:- Você é igualzinha à sua mãe.

Eu levaria aquilo como um elogio. E eu acho que era mesmo. Entramos todos no carro. Meu pai e eu na frente, e Will atrás. Foi só me sentar que me senti imediatamente mais forte- apesar do medo não ter passado-, afinal, eu estava dentro do sol. Não sei se aquele era o termo correto, mas devia ser algo assim. Apolo ligou o som de última geração, que tocava as melhores musicas de todos os tempos, de todas as épocas, juntas e misturadas, todas ao mesmo tempo.

Assim pode não parecer uma coisa boa, mas se você ouvisse não reclamaria nem um pouco. Meus dedos batucaram um dos muitos ritmos na porta do carro, o que fez meu pai sorrir.

–Gostou?-perguntou ele enquanto dava a partida- Apenas uma mistura das musicas de alguns filhos meus. Quem sabe alguma sua não vem parar aqui daqui a algum tempo.

–Não acho provável- respondi simplesmente, ignorando o fato de que acabara de descobrir que os Beatles e o Rolling Stones eram meus irmãos (ou pelo menos alguns deles).

–Por que não?

Eu até responderia se não tivéssemos decolado e se eu estivesse tremendo tanto. Não me atrevi a deixar os olhos abertos. Podia sentir o calor emanando de todos os lados, o que era bom, mas eu mal conseguia respirar sem sentir um pontada de pavor.

Dez minutos, vinte, meia hora, e eu ainda mantinha os olhos praticamente colados para não var nada. Nem sabia se os outros dois estavam falando, tudo que eu conseguia sentir era a musica, talvez pelo volume um tanto quanto exagerado—mas eu não me importava nem um pouquinho.

Uma hora de voo. Me atrevo a abrir um pouco os olhos e espiar pela janela, mas me assusto com a visão do enorme oceano abaixo.

Sei o que está pensando. “Como você pode ter medo de altura se é do time de Quadribol?”. Bom, tem uma explicação bem lógica para isso: EU NÃO SEI! É diferente quando estou sobrevoando o estádio, tentando pegar a goles e derrubar os oponentes de suas respectivas vassouras. Quando estou lá em cima, o medo desaparece, mas quando se trata de aviões, Carros de Sol e monumentos nacionais eu não tenho tanta sorte.

Não sei bem quantos minutos haviam se passado quando ouvi a voz de meu pai.

–Já vamos pousar.

Em pouco tempo, pude sentir o chão abaixo do Maserati. Exclamações.

Mais uma vez abri os olhos, esperando ver através dos vidros os campos verdes do Acampamento Meio-Sangue, mas tudo o que enxerguei foi um circulo de uns vinte e poucos campistas em volta do carro. Saí, fechando a porta atrás de mim, e pude ouvir os outros dois fazendo o mesmo. A musica parou de tocar, dando espaço aos murmúrios animados da pequena multidão vestindo laranja. O Carro do Sol havia queimado uma parte significativa de grama, que agora quebrava quando pisávamos sobre ela. Eu estava em casa novamente. A minha outra casa.

Eu queria apreciar um pouco o momento de nostalgia, mas fui interrompida por três pares de braços á minha volta. Aria, Todd e Bridget, meus irmãos do chalé 7.

–Que bom que chegou, vão ficar todos tão felizes!- exclamou Aria. Eu gostava da animação deles, estava com saudades. Cumprimentei cada um devidamente, e parei para olhar em volta. Não queria ser rude nem nada, mas eu queria ver Dylan, Joonie, Daniel e, principalmente, Tanner.

A maioria de meus desejos foi realizado segundos depois quando meus outros três irmãos, vindos do treino de arco-e-flechas. Os gêmeos David e Daniel me alcançaram primeiro e me abraçaram também.

–Cara, parece que faz um ano que não nos vemos!- comentou David.

–Deve ser porque faz mesmo um ano, idiota- respondeu-lhe o irmão, e eu ri. As discussões eram constantes, mas nunca realmente sérias.

–Maninha!- disse Dylan chegando mais perto de mim. Nos abraçamos e ele sussurrou em meu ouvido- O que nosso pai está fazendo aqui?

Eu não tinha certeza se ele estava com raiva ou apenas curioso, mas resolvi não perguntar nada e simplesmente deixa-lo falar com Apolo. Ninguém de nosso chalé a não ser eu o conhecia.

Mais alguém abriu espaço em meio ao amontoado de campistas, pedindo para que o deixassem passar. Tanner. Ele parou a alguns metros de mim e me examinou antes de se aproximar mais.

–Está diferente- disse ele- Bastante.

–E isso é bom ou ruim, Adams?

Rimos à menção de seu antigo apelido, que nunca realmente deixara de ser utilizado por mim.

–É, definitivamente, bom- respondeu, mas então tentou se corrigir- Não que tivesse algo de errado antes, mas... Bem, você... Sabe? Humm, oi.

Ri novamente. Podíamos ter mudado de aparência, mas o jeito continuava o mesmo. Estendi a mão para ele, que corou um pouco, mas a segurou. Ele pareceu tentar se conter um pouco, mas me abraçou. Aquele era um dia cheio de abraços, com certeza.

–Isso aqui não é a mesma coisa sem você- disse ele, fazendo com que um grupo de filhas de Afrodite formasse um coro de “ooown”-Isso não foi muito bom para nós, certo?

–Acho que não, mas quem se importa?

Andei até meu pai, com Tan atrás de mim.

–Humm, obrigada por se oferecer para nos trazer, mesmo.

–Eu sei que você odiou- disse ele, mas sorria.

–Isso não é verdade! Eu odiei a altura, só isso.

Sua expressão mudou repentinamente. O sorriso desapareceu, e ele pareceu até um pouco bravo, mas não era comigo. Seu olhar zangado era dirigido à minha mão, que ainda se entrelaçava com a de Tanner. Em um acordo mútuo e silencioso, elas se soltaram, e eu tive que conter a vontade de rir.

Agora até meu pai acharia que eu estava namorando. Eu precisava mudar de assunto.

–Então, Tan, onde está a Joonie?

–Ah, eu não sei, mas acho que você podia ir até o chalé primeiro.

–Tudo bem, boa ideia. Dan?- virei-me na direção de meus irmãos, que também não pareciam muito satisfeitos com a situação Mãos Dadas- Porque não vem comigo? Acho que temos algumas coisas para conversar.

Ele lançou um olhar de raiva na direção do irmão gêmeo, que só riu.

–Quando ela souber...- riu David- Eu pagaria quinhentos dracmas para ver a sua cara, Rose.

Apenas sorri e, juntos, fomos andando até a área dos chalés.


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Notas finais do capítulo

Gostaram?? Quem quer saber o que o Dan está fazendo? o/
Comentem, e entrem em melrosing.tumblr.com