Assim que chegou da farmácia Carol fez o teste, era simples, faz xixi no copinho, coloca tirinha de papel dentro do copo, se uma tirinha aparece é negativo, duas é positivo. Depois de cinco minutos o resultado estava pronto e para o alivio de Carol, só havia aparecido um tirinha, ela sorriu, já sabia que não estava grávida, mas, espera um pouco, quando ela olhou a primeira tira ainda estava aparecendo, ela resolveu olhar novamente e para seu desespero as duas estavam lá, marcando a presença de um novo ser. Carolina se transforou no desespero em pessoa, não sabia o que fazer a primeira coisa que passou por sua cabeça foi chorar, sentou no canto do banheiro e deixou as lágrimas caírem, aquilo não podia estar acontecendo justo com ela, sua mãe nunca iria aceitar, ela estava grávida aos 16 anos e cursando o segundo ano do ensino médio, ainda tinha muita coisa pra viver. Seus olhos pareciam cachoeiras, ela pensava em tanta coisa que no fim das contas nem pensava, não fazia aa mínima ideia do que fazer. Chorou ali, quieta, por cerca 30 minutos, até que resolveu ir para o quarto, passou ligeira, para que ninguém se lembrasse da sua existência, deitou em sua cama com a cabeça já latejando, quando Camilla entrou no quarto.

- Carol, o que aconteceu? Sua cara tá toda inchada, toda vermelha. – Camilla parecia bastante preocupada com sua irmã e estava disposta a ajudar.

- Camilla, minha vida acabou, minha mãe vai me matar! E por falar em mãe, cadê ela?

- Saiu, foi fazer compra agorinha.

- Ah, que bom.

- Mas o que foi que aconteceu mana? Você não para de chorar...

- Camilla, eu não queria contar isso pra ninguém, até porque eu não sei o que eu vou fazer, mas eu também quero muito desabafar...

- Então fala logo Carol!

- É que, eu fiz umas coisas com o Lucas e não tomei muito cuidado...

- Você se machucou?

- N-não, eu quero dizer que eu não me protegi e aí...

- Não se protegeu? Se proteger do que? Você tá em perigo?

- Não Camilla, não é isso. É que quando a gente faz certas coisas e não se prepara, não toma pílula, não usa camisinha...

- Pílula? Camisinha? São métodos anticonceptais não é? Se você não usa você pode en...

- São anticoncepcionais, burra!

- Mas, você tá grávida Carol? – Camilla parecia bastante preocupada.

- É Cami, eu to grávida.

- COMO ASSIM GRÁVIDA?! – Samantha entrou no quarto e estava perplexa, não acreditava no que tinha ouvido.

- Samy, ainda bem que você tá aqui. – Carol se levantou e abraçou a amiga, se sentindo muito mais confortável com a sua presença.

- Quando você descobriu isso Carolina?! Como foi?! Bem que eu te avisei! E agora? O que você vai fazer?

- Hoje, eu fiquei com o que você me disse na cabeça e resolvi fazer o teste, deu positivo.

- Nossa amiga, você não podia ter se descuidado assim, e agora?!

- Não sei Sam, não sei, não sei o que fazer, o que pensar.

- O Lucas já sabe?

 - Ainda não.

- Você acha que ele vai te apoiar?

- Claro que sim, a gente tá namorando, eu só quero saber como eu vou contar a ele, o jeito certo, a hora certa, e ainda tem a minha mãe, to com medo do que ela vai dizer. E se ela me colocar pra fora de casa?! Ela sempre fica indignada com essa coisa de gravidez na adolescência, eu já ouvi ela falar que não aceitaria uma filha grávida tão nova!

- A mamãe nunca ia fazer isso Carolina, não exagera!

- Exagero Camilla? Você não tem nem noção da gravidade dessa situação não é? – Carol estava realmente tendo um ataque de nervosismo, ao mesmo tempo em que queria gritar ela queria chorar e abraçar alguém, ela queria, no fim de tudo, poder se sentir segura e ter a certeza de que tudo ficaria bem. As horas foram se passando e Carol alternava seus sentimentos entre raiva, dela mesma, já que tinha deixado isso acontecer dessa forma e tristeza, pois sabia que seus próximos dias não seriam os melhores da sua vida.

- Carol, você tem que tomar alguma atitude amiga, eu sei que é difícil, mas agora é tarde, já aconteceu, pensa em alguma coisa, você não vai poder esconder isso por muito tempo, então é melhor contar logo. – Samantha queria dizer muitas coisas a Carol, mas sabia que o que ela que falar não faria bem a sua amiga, então ela tentou, se esforçando demais e sem conseguir muito, encontrar as melhores palavras para apoiar Carolina. – Porque você não fala logo para o Lucas? Se ele te apoiar vai ser mais fácil de contar para os pais de vocês.

- SE ele me apoiar não Samantha, ele VAI me apoiar. E você tem razão, vou ligar para ele e pedir para nos encontrarmos depois do almoço, aí ele já vai ter chegado da casa do Renato.

As horas se passaram, Samantha e Camilla tentavam colocar a cabeça de Carol no lugar, aos poucos ela foi se tranquilizando, mas o medo da reação que sua mãe teria ao saber da gravidez continuava forte.

- Que milagre está às três reunidas sem brigas, sem música alta. Aliás, isso aqui está tranquilo demais. Carolina você andou chorando? – A mãe das meninas tinha acabado de chegar a casa e estava cheia de sacolas na mão.

- Não mãe, tá tudo bem. Depois do almoço eu vou me encontrar com o Lucas tá?

- Que Lucas?

- Meu namorado, mãe!

- Ah é, achei que vocês já tivessem terminado. Então tá, Camilla liga pra algum restaurante e pede o almoço, quero comer alguma coisa diferente. – Ás vezes Carolina achava que, por mais que a mãe dela soubesse que tinha alguma coisa errada, ela preferia fingir que estava tudo bem, assim teria menos trabalho com as filhas. No fundo Carol sempre soube disso, por mais que a mãe delas desse uma de durona e protetora, no final ela não se importava muito com o que as filhas achavam, pensavam ou com o que elas estavam passando, sua única preocupação era que elas não ficassem “faladas”, já que sua mãe sempre dera muito valor à opinião dos outros.