Red Lipstick escrita por Nathalie Jackson


Capítulo 3
Capítulo 3 Pain


Notas iniciais do capítulo

Na verdade é o segundo capítulo agora hihi *-*
Boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/334470/chapter/3

De quê adianta essa casa maravilhosa se eu não posso nem ao menos abrir as janelas e deixar a luz do dia entrar? De quê adianta ser bonita se eu nem ao menos vou ter um parceiro uma vez na minha vida? De que adianta ter mãos tão delicadas se serão usadas apenas para matar?

Eu não aguento mais meus pensamentos. Sozinha na escuridão outra vez, sozinha na escuridão outra vez, sozinha na escuridão outra vez.

Eu estou mais uma vez no meu quarto escuro, com bloqueios na janela, sem companhia, mergulhando na insanidade. Se controle.

Eu gostaria de ao menos saber meu nome, talvez aquilo me desse um pouco de paz. Você sabe, quando você se repreende mentalmente pelo seu nome completo.

Eu vi vultos. De novo.

De novo não, por favor.

Eu não sou louca.

Eu não estou louca.

Eu não vou ficar louca.

– Calma – eu disse para mim mesma no silêncio – Está tudo bem.

Eu preciso colocar minha cabeça no lugar, eu preciso parar de pensar em olhos vermelhos me atacando. Eu preciso parar de ver vultos, eu preciso pensar.

Suspirei calmamente, olhando ao meu redor, a casa que eu tinha herdado. Derramando o sangue do meu “querido” maridinho. Revirei os olhos e acalmei a respiração.

“Você é forte”, lembrei a mim mesma, “Não há do que ter medo”.

Apesar de tudo. Sim, eu ainda tenho medo. Do escuro, da solidão. Dos olhos vermelhos. Eu não sei por quê.

Pergunte do meu passado como humana e eu não vou saber te explicar uma única palavra. A existência de que eu me lembro começou à meia-noite. Havia sede, havia força, havia instinto.

“Como um animal”, Disseram para mim, “Solte-a, ela não é útil, mas não destruímos nossa própria raça”, eles continuaram e me jogaram na rua, na noite, na chuva.

Eu bebia mais e mais água tentando matar minha sede, até que senti um cheiro doce. Um senhor andando do outro lado da rua com seu guarda-chuva. Sede, sangue, chuva. E eu entendi quem, aliás, o que eu era.

Como eu sei que tenho que ficar longe do sol? Eu não sei, eu sinto. Como um animal, não é mesmo?

O som da voz voltou para mim. “Você não pode fugir”, a voz disse, “Você pode gritar, mas ninguém vai ouvir”.

Eu nunca soube de quem era essa voz. Devia ser de alguém da época da minha humanidade.

Então como se esse fosse o sinal, como se a voz me libertasse, o sol finalmente desapareceu. Me vesti com um coturno preto e roupas claras. “Hoje meu nome será Nyah”, pensei ao me olhar no espelho.

E saí para noite. O ar parecia ser gélido, mas eu não sento o frio. É claro que não.

Decidi que não iria para nenhum lugar onde pudessem ter pessoas boas de coração, como ontem, no restaurante. Aquilo foi um erro.

Segui para uma boate sombria, mas ainda estava cedo então havia poucas pessoas dançando ou no bar. Decidi ir para o bar, pessoas bêbadas podiam ser mais fáceis.

– Uma vodca com gelo – Ofereci um sorriso para o barman.

– Desacompanhada? – Ele perguntou.

– Por hora estou – Eu disse sorrindo.

– Interessante – Ele disse me servindo a tal vodca com gelo.

– Sabe de uma coisa engraçada? – Eu perguntei – Pode parecer estranho, mas eu sempre quis saber o sabor do sangue do outros.

– Pode me morder se quiser – Ele falou tentando ser sedutor.

– Ainda não passei do terceiro drink – Respondi com um olhar penetrante.

Eu parei um minuto e encarei aqueles olhos mel, tão estranhos, tão malvados. Tão diferentes dos olhos verdes que eu vi ontem.

– Quer que eu beba seu sangue? – Perguntei puxando o pulso dele para cima da minha bebida.

– Quero – Ele respondeu com uma cara que ele devia julgar sedutora

Passei minhas unhas no pulso dele em um corte rápido, que vazou o suficiente de sangue para deixar minha bebida vermelho escarlate. Eu não preciso beber sangue antes da meia-noite, isso não quer dizer que eu não sinto prazer ao fazê-lo.

– Obrigada – Eu digo levando o copo a boca, ele pareceu duvidar que eu fosse beber.

Eu virei à bebida inteira, o gosto era aceitável. É como um hambúrguer sem queijo. É bom, mas você sabe que existem melhores.

– Gostoso – Falei sorrindo e notei um olhar pervertido – Eu quis dizer a bebida.

Diabos. Esse homem me enoja. Fui dançar, esperando que alguma presa melhor fosse atrás de mim.

Vieram alguns caras, mas nenhum deles tinha um cheiro tão bom quanto... Quanto...

Eu nem sei o nome dele! Ótimo, vou passar os próximos cem anos pensando nisso. Eu sei que não pode haver nada entre nós, é bem simples, na verdade. Ninguém se apaixona pela própria comida. Um humano certamente não se apaixona pelo seu bife, entende? Isso é uma daquelas coisas impossíveis que nem um super-herói resolve.

Notei que já eram dez horas, então parei de dançar e fui para o bar de decidindo que seria o tal barman nojento mesmo, o gosto era aceitável. Mas, quando cheguei ao bar, não foram cabelos oleosos que eu vi de costas, mas sim enrolado, bonito, castanho-claro e com aparência limpa.

Sorri com essa percepção, até ele se virar. Sim, por que não basta uma “maldição”, eu tinha que encontrar o cara de ontem! Senti meu sorriso morrer e vi o dele crescer.

– Achei que ia me ver no restaurante! – Ele falou sorrindo – Como você sabia que eu trabalhava aqui?

– Eu não sabia – Eu disse alto, para ele me ouvir por cima da música. – Eu acho que nós não vamos dar certo, é impossível, me desculpe.

Eu me virei e fui apressadamente para entrada, mas é claro ele me seguiu.

– Me deixa em paz – Eu disse, quando já estávamos fora da boate. – E-e-eu não posso, eu não posso fazer isso, me desculpe!

– Não, por favor! Eu não devia ter te contado sobre... Sobre tudo não é? – Ele disse – Foi demais, eu sei. Me dá uma chance? Eu realmente gostei de você! Pelo menos me diz seu nome!

– Não tem nada a ver com o que você me contou! Eu gostei de quem você é, mas eu... Eu tenho namorado! Eu voltei com ele hoje cedo, me desculpe – Eu menti me sentindo péssima. Deus! Eu minto o tempo todo! Por que isso agora?

– Podemos ser pelo menos amigos? Me diz seu nome? – Ele disse sorrindo

– Meu nome é Nyah ok? – Eu disse – Agora volta pra lá, não quero que perca seu emprego por minha culpa.

– O meu é Caio. Charlie cobriu o bar para mim, vamos dar uma volta? – Ele perguntou esperançoso.

– Rápido? – Indaguei, notando que já eram quase onze horas.

– Rápido – Ele sorriu – Prometo.

Nós caminhamos para uma praça ali por perto e notei quão calmo estava o lugar. Lindo. Não a praça, ele. Iluminado pela luz da lua, mãos nos bolsos do casaco e olhar sapeca de lado para mim.

– Hum, esse seu namorado é insubstituível? – Ele questionou meio sapeca, de novo.

– Não muito – CALA A BOCA SUA VAMPIRA IDOTA! FALE QUE SIM! Pensei – Acho que não ligo muito para esse namoro.

– Então por que está com ele? – Ele perguntou franzindo a testa.

– Eu não sei – Eu disse vasculhando meu cérebro em busca de outra mentira – Costume, eu acho.

– E porque você ficou comigo? – Ele perguntou sorrindo como uma criança. Awt. (Tá agora, definitivamente, eu não devo ter parecido uma vampira falando).

Decidi ser sincera.

– Você é só... Diferente. De todos os humanos que eu já conheci... É mais gentil, mais bondoso e se importa com os outros. – Ele se aproximou um pouco – E isso não quer dizer que nós vamos ficar, ou continuar juntos. – Eu complementei.

– Ah, tudo bem, eu sei que se eu me aproximar você não vai resistir! – Ele riu em tom de brincadeira, mas ficou sério e falou: – Quer dizer, para falar a verdade você é o imã e eu sou o ferro.

– Dependendo do tamanho do ferro o imã que é atraído – Eu falei me aproximando.

PARA! SUA VAMPIRA RETARDADA NÃO SE APROXIME! Eu pensei, mas continuei avançando. Senti o gosto maravilhoso dele em minha boca. O beijo começou leve, e de repente ganhou mais urgência. Era como se precisássemos um do outro, cada vez mais próximos, cada vez mais ardentes.

O beijo era perfeito, a noite era perfeita, ele era perfeito. Não havia como negar. Eu precisava dele.

Mas então a torre do relógio bateu meia-noite, como se dissesse: “TicTac Cinderela, o seu tempo acabou queridinha”. O relógio estava certo, meu olhar ficou feroz e minha garganta começou a queimar, meu instinto me dominou. Eu não estava mais no controle, e sim a minha sede. Eu avancei no pescoço dele, e o que ele achou que seria um beijo virou a mordida que tirou a vida dele.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Comeenteem amoras! :3



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Red Lipstick" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.