Red Lipstick escrita por Nathalie Jackson
Notas iniciais do capítulo
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Finalmente o sol estava se pondo. Revirei os olhos impaciente, sem conseguir deixar de pensar em como era ridículo ficar em um canto escuro consultando à medida que a luz ia sumindo. O relógio indicava que eram cinco horas da tarde e finamente o sol desapareceu.
Eu vesti algumas roupas escuras e me olhei no espelho. Conforme os anos minha aparência ia mudando, sempre se adaptando ao ideal de beleza das pessoas da época. Geralmente a metamorfose não é dolorosa, mas incomoda muito, se olhar e ver outra pessoa te encarando.
Mas eu gostei dessa minha nova aparência, senti que parecia comigo (se é que faz sentido). Olhei-me e vi que eu tinha uma pele branca e lisa, cabelos escuros ondulados e longos, feições bonitas e leves, olhos verdes e uma boca vermelhinha.
Saí para a noite, ninguém que olhasse em meus atuais olhos verdes veria maldade. Ah como a beleza engana não é?
Vi alguns velhos me olhando cobiçosos enquanto eu passava por um barzinho, o cheiro deles era péssimo, devia ter um lanche melhor na cidade.
Encaminhei-me para o centro da cidade, tinha um restaurante francês do qual saia um cheiro ótimo, andei para lá. Era até irônico encontrar refeição em um restaurante.
Pedi uma mesa e sentei o mais perto do cheiro que eu podia. Ainda tentando identificar de quem vinha, pois, como logo notei o restaurante estava muito cheio.
Fiquei impaciente. Enquanto o garçom veio perguntar o que eu queria, quase pulei no pescoço dele. Não só pelo cheiro, mas Deus! Ele era lindo! Mas era meu jantar.
Limpei a garganta e lancei um olhar sedutor.
– Eu gostaria de um vinho da casa, por favor – Eu sorri e me fingi de triste – Uma companhia também não seria ruim – Falei baixinho, mas ele ouviu, é claro
.
– Está tudo bem? – Ele perguntou.
– Claro! – Eu sorri – É só que... Ah deixa para lá, você não precisa ouvir meus problemas...
– Na verdade seria um prazer ouvir. – Ele disse – Quero dizer... Não que seja bom você ter problemas, mas eu estou trabalhando agora... – Ele corou – Meu horário acaba daqui a pouco, podemos ir conversar... Quero dizer se você quiser.
Eu ri da confusão dele.
– Claro! – Eu sorri – Seria ótimo!
Ele me deu um sorriso caloroso e disse que tinha que trabalhar. Deus! Devia ser proibido um humano ser tão bonito assim. Ele tinha uma pele clara e linda, olhos mel-esverdeados e cabelo castanho-claro enrolado bonito. Além dos traços perfeitos e do cheiro maravilhoso.Seria uma pena tirá-lo do mundo.
Finalmente o expediente dele chegou ao fim, notei que já eram 8 horas em ponto.
Ele sorriu ao ver que eu estava onde combinamos. E ficou impressionado.
– Você veio! – Ele riu – Achei que ia me dar um bolo.
– Por que eu faria isso? – Eu disse confusa.
– Garotas bonitas como você não gostam de sair com garçons, como eu – Ele explicou.
– Achei que íamos só conversar... – Franzi a testa – Mas, você quer sei lá... Algo mais?
– Desculpe, eu entendi errado – Ele falou meio sem graça.
– Tenho certeza disso – Eu sorri – Com “algo mais” eu quis dizer praticamente que devemos sair juntos. – Ele abriu um grande sorriso quando eu disse isso – Você não tem muito jeito com mulheres não é?
– Não muito – Ele pareceu sem-graça – É que... Eu ando meio ocupado.
– Com o quê? – Para minha surpresa eu estava realmente interessada.
– Bom, de manhã eu vou arrecadar dinheiro para ONG e de tarde... Bom... Eu pego um turno de gari – Ele olhou minha reação, que foi simplesmente sorrir o encorajando a continuar – E das três as oito trabalho de garçom, e a noite... À noite eu trabalho de barmen, mas hoje a boate não vai abrir.
– E essa ONG é de quê? – Perguntei comovida.
– Bom... É uma ONG que trata de crianças com câncer – Ao ver minha cara de surpresa, ele complementou – Você pode achar idiota, mas meu irmão tem câncer.
– Eu não acho idiota. – Sussurrei – É por ele que você trabalha tanto?
– É sim. – Ele disse.
Ficamos em silêncio por um tempo, até que eu me aproximei e o beijei. O gosto doce de sua boca era perfeito. E eu me despedia de cada detalhe dele, eu não ia mata-lo, o mundo precisa de mais pessoas como ele.
– Desculpe, eu só... – Ele me interrompeu me beijando.
Paramos um minuto, com nossas testas grudadas, nos encarando. Os olhos dele eram tão lindos.
– Por que eu não te encontrei antes? – Ele perguntou doce.
Eu apenas sorri triste, eu nunca poderia me apaixonar e nem ter nada com ele, e eu sabia que teria que partir antes da meia-noite. Eu não queria mata-lo.
Notei que já eram onze horas, eu tinha que caçar.
– Eu preciso ir – Suspirei e ele pareceu decepcionado – Eu posso te ver amanhã? – Eu falei desesperada para deixa-lo feliz.
– Claro que pode! – Ele sorriu e me deu um beijo na bochecha – Boa noite.
Eu sabia que não iria vê-lo amanhã, eu não podia fazer isso com ele.
Eu fui caçar e quando percebi já era meia-noite e eu estava bebendo sangue de um cara nojento e bêbado. Lambi os lábios, e enquanto ele me olhava apavorado, dei a última dentada que o matou. Não pude evitar meu sorriso.
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