Cap. IV – O ponto de vista dela

Cana chegou ao dormitório e caiu sobre sua cama bagunçada. Dormiu o digno sono dos alcoolizados até quase ter sua porta arrombada por Erza. Um pouco irritada por ter sido acordadade maneira tão pouco agradável foi até o chuveiro onde tomou uma ducha fria para acordar bem e assim começou a se preparar. Sua roupa consistia em uma saia longa vermelha acompanhada de uma blusa branca de ombros de fora até o meio da barriga e um lenço nos cabelos compridos. De acessórios, muitas pulseiras douradas, moedas penduradas no lenço e ao redor do quadril juntamente com uma tornozeleira. Colocou uma sandália preta simples sem salto só para ir até o desfile, ficaria descalça em cima do carro alegórico.

Uma maquiagem forte nos olhos e batom vermelho. Estava um perfeito estereótipo de cigana. Tinha um pouco de sangue cigano nas veias pelo lado da mãe. Desceu para o hall do dormitório onde encontrou Erza com uma prancheta andado de um lado para o outro dando ordens. Suspirou e quando estava prestes a pegar uma bebidinha no bar ouviu uma assustadora voz atrás de si.

- Nada de álcool até o desfile acabar! – a ruiva a empurrou para o sofá – Estou de olho em você, Cana!

A morena suspirou, cruzou os braços e terminou ficando conversando com levy que estava com uma linda fantasia de fada. A azulada iria desfilar sentada num balanço em um carro que simulava uma floresta. Tinha que admitir que a amiga estava muito bonita, provavelmente veríamos Gajeel tendo uma ou duas hemorragias nasais.

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Já estava prestes a subir no carro quando viu um loiro alto e imponente caminhando juntamente com mais duas figuras. Eram Laxus, Evergreen e Bixlow. Fried estava montando guarda na frente da alegoria já a muito tempo, Cana riu um pouco vendo o grande loiro ser envolvido em muitos abraços coletivos de urso... Ele estava muito bonito usando calças vermelhas, uma camisa com rajados leves de leopardo e seu habitual sobretudo jogado nos ombros. Uma combinação deveras exótica, mas que caia bem em Laxus, mas somente nele. A maga duvidava muito que qualquer outro homem ficasse bem usando tais extravagancias.

Estava tão distraída que quase não notou Hibiki, da Blue Pegasus chegando com seu típico sorriso brilhante e uma cantada idiota. Sorriu. Ele era bonitinho, mas mais novo, e infelizmente aquela maga tinha um histórico de só se apaixonar por homens mais velhos. Se fosse a um analista ele provavelmente diria que isso tem a ver com sua antiga fixação com o pai.

- Cana-san, que prazer encontrá-la!

- Já faz um tempo mesmo, Hibiki... Então como vai?

- Como sempre, eu e os rapazes fazendo missões... Mas não falemos de coisas chatas, me conte sobre você? Estaria disponível para um drink depois do desfile?

- Oh... E para quantas garotas você já fez essa proposta? – a mulher riu vendo o rapazinho corar –

- Hehehehe... Um cara tem que tentar, não é?

Ele estava prestes a abraça-la quando de repente ele se encolheu como se ela desse choque, o que fez a maga arquear a sobrancelha.

- Energia estática... Hehehehe... Bem de qualquer maneira bom desfile...

A Alberona estranhou, mas terminou dando os ombros e subindo. Já estavam prestes a sair. Quando estava quase lá em cima, encontrou uma mão que a auxiliou no final da subida, era Macao, novamente haviam caído na mesma alegoria. Sentiu-se enrubescer. Ele tinha ficado muito mais charmoso naqueles últimos sete anos em que estivera em Tenroujima. O estranho que é que apesar das últimas investidas dele, ela não sentia mais aquela atração que outrora levou-a a ter um caso tórrido com o mago mais velho.

- Está muito bonita, Cana-chan. – disse o moreno –

- Obrigada. – sorriu e se colocou no centro onde era seu lugar –

O desfile começou e Cana começou a dançar fazendo com que sua saia rodasse e suas pulseiras fizessem barulho. Seu baralho mágico girava em torno de si dando um efeito muito bonito que atraia muitas palmas e gritos. Com certeza ela sairia de lá com alguns admiradores novos.

A maga balançava os quadris e mexia os braços em movimentos sensuais que lhe caiam tão naturalmente. Tudo parecia tão natural, como se ela emanasse sensualidade pelos poros. Haviam muitos telões de lácrima espalhados onde a imagem dela dançando apareceu por diversas vezes.

Tudo estava muito tranquilo até que a moça decidiu sair de seu posto para rodopiar ao redor e interagir um pouco com a plateia, porque aí então seus olhos caíram sobre o telão que no momento mostrava a alegoria atrás da sua. Laxus estava na frente, de braços cruzados usando sua magia de criar raios para formar o símbolo da guilda de energia e ocasionalmente escrevendo FairyTail com raios. Atrás dele estava sua guarda pessoal fazendo pose e brincando com o público.

E teve um momento quando já estavam chegando ao final da avenida Magnólia que deram um close no rosto sério do loiro. Era estranha a atração que vinha sentindo por ele ultimamente. Parecia que havia algum tipo de feitiço atraindo sua atenção para ele e quando os olhares se cruzavam um arrepio corria toda sua coluna.

Distraiu-se tanto que não notou que estava rodopiandoperto demais da beirada e acidentalmente perdeu o equilíbrio. Tudo aconteceu muito rápido, o carro estava terminado de sair do limite do desfile, ela viu Macao junto com outros chamando seu nome e correndo em sua direção, ouviu também as exclamações da plateia e sentiu as costas baterem no andar inferior do piso para depois continuar caindo até alcançar o chão. O mundo girou e de repente a visão escureceu e a mulher perdeu os sentidos.

Uma série de gritos aconteceu e logo uma rodinha se formou ao redor da moça caída. Alguém com bom senso falou para não tocarem nela até que um médico fosse chamado. Laxus que vinha logo atrás viu tudo e antes mesmo de sair dos limites do desfile saltou de sua posição e foi a passos largos até onde o círculo se formou.

- O que aconteceu? – perguntou vendo-a caída –

- Não sei, ela estava dançando perto demais da beira e acabou perdendo o equilíbrio...

Disse Macao passando a mão pelos cabelos. O loiro sentiu um aperto no peito e uma vontade absurda de chegar perto para acordá-la. Não sabia explicar era o tipo de coisa anormal, um instinto de proteção, uma vontade de cuidar dela. Wendy chegou voando com Charles e correu logo para ajudar.

Foram quase três minutos de silêncio até que ela se virou e sorriu.

- Cana-san está bem, não tem nenhum osso quebrado, alguém poderia carregá-la para irmos até a guilda. Ela tem um galo feio na testa.

Uma fila de pretendentes ia começar a se formar quando sem falar nada o neto de Makarov a pegou no colo e saiu andando. A pequena azulada e sua exeed saíram correndo atrás dele, Laxus dava passos muito grandes comparados aos da dragonslayer. Uma fila de pessoas foi seguindo-os e a guarda pessoal do mago se entreolhou muito surpresa com aquela atitude.

A guilda estava vazia e toda apagada. Mirajane ainda deveria estar no meio do desfile já que vinha em uma das últimas alegorias. Seguiram até a enfermaria onde a mulher foi depositada na cama e Wendy começou a limpar o galo na testa dela. Como muita gente entrou na enfermaria, Charles tratou logo de expulsar os curiosos terminando por ficarem ali dentro somente Laxus, Macao e Evergreen.

O loiro estava escorado em uma das paredes com os braços cruzados. Macao ficava rodeando ao redor de Wendy recebendo represálias da gatinha branca, enquanto a maga loira foi para perto de seu líder.

- Ela estava bêbada? – sussurrou Laxus –

- Iie, iie... A Erza estava na maior marcação lá na Hills... – disse enquanto se abanava com seu leque –

- Então como será que ela caiu?

- Não sei, acho que foi distração mesmo, como o Macao falou.

Evergreen quase sentia a ansiedade do colega tocá-la, Laxus estava muito nervoso apesar de parecer calmo. Ela conhecia bem aquelas feições trincadas e reconhecia a força com que ele cruzava os braços. E ele parecia estar ficando cada vez mais nervoso com o assédio do Combolt. Ela estava quase vendo o veterano ter o traseiro chutado e isso era realmente estranho porque seu chefe não era uma pessoa assim.

Wendy enquanto limpava a testa que Cana bateu no chão também sentia com seu olfato a irritabilidade de Laxus as suas costas. As pessoas mudam o cheiro quando se irritam, estão felizes ou tristes... Era algo bem sutil, mas ela percebia perfeitamente.

- Pode se acalmar,Laxus-san, ela está bem... Só vai acordar com uma dor de cabeça e talvez seja bom leva-la amanhã cedo para fazer uma tomografia para ter certeza de que não houve concussão.

O loiro arqueou uma sobrancelha e foi quando lembrou que ela era uma dragonslayer com sentidos aguçados. Mais alguns minutos e Wendy declarou terminado o que podia fazer pela nakama. Foi até o armário onde pegou um vidro âmbar trazendo-o até a cabeceira.

- Ela não pode passar essa noite sozinha e eu recomendaria que quando ela acordasse, não dormisse antes de fazer a tomografia ou pelo menos dar oito horas do tombo. Se ela levantar rápido demais provavelmente terá enjoos, esse remédio vai ajudar a tirar a dor e diminuir a chance dela vomitar. Foi a Poluysca-san quem fez, uma colher a cada três horas deve resolver.

- Eu vou ficar. – se prontificou Macao –

Evergreen viu o maxilar de Laxus tencionar e os punhos dele se apertarem.

- Não é necessário, Combolt, eu fico aqui. Você tem que ir vigiar seu pirralho.

- O Romeo pode se cuidar sozinho por uma noite...

A tensão no ar ali era palpável o suficiente para que alguém cortasse com uma faca e montasse um bolo. A loira presente se abanou com seu leque e resolveu fazer sua boa ação do ano, salvando o veterano ali de um choque de alguns mil ou milhões de volts. Ela não entendia bem seu chefe, mas se ele estava assim tão nervoso e interessado pela morena era melhor não contrariá-lo.

- Bem já que está tudo bem aqui vamos embora neah? A Cana precisa descansar... – Ela começou a empurrar Macao em direção a porta – Vamos Wendy e Charles, vamos, vamos... Tem muito festival para gente lá fora.

- Er... Eu vou ficar Evergre... – ele não conseguiu terminar, ela bateu-lhe com seu leque de plumas – Itai!!

- Não seja grosseiro com uma dama, Macao, eu tenho que achar o Fried e o Bixlow, não vai me deixar zanzando por aí com a cidade cheia sozinha, certo?

Ela já estava abrindo a porta e literalmente o empurrou em cima da multidão que se formou ali fora. Charles ergueu uma sobrancelha tentando entender a situação, mas por fim desistiu, pulou de sua cadeira e saiu com sua dona.

- Se precisar de algo é só chamar, Laxus-san! – disse a pequena sorrindo antes de fechar a porta –

O Dreyar agradeceu mentalmente a sua amiga, ela foi perspicaz o suficiente para evitar que ele fritasse aquele velho pervertido. A tensão em seus ombros relaxou um pouco e terminou colocando seu casaco sobre a cadeira próxima. Caminhou até onde Cana estava deitada e se ajoelhou ao lado da cama mexendo com as pontas dos dedos nos cabelos que se espalhavam pelo travesseiro.

Ela podia estar sóbria, mas seu cheiro continuava sendo de canela e álcool, muito agradável na opinião dele. Descobriu que a canela vinha dos fios castanhos e um sorriso de lado no rosto do homem. Ela respirava tranquilamente e se não fosse pelo galo ele não diria que ela tinha qualquer coisa. Ficou mais alguns minutos ali tentando conter a vontade de tocar na pele bronzeada para saber a textura... Alguns pensamentos impróprios entraram em sua mente a respeito de também descobrir o gosto dela... Afastou-se da cama antes de fazer uma idiotice.

Caminhou até onde tinha uma cadeira, carregou-a até a janela onde sentou colocando os pés sobre o beiral e ligando seus headphones com alguma música de rock clássico. Um sorriso brincava na face masculina enquanto ele fechava os olhos. Talvez essa atração toda por ela não fosse tão ruim.

Continua...