Se Desejos Se Tornassem Realidade escrita por Liana Ross


Capítulo 10
Preocupações e Férias Perturbadas




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Como Amanda esperava Alice não a levara muito a sério.

            - Amanda, não fique chateada. Isso é bobagem. Já já você nem lembra desse garoto. – Alice a aconselhara de um jeito descontraído.

            - É fácil falar, né... – Amanda disse. – Eu estou meio confusa... ao mesmo tempo que eu estou com raiva dele, eu não estou. Dá pra entender? – Amanda perguntou olhando para a mãe, pedindo uma resposta. Alice riu.

            - Fica calma, querida. Isso vai passar você vai ver, acredite em quem sabe. Você ainda é jovem, terá mais experiências.

            Amanda refletiu por um momento e perguntou:

            - Mãe, quando você conheceu o papai?

            - Foi mais ou menos na sua idade.

            - Quantos relacionamentos sérios você teve antes disso?

            - Sérios? – Alice pensou por um momento. – Uns dois.

            - E como você soube que ele era “o” cara?

            - Ah, foi uma sensação inexplicável. – Alice respondeu sonhadora ao relembrar o passado. – Eu apenas soube.

            - E como você sabe que isso não pôde ter acontecido comigo em relação ao Draco? – Amanda pressionou.

            - Simplesmente porque você e esse rapaz são completamente diferentes. Com certeza ele não é o cara certo para você.

            - E aquele papo de ‘os opostos se atraem’?

            - Isso pertence à química. Não se aplica nesse assunto.

            - Talvez esteja certa. – Amanda respondeu aceitando.

            Amanda não parava de pensar nisso. Sentia-se egoísta. Tantos problemas maiores envolvendo muito mais pessoas e ela se descabelando com suas crises de adolescente. Porém, sempre que tinha esse pensamento, lembrava-se do que Nicole lhe dissera uma vez: ‘Se nós nos preocuparmos só com os problemas dos outros, nós nos esquecemos de nossas próprias vidas”.            Mesmo assim, resolveu ficar a par dos acontecimentos sérios e assistiu ao telejornal com seu pai durante a semana. Estavam ocorrendo inúmeros acontecimentos fora do comum, o qual a população estava culpando o Primeiro Ministro.

            Furacões, homicídios horríveis, a ponte que partiu... Amanda sabia que não eram obra na natureza ou dos trouxas e sim dos Comensais da Morte. Seus pais também estavam notando a repentina onda de caos pelo país e sabiam estar ligado ao mundo mágico. Voldemort e seus seguidores estavam conseguindo fazer um grande estrago em ambos os mundos.

            No começo de julho, os resultados dos N.O.M’S chegaram. Amanda abriu o envelope ansiosa, achava que não tinha se saído muito bem.

RESULTADOS DOS NÍVEIS ORDINÁRIOS EM MAGIA

Notas de Aprovação:                                 Notas de Reprovação:

Ótimo (O)                                                 Péssimo (P)

Excede Expectativas (E)                           Deplorável (D)

Aceitável (A)                                            Trasgo (T)

RESULTADOS OBTIDOS POR AMANDA THORNTON

Aritmancia                                                     E

Astronomia                                                   A

Defesa Contra As Artes das Trevas              E

Feitiços                                                        O

Herbologia                                                   E

História da Magia                                         A

Poções                                                        O

Transfiguração                                            O

Trato das Criaturas Mágicas                       E

            Amanda leu o pergaminho sem respirar. Após ver suas notas, suspirou aliviada. Nenhuma nota de reprovação, melhor do que esperava e ainda conseguira um “Ótimo” em poções. Amanda se sentiu poderosa. Ficou extremamente feliz e foi mostrar aos pais que ficaram orgulhosos, já que conseguira recuperar a decadência das notas da época do Natal.

            Cinco dias depois de Amanda ter voltado para casa, Jade e Nicole chegaram a Londres. As duas estavam ao mesmo tempo felizes e amedrontadas.

            - Quase não conseguimos vir. – disse Jade, mais tarde naquele dia, no quarto de Amanda, quando já estavam prontas para dormir. – Tivemos de implorar para nossos pais deixarem.

            - Isso por causa desses acontecimentos incomuns? – Amanda perguntou preocupada.

            - Não são simples acontecimentos, – disse Nicole. – este país está todo ferrado. Nós só viemos para ver você, porque eu não me sinto protegida aqui. – Nicole se encolheu, olhando amedrontada para os lados.

            - Calma, Nic, não vai chegar um Comensal a qualquer momento e nos atacar. – Jade tranquilizou-a. – Não é, Amanda? – Mel perguntou procurando conforto e segurança nos olhos da amiga, suplicando para que ela dissesse que tudo ficaria bem.

            Amanda olhou as amigas sem saber o que fazer. Sentiu-se extremamente culpada. Por causa dela suas melhores amigas haviam deixado a segurança de seu lar na Austrália para virem vê-la na terrível Londres.

            - Meninas, vocês não deviam ter vindo. – Amanda falou finalmente, ainda com um tom preocupado. – Podiam ter me avisado, eu não ficaria brava, entenderia seus motivos perfeitamente.

            Jade e Nicole olharam-na com pena.

            - A culpa não é sua que tudo isso esteja acontecendo. – Nicole tentou tranquilizá-la.

            - Mas é minha culpa vocês estarem aqui! – Amanda disse alteando um pouco a voz à beira do choro.

            - Calma. – Jade disse se aproximando de Amanda para dar-lhe um abraço. – Vai ficar tudo bem. Vamos passar as férias felizes juntas, como sempre foi!

            - Isso mesmo, florzinha, não precisa ficar assim. – Nicole concordou sorrindo docemente, se aproximando das duas.

            Amanda retribuiu o abraço e sorriu de volta.

            - Obrigada.

            Era muito bom ter Jade e Nicole por perto, Amanda se sentia confortável. Havia crescido junto com as duas, como se as três fossem irmãs. Sentiu falta da tranqüilidade de quando era criança e morava na Austrália, parecia que era tudo tão fácil naquela época, sem nenhum problema ou preocupação, o oposto do que sentia agora. Desejou voltar àquela idade e congelar o tempo, para não ter de crescer e entender as coisas ruins da vida, apenas viver puramente com a segurança de seus pais.

            - Tá legal, agora vamos falar do que interessa. – disse Jade animada, tirando Amanda de seus pensamentos. – O que aconteceu com você e o Malfoy, afinal?!

            - Jade! Que indelicadeza. – Nicole repreendeu-a.

            - Que foi que eu fiz?! – Mel perguntou chocada.

            - Não é assim que se fala, Jade, sua cabeçuda. Deixa que eu falo com ela. – Nicole disse, virou-se para Amanda e falou de um jeito mais delicado. – Pode falar, Amanda, o que houve entre você e o Malfoy?

            Mais uma vez, Amanda contou sua história. No final dela, Jade ameaçou xingar Draco, mas Nicole tampou-lhe a boca.

            - Ela não está pronta para que o xinguemos. – Nicole falou.

            - Mas eu não creio que ele fez isso com você! Que filho da... – Jade parou, pensou e continuou – que preconceituoso!

            - Eu também acho, mas vou fazer o quê? – Amanda perguntou.

            - Desabafe, chame essa criatura de todos os nomes ruins que lhe vierem à cabeça! – Jade sugeriu revoltada.

            Amanda nada disse. Ficou olhando o nada pensando no que responder.

            - Eu não sei bem o que dizer. Parte de mim quer que ele vá para aquele lugar, mas a outra se recusa a fazer isso. – falou Amanda, confusa.

            - Não estou entendendo.

            - Jade, - começou Nicole. – você é muito tapada. Não está vendo? Ela ainda gosta dele. – terminou ela, olhando para Amanda com sorrisinho.

            Uma sombra de compreensão passou pelo rosto de Jade, depois ela fez uma cara como se Amanda a tivesse traído.

            - Você não tem certeza disso, Nic. – Amanda disse. – Nem eu tenho.

            - Primeiro de tudo, Amanda - Nicole a interrompeu. – Você será a última a ter certeza. Enquanto eu já sei, você ainda está em dúvida e quando você descobrir e vier me contar não será surpresa nenhuma, eu apenas direi “eu te disse”.

            - Como eu estava dizendo, - Amanda disse, não dando atenção ao comentário de Nicole. – eu estou com raiva dele sim; e ao mesmo tempo triste. Mas acho que mais raiva, como ele pôde fazer isso?! – terminou ela revoltada.

            - É isso aí, mulher! Agora eu gostei! – Jade disse feliz – Posso xingá-lo agora? – Mel perguntou para Nicole.

            - Pode sim, eu te acompanho. – Nicole nem se preocupou em pedir permissão à Amanda.

            As duas xingaram Draco, fizeram comparações com animais, zoaram ele e por aí foi.

            - Acabaram minhas ofensas. – Nicole disse, satisfeita.

            Amanda riu durante todo o tempo. Às vezes ficava triste pelas ofensas, mas ele merecia isso.

            - Ok, agora falando de coisas mais importantes, você falou de mim para o Harry Potter?! – Jade perguntou, cheia de esperança.

            - Ahn... não.

            - Tá louco, Amanda, que tipo de amiga é você?

            - Jade, ele é inatingível.

            Jade não disse nada, ficou olhando Amanda sem entender.

            - Quis dizer que não dá para você ficar com ele.

            - Por que não?! – perguntou Jade, indignada. – Eu já tenho até os nomes dos nossos filhos! Troy, Gabriela, Chad, Taylor, Ryan e Sharpay.

            Nicole rolou os olhos e Amanda ergueu as sobrancelhas.

            - Hum, como eu vou explicar? – Amanda procurava as palavras. – É meio difícil de se aproximar dele. Eu tenho a impressão de que ele não gosta muito de conversar com as pessoas, só com o Rony e a Hermione. Talvez por ele ter tantos problemas, os assuntos dele sejam particulares.

            - Mas você ficou amiga dele, não é? – Nicole perguntou.

            - Mais ou menos, eu tinha um objetivo quando isso aconteceu. – Amanda respondeu com um sorriso envergonhado. – Ele é mais simpático do que eu pensava, mas mesmo assim não socializa muito. Mas também, esse ano foi muito parado. Não teve muitas mortes, o Harry não teve nenhuma aventura no final do ano e os Comensais mal mostraram a cara. Acho que o Harry precisava ocupar o tempo enquanto não estava especulando alguma coisa.

            - Talvez os Comensais estejam planejando atacar de vez esse ano. – Nicole disse fazendo voz de assombro. – Deixaram um ano para armar os esquemas e atacar com tudo.

            - Sabe, Nic, tem coisas que você devia guardar para si mesma. – Jade falou.

            - Só dei minha opinião. – Nicole se defendeu.

            - Mas foi desagradável.

            - Desculpa...

            - Mas é capaz mesmo, com todos esses acontecimentos estranhos. Acho melhor vocês irem para casa mais cedo do que o planejado. – Amanda sugeriu, preocupada.

            - Aí você vai com a gente? – Jade perguntou.

            - Claro que não, tenho de ficar aqui.

            - Eu não gosto disso. Nós duas voltamos para a Austrália, onde é seguro, e deixamos você aqui, no meio desses desastres. Parece que estamos fugindo e te abandonando. – Jade falou, com sentimento de culpa.

            - Não precisa de sentir assim, imagina. Eu vou ficar bem aqui. – Amanda acalmou a amiga.

            - Talvez nós iremos embora mais cedo, mas não é hora de pensar nisso. – Nicole comentou.

            - Tá certo. – concordou Amanda – Agora podemos dormir? Estou com sono.

            - Claro. – Nicole respondeu se ajeitando em sua cama improvisada. – Boa noite.

            - Boa noite. – responderam Amanda e Mel ao mesmo tempo.

            Dia catorze de julho chegara e Amanda completava dezesseis anos. Alice fez um jantar especial para este dia e um bolo todo enfeitado. Depois do jantar, todos foram para a sala e Amanda começou a abrir os presentes.

            - Primeiro o meu! – Jade disse e se adiantou para colocar nas mãos de Amanda seu presente.

            Era uma caixa pequena com uma fita em cima. Amanda desembrulhou e viu o que tinha dentro. Era um bisbilhoscópio.

            - Obrigada, Jade. – Amanda agradeceu dando um abraço na amiga.

            - Achei que seria útil nesses tempos difíceis.

            - Creio que será mesmo.

            Amanda pegou o presente de Nicole e abriu-o. Era uma pulseira prateada com pingentes em forma de corações que refletiam uma cor lilás.

            - Obrigada! – Amanda agradeceu e a abraçou também.

            - Agora, - começou Jared – o nosso. – se referiu a ele e Alice - Este ano, como você se saiu muito bem em seus testes finais, eu e sua mãe decidimos dar-lhe algo que você sempre nos pediu: um animal de estimação.

            O rosto de Amanda se iluminou ao ouvir a notícia.

            - Sério?! Nem acredito! – exclamou ela, mas logo ficando séria. – Peraí, isso é uma pegadinha?

            - Claro que não, estamos falando sério. – Alice respondeu.

            - Sinceramente não sei como isso pode acontecer. Depois de anos pedindo isso, por que agora?

            - Bom, nós conversamos e vimos que como você passa boa parte do ano na escola, você provavelmente levará seu gato junto com você e a casa ficará livre dos pêlos. – Alice respondeu novamente.

            - Só podia ser. Ei, como você sabe que eu vou escolher um gato? – Amanda perguntou espantada.

            - Você sempre quis um gato. – respondeu Andy impaciente, se intrometendo.

            E era verdade. Desde criança o que Amanda mais desejava era ter um gato de estimação, mas nunca conseguiu, graças a sua mãe que detesta animais dentro de casa e ao seu irmão alérgico. O único animal que Alice permitia era um peixe, e apenas um peixe de cada vez. Amanda teve alguns, mas todos morreram logo.

            - Nossa, mãe, nem acredito que você deixou! – Amanda exclamou, dando um forte abraço nos pais.

            - Sabíamos que iria gostar. – Alice retribuiu o abraço.

            - Se você puder comprá-lo mais perto do final das férias, seria melhor. – disse Jared.

            - Tudo bem, acho que vou esperar para comprar quando for ao Beco Diagonal com a Gina.

            - Como preferir.

            Amanda sorriu para os pais. Sentou-se em seu lugar e ficou olhando para seu irmão. Andy olhou para ela, depois para trás de si e novamente para a irmã.

            - Que foi?

            Amanda não respondeu, continuou fitando-o inocentemente. Finalmente, Andy pareceu entender.

            - Ah, ta! Você quer o seu presente! – respondeu ele rindo. – Não te comprei nenhum. – terminou ele, ficando sério.

            A garota ficou séria também.

            - Miserável.

            - Aí! Gastei tudo que tinha comprando uma guitarra nova. É uma Fender Stratocaster. – disse ele com os olhos brilhando.

            - Fascinante...

            - E é mesmo! Pai, – e virou-se para Jared. – vou encontrar a galera para a gente ensaiar. Vamos tocar num bar na próxima sexta! - falando isso, Andy subiu as escadas. Alguns minutos depois voltou carregando a guitarra e saiu de casa.

            Amanda terminou a noite ajudando Alice a lavar a louça. Jade e Nicole sentaram-se na mesa da cozinha e as quatro ficaram conversando desde assuntos fúteis a assuntos sérios.

            Nos dias que se seguiram, os acontecimentos estranhos não deram descanso. A maior parte dos dias permanecia com o céu coberto por nuvens escuras, dando um clima sombrio a Londres.

            Chegando ao final do mês, Amanda não sabia mais o que fazer. Ela não levara Jade e Nicole para conhecer a cidade, sua mãe não as queria longe de casa por muito tempo e suas amigas se sentiam inseguras e preferiam ficar dentro de casa. Tudo que elas podiam fazer dentro de casa já havia sido feito.

            - Mana, se vocês não querem sair, façam alguma coisa aqui mesmo. – Andy sugeriu em uma noite enquanto assistia a um jogo de futebol com Jared. Amanda, Jade e Nicole estavam ali por não terem algo mais interessante pra fazer. As três com cara de tédio.

            - Tipo o que? – Amanda perguntou desanimada.

            - Sei lá, faz alguma comida típica daqui, tipo taco ou sushi.

            - Seria ótimo se nós estivéssemos no México ou no Japão! – disse Amanda sem se conformar com a idéia do irmão.

            - Calma, só queria ajudar. – Andy se defendeu.

            E a noite passava lentamente. Amanda assistia ao jogo sem realmente ver.

            - Quem está ganhando? – perguntou ela com parte do corpo curvado para deitar a cabeça no braço do sofá e com preguiça de levantar a cabeça para olhar o placar.

            - O time de azul está ganhando de zero a zero. – Jared respondeu sem tirar os olhos da televisão.

            Amanda precisou de um minuto para captar o que o pai tinha dito. Olhou para a tela e disse:

            - Entendi, e o time de vermelho está perdendo de zero a zero, não é?

            - Isso mesmo.

            Amanda encostou novamente a cabeça no sofá e olhou para as amigas. Jade estava com a cabeça tombada no encosto do sofá dormindo, seus longos cabelos louros espalhados pelo encosto do sofá e Nicole assistia ao jogo aparentemente interessada, às vezes até discutindo com Jared e Andy.

            O telefone tocou e Alice foi atender. Jade acordou meio bêbada de sono com o barulho do toque.

            - Nicole? É a sua mãe. – Alice informou, depois de algum tempo conversando ao telefone.

            - Minha mãe? – estranhou Nicole e foi atender.

            Apesar dos pais de Nicole serem bruxos, sua mãe nasceu trouxa e manteve alguns costumes. Eles conseguiram fazer um esquema na casa em que a magia e a tecnologia poderiam ‘viver em harmonia’. O porão deles continha todos os equipamentos eletrônicos, era proibido usar magia para não interferir nos aparelhos; era totalmente isolado de magia.

            Amanda despertou um pouco e tentou ouvir a conversa da amiga com a mãe. Pelas caras que Nicole fazia, coisa boa não era. Dez minutos depois, Nicole desligou o telefone e foi falar com Amanda.

            - Está tudo bem? – Amanda perguntou, preocupada. Jade se aproximou para ouvir.

            - Não. Meus pais estão vindo para cá me buscar. – respondeu ela triste.

            Amanda arregalou os olhos, surpresa.

            - Por quê?!

            - Eles sabem que as coisas estão piorando por aqui e estão muito preocupados. E os da Jade também.

            Amanda suspirou.

            - Não tem problema, será melhor mesmo. Está muito chato ficar aqui e lá vocês estarão mais seguras.

            - Espera. Eu também vou voltar? – Jade perguntou.

            - Vai. – Nicole respondeu.

            - Ah, que b... péssimo.

            - Relaxa gente. Será melhor para vocês e eu prefiro que seja assim. – Amanda tentou tranqüilizar as amigas. – Mas por que seus pais virão pra cá? Não seria mais fácil vocês irem direto para a Austrália?

            - Então, eles querem conversar com seus pais e ficam mais sossegados vindo nos buscar.

            - Tudo isso por causa do Sr. “Lorde das Trevas” não é? – perguntou Amanda, já sabendo a resposta.

            - É. – responderam Jade e Nicole juntas.

            - Vou te contar, odeio esse cara...

            - Nós também. Olha o estrago que ele está fazendo. – Jade concordou.

            - Nem me lembre... E a que horas seus pais virão? – Amanda perguntou, voltando ao assunto inicial.

            - Eles vão sair de lá umas 7h da manhã para chegar a um horário razoável. Estarão aqui às 20h. – explicou Nicole.

            - Que legal, mais um dia de tortura para vocês. – Amanda comentou sarcástica.

            - Fica quieta. – Jade mandou. – Ficar aqui não é tortura, só que a diversão acabou antes que eu esperava. – revelou ela sem jeito.

            - Eu sei, nem eu estou agüentando ficar aqui.

            Depois de mais algum tempo conversando, as três subiram para o quarto de Amanda e foram dormir.

            O dia seguinte amanheceu nublado e um pouco frio apesar de estarem em pleno verão. À tarde, Amanda ajudou Jade e Nicole a arrumarem as malas. Sentia-se péssima com isso. As férias que queria ter com suas melhores amigas foram estragadas por causa de um psicopata que ninguém conseguia pegar.

            Mais ou menos às sete horas da noite, os pais de Nicole chegaram. Os dois pareciam apavorados por estarem ali. Amanda achou um exagero, não é porque o país está um caos que não se pode mais sair na rua.

            A mãe de Nicole, Olívia, parecia feliz por rever Amanda e sua família. Os cumprimentou saudosamente. Era uma mulher não muito alta, um pouco gordinha, cabelos longos castanhos claros, olhos verdes e usava óculos retangulares. Era muito bonita.

            O pai de Nicole, Daniel, aparentava estar com pressa. Era um homem pouco mais alto que a esposa, cabelos louros e olhos verdes. Era óbvio como Nicole herdara os olhos verdes, a questão ali eram os cabelos vermelhos. Daniel cumprimentou-os depressa e logo Jared os convidou a conversar na cozinha.

            Amanda, Jade e Nicole assistiam à televisão enquanto os pais conversavam. Estranhamente, as três ficaram em silêncio nesse tempo. Amanda estava preocupada, achava que os pais de Nicole culpariam os seus por permitir a vinda de suas amigas. Não que ela achava que fosse certo, mas não conseguia deixar de pensar nisso.

            De vez em quando, dava para ouvir alguns murmúrios como: “Aqui não é seguro” ou “É melhor você voltarem” e coisas do tipo. Daí surgiu uma dúvida para Amanda: Comensais da Morte só existiam na Grã-Bretanha? Pelo jeito sim, porque os outros países pareciam bem quanto a isso.

            Quase uma hora depois, os pais de Amanda e de Nicole saíram da cozinha. As duas e Jade imediatamente se levantaram esperando que falassem alguma coisa.

            - Pronto, podemos ir, Nicole. – Thomas avisou, fazendo um aceno com a varinha que fez as malas de Jade e Nicole flutuarem.

            - Por que demoraram tanto? – perguntou Nicole.

            - Nós explicaremos quando chegarmos em casa, agora precisamos ir. – Olívia disse, indo se despedir de Alice e Jared. – Entraremos em contato quando estiver tudo pronto.

            Depois desse comentário, a curiosidade tomou conta de Amanda. Sentiu que a mesma coisa havia acontecido com suas amigas.

            - Adeus, Amanda. – Olívia se despediu, dando-lhe um abraço. – Se cuida.

            - Pode deixar.

            Amanda virou-se para as amigas.

            - Tchau, Amadinha. – disse Nicole abraçando-a também. – A gente conversa depois de descobrirmos do que se trata. – e indicou com a cabeça os pais.

            - Com certeza. – concordou Amanda.

            - Tchauzinho, Amanda. – dessa vez foi Jade quem a abraçou. – Mantenha contato.

            - Eu irei. – Amanda disse, acompanhando-as até a porta.

            Depois que foram embora, Amanda começou o interrogatório.

            - O que aconteceu? O que eles disseram? Por que demoraram tanto? Quando o quê estará pronto?

            - Calma, Amanda, nós vamos te explicar. – Jared disse. – Primeiro senta aí no sofá.

            Amanda sentou-se e esperou ansiosa. Jared começou a falar.

            - Daniel e Olívia estavam tentando nos fazer voltar para a Austrália. Eles nos explicaram toda a situação.

            - E por que nós não estamos lá?

            - Eu não posso largar o trabalho desse jeito. Tenho obrigações e responsabilidades.

            Amanda concordou com a cabeça.

            - Então, eles disseram que irão proteger a nossa casa contra as magias. – continuou Jared.

            - Como?

            - Bom, Daniel trabalha no Ministério da Magia da Austrália, não é? Isso torna as coisas mais fáceis e ele tentará colocar a máxima proteção aqui.

            - Que bom, me sinto mais tranqüila agora. – Amanda disse aliviada relaxando o corpo.

            - Não se preocupe, querida, ficaremos bem. – Alice garantiu gentilmente.

            - E eu voltarei para Hogwarts, não é? – Amanda perguntou, temendo a resposta.

            Jared e Alice trocaram olhares apreensivos.

            - Na verdade, não queríamos que voltasse, – Alice respondeu, e Amanda abriu a boca para protestar, mas Alice interrompeu. – mas deixaremos você voltar. Lá é bem protegido e você poderá continuar estudando.

            - Ah, que bom! Obrigada mãe! E pai! – completou Amanda, feliz.

            Amanda sentiu-se mais animada nos próximos dias. Sua família estaria protegida e ela poderia voltar a Hogwarts, o que começara a duvidar que acontecesse.

            Na manhã da última terça-feira de julho, Amanda foi acordada por alguma coisa que batia em sua janela. Demorou a abrir os olhos, e quando o fez viu uma pequenina coruja, menor do que todas que já vira, do lado de fora da janela. Levantou-se e abriu-a. A coruja entrou e ficou voando pelo quarto, trazia uma carta consigo.

            - Calma, coruja, me deixe pegar a carta. – Amanda disse. Pouco depois a coruja sossegou e pousou em sua cama. Amanda pegou a carta, era de Gina.

            “Amanda,

            Como você está? Espero que bem. Aqui está tudo certo.

            Então, eu irei ao Beco Diagonal comprar os materiais escolares nesse fim de semana, já que as cartas de Hogwarts provavelmente chegarão ainda essa semana, e queria saber se você gostaria de ir junto. Já falei com meus pais e se você quiser pode passar o resto do mês de agosto aqui em casa. Se aceitar, nós te buscaremos na manhã de sábado.

            Outra coisa, o meu irmão Gui trabalha no Gringotes e disse que está uma loucura para sacar dinheiro lá, então se você quiser, posso pedir para ele sacar um pouco do seu cofre. Se sim, me passa o número do seu cofre que ele pega!

            Espero que aceite!

                                                           Abraços, Gina Weasley.”

            “Mas que conveniente”, pensou Amanda após ler a carta. Com certeza ela queria ir, e esperava que seus pais deixassem. Olhou a corujinha que estava pulando em sua cama.

            - Desculpa querida, não tenho comida de coruja aqui. Tenho biscoito, você come? – Amanda perguntou, olhando a coruja que continuava pulando. – Ai, meu Deus, estou falando com uma coruja. – falou para si mesma e saiu do quarto.

            Chegou até a cozinha onde encontrou Alice e Andy tomando café.

            - Bom dia! – Amanda cumprimentou.

            - Bom dia.

            - Ah, olha que gracinha o pijama dela! É de ursinho! – Andy comentou com voz de bebê.

            Amanda ignorou-o e se dirigiu a Alice.

            - Mãe, recebi uma carta da Gina agora e... eu posso ir para a casa dela um pouco mais cedo do que esperávamos? – Amanda a olhou esperançosa.

            - Mais cedo quanto?

            - Esse fim de semana.

            - Esse fim de semana?! Amanda, mal ficamos juntas nesse último ano e você já quer ir embora? – Alice falou meio desanimada e triste.

            - Não é bem isso, mãe. – Amanda disse, sentando-se à mesa e começou a explicar. – Nesse fim de semana, a Gina vai ao Beco Diagonal comprar o material escolar e me convidou para ir com ela, aí eu aproveitaria e ficava na casa dela até as aulas começarem.

            - Não sei não. Nós nem a conhecemos. – Alice falou preocupada.

            - Mas vocês irão conhecê-la. Ela disse que virá me buscar, provavelmente com o pai dela.

            - Ah, então eles virão buscá-la? Como?

            - Eu não sei ainda, mas isso é o que menos importa. Agora me responde: deixa eu ir ou não??

            - Não sei, Amanda. – Alice respondeu, ainda indecisa. Desviou o olhar para seu café fumegante.

            Amanda olhou para a mãe com cara de cachorro que caiu da mudança. Alice a olhou de volta.

            - Por que você não quer ficar com a gente?

            - Não é que eu não quero ficar com vocês, mãe, mas eu quero ficar mais com meus amigos.

            - Mas você fica com eles o ano inteiro!

            Amanda relaxou. Ficou se sentindo como uma pessoa má que não liga para a família. Mas ela queria ir e se sentia culpada por isso.

            - Mãe, - começou Andy. – deixa ela ir. O que ela ficará fazendo aqui? Você fica mais cuidando da casa do que com a gente. Deixa ela se divertir.

            Amanda e Alice fitaram-no. Andy ajudando Amanda? Isso era estranho... Alice olhava de Andy para Amanda. Finalmente deu um suspiro e disse:

            - Tudo bem você pode ir.

            Amanda sorriu para Alice e a abraçou.

            - Obrigada, mãe! Prometo escrever cartas todas as semanas e virei passar o Natal e a Páscoa aqui. – Amanda prometia animada.

            - Que bom ouvir isso. – Alice se alegrou um pouquinho.

            - Tá faltando agradecer alguém. – Andy lembrou como quem não quer nada.

            - Obrigada, Andy. – Amanda agradeceu sinceramente. Enfiou a mão no pote de biscoitos e pegou uns dois. Foi em direção às escadas, mas quando chegou à porta da cozinha, virou-se e disse: - E para a sua informação, Andrew, são coelhinhos, não ursinhos. – saiu da cozinha e foi para seu quarto.

            Chegando lá, viu que a pequena coruja ainda estava em sua cama, mas agora parada.

            - Oi, coruja! Estão aqui os biscoitos. – e colocou-os em sua cama. – Se minha mãe vir isso, ela tem um treco. – comentou para a coruja que beliscava os biscoitos.

            Sentou-se na escrivaninha ao lado da cama e escreveu uma pequena carta para Gina, só para confirmar sua presença. Amanda não tinha cofre em Gringotes, teria que levar algum dinheiro trouxa e trocá-lo por galeões. Será que o irmão de Gina faria isso por ela? Achou que seria indelicado de sua parte já enviar alguma libras antes de saber, então escreveu perguntando, torcendo para que, se pudesse, desce para enviar a tempo.

No dia seguinte recebera a resposta de Gina que dizia que podia enviar sem problemas.

Na quinta-feira, chegou a carta de Hogwarts com a lista de materiais.

            Sábado amanheceu nublado e escuro, o que não surpreendeu Amanda. O malão de Hogwarts já estava pronto, e ela estava sentada no sofá da sala com seus pais e Andy esperando o Sr. Weasley, Gina e companhia.

            Quando era pouco mais de nove horas, ouviram um barulho de carro parando em frente à casa. Amanda levantou-se depressa, olhou pela janela e avistou o Sr. Weasley e Gina saindo de um carro azul claro. Amanda abriu a porta sorridente.

            - Oi, Amanda! – Gina saudou abraçando-a.

            - Oi, Gina! Que bom ver você!

            - Digo o mesmo.

            - Bom dia, Amanda. – cumprimentou o Sr. Weasley sorrindo.

            - Bom dia Sr. Weasley.

            - Bom dia, Arthur. Prazer em revê-lo. – Jared apareceu à porta estendendo a mão. – Vamos entrar.

            Gina e o Sr. Weasley entraram. Jared apresentou Alice e Andy aos dois e depois começaram a conversar. Amanda levou Gina para conhecer o resto da casa. Alguns minutos depois, as duas desceram e levaram as malas para o carro.

            Ao chegar lá, avistou Harry, Rony e Hermione no banco traseiro e uma mulher ruiva sentada no banco da frente, junto com o motorista. Amanda deduziu que era a Sra. Weasley.

            Depois de uma conversa razoavelmente longa com Jared e Alice e depois de mostrar o incrível carro, que era bem maior por dentro do que o normal graças à magia, à família de Amanda, o Sr. Weasley despediu-se e chamou ela e Gina para entrarem no carro. Amanda foi até seus pais para se despedir.

            - Tchau, Amanda. – Alice disse, abraçando-a com mais força do que o necessário. – Sentirei saudades. Se cuida, não fale com estranhos, fique sempre perto dos amigos, assue o nariz...

            - Tudo bem, mãe, eu farei tudo isso, mas me solta. – Amanda garantiu se desvencilhando da mãe.

            - Tchau, filha. – Jared a abraçou também. – Cuide-se.

            - Pode deixar.

            Amanda virou-se para Andy. Este sorriu e abriu os braços para abraçá-la.

            - Tchau, maninha. Fique esperta.

            - Eu irei. – Amanda disse e se afastou. – Até o Natal. – e entrou no carro do Ministério.

            - Amanda, essa é a minha mãe. – Gina a apresentou para Amanda. A Sra. Weasley virou a cabeça para trás do banco para poder vê-la. A Sra. Weasley era gordinha e tinha uma expressão muito doce.

            - É um prazer. – Amanda disse.

            - O prazer é meu, querida. – a Sra. Weasley disse sorrindo.

            Amanda virou-se para os outros três.

            - Oi, gente! – cumprimentou ela. – Hermione, o que houve com seu olho? – perguntou, reparando na grande marca roxa no olho da garota.

            - Nem queria saber...

            Amanda deu uma risadinha e virou-se para Gina, que sussurrou: “Fred e Jorge.”.  Gina lhe contara o quanto seus dois irmãos aprontavam e deixavam sua mãe louca.

            Depois de alguns minutos, o motorista avisou: “Chegamos” e o carro foi perdendo velocidade. Amanda olhou pela janela e viu Hagrid parado na calçada. Reconhecera aquele lugar, já estivera ali uma vez: era o Caldeirão Furado. Todos desceram do carro e Hagrid deu um forte abraço em Harry que parecia ter doído um pouco.

            - Você não disse que teria alguns aurores aqui? – Amanda perguntou para Gina estranhando. A amiga havia dito que por causa dos recentes ataques dos comensais da morte (os tais acontecimentos estranhos vistos nos telejornais) haveria aurores para protegê-los.

            - Pois é, mas parece que o Hagrid compensa todos eles. – Gina respondeu rindo.

            Entraram no bar que estava completamente vazio, exceto pelo dono do bar, Tom, que estava enxugando os copos com um pano não muito limpo. Para um lugar que era bem freqüentado, aquilo parecia à beira da falência.

            - Só estamos de passagem, Tom, você compreende. Assuntos de Hogwarts, sabe como é - disse Hagrid.

            Tom assentiu com tristeza e continuou enxugando os copos. Amanda e os outros atravessaram o bar e saíram para um pequeno pátio frio nos fundos, onde tinha algumas latas de lixo. Amanda se perguntou o porquê de estar ali. Hagrid ergueu um guarda-chuva cor-de-rosa e deu uma pancadinha em certo tijolo no muro oposto à porta, que instantaneamente se abriu em arco e mostrou uma tortuosa rua de pedras. Logo Amanda compreendeu.

            As vitrines das lojas do Beco Diagonal estavam cobertas por cartazes sombrios e roxos com os avisos de segurança do Ministério. Amanda lembrou-se de ter recebido um panfleto igual a esse só que menor nas férias, mas não deu muita atenção. Também havia fotos animadas de Comensais da Morte que estavam foragidos. Ao longo da rua, surgira várias barracas caindo aos pedaços, vendendo coisas como: “Amuletos Contra Lobisomens, Dementadores e Inferi”, esta que estava em frente à Floreios e Borrões.

            - Acho que é melhor irmos à Madame Malkin primeiro, Hermione quer vestes de festas novas e os uniformes de Rony não estão mais nem cobrindo os tornozelos dele, e você também deve estar precisando de novo, Harry, cresceu tanto... vamos, todos...

            - Molly, não faz sentido irmos todos à Madame Malkin. – ponderou o Sr. Weasley. – Por que os três não vão com Hagrid, e nós vamos comprar todos os livros escolares na Floreios e Borrões?

            - Não sei – respondeu a Sra. Weasley ansiosa, visivelmente dividida entre o desejo de terminar as compras rápido e o de manter o grupo unido. – Hagrid, você acha...?

            - Não se preocupe, eles vão ficar bem comigo, Molly – disse Hagrid, tranqüilizando-a e fazendo um aceno vago com a mão enorme. A Sra. Weasley não pareceu inteiramente convencida, mas permitiu a separação, apressando-se em direção à Floreios e Borrões, com o marido, Gina e Amanda, enquanto Harry, Rony, Hermione e Hagrid seguiam para a Madame Malkin.

            - Ah, Amanda, antes que eu me esqueça... – Gina disse, pegando em seu bolso um saquinho de moedas e entregando à Amanda. – seu dinheiro.

            - Obrigada. – agradeceu Amanda, guardando-o no bolso. – Deu tudo certo, então, que bom.

            - Claro, sem problemas. – Gina confirmou, sorrindo.

            Na Floreios e Borrões, demoraram para conseguir pegar todos os livros e depois para carregarem. Eram livros demais para quatro pessoas. Depois que saíram da loja, observaram que Harry, Rony e Hermione ainda não haviam saído da Madame Malkin e Hagrid estava de guarda à frente da loja. Amanda pediu para Gina ir com ela a uma loja de animais que milagrosamente não estava fechada. O Sr. e a Sra. Weasley ficaram esperando do lado de fora, com os pacotes.

            Amanda entrou na loja e teve um ataque discreto de claustrofobia. A loja era muito apertada devido às inúmeras gaiolas que forravam as paredes. Atrás do balcão havia uma mulher sentada em um banco visivelmente mal-humorada.

            - Posso ajudar? – perguntou a mulher.

            - Ahn... sim. Eu queria comprar um gato. – respondeu Amanda, insegura.

            - Ah, sim. – disse a bruxa, levantando-se. – Não tenho muitos aqui. – e andou até o outro lado da loja e mostrou quatro gaiolas onde havia um gato em cada.

            A primeira tinha um gato preto magricela e raivoso. Amanda descartou-o. A segunda tinha um gato amarelo, cego de um olho que estava encolhido no canto da gaiola. Amanda tentou acariciá-lo, mas ele se espremia mais ainda contra a gaiola. Na terceira havia um gato dormindo, preto e branco e parecia ser tranqüilo. O quarto também era preto e parecia ser muito velho.

            Amanda não teve duvidas: seria o terceiro. Era o mais bonitinho dos quatro e aparentemente o mais simpático. Falou à bruxa a sua escolha e ela o pegou e colocou-o nos braços de Amanda. O gato sequer abriu os olhos, parecia ferrado no sono. A garota pagou a mulher e ela e Gina saíram da loja. Amanda estava radiante.

            - Que nome você vai por nele? – Gina perguntou, acariciando a cabeça do gato adormecido.

            - Hum, acho que vou chamá-lo de... Sr. Darcy! – respondeu ela alegre.

            - Sr. Darcy? De onde você tirou esse nome? – Gina perguntou.

            - Está claro que você não conhece a literatura de seu próprio país. – Amanda balançou a cabeça. – Isso é muito orgulho e preconceito, sabia?

            Gina fez uma careta e preferiu não comentar.

            Avistaram Harry, Rony e Hermione saindo da Madame Malkin e foram ao encontro deles.

            - Vocês estão bem? – indagou a Sra. Weasley. – Compraram as vestes? Ótimo, então, podemos dar uma passada no boticário e no Empório das Corujas a caminho da loja de Fred e Jorge... fiquem juntos...

            Amanda, Gina, o Sr. Weasley e a Sra. Weasley dividiram os pacotes que carregavam com os outros. A maior parte ficou com Hagrid, o que deixou os outros com dois pacotes cada. Passaram no boticário, e compraram ingredientes para Poções. Amanda continuaria cursando a matéria, tinha se saído bem e adorava fazer poções, apesar do carrasco Prof. Snape dar as aulas. Depois, passaram no Empório das Corujas, onde Harry e Rony compraram nozes para suas corujas.

            - O Rony tem coruja, Gina? – Amanda perguntou enquanto esperavam do lado de fora da loja.

            - Tem, a Píchi. Aquela coruja que eu lhe enviei a carta.

            - Desde quando?

            - Já faz um tempo. Você não tinha reparado nela em Hogwarts? – Gina perguntou surpresa. Amanda balançou a cabeça negativamente, inconformada com a própria distração.

            Quando Harry e Rony saíram, todos desceram a rua à procura das Gemialidades Weasley, a loja de logros de Fred e Jorge.

            - Não temos realmente muito tempo – alertou a sra. Weasley, consultando o relógio a cada minuto. – Então vamos dar uma olhada rápida e voltar logo para o carro. Devemos estar perto, estamos no noventa e dois... noventa e três...

            - Eh! – exclamou Rony parando de chofre.

            Encaixada entre faixas sem graça, cobertas de cartazes, as vitrines de Fred e Jorge chamavam a atenção como uma queima de fogos. Transeuntes distraídos olhavam por cima do ombro para ver as vitrines, e alguns espantados chegavam a parar, petrificados. A vitrine da esquerda ofuscava a vista tal a variedade de artigos que giravam; Amanda piscou os olhos repetidas vezes para conseguir se acostumar àquela visão. A vitrine da direita estava tomada por um gigantesco cartaz, roxo como os do Ministério, mas enfeitado com letras amarelas pulsantes.

Para que se preocupar com Você-Sabe-Quem?

DEVIA mais era se preocupar com

O-APERTO-VOCÊ-SABE-ONDE

A prisão de ventre que acometeu a nação!

            Amanda leu o cartaz e começou a rir, junto com Harry. Não conhecia os gêmeos Weasley, mas pareciam ter um senso de humor muito bom, mesmo em meio àquela maratona de caos do país. De repente sentiu um movimento em seu colo e viu Sr. Darcy acordado. Olhou curioso para os lados e até parou para observar a vitrine chamativa dos Weasley.

            Amanda entrou na loja junto com os outros, estava entupida de gente. Amanda olhou em volta e viu várias caixas empilhadas até o teto. Nas prateleiras, havia o “Nugá Sangra-Nariz”, varinhas de brinquedo, penas de escrever e muitas outras coisas. Quando foi possível, um rapaz ruivo saiu de trás da multidão e foi falar com o grupo. Amanda percebeu que se tratava de um dos gêmeos Weasley.

            - Olá, mamãe, papai. – cumprimentou o rapaz aos pais.

            - Olá, querido. – respondeu a Sra. Weasley, dando-lhe um abraço.

            - Oi, gente! – disse ele virando-se para Gina, Harry, Rony e Hermione. – Você eu não conheço. – disse ele reparando em Amanda.

            - Eu sou Amanda, amiga da Gina. – informou ela, acanhada.

            - Ah, sim, a Gina comentou sobre você. Eu sou Fred. – disse ele.

            - Prazer!

            - O prazer é todo meu. – disse ele. Pegou uma varinha em uma das prateleiras e fez virar um buquê pequeno de flores e o ofereceu a Amanda sorrindo.

            Amanda corou fervorosamente e pegou o buquê sem jeito.

            - Pode pegar qualquer coisa que você queira, não precisa pagar.

            Amanda não soube o que dizer, apenas sorria encabulada. Fred piscou o olho direito e foi falar com Harry. Amanda olhou para Gina, ainda vermelha. Esta começou a rir.

            - Isso foi ótimo!

            - Ai, que vergonha...

            - Imagina. Vamos dar uma fuçada por aqui. – Gina disse, puxando Amanda por um dos braços e começou a dar uma volta pela loja.

            Andaram pela loja vendo coisas que Amanda achou incríveis. Em uma gaiola, havia algumas bolinhas felpudas rosas e roxas muito bonitinhas, chamadas de Mini-Pufes. Gina encantou-se com eles e como o aniversário dela estava perto, Amanda resolveu dar um a ela de presente.

            Ao voltar para frente da loja, Amanda reparou em um grupinho de garotas em volta de um arranjo de produtos rosa berrante, próximo à vitrine. Ficou curiosa para saber o que era e se intrometeu no meio para poder ver.

            - Poções do amor. – informou Gina, aparecendo do lado de Amanda. – Funcionam mesmo.

            - Verdade? – Amanda perguntou interessada. Tentou segurar Sr. Darcy, o buquê e os dois pacotes de livros que segurava em uma mão para poder pegar um frasco e ver de perto. Ficou observando atentamente e pensando: “E se eu...”.

            - Nem pense nisso. – Gina interrompeu Amanda de seus pensamentos e ela assustou, quase deixando tudo cair.

            - O quê?! Não estava pensando em nada... – defendeu-se ela inocentemente, colocando o frasco de poção de volta no lugar e saindo dali.

            - Eu sei que estava e você não vai dar essa poção para ele. Isso é para garotas desesperadas e você não precisa disso.

            - Eu não vou nem ia dar a ninguém. E se você está falando de uma pessoa loura, saiba que eu já superei isso. – Amanda disso com ar de superioridade. – Tenho certeza que se vir ele não sentirei nada.

            - Ah, é? Então aí está sua chance. – Gina falou, olhando a rua pela vitrine.

            Imediatamente Amanda olhou também e viu Draco subindo a rua, sozinho. Seu coração deu um pulo e ficou disparado. Ao passar pela loja de Fred e Jorge, Draco olhou por cima dos ombros e continuou a subir até sair da visão dela. Amanda ficou encasquetada com aquilo. “Aonde ele estava indo?”.

            - Amanda? Alô?!

            Amanda balançou a cabeça e olhou para Gina.

            - Desculpa, me desliguei um pouco.

            - Eu percebi. Não sentirá nada, né? – Gina disse, balançando a cabeça.

            - Eu fiquei curiosa! – Amanda se defendeu.

            - Tudo bem, depois a gente pergunta para a Hermione.

            - Hermione? E o que ela tem a ver com isso? – Amanda perguntou, sem entender o porquê de Hermione ter surgido na conversa.

            - Ela, o Harry e o Rony foram seguir ele. – Gina respondeu com naturalidade, como se fosse algo comum.

            - Como você sabe?! – Amanda perguntou espantada.

            - Você está vendo eles?

            Amanda deu uma olhada geral na loja. Viu o Sr. Weasley observando os produtos da loja, a Sra. Weasley conversando com um dos gêmeos e Hagrid do lado de fora parado de costas para a loja, mas nem sinal dos três. Amanda encarou Gina.

            - Não disse?

            - Eles sumiram e você acha normal?!

            - Isso sempre acontece. Além disso, eles estão com a capa da invisibilidade, ninguém irá vê-los. – Gina respondeu despreocupadamente.

            - Como você sabe de tudo isso? – Amanda perguntou impressionada.

            - Convivo com eles há cinco anos... sei mais sobre eles do que imaginam. – Gina respondeu orgulhosa.

            Depois de um tempo em que os três tinham saído, a Sra. Weasley reparara no sumiço deles e ficou ainda mais ansiosa. Perguntou à Gina e Amanda se os tinham visto, mas as duas se fizeram de inocentes. Amanda se sentiu um pouco culpada, mas se abrisse a boca, iria dar uma confusão muito grande, então o melhor foi ficar quieta mesmo.

            Quando os três finalmente apareceram, a Sra. Weasley perguntou onde eles estavam e eles davam desculpas de estarem nos fundos da loja. Depois disso, todos voltaram ao carro do Ministério e foram para A Toca.


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