Se Desejos Se Tornassem Realidade escrita por Liana Ross


Capítulo 11
De Volta À Hogwarts




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- Draco, você tem certeza disso? É muito perigoso. – Narcisa falava aflita, ao chegar em casa com o filho. Haviam permanecido em silêncio o caminho inteiro de volta para casa.

            - É claro que tenho. Agora poderei provar que valho alguma coisa. – Draco respondeu ríspido, tirando sua capa e largando no chão hall de entrada.

            - Você vale mais que tudo para mim, filho! Não precisa provar nada.

            Draco bufou.

            - Você não entende. Todos acham que eu ainda sou uma criança. Agora que o Lorde das Trevas me responsabilizou uma missão, eu vou mostrar a todos como eu sou de verdade.

            - Mas você é só um garoto! – Narcisa disse visivelmente preocupada.

            - Eu acabei de falar que não sou!

            Narcisa o olhou triste, derrotada.

            - Eu achei... que aquela garota poderia mudar você, fazer você mudar de ideia.

            Draco olhou-a com raiva.

            - Ela nunca me mudará. Ela não serve para mim, aquela sangue-ruim. – disse ele com desprezo.

            - Eu não estou nem aí se ela é trouxa, mestiça, vampira, elfo, duende... eu sei que você gostou dela e que ela pode te mudar.

            - Ela não vai me mudar! – Draco gritou.

            - Você arriscou sua reputação para sair com ela, Draco. Vindo de você, não é pouca coisa, ainda mais ela sendo da Grifinória. Eu sabia que ela não era apenas mais uma garota, que você realmente gostava dela; caso contrario, não teria seguido meu conselho. – Draco fechou a cara. Narcisa se aproximou dele. – Eu não posso mudar você, mas ela pode. E eu desejei todos os dias que ela o fizesse.

            - Ela é uma sangue-ruim, mãe! Não vai manchar só a minha reputação, mas a da nossa família!

            - É um preço baixo a se pagar para te ver livre desse meio em que vivemos.

            - E o que você espera que ela faça? Me arraste à força para o lado dos ‘bonzinhos e adoradores do Potter’? – Draco perguntou, encarando a mãe.

            Narcisa riu.

            - Ela não precisará usar a força. Você fará por livre e espontânea vontade.

            Draco gargalhou.

            - Vai sonhando, mãe. Você andou lendo livros românticos trouxas de novo? – Narcisa deu um sorriso amarelo. – E por que você quer tanto isso? A nossa família toda está nesse meio, já deveria estar acostumada.

            - Eu estou ‘nesse meio’ por causa do seu pai. Você bem sabe que eu não sou comensal. Ele me puxou com ele. E foi a pior coisa que me aconteceu, não tenho como escapar. Você ainda tem. Não quero você com medo o tempo todo como eu e seu pai. Não dá para viver assim.

            - Eu não tenho como escapar. Se eu não der um jeito de matar Dumbledore, estamos ferrados. É tarde demais para fugir. – Ao dizer isso, ele colocou sua mão direita sobre o braço esquerdo.

            Narcisa suspirou.

            - Eu ainda espero que haja um jeito. Nunca é tarde demais. – ela abraçou o filho e deu-lhe um beijo no rosto. – Eu te amo, Draco; e eu vou te proteger.

            - Não se mete nisso. – Draco se afastou. – Eu dou conta disso sozinho. – e dizendo isso, subiu as escada e desapareceu pela mansão.

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            Nas últimas semanas de férias, Amanda e Gina tentaram de todas as maneiras convencer Hermione a falar onde ela, Harry e Rony haviam ido enquanto todos estavam na Gemialidades Weasley no Beco Diagonal, mas a garota negava ter saído de lá e falava que as duas estavam doidas. Obviamente, Amanda e Gina sabiam que Hermione estava mentindo, mas perceberam que não conseguiriam tirar uma palavra dela. Pensaram na possibilidade de perguntar a Harry ou Rony, mas este não falaria nada para a irmã e Harry só confiava em Rony e Hermione, então acabaram desistindo.

            Além disso, Fleur Delacour também estava n’A Toca, já que era a noiva de Gui, o filho mais velho dos Weasley. Amanda nunca havia visto uma moça tão bonita quanto ela: alta, cabelos louros e longos, alhos azuis e incríveis dentes brancos e iguais. Amanda ficava com vergonha só de ficar no mesmo ambiente que ela. Fleur não tinha uma das melhores personalidades, era muito sebosa e melosa, sempre tratando Amanda e Gina como duas crianças, o que deixava esta possessa, principalmente depois de saber que possivelmente seria dama de honra com a irmã de Fleur, Gabrielle.

            Finalmente o dia de partida para Hogwarts havia chegado. Foi uma manhã bem tranqüila. Iriam até a estação King’s Cross por carros do Ministério e tudo já estava pronto quando chegaram: os malões, os gatos nos cestos de viagem, as corujas e o Mini-Pufe de Gina, Arnaldo, nas gaiolas.

            Ao chegarem à estação, encontraram dois aurores barbudos e sérios vestindo ternos de trouxa que se aproximaram do carro para conduzir o grupo.

            - Andem, andem, atravessem a barreira – apressou-se a Sra. Weasley, que parecia nervosa. – É melhor Harry ir primeiro, com...

            E lançou um olhar de indagação a um dos aurores, que fez um breve aceno de cabeça, agarrou Harry pelo braço e tentou guiá-lo em direção à barreira.

            - Sei andar, obrigado. – falou Harry irritado, desvencilhando o braço do aperto do auror. Empurrou, então, o carrinho de bagagem e atravessou a barreira entra as plataformas nove e dez.

            Amanda detestou o jeito dos dois, e tentava manter distância deles o quanto podia, até que um deles agarrou-a pelo braço como fez com Harry e os outros. Amanda achou desnecessário, ela não era tão importante quanto Harry.

            Assim que atravessou a barreira, Amanda avistou Gina e foi ao encontro dela para embarcarem no trem.

            - É melhor vocês irem direto para o trem, só faltam alguns minutos. – avisou a Sra. Weasley consultando o relógio. Despediu-se dos filhos, Amanda e Hermione, Harry ficou falando com o Sr. Weasley.

            Amanda e Gina andaram pelo corredor do trem, procurando um compartimento vazio enquanto Rony e Hermione iam para o carro dos monitores. Acharam um em que Luna estava sentada, sozinha, lendo O Pasquim.

            - Oi Luna! – Gina cumprimentou-a animada. – Podemos sentar aqui?

            Luna levantou os olhos da revista e olhou para as duas com um leve sorriso.

            - Claro.

            - Maravilha! – Gina disse e entrou no compartimento se ajeitando.

            - Oi Luna! – Amanda cumprimentou-a, entrando logo atrás de Gina e colocando seu malão no bagageiro. Sr. Darcy, que estava em seu cesto, pulou e se acomodou no banco.

            Pouco tempo depois, a porta do compartimento abriu-se novamente, e Harry e Neville apareceram.

            - Oi gente. – Harry falou. – Há quanto tempo.

            - É mesmo né? – Gina disse rindo. – Vejo que ainda tem gente que fica observando você. – Gina comentou, olhando as pessoas no corredor que olhavam Harry e Neville.

            - Pois é. – Harry respondeu incomodado. – Podemos entrar?

            - Claro, entra aí.

            - Eu não sei por que esse povo ainda fica me encarando, - Harry começou depois de ter se ajeitado. – já faz um ano desde o acontecimento no Ministério. No ano passado acontecia sempre isso, está na hora de parar.

            - Essas coisas não se esquecem tão rápido. – Amanda comentou.

            - Além disso, você é Harry Potter, vão ficar te olhando sempre. – Neville disse – Ei, volta aqui Trevo! – Neville chamou e abaixou para pega seu sapo que foi parar em baixo do banco.

            Harry se mexeu no lugar e fez uma cara de desconforto com o comentário de Neville.

            - Achei! – Neville avisou, levantando-se com o sapo na mão e sentando-se novamente no banco.

            A porta da cabine abriu-se novamente, mas dessa vez quem entrou foi Erick. Amanda notou que ele estava um pouco diferente, parece que amadureceu, pelo menos de aparência, nas férias.

            - Olá gente! To entrando... – ele anunciou, entrando e fechando a porta da cabine. Colocou seu malão no espaço que restara dos compartimentos e sentou-se no único lugar vago, sem notar a presença de Sr. Darcy ali e acabou sentando-se em seu rabo, que fez o gato miar alto e arranhar o braço do garoto. – Ai, seu gato! De quem é esse bicho?!

            - É meu, e não fala assim com ele! – Amanda repreendeu-o, pegando Sr. Darcy e o colocando-o em seu colo.

            - Como assim?! Foi ele que me arranhou! – Erick indignou-se com a amiga.

            Antes de Amanda responder, Gina interrompeu.

            - Tá bom! Foi culpa dos dois. Onde você estava que demorou em nos encontrar?

            - Estava com Colin e Denis Creevey num compartimento perto deste.

            - Está meio apertando aqui, não acham? – Harry comentou, observando que não tinha espaço nem pra Arnaldo ficar.

            - É mesmo. Espero que Rony e Hermione fiquem por onde estão. – Gina disse, concordando com Harry.

            Uns vinte minutos depois, Rony e Hermione apareceram.

            - Nossa, virou festa aqui? Que cheio... – Rony comentou tentando entrar na cabine. Quando viu que não conseguiria, encostou-se à porta. Hermione estava apenas com a cabeça visível.

            - Pois é... Alguma novidade? – Harry perguntou não muito curioso.

            - Ah, sim. Malfoy não está cumprindo as tarefas de monitor. Está sentado no compartimento dele com colegas da Sonserina. Vimos quando passamos.

            Amanda, por instinto, olhou para Rony ao ouvir o nome “Malfoy”. Havia se esquecido que ele era monitor também, ele normalmente não fazia seus deveres mesmo, então ela acabou esquecendo. Harry se endireitou no banco, parecendo mais interessado agora.

            - O que foi que fez quando viu vocês?

            - O de sempre – respondeu Rony com indiferença, ilustrando com um gesto obsceno. – Mas não é do feitio dele, não é? Bem, isto aqui é – e repetiu o gesto -, mas por que não está nos corredores intimidando os alunos do primeiro ano?

            - Sei lá. – retrucou Harry, pensativo.

            - E o que é que tem ele não estar cumprindo as tarefas? É tão estranho assim? – Amanda se meteu na conversa, sem parecer tão curiosa e sem entender o porquê da atitude de Draco ser tão interessante.

            Antes que alguém falasse mais alguma coisa, uma garota do terceiro ano pediu licença a Rony e Hermione que bloqueavam a porta da cabine e entrou.

            - Mandaram entregar isto a Neville Longbottom e Harry P-Potter. – gaguejou ela corando, quando seus olhos encontraram os de Harry. Estendeu a mão em que segurava dois rolos de pergaminho presos por uma fita violeta. Perplexos Harry e Neville apanharam cada um o seu e a garota saiu aos tropeços do compartimento.

            - O que é isso? – perguntou Rony, enquanto Harry desenrolava o pergaminho.

            - Um convite.

            - Quem é o professor Slughorn? – perguntou Neville, olhando o convite com ar de espanto.

            - Novo professor – respondeu Harry – Bem, acho que teremos de ir, não é?

            - Mas por que ele me convidou? – indagou Neville nervoso.

            - Não faço idéia. Melhor irmos. – Harry falou. Pegou uma capa e lançou um olhar significativo para Rony e Hermione que entenderam o recado. Gina murmurou ao ouvido de Amanda: “A capa da invisibilidade” e esta já imaginou qual seria o motivo para ele querer usá-la. Percebeu que sua pergunta ficaria sem ser respondida, mas não se importou, provavelmente era a implicância que os três tinham com Draco, nada realmente importante.

            Assim, os dois saíram e Rony e Hermione se acomodaram. Durante o resto da viagem todos contaram como foram suas férias. Erick tinha passado uma parte das férias em um hotel trouxa na Itália, seus pais decidiram que seria uma experiência interessante viver um tempo como trouxas, e ficou a maior parte do tempo contando o que tinha visto lá: televisão, vídeo-game, micro-ondas, coisas que ele não sabia que existiam até então. Amanda e Hermione riam do encanto dele por tais coisas, já que para elas eram normais.

            O céu foi escurecendo e as luzes do trem acenderam. Logo depois Neville voltou para o compartimento sozinho.

            - Onde está o Harry? – Hermione perguntou.

            - Ele pegou a capa dele e foi pra algum lugar, não disse o que foi fazer. – Neville respondeu.

            - Deve ter ido ver o que o Malfoy está fazendo. – Rony disse.

            Amanda aproveitou o retorno a esse assunto para perguntar.

            - Por que o Harry quer ver o que o Malfoy está fazendo?

            - Ele acha que o Malfoy está armando alguma coisa. – Rony respondeu.

            - Tipo o que? – Amanda insistiu, tentando transparecer indiferença.

            - Eu não sei, o Harry tem umas ideias meio exageradas às vezes. – Hermione respondeu, querendo por um fim no assunto.

            Amanda não falou nada. Percebeu que os dois não queriam responder então não ficou insistindo, mas sabia que tinha algo mais ali do que só curiosidade.

            O trem foi reduzindo a velocidade até que parou. Amanda pegou seu malão e colocou Sr. Darcy no cesto e tentou sair da cabine, assim como o resto dos estudantes no trem. Abriram a porta e o corredor estava cheio de alunos querendo sair. Lentamente o grupo conseguiu se misturar com os outros alunos e saíram do trem. Entraram na carruagem e foram para o castelo. Entraram no Salão Principal e se sentaram em seus habituais lugares, esperando a Seleção das casas dos alunos novos começar.

            Quando já havia acabado, Amanda notou que Harry não havia chegado ainda. Rony e Hermione ficavam olhando ansiosos para a porta de entrada de tempos em tempos esperando-o entrar. Até que finalmente Harry apareceu, passando rápido pelas mesas até chegar perto de Rony e Hermione. Amanda notou o rosto dele cheio de sangue assim como todos à volta dele.

            - Onde é que você... caramba, que foi que fez no rosto? – indagou Rony, arregalando os olhos.

            - Por que, tem alguma coisa errada? – admirou-se Harry, apanhando uma colher e espiando sua imagem.

            - Você está coberto de sangue! – disse Hermione. – Vem cá.

            - Ela ergueu a varinha e ordenou:

            - Tergeo! – E a varinha aspirou todo o sangue seco.

            - Obrigado. – agradeceu ele, apalpando o rosto agora limpo. – Como é que está o meu nariz?

            - Normal. – respondeu Hermione ansiosa. – Por que não estaria? Que aconteceu, Harry, ficamos apavorados!

            - Conto depois. – respondeu Harry, brevemente. Amanda, Gina, Erick, Neville, Dino e Simas estavam prestando atenção, até Nick Quase Sem Cabeça estava ali para ouvir.

            - Mas... – protestou Hermione.

            - Agora não, Hermione. – Harry replicou, em um tom sombrio cheio de subentendidos.

            Amanda desviou a atenção deles para falar com Gina e Erick.

            - É impressão minha ou ele não quer que saibamos o que houve?

            - Ele não quer mesmo. – Gina respondeu. – Mas ele não consegue disfarçar.

            - Será que aconteceu alguma coisa quando ele foi espiar o Malfoy? – Amanda perguntou tentando disfarçar o interesse.

            - Talvez, mas e daí? – Erick perguntou grosso.

            - Nada... – Amanda disse não gostando da maneira como o amigo falou com ela. Deu uma olhada para a mesa da Sonserina procurando Draco e lá estava ele, sentado ao lado de Crabbe e Zabini. Parecia mais carrancudo do que nunca. Amanda se perguntou o que poderia ter acontecido com ele, mas parou assim que percebeu que estava demorando demais em olhá-lo.

            Dumbledore se levantou à mesa dos professores e as conversas e risos cessaram quase imediatamente.

            - Uma grande noite a todos! – começou ele sorridente, abrindo os braços como se quisesse abraçar o salão.

            - Eita, o que o que aconteceu com a mão dele? – Erick falou para Amanda e Gina sem se preocupar em ser discreto.

            A mão direita do diretor estava horrível, escura e sem vida.

            - Algum acidente talvez? – Gina sugeriu.

            Eles não foram os únicos a notarem, pois agora a sala estava cheia de sussurros. Dumbledore, interpretando corretamente, apenas sorriu e ocultou a mão machucada, sacudindo a manga roxa e dourada.

            - Não há motivo para preocupação. – disse em tom suave. – Agora... As boas-vindas aos alunos novos; bom retorno aos alunos antigos! Mais um ano de muita educação mágica aguarda a todos. O Sr. Filch, nosso zelador, me pediu para avisar que estão banidos os artigos de logros e brincadeiras comprados na loja chamada “Gemialidades Weasley”.

            “Os que quiserem jogar nas equipes de quadribol das casas devem se escrever com os diretores das Casas, como sempre. Estamos também procurando novos locutores de quadribol, que são convidados a fazer a mesma coisa.”

            “Este ano temos o prazer de dar as boas vindas a um novo membro do corpo docente. O Professor Slughorn”, o bruxo ficou de pé. Era um homem muito gordo, careca com um enorme bigode prateado, “é um antigo colega meu que aceitou retornar o cargo de mestre de Poções”.

            - Poções? – a palavra ressoou por todo o salão.

            - Poções? – Gina estranhou. – Quem vai dar aulas de Defesa Contra as Artes das Trevas então?

            - Estou com medo da resposta. – Erick falou esperando o pior.

            - Por sua vez, o professor Snape – continuou Dumbledore, alteando a voz para abafar os murmúrios – assumirá o cargo de professor de Defesa Contra as Artes das Trevas.

            Amanda olhou para os amigos, espantada. Ela sabia da má fama de Snape e de como gostava das artes das trevas. Mas apesar disso, estava feliz por Snape não ser mais o professor de poções; agora sim a aula seria perfeita.

Erick parecia que havia levado um balde de água fria com a notícia, mesmo já a prevendo.

            - Não! – exclamou Harry tão alto que muitas cabeças viraram em sua direção. Olhava fixamente para a mesa dos professores, indignado.

            Snape, que estava sentado à direita de Dumbledore, não se ergueu ao ouvir o seu nome, apenas elevou a mão displicentemente para agradecer os aplausos da mesa da Sonserina.

            - Bem, tem uma coisa boa. – Harry disse com selvageria e os que estavam mais perto dele, inclusive Amanda, viraram para ouvir. – Snape irá embora até o fim do ano.

            - Como assim? – perguntou Rony.

            - O cargo é azarado. Ninguém agüentou mais de um ano... nem sei o que houve com o do ano passado, pelo jeito, sumiu. Quirrell até morreu. Pessoalmente, vou torcer para que haja outra morte.

            - Harry! – exclamou Hermione, demonstrando surpresa e desaprovação.

            - O Harry odeia o Snape tanto assim? – Amanda perguntou a Gina, espantada.

            - Você não faz idéia.

            Dumbledore pigarreou e esperou alguns segundos até que o salão voltasse a ficar em silencio, pois após a notícia de Snape ser o novo professor de DCAT, todos começaram a conversar.

            - Nem todos os presentes neste salão sabem que Lord Voldemort e seus seguidores estão mais uma vez em liberdade e cada vez mais fortes. O fato de eles terem agido com muita cautela no último ano, quase imperceptíveis, não significa que tenham parado. As fortificações mágicas do castelo foram reforçadas durante o verão, estamos protegidos de maneiras novas e mais poderosas, mas ainda assim precisamos nos defender dos descuidos de estudantes e funcionários. Peço, portanto, que respeitem as restrições de seguranças, por mais incômodas que lhes pareçam. Imploro que ao notarem alguma coisa estranha ou suspeita dentro ou fora do castelo, comuniquem imediatamente a um funcionário. Confio que agirão sempre com o maior respeito pela segurança dos outros e pela sua própria.

            Os olhos azuis de Dumbledore percorreram os rostos dos estudantes e, por fim, ele tornou a sorrir.

            - Mas no momento suas camas estão à sua espera, quentes e confortáveis como poderiam desejar, e sei que a sua maior prioridade é descansar paras as aulas de amanhã. Vamos, portanto, dizer boa-noite. Pip-pip!

            Assim como todos os alunos, Amanda levantou-se e foi com Gina e Erick para a torre da Grifinória.

            - Como assim tem gente que ainda não sabe que Você-Sabe-Quem e companhia estão de volta? Achei que todo mundo soubesse. – Amanda comentou estranhando.

            - Foi o que Dumbledore disse: talvez porque eles ficaram um ano sem fazer grande coisa tem gente que acha que é mentira que eles voltaram. – Erick disse.

            - Quem sofre com isso é o Harry, coitado. – Gina falou parecendo um pouco triste. – Mesmo Dumbledore apoiando-o dizendo que Você-Sabe-Quem voltou e tudo mais, como eles ficaram na moita nesse último ano, tem gente que pensa que é mentira.

            - Mas é tão difícil acreditar nisso? – Amanda perguntou.

            - Para alguns é mais complicado de aceitar, eu acho. – Gina respondeu. – Depois de tantos anos de “paz” todos querem pensar que ainda está assim.

            Amanda concordou com a cabeça. Chegaram ao retrato da Mulher-Gorda, disseram a senha que Hermione havia lhes dito mais cedo e entraram. O Salão Comunal estava com poucas pessoas, provavelmente a maioria chegou e já foi para seus quartos. Hermione estava com o grupo de alunos do primeiro ano mostrando-lhes a Torre e o orientando.

            - Sabe o que eu não entendo? – Amanda começou, quando os três pararam perto da lareira. – Como tem gente que segue Você-Sabe-Quem? Por quê?! – Amanda perguntou.

            - Ah... eles ganham uma tatuagem maneira. – disse Erick sério.

            - Grande motivo. – Amanda disse irônica.

            - Eu não sei, acho que é por poder. – Gina sugeriu.

            - Poder?

            - É. Você sabe como os comensais são temidos, talvez assim eles achem que têm o poder, sei lá.

            - Hum... Essa gente nunca está satisfeita não é?

            - Nunca.

            Hermione se aproximou do trio parecendo exausta.

            - Cansei. – disse ela relaxando os ombros.

            - Muito cansativo ser monitora? – Amanda perguntou.

            - Só um pouco. Mas é só o primeiro dia.

            - O Harry te disse por que o rosto dele estava ensangüentado? – Gina perguntou repentinamente mudando o assunto.

            - Não... saí correndo do Salão para cumprir meus deveres que nem lembrei. Por falar nisso, cadê ele e o Rony?

            - Não sei, devem ter ficado lá embaixo. – Gina respondeu.

            - Bom, vou ter que falar com eles amanhã. – Hermione disse e deu um bocejo. – Estou com muito sono, vou dormir.

            - Eu também vou. Grande dia amanhã. – Amanda falou indo para o dormitório com Hermione e Gina.

            - É, o primeiro dia de aula! Que legal! – Erick disse falsamente empolgado, indo para o seu quarto.

            Draco estava em sua cama, dormindo tranquilamente quando foi interrompido por uma luz que atingiu seus olhos fechados. Abriu-os um pouco e descobriu que a luz vinha do sol e entrava por uma fresta nas cortinas de sua cama e o acertava direto no rosto. O garoto esfregou os olhos e sentou-se na cama resmungando por ter sido acordado de tal maneira.

            Levantou-se da cama e olhou o quarto. Havia apenas duas camas com as cortinas fechadas, as outras com as cortinas abertas e as camas desarrumadas, provavelmente os rapazes já deveriam ter ido tomar café. Draco se vestiu e desceu para fazer o mesmo.

            Ao chegar ao Salão Comunal, deparou-se com Pansy Parkinson que parecia estar lhe esperando.

            - Bom dia, Draco! – cumprimentou ela, dando-lhe um beijo no rosto.

            - Oi. – Draco respondeu seco.

            - Vai tomar café?

            - Eu pretendia.

            - Ótimo! Então vamos juntos. – Pansy disse alegre, colocou seu braço entre o de Draco e os dois saíram da masmorra. – Vou te contar como foram as minhas férias!

            Draco colocou a mão livre na testa e a arrastou pelo rosto até o queixo, sem se importar em ser discreto. “Ai, que saco.”

            - Olha Pansy, eu realmente não quero...

            - Eu e meus pais viajamos praticamente as férias todas, fomos para a França... – Pansy começou a falar, interrompendo e ignorando completamente o que Draco ia dizer.

            Ao chegarem à mesa da Sonserina no Salão Principal, Draco estava duas vezes mais mau-humorado e irritado de quando acordara. O loiro sentou-se bruscamente enquanto Pansy terminava a sua história.

            -... tivemos de voltar três semanas antes, não sei direito o porquê...

            Draco bufou e se serviu de suco de abóbora.

            - Oi para vocês. – Zabini cumprimentou os dois. Draco não havia notado a presença do colega ali, sentado de frente para ele. Draco não respondeu. – Está de mau-humor, Draco?

            Draco olhou-o friamente. “Você também estaria se tivesse ouvido, contra vontade, as férias de Pansy”. Zabini entendeu o recado e não fez mais comentários.

            Enquanto Draco tomava seu café, Pansy e Zabini conversavam sobre coisas sem importância. Pouco depois, o Prof. Snape passou entregando os horários e quando a sineta tocou Draco foi para sua primeira aula do dia: Feitiços. Como era de se esperar para os alunos do sétimo ano, o Prof. Flitwick ficou metade da aula falando sobre os N.I.E.M.’S e respondendo perguntas de alguns alunos. Draco não deu muita atenção, não iria se tornar nada que precisava de testes desse tipo. O mesmo aconteceu nas aulas seguintes: Transfiguração e Herbologia.

            Na hora do almoço, Zabini sentou-se à mesa reclamando.

            - Não sei por que falar tanto de N.I.E.M.’S, que chatice.

            - Concordo, muita perda de tempo. – Draco disse servindo-se – Não serão úteis para o que eu pretendo fazer.

            Zabini deu uma risada pelo nariz.

            - Oi garotos. – Pansy acabara de chegar com Daphne Greengrass e se sentou grudada com Draco para almoçar. – Que chatas essas aulas, não é?

            - Muito, mas não acabou. Ainda temos duas aulas de poções com a Grifinória. – Zabini informou fazendo uma careta.

            - Felizmente eu não faço essa aula. – Pansy disse como se fosse algo para se gabar.

            - Ah é, você não obteve N.O.M.’S suficientes. – Zabini zoou a garota e riu. Draco o acompanhou.

            Pansy fechou a cara.

            - Pelo menos não sou eu que terei de aguentar aquela sabe-tudo da Granger nem os dois amigos dela, como vocês. – Pansy disse.

            - Para de falar, ta começando a parecer tortura essas aulas. – Draco disse.

            Por instinto, Draco olhou para a mesa da Grifinória. Viu Harry, Rony e Hermione conversando, sem nada de especial. À esquerda deles, estavam Amanda, Gina e Erick. Ao ver que Draco os olhava, Amanda lançou um olhar sério e triste ao mesmo tempo para ele. Draco virou o rosto para onde Zabini e Pansy estavam, sentindo um misto de vergonha e culpa. Sacudiu a cabeça tentando se livrar de tais sentimentos, sem entendê-los.

            Após o almoço, Draco e Zabini se encontraram com Nott, que Draco teve a impressão de não tê-lo visto no último ano, e os três foram para as masmorras para as aulas de Poções com o novo professor. Chegando lá, havia os mesmos poucos alunos do ano anterior. Pouco depois que chegaram, a porta se abriu e o Prof. Slughorn apareceu e cumprimentou-os, Zabini e Potter com particular entusiasmo.

            Não que Draco se importasse, mas se perguntou por que ele não fora convidado para a reunião do Prof. Slughorn no dia anterior, afinal sua família era uma das mais antigas e poderosas do mundo bruxo; não conseguia entender.

            Draco estava indo até a mesa em que os sonserinos se encaminhavam quando sentiu o aroma mais fascinante que já sentira na vida; uma mistura de canela, chuva e perfume de cereja. Draco chegou mais perto do caldeirão de onde vinha o cheiro, respirou lentamente, sentindo o prazer que lhe trazia. De repente Draco voltou a si e olhou a seu redor para ver se alguém havia reparado nele. Infelizmente, Potter e Granger estavam observando-o e cochichando. Draco ignorou e sentou-se junto aos sonserinos.

            O professor começou a aula falando das poções que ele havia preparado e que estavam espalhadas, em caldeirões pela sala. Draco não havia reparado em tais caldeirões ao entrar na sala e achou muito desinteressante ouvir-lo falando, mesmo porque, quem praticamente falou delas foi Hermione Granger que levantou a mão todas as vezes que o professor comentava as poções.

            Draco só se interessou em ouvir Hermione quando foi a vez de explicar a poção pela qual Draco sentira aquele aroma.

            - É Amortentia! – falou a garota.

            - De fato. Parece quase tolice perguntar – comentou o Prof. Slughorn impressionado ao ver a mão de Hermione erguer-se ao ar pela terceira vez. – mas presumo que você saiba que efeito produz, não?

            - É a poção do amor mais poderosa do mundo!

            Draco se ajeitou na cadeira para ouvir melhor.

            - Certo! E você a reconheceu, presumo, pelo brilho perolado?

            - E o vapor subindo em espirais características. – respondeu Hermione animada. – e dizem que tem um cheiro diferente para cada um de nós, de acordo com o que nos atrai, e eu...

            Draco parou de ouvir. “De acordo com o que me atrai? Mas eu nem gosto de perfume de cereja...” pensou ele, começando a achar besteira esse negócio de poção do amor e cheiros que atraem. O perfume, ele bem sabia, era o que Amanda sempre usava; mas ele não gostava mais da garota, então era ridículo a poção ter esse aroma porque o atraía, era apenas uma infeliz coincidência.

            - A Amortentia na realidade não gera o amor, é claro. Não, a poção apenas causa uma forte paixonite ou obsessão. Provavelmente é a poção mais poderosa e perigosa nesta sala.

            Draco achou ridículo que uma poção do amor poderia ser perigosa e começou a rir, descrente, baixinho para Slughorn não ouvir.

            Antes de o Prof. Slughorn começar de fato a aula, um aluno que estava à mesa de Potter, o qual Draco não se lembrava o nome, chamou a atenção do Prof. Sobre uma última poção que estava em cima da mesa deste.

            - Ah, sim. Aquela ali é uma poção chamada Felix Felicis. É a poção da sorte, quem a bebe torna-se a pessoa com mais sorte que qualquer outra durante determinado tempo.

            Ao falar isso, Draco aprumou-se mais no lugar, assim como o resto dos alunos. Todos estavam prestando total atenção agora.

            - É uma poçãozinha engraçada. Dificílima de fazer e catastrófica se errarmos. Contudo, se a prepararmos corretamente, vocês irão descobrir que os seus esforços serão recompensados... pelo menos até passar o efeito.

            “Meus esforços serão recompensados? É disso mesmo que eu preciso!” Draco pensava, sentindo uma necessidade quase incontrolável de possuir aquela poção apoderar-se dele.

            - E esta poção, senhores – continuou Slughorn – é o que vou oferecer de prêmio nesta aula. – Um grande silêncio caiu cobre a sala. – Um frasquinho de Felix Felicis – explicou Slughorn, tirando do bolso um minúsculo vidro com rolha e mostrando-o a todos. – Suficiente para doze horas de sorte. Devo avisar-lhes que é proibido o uso da Felix Felicis em competições, exames e eleições. Quem a ganhar deve usá-la somente em um dia comum e observar como esse dia se torna extraordinário!

            “Então, como irão ganhar esse prêmio fabuloso? Bem, abrindo a página dez de Estudos Avançados no Preparo de Poções. Vocês deverão preparar a Poção Morto-Vivo. Sei que é mais complexa que qualquer outra que tenha tentado antes e não espero que ninguém faça uma poção perfeita. Mas aquele que a fizer melhor ganhará a pequena Felix aqui. Podem começar!”

            Draco puxou seu caldeirão para perto de si e começou a folhear seu livro, ansioso para começar a preparar a poção. Ao chegar à metade do processo, sua poção estava exatamente como o livro dizia. Draco olhou pela a sala para ver como os outros alunos estavam. A sala inteira estava cheia de fumaça azul e todos estavam com os cabelos bagunçados por causa do vapor, inclusive ele. A poção de Zabini estava da mesma cor da de Draco, mas a de Nott estava azul marinho e este a estava xingando.

            O tempo estava quase acabando e a poção de Draco mudou de cor de groselha para rosa forte e no final estava laranja claro. Sem saber o que havia feito de errado, já que havia seguido as instruções do livro, Draco fechou-o com raiva e foi tentando consertá-la sem sucesso.

            - E acabou-se... o tempo! – anunciou Slughorn. – Por favor, parem de mexer.

            O professor caminhou lentamente entre as mesas, examinando o conteúdo dos caldeirões, em vários balançando negativamente a cabeça, inclusive ao ver a de Draco. O garoto fechou o punho para conseguir se controlar de tanta raiva que ficara por causa dessa poção. Slughorn continuou caminhando até chegar à mesa dos grifinórios. Draco não pôde ver a expressão no rosto do professor, pois este estava de costas para ele.

            - Sem dúvida, o vencedor! – exclamou para a masmorra. – Excelente, Harry!

            Draco assustou-se ao ouvir que Potter havia ganhado. Tinha certeza que se ele não ganhasse, quem ganharia seria Granger, a mais nerd, mas Potter? Muito estranho. Devia ser o puxa-saquismo.

            Ao ver o professor dando o frasquinho com a Felix Felicis para Harry, Draco não pode deixar de sentir uma forte ganância pela poção e ódio por Harry.

            - Eu não acredito que foi o Potter que ganhou a poção! – Draco falava indignado, depois de saírem da sala.

            - Eu sei! Desde quando ele é bom em poções? – Zabini concordava com Draco, igualmente indignado.

            - Eu não sei, mas não acho que tenha sido sorte.

            - O que acha que é então?

            - Ah sei lá. Mas eu não tenho tempo para ficar xeretando na vida dele. O que importava era ganhar a poção, já que eu não a ganhei não quero nem saber o que ele está fazendo.

            - Então tá.

            Os dois foram para a masmorra da Sonserina e depois do jantar, Draco foi até a Sala Precisa pôr em prática seus planos para cumprir a missão que recebera.


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