Segredo escrita por thana


Capítulo 48
Capitulo 48




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O Filipe só passou mais uma noite no hospital, no dia seguinte ele voltou para o quarto dele, isso foi bem na hora que eu tava voltando dos treinos da tarde, o resto do pessoal tinha ido para algum lugar que eu não me importava e eu tinha que ir para meu castigo. Ele tava acompanhado de um enfermeiro.

— Ok! _ ele ia dizendo para o enfermeiro _ eu me viro daqui.

— Você precisa de ajuda _ o homem ia dizendo _ senão pode piorar a sua situação.

— Eu não preciso de baba _ o Filipe falou.­

O enfermeiro tava pronto para protestar quando o Filipe me viu.

— Olha ai _ e ele apontou para mim _ a minha parceira já chegou, ela me ajuda agora.

— Tudo bem _ eu ouvi enfermeiro falar quando eu me aproximava do meu quarto, não deles, que por acaso ficava próximo _ ele só vai precisar de ajuda para se vestir _ eu olhei com uma expressão confusa _ e tomar os remédios no horário _ e colocou na minha mão uma sacola cheia de caixinhas.

Eu continuei olhando para o enfermeiro, mas ele não tava nem ai, ele se virou e foi embora.

— Que cara chato! _ o Filipe foi dizendo enquanto tirava a sacola da minha mão.

Continuei calada, o Filipe se virou e entrou no quarto dele. Eu sei que deveria ter oferecido ajuda, mas eu me virei também e fui para o meu quarto.

Eu fiz o que já tava sendo costumeiro, tomei banho, e comecei minha lição e foi ai que me lembrei que tinha que passar o assunto para o Filipe também. Então eu catei alguns cadernos e me dirigi até o quarto dele, não queria ter que fazer a mesma coisa duas vezes, e a Brenda não tinha mais falado sobre dividir as matérias.

Bati na porta.

— Já vai _ ouvir a voz abafada dele.

Eu esperei por um tempinho, mas logo ouvi um resmungo. Eu bati novamente, mas dessa vez eu não quis esperar por uma resposta e entrei.

Encontrei o Filipe com a cabeça presa no buraco da camisa, um braço vestido e o outro, o fraturado, não.

Eu não falei nada, fui até ele e tirei a blusa e o ajudei a vestir corretamente, é claro que o braço com gesso deu um pouco mais de trabalho.

— Obrigado _ ele agradeceu pegando a toalha com o braço bom e enxugou os cabelos ainda encharcados _ você quer alguma coisa? _ ele parecia surpreso.

— Eu só vim te passar a matéria _ eu peguei os cadernos e coloquei encima da cama dele.

— Já? _ e ele fez uma cara triste _ eu voltei do hospital hoje, pensei que ia ter mais um tempinho de folga.

— Eu pensei em adiantar logo _ fui dizendo _ Cadê os seus cadernos? _ eu perguntei.

— No meu armário _ e ele apontou para o armário.

Até aquele momento eu não tinha observado o quarto, que era diferente do meu, não pelo fato de ser um quarto de menino e de menina, mas porque o dele era bem simples, só tinha uma cama e um armário, as paredes eram totalmente brancas, com uns posters de pessoas andando de skates e de alguma banda que eu nunca ouvi falar.

Abri o armário, que estava uma bagunça, e peguei os cadernos dele que estava encima de tudo.

Me sentei no chão e usei a cama como mesa para copiar a matéria.

— Quando você volta para os treinos? _ eu perguntei começando a escrever.

O Filipe se deitou na cama com o braço bom atrás da cabeça.

— Sei lá _ ele respondeu _ acho que eu já posso participar de alguns treinos _ ele respirou fundo _ a Dra Julia disse que falou com o treinador físico para eu, por hora, não participar do treino, mas ela não falou nada dos outros treinos.

Eu bufei.

— Eu bem que queria não ter que acordar cedo amanhã _ comentei ainda escrevendo.

— Mas você não precisa _ ele disse se sentando na cama _ amanhã é sábado, não tem treino _ eu olhei para ele incrédula.

Eu tava meio que perdida com relação ao tempo ali dentro, ainda me perco às vezes.

— Então, que bom _ eu falei voltando para o caderno.

Eu comecei a passar as matérias/aulas que me pareciam menos chatas, como por exemplo, profissões.

Minha letra meio que destoou um pouco, porque a letra do Filipe era um desastre, enquanto a minha era, e ainda é, bem caprichada.

Os cadernos que eu já tinha terminado ia passando para ele, na intenção de que ele os lesse, mas ele simplesmente os fechava.

— Você sabe que tem que estudar tudo isso, né? _ eu perguntei, apontando para os cadernos ao lado dele.

— Isso é muito chato _ ele resmungou jogando as pernas para fora da cama _ eu prefiro assistir as aulas.

— Então da próxima vez que tome mais cuidado com o seu skate _ eu respondi enquanto escrevia novamente, agora faltava menos _ e não deixe ninguém danificar ele.

— Eu não tive culpa _ ele reclamou _ era regra do torneio o skate dormir lá.

Eu dei uma risada discreta, pelo menos eu achei que era discreta, mas ele viu.

— Que estranho _ ele falou olhando para mim.

— O que? _ eu perguntei parando de escrever novamente, tava começando a ficar com a mão doendo.

— Você rindo _ ele respondeu _ eu nunca te vi rindo.

— Eu riu sim _ eu protestei.

— Sem duvida _ ele disse se sentando no chão também _ mas não aqui.

Eu pensei bem no que ele dizia e de fato até então rir era uma coisa que eu não vinha fazendo muito, eu também não tinha muitos motivos.

— Continue assim _ ele falou encostando a cabeça na beira da cama e fazendo uma careta.

— Ta sentindo dor? _ eu perguntei, retoricamente, porque ninguém fazia careta se não fosse por dor ou algo do tipo _ não tem nenhum remédio nessa sacola que sirva para isso não?

— Acho que tem um _ ele falou sem abrir os olhos.

Eu olhei ao redor procurando pelos remédios.

— Cadê a sacola? _ eu perguntei quando não a achei.

— Eu guardei no armário.

Me levantei e vasculhei o armário dele mais uma vez, achei a sacola jogada de qualquer jeito ali dentro, a peguei e voltei para onde ele tava, tirei todos os remédio olhei de um por um. Tinha muito suplemento de vitamina c e de cálcio, e achei um que tinha escrito na caixa que era um analgésico, paracetamol. Nele tinha um pedaço de esparadrapo colado e tinha escrito “tomar a cada quatro horas ou quando sentir dor”. Pegue um comprimido e passei a ele.

— Vou ter que tomar assim mesmo? _ ele perguntou.

— Assim como? _ eu devolvi a pergunta.

— Sem água nem nada _ ele respondeu _ você já viu o tamanho disso?

Ele segurou o remédio entre os dedos para me mostrar, era grandinho.

— Eu não to vendo nenhuma água aqui _ eu dei uma olhada ao redor.

— Eu acho que tem uma garrafa de água na minha mochila.

Eu comecei a me levantar para ir até o armário novamente para procurar a tal mochila, mas ele me parou:

— Aonde você vai _ ele falou olhando para mim_ minha mochila ta aqui embaixo da cama.

Olhei para ele esperando ele dizer que era uma piada, mas ele voltou a recostar a cabeça na cama de olho fechado. Olhei por debaixo da cama, tinha muito lixo ali embaixo e poeira, eu fiquei amedrontada.

— To achando não _ eu disse me sentando novamente _ engole assim mesmo.

Ele olhou atemorizado.

— Não _ ele falou _ ta ai sim _ ele disse desesperado _ procura de novo.

Eu respirei fundo e olhei de novo.

— Eu não to vendo nada _ eu falei ainda olhando por debaixo da cama.

— Ela deve ta lá no fundo _ ele encorajou _ coloca a mão para ver se você acha.

Eu ergui os olhos para ele, mas coloquei o braço até a metade, eu torcia para que nada subisse nele. Apalpei pelo chão, eu sentia algumas coisa, uma eu identifiquei sendo no mínimo uma revista, fui procurando com o tato até que eu bati em algo que de inicio eu achei que fosse um travesseiro, mas percebi uns zipes nele, finalmente tinha achado a mochila. Puxei, ela já tava cheia de poeira, dei uma batida.

— Deve ta no bolso maior _ ele me avisou.

Eu encontrei a garrafa de água pela metade, abri e entreguei a ele. O Filipe colocou o remédio na boca e em seguida tomou um gole de água.

— Agora é só esperar fazer efeito _ ele voltou a recostar a cabeça na cama e fechou os olhos.

Eu voltei a escrever.

— Sabe do que eu senti muita falta? _ o Filipe voltou a falar _ da Nina.

Eu fiquei intrigada.

— Quem é Nina? _ perguntei parando de escrever mais uma vez.

— O meu amado skate _ ele suspirou.

— Por que se chama Nina?

— Porque quando eu achei, eu andava para cima e para baixo com ele _ ele tinha aberto o olho para me contar a historia _ então o Derike disse que o skate era meu parceiro, então eu disse que se fosse assim eu preferia que fosse uma menina então o Jonas brincou dizendo que o skate era a minha namorada e que eu precisava dar um nome para ela, eu escolhi Nina ai eu carrego a Nina desde então comigo, carregava pelo menos _ ele terminou com pesar na voz.

— E por que esse nome? _ eu insisti _ Nina?

— É o final da palavra meNina,

Eu revirei os olhos.

— Você disse que achou? _ eu puxei o assunto.

— É _ ele continuou _ ela tava jogada em um lixo lá na recreação.

— O skate já tava velho?

— Usado _ ele corrigiu _ mas a prancha tava boa e as rodas também, eu não sei por que alguém a jogaria fora.

— Você já sabia andar de skate? _ eu perguntei sem muito interesse.

— Um pouco _ ele respondeu pensativo _ eu aprendi quando pequeno.

Eu continuei escrevendo.

— Se o João não tivesse me dito que talvez alguém tivesse danificado eu acreditaria que teria se rompido por uso _ eu comentei terminando mais um caderno.

— Por falar nisso _ ele disse _ teve alguma noticia sobre ela?

— Ela quem?

— A Nina _ ele respondeu.

— Não, mas se ele acha mesmo que foi alguém querendo te prejudicar não volta tão cedo _ falei me lembrando das series policiais, quando tinha uma pista do crime eles sempre guardavam em uma sala até desvendar o crime _ mas de qualquer forma você não pode andar ainda de skate.

— Mas ela me fazia companhia _ ele suspirou novamente _ e agora me faz falta.

— Se o que o João acha for verdade _ eu comecei a falar _ quem você acha que quis te tirar do campeonato?

— Se for só para me tirar do campeonato eu to no lucro _ o Filipe disse _ mas eu acho que pode ter sido o Marcos, ele não vai muito com a minha cara.

— Por que, hem?

— Sei lá _ ele me respondeu _ o nosso santo não bate.

— Por que você não quis que a Brenda soubesse da historia da sabotagem? _ eu perguntei me lembrando que na hora que eu ia contar para o Brenda o assunto da conversa ele me interrompeu de propósito.

— Para ela não se preocupar _ ele disse se levantando e voltando para cama.

— Só por isso? _ eu duvidei.

Ele ficou em silencio, como se tivesse pensando se era melhor ou não falar algo.


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