Segredo escrita por thana


Capítulo 4
Capítulo 4




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Nossa o mundo rodou quando eu gritei “eu quero saber onde eu to?”, rodou tanto que eu perdi o equilíbrio e cai sentada na cama.


 


_ Tenha calma! _ pediu o homem _ Deixe a Julia fazer o curativo em você que eu te conto o que quiser.


 


Eu o encarei por uns instantes, enquanto a mulher se aproximava de mim e pegava a faixa das minhas mãos. Eu deixei ela enfaixar a minha cabeça de novo. Quando ela finalmente terminou o homem pediu que ela saísse e ficamos só nos dois.


 


_ Onde eu to? _ perguntei novamente (ta assumo, eu parecia um CD arranhado perguntando aquilo o tempo todo), passando a mão no curativo recém feito.


 


_ A cem quilômetros abaixo da superfície _ falou ele ainda de pé a minha frente. _ Próxima pergunta!


 


Eu, que ainda estava sentada e tinha acabado de fechar os olhos porque sentia o quarto girar ainda, os abri e olhei para o rosto dele. Esperava que ele disse “Ok, é brincadeira minha!”, mas não, ele ficou ali com a expressão mais seria que eu já vi alguém fazer na vida.


 


Eu ri pelo nariz, aquilo não podia ser verdade.


 


_ Cem quilômetros abaixo da superfície? _ falei fechando os olhos de novo _ Por que o cativeiro tinha que ser tão longe? _ usei um tom de piada.


 


_ Cativeiro? _ ele perguntou com a voz curiosa.


 


_ Eu sei que fui seqüestrada _ eu disse com a voz seria.


 


_ Que absurdo é esse? _ indagou o homem _ você não...


 


_ Olha _ eu o interrompi reabrindo os olhos _ eu aposto que os meus pais vão pagar o que vocês pedirem, mas não tenta me enganar.


 


_ Eu não to te enganando _ disse ele meio que na defensiva se sentando ao meu lado, eu, claro, me afastei um pouco. _ Você não foi seqüestrada!


 


_ Mesmo? _ ironizei _ Então como se chama levar uma pessoa sem autorização dela, ou no meu caso, dos meus pais para um lugar a quilômetros abaixo da superfície?


 


_ Mas tivemos permissão dos seus pais _ ele informou asperamente _ De todos eles!


 


Na hora eu não sabia o que ele quis dizer com aquele “todos eles”, mas mais na frente vocês vão entender, como eu entendi.


 


_ Meus pais jamais deixariam que isso acontecesse _ eu falei a raiva começando a aumentar.


 


_ Presta atenção! _ pediu ele se levantado _ Vamos encurtar essa conversa. Você é especial...


 


_ Eu não sou doente mental _ o interrompi mais uma vez.


 


Acho que ele realmente pensava que a batida na cabeça tinha me deixado lerda.


 


_ Eu sei que você não é _ falou o homem _ Eu acompanho seu crescimento desde a sua criação.


 


Serio, ele parecia um louco falando aquilo.


 


_ O que você quer dizer com isso? _ a pergunta saiu em disparada.


 


_ Você não é normal como os outros _ ele começou a explicar _ não em termos de DNA_ ele acrescentou.


 


Se alguém conseguiu entender o que ele estava falando até esse ponto, parabéns, por que eu boiei geral na época.


 


Eu o encarei e ele me olhou de volta, talvez esperando que eu dissesse: “Ah, entendi!”, mas é claro que eu não tinha entendi nada. Talvez aquilo fosse uma tática dos seqüestradores, sabe? Me confundir.


 


_ DNA? _ eu questionei.


 


_ É _ ele simplesmente disse.


 


_ Então quer dizer que eu sou diferente dos outros em relação ao DNA? _ se ele queria me confundir eu ia deixar ele pensar que estava conseguindo.


 


_ Isso ai _ falou ele parecendo satisfeito que eu tivesse entendido tão rapidamente.


 


_ E como é isso? _ eu perguntei me aprofundando no jogo dele.


 


_ Bem, DNA é um composto orgânico cujas moléculas contêm as instruções genéticas que coordenam o desenvolvimento e funcionamento de todos os seres vivos. Ela é uma das encarregadas a transmiti a heraditariedade, que nada mas é o conjunto de processos biológicos que asseguram que cada ser vivo receba e transmita informações genéticas através da reprodução, ou seja que se você tem hoje olhos castanhos significa que alguem na sua arvore geneologica tem esses mesmo olhos. Deve dizer que sua arvore geneologica é bem bagunçada.


 


Poço assegurar que eu o que ele dizia entrava por um ouvido e saia pelo outro. Composto organico? Genetica? Arvore geneologia?... espera arvore geneologica eu sabia o que era. Eu me lembro que quando eu estava na quarto ano a professora pediu que nós fizessemos a nossa propria arvore, e pelo que eu me lembrava ela tinha ficado bem arrumadinha, mas eu sabia que aquele homem só queria me confundir.


 


Ele deve ter percebido que eu não tinha entendido nada, então falou:


 


_ Ok, isso você vai entender aos poucos, o que você realmente precisa saber é que biologicamente falando você tem quatro mães e quatro pais, acho que isso dá para entender.


 


Eu não me aguentei, começei a rir, rir não a gargalhar, minha cabeça latejou um poucocom isso, mas ele tava sendo tão ridiculo!


 


_ Então quer dizer que na minha arvore genealogica o local que é reservado para os pais eu devo espremer quatro nomes de um lado e quatro nomes de outro? _ eu perguntei assim que eu consegui parar de gargalhar.


 


_É _ ele respondei com as sobranselhas juntas em uma expreção confusa.


 


Eu gargalhei mais um pouco. Aquilo era ridicolo, eu podia não ser muito boa em biologia, na verdade eu ainda sou muito ruim nessa materia, mas o que ele estava dizendo era improvavel... quatro mães e quatro pais? Nunca!


 


_ Foi muito dificil conseguir isso mas... _ ele começou, enquanto eu me recompulha, ainda com as sobrançelhas juntas.


 


_ Olha _ eu o interrompi parando de rir _ Para com isso, você não vai conseguir me confundir com esse papo de “biologicamente falando”. Quando vocês vão pegar o resgate, para eu finalmente voltar para casa?


 


Eu sabia que era perigoso entrar em conflito com bandidos, principalmente bandidos sequestradores, mas eu não tava nem ai.


 


_ Quantas vezes você vai ter que ouvir que não foi sequestrada? _ ele me perguntou mudando a expressão de confusa para raivosa.


 


Eu simplesmente fransi os labios para ele.


 


_ Tudo bem _ ele falou indo até onde ficava a porta _ vou te prova que você não foi sequestrada.


 


Então ele bateu três vezes onde ficava a porta e alguem a abriu por fora, ele colocou a cabeça para fora e falou:


 


_ Marta, Julius vocês podem vim aqui um minuto?


 


Meu cerebro neste instante parou de funcionar, eu não podia acreditar que ele tinha chamado por aqueles nomes, porque aqueles nomes eram os nomes dos meus pais.


 


Segundos depois dele ter os chamado eu vi uma mulher de cabelos castanhos e rosto oval passar pela porta e logo atrás dela veio um homem alto de rosto quadrado.


 


Eu nem acreditei de primeira, mas quando a ficha caiu eu me levantei da cama e me joguei nos braços da minha mãe que me abraçou forte também e acariciava com cuidado o curativo na minha cabeça.


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