Segredo escrita por thana


Capítulo 5
Capítulo 5




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Eu nem pude acreditar que estava nos braços da minha mãe. Por alguns segundos eu não pensei em nada só agradecia muito por meus pais estarem ali, mas então minha cabeça voltou a trabalhar.


 


Se eu não tinha sido seqüestrada, então o que era aquilo tudo? O que aquele homem estava me falando era realmente verdade? Eu tinha quatro mães e quatro pais?


 


Eu me afastei lentamente da minha mãe enquanto ela me olhava dos pés a cabeça.


 


_ Ô meu bebe _ ela falava (era assim que ela me chamava, ela ainda me chama assim até hoje, mesmo eu tendo já 17 anos) enquanto eu pensava em tudo no que o homem tinha me dito _ Vai ficar tudo bem agora ta? _ aqui ela se virou para o homem com quem eu conversava _ Você disse que ela não iria se machucar! _ ela tinha uma voz bem raivosa.


 


_ Tivemos alguns problemas _ o homem falou encolhendo os ombros.


 


_ Problemas? _ perguntou a minha mãe passando mais raiva ainda.


 


_ Não me culpe _ respondeu o homem na defensiva _ Ela é que é muito arisca.


 


_ Mesmo? _ disse a mamãe ironicamente _ Ela tem a quem puxar.


 


Eu tava totalmente out, eu ouvia o que eles diziam, mas não tava nem ai, eu ainda tava com a cabeça doendo por causa da batida e a historia de estar em um subsolo que ficava cem quilômetros da superfície e a conversa de ter mais pais do que as pessoas tinham... você vai ter que concordar! Isso tira qualquer um do ar.


 


_ O que ele falou é verdade? _ eu disparei para a minha mãe que ainda discutia com o homem.


 


_ O que ele te falou? _ ela perguntou me olhando maternalmente.


 


_ Me disse que eu to a cem quilômetros dentro da terra _ eu falei.


 


_ É verdade _ ela confirmou.


 


_ E que eu tenho... _ eu não queria falar aquilo, era absurdo, mas também não queria falar porque eu tinha medo de ouvir a confirmação _ ... que eu tenho... quatro mães e quatro pais.


 


Dessa vez ela só balançou a cabeça em confirmação.


 


Ótimo! O que eu podia fazer naquele momento? O quarto girou de novo e eu me sentei.


_ Suzan _ minha mãe me chamou preocupada.


 


_ Como isso é possível? _ eu perguntei olhando para os três: a minha mãe, o homem e o meu pai, que ficou calado o tempo todo, mas ele nunca foi de falar muito mesmo então eu nem estranhei.


 


_ Bem _ começou o homem _ Fizemos experimentos por vinte anos antes de conseguir, então há 14 anos tivemos êxito _ ele olhou para mim com uma satisfação muito grande.


 


_ Quantas pessoas igual a mim existem? _ eu quis saber.


 


_ Você é única _ a mamãe falou.


 


_ Não _ eu disse achando que eles não tinham entendido _ Quantas pessoas tem tantos pais assim como eu?


 


_ Você é única _ repetiu o homem _ nunca tivemos sucesso depois de você.


 


Eu fiquei com o olhar perdido, sabe, olhava para eles sem realmente os enxergar.


 


_ Por que fazer isso? _ eu perguntei os focando.


 


_ Era um projeto que nós tínhamos _ respondeu o homem.


 


_ E quem são vocês? _ disparei para ele.


 


_ Marcio, você não disse a ela quem somos? _ falou a minha mãe.


 


Eu sabia quem ela era, ela era minha mãe, eu queria saber quem era o homem.


 


_ Não tive tempo _ ele se explicou _ Mas se vocês me derem licença... _ e ele apontou para a porta que ficou aberta, obviamente pedindo para ele se retirarem.


 


_ Não _ eu falei segurando a mão da minha mãe que estava sentada ao meu lado.


 


Eu não queria ficar sozinha de novo, eu não queria ficar longe dos meus pais. A mamãe percebendo a minha apreensão olhou suplicante para o Marcio.


 


_ Tá’ vocês podem ficar _ ele disse e meu pai se sentou do meu outro lado. _ Ok! _ ele falou para mim _ Somos uma organização secreta...


 


_ Do governo? _ eu o interrompi.


 


_ Não _ ele disse _ Na verdade o governo é uma das instituições que querem o nosso fim _ eu fiz cara de “ah, entendi”, mas eu tinha entendido mais ou menos _ Aqui o nosso objetivo é pescar peixes grandes...


 


_ Pescar? _ o interrompi mais uma vez? _ Precisa de uma organização secreta para isso?


 


_ Eu quis dizer que nós nos damos com bandidos grandes _ ele começou a explicar _ Bandidos de gravata, e um dos motivos para não termos o apoio do governo é que a maioria deles está lá.


 


A minha cara de “ah, entendi” dessa vez foi porque eu tinha entendido mesmo.


 


_ E é isso que nós fazemos _ ele continuou _ Limpamos a sociedade dessa corja que acha que só porque tem dinheiro pode fazer o que quer. Por isso a OSPT existe.


 


_ OSPT? _ eu perguntei curiosa.


 


_ Organização Secreta de Proteção Total _ a mamãe respondeu.


 


_ E quanto a mim? _ eu falei _ O que eu tenho haver com tudo isso?


 


_ Você foi recrutada para a nossa instituição _ disse o Marcio. _ Bem, no seu caso, você foi feita para essa organização.


 


_ O que? _ eu indaguei.


 


_ Tudo bem, vamos voltar para a sua historia _ ele disse _ O motivo de você ter tantos pais era porque a organização queria um ser perfeito, um ser que tivesse só o melhor dos seus genitores, então pegamos os genes dos nossos melhores agentes e tentamos fertilizações in vitro até que tivemos você.


 


_ Fertilização in vitro? _ eu quis saber.


 


_ Fertilização in vitro ou bebe de proveta, como muitos conhecem é uma técnica de reprodução medicamente assistida em ambiente laboratorial _ o Marcio explicou. _ Depos ele é colocado em um utero para dai o feto se desenvolver normalmente.


 


_ E quem me carregou? _ eu perguntei olhando para a minha mãe esperando ela dizer que tinha sido ela.


 


_ Sinceramente, ninguém te carregou _ disse ele.


 


_ Eu tenho quatro mães e nenhuma quis me carregar na barriga? _ eu me espantei.


 


_ Todas elas queriam, mas era muito perigoso _ ele continuou _ Fazia vinte anos que estávamos testando isso e toda vez que colocávamos o feto no útero humano a mão e o feto morriam.


 


_ Por quê? _ eu perguntei.


 


_ Ainda não sabemos, talvez o organismo da mulher não conseguisse de jeito nenhum aceitar aquele corpo estranho, diferente de uma gravidez normal onde o corpo diminui a imunidade da mãe para o feto pode se desenvolver sem problemas, em uma fertilização in vitro também acontece isso só que aqui o feto carrega mais carga genética que o normal achamos que foi isso que causou as mortes.


 


_ Então onde eu cresci?


 


_ Construímos um útero mecânico _ ele falou _ Dessa forma podíamos monitorar o crescimento do feto melhor e sem perder vidas.


 


_ Útero mecânico? _ eu me espantei.


 


_ Uma espécie de incubadora _ ele explicou.


 


Essa palavra, incubadora, me lembrava uma caixa que uma vez meu pai fez para me mostrar como os pinhos nasciam, me mostrando cada passo do chocamento, no momento ele chamou aquilo de incubadora, mas para mim era mesmo uma chocadeira. Pois é, eu fiquei chocada quando eu percebi que eu tinha crescido dentro de uma chocadeira como aqueles pintinhos.


 


_ Quer dizer que eu sou filha de chocadeira? _ eu perguntei pasmem.


 


_ Se você prefere esse tipo de nomenclatura _ o Marcio falou encolhendo os ombros.


 


_ Não você não é filha de chocadeira _ falou a mamãe olhando para o Marcio.


 


_ Tá _ eu falei tentando impedir a mamãe de discutir de novo com o Marcio _ Eu já conheço uma mãe e um pai então falta conhecer três mães e três pais. _ eu sei soa insano, como eu poderia ter aceitado aquilo tão rápido? Mas eu não queria ver a minha mãe nervosa de novo.


 


_ Você não conhece nem um dos seus pais biológicos _ o Marcio disse.


 


_ Como não _ eu falei apontando para a mamãe e o papai.


 


_ Nós não somos seus pais biológicos, querida _ falou finalmente o meu pai.


 


_ Eles são dois agentes que designamos para te criar e proteger _ disse o Marcio.


 


_ Não é possível _ eu falei _ eu vi minha certidão de nascimento e os dois estão lá como meus genitores.


 


_ Ter o maior e melhor, isso não podemos negar, falsificador do mundo nas mãos tem lá suas vantagens _ o Marcio falou pomposo.


 


_ Então eu sou adotada?


 


_ Mas nós te amamos muito _ falou a mamãe com uma preocupação na voz.


 


_ Mesmo que não tenhamos laços de sangue você mesmo assim é a nossa filha _ falou o papai.


 


_ É, você vai ser sempre o nosso bebe _ confirmou a minha mãe me abraçando forte.


Eu não tava preocupada ou chateada em ter sido adotada, o que assustava mesmo era aquele papo de ter quatro mães e quatro pais biológicos e somados aos meus pais adotivos eram cinco mães e cinco pais.


 


_ Você não precisa ficar mais aqui _ disse a minha mãe me levantando, eu tava um pouco atordoada então deixei ela me levar.


 


_ Leva ela para o hospital _ o Marcio falou _ Esse ferimento na cabeça não ta bom. Eu mato o Marcos. _ ele disse essa ultima frase com uma voz que me lembrou o homem que gritava com o Marcos aquele dia.


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