Segredo escrita por thana


Capítulo 3
Capítulo 3




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Bem, depois de ser dopada eu fui retirada do cubículo, porque quando acordei percebi que eu estava deitada em uma cama, mas não a cama dura e fria que eu tinha estado desde quando eu acordei a primeira vez, mas em uma cama quente e macia.

 

 

 

A primeira coisa que eu senti quando retomei os meus sentidos foi uma pressão na minha cabeça, levantei a mão notei que ela estava enfaixada e nessa mesma mão que eu levei a cabeça tinha uma agulha inserida com um tubo que ia até uma garrafinha de soro.

 

 

 

Tinham trocado o meu macacão porque agora eu vestia um dessas camisolas que os pacientes vestem quando são internados nos hospitais, então ai eu olhei ao redor, para me certificar melhor onde eu estava.

 

 

 

O lugar, se não era, parecia com um quarto de hospital tinha a cama onde eu estava, o soro pendurado em uma espécie de cabide de ferro, um medidor cardíaco que ficava apitando a cada batida do meu coração e um criado mudo.

 

 

 

Eu não tive duvida, arranquei o soro e os fios do medidor cardíaco, que parou de apitar e começou a fazer um barulho constante, me levantei da cama cambaleando e comecei a andar, me arrastar para ser mais exata, até a porta (vou te contar, aquela camisola de hospital não fecha muito bem na parte de traz então você fica sentindo vento no bumbum o tempo todo).

 

 

 

Quando eu consegui abrir a porta dei de cara com uma mulher baixa de cabelos castanhos, vestida com um jaleco branco, então eu deduzi que só podia ser uma medica.

 

 

 

_ Por favo me ajuda! _ eu pedi assim que consegui forçar as palavras pela minha boca, que por acaso estava bem seca.

 

 

 

Depois disso eu despenquei no chão, eu não cheguei a atingir o chão ela me segurou antes disso. Eu tava fraca tinha gastado todas as minhas forças tentando chegar à porta e falar aquelas quatro palavras.

 

 

 

A mulher gritou por cima dos ombros pedindo por ajudo e logo apareceram dois homens de branco, que me seguraram e me levaram de volta para a cama, nela a mulher recolocou o soro e me conectou ao medidor cardíaco de novo, eu segurei a sua mão quando ela colocava um esparadrapo para segurar a agulha e disse:

 

 

 

_ Eu fui seqüestrada, por favor, me ajuda!

 

 

 

_ Não você não foi! _ ela me respondeu me olhando de maneira carinhosa, um olhar maternal _ Você não esta com sede? _ ela perguntou.

 

 

 

Eu balancei a minha cabeça levemente dizendo que sim. A moça pegou um copo que estava encima do criado mudo e me ajudou a beber um pouco de água.

 

 

 

_ Eu fui seqüestrada _ eu repeti assim que minha boca já estava um pouco úmida.

 

 

 

_ Como você se sente? _ perguntou ela _ Se sente tonta ou coisa parecida?

 

Eu franzi um pouco a testa, só um pouco porque a minha cabeça estava doendo, e afirmei mais uma vez, tonta era pouco para descrever a minha sensação, parecia que o mundo rodava mais rápido do que deveria.

 

 

 

_ Me seqüestraram _  eu falei de novo um pouco mais alto que das ultimas duas vezes, talvez ela não tivesse me ouvido direito.

 

 

 

_ E a cabeça ainda dói? _ ela me perguntou.

 

 

 

Será possível que aquela mulher não estava me ouvindo! Eu estava ali dizendo que tinha sido seqüestrada e a única coisa que ela me perguntava era se a minha cabeça estava doendo? O que de fato estava.

 

 

 

_ A senhora me ouviu? _ eu perguntei com medo que ela fosse moca _ eu fui seqüestrada.

 

 

 

_ Eu já lhe disse que não foi _ ela disse enquanto fazia anotações em uma prancheta que estava pendurada na minha cama.

 

 

 

Depois de ouvir aquilo me ocorreu que talvez os seqüestradores tivessem se apresentado como meus responsáveis, e com a batida na cabeça ela podia achar que era alucinação minha, então era por isso que aquela mulher dizia aquilo.

 

 

 

_ Você vai se sentir melhor daqui a algumas horas _ falou ela e recolocou a prancheta no mesmo lugar que estava antes e saiu do quarto.

 

 

 

Ótimo! Eu tinha sido seqüestrada e os criminosos para não levantar suspeitas enganaram os médicos dizendo que éramos parentes.

 

 

 

Me responde uma coisa, como uma pessoa que passa mais de dez anos estudando para se formar como medico engole uma balela daquelas?

 

 

 

Mas minha cabeça estava doendo de mais para obter qualquer resposta, com o tempo a dor foi, não diminuindo, mas ficando menos pesada. Durante o tempo que eu fiquei ali deitada ocasionalmente vinha uma pessoa e checava o meu pulso e o soro que eu ainda tomava na veia, eu tinha desistido de avisar aquelas pessoas que eu tinha sido seqüestrada, porque eu sempre ouvia a mesma coisa, que eu não tinha sido seqüestrada.

 

 

 

Depois de um tempo as luzes dos corredores do hospital foram apagadas, eu tinha recuperado um pouco das minhas forças e pretendia sair dali atrás de um telefone publico para avisar a minha família onde eu estava.

 

 

 

Foi isso que eu fiz, só que dessa vez eu só arranquei os fios do marcador cardíaco e levei o soro comigo, não queria ser espetada de novo.

 

 

 

Logo que passei a porta do quarto olhei de um lado para o outro para ver se dali eu achava o telefone, mas não vi nada alem de portas fechadas e bebedouros nas paredes, então comecei a andar pelo chão frio daquele lugar olhando sempre por cima do ombro para me certificar de que não tinha ninguém ali.

 

 

 

Eu andei até o fim do corredor e virei na primeira curva que dava para outro corredor, mas nele também não tinha nada de telefone, continuei caminhando até que eu comecei a ouvir uma voz, e ela estava furiosa:

 

 

 

_ O que você tem dentro da sua cabeça em? _ perguntou uma voz grave e raivosa, eu continuei andando até que eu parei em uma janela de vidro e fique a dois centímetros dela de uma maneira que ninguém que estivesse ali dentro pudesse me ver.

 

 

 

Dei uma espiada para dentro e vi que tinha no mínimo umas dez pessoas naquela sala, o homem que berrava estava atrás de uma escrivaninha e falava com um dos homem que eu vi da ultima vez que eu estava no cubículo, o homem que eu tinha mordido.

 

 

 

_ Você poderia a ter matado! _ ele berrou mais um pouco.

 

 

 

Ei, eles sabiam quem eram aqueles homens!

 

 

 

_ Ela me mordeu _ disse o homem na defensiva.

 

 

 

_ E por isso você achou que podia abrir a cabeça dela as pancadas? _ dessa vez era uma voz feminina, que parecia ceda que falava.

 

 

 

_ Não _ falou o homem _ aquilo não foi de propósito, eu tentei afastar ela de mim e ai ela caiu no chão e bateu a cabeça na cama.

 

 

 

É, eles estavam falando de mim, eu também fiquei surpresa, só podia ser de mim, quantas pessoas mordem aquele homem e batem a cabeça quando ele as empurra, porque foi isso que aconteceu eu me lembro bem e não o que ele disse sobre ele ter me “afastado” dele.

 

 

 

_ Bem isso não importa agora _ disse uma voz masculina, não a que gritava outra voz masculina _ o que importa é que ela está bem e que logo ela se recuperar.

 

 

 

_ Pode ir Marcos _ disse uma segunda voz feminina.

 

 

 

Em seguida eu sai do corredor e foi para o corredor do meu quarto, mas quando eu cheguei lá dei de cara com alguém, um homem de branco.

 

 

 

_ O que você está fazendo de pé? _ ele me perguntou _ era para você está sedada!

 

 

 

Eu o encarei e tentei me afastar dele, mas ele foi mais rápido, me segurou pelo braço e tentou me arrastar de volta para o meu quarto. Eu tentei resistir, mas ele era muito forte (todo mundo ali parecia muito forte), quando notou que eu não iria de boa vontade ele me segurou pelos dois braços e tentou me levar a força foi ai que eu gritei, não me importei que minha cabeça doesse com o grito e os solavancos que eu dava para me saltar dele, eu só queria sair dali.

 

 

 

Dois segundos depois, ou menos, todas as pessoas que estava naquela sala se encontravam naquele corredor.

 

 

 

_ O que foi que houve? _ alguém perguntou tentando se sobressair aos meus gritos.

 

 

 

_ Ela não está sedada _ falou homem que me segurava.

 

 

 

Por um instante era apenas a minha voz que se ouvia naquele lugar, até que alguém falou, um mulher para ser mais exata:

 

 

 

_ Eu achei que ela ia dormir a noite toda, eu não posso ficar sedando ela como se fosse um animal, e a propósito não se deve fazer isso nem com os animais _ ela advertiu.

 

 

 

_ Eu acho bom você dar um jeito nisso _ disse a voz do homem que antes gritava com o Marcos.

 

 

 

_ Segurem ela _ falou a mulher com uma voz cansada.

 

 

 

Logo depois eu senti mais mãos tentando me segurar, mas eu me debatia mais ainda querendo me soltar, então eles me imobilizaram no chão de barriga para cima enquanto eles falavam coisas de deveriam me acalmar como “se acalme” e “ninguém vai te machucar”, mas não adiantava eu queria me livrar deles.

 

 

 

_ Suzan fique quieta _ falou uma moça se ajoelhando e segurando a mangueira que passava o soro e ejetando com uma seringa um liquido que eu já sabia que era um sedativo _ Desse jeito o seu ferimento só vai piorar.

 

 

 

Ela sabia o meu nome, claro que ela sabia o meu nome, quando se seqüestra alguém o mínimo que se tem que saber é o nome, eu acho. Mas o fato dela conhecer o meu nome me paralisou, com muita ajuda do remédio é claro, a ultima coisa que eu ouvi foi:

 

 

 

_ Levem ela de volta para o quarto.

 

 

 

Quando eu abri os olhos novamente eu não tava no quarto do hospital eu tava de volta ao cubículo e vestindo um macacão limpo.

 

 

 

Eu me sentei na cama e passei a mão na cabeça que ainda estava enfaixada, procurei pela ponta da faixa e comecei a desenrolar ela. A cabeça não estava lá essas coisas, mas aquilo tava piorando a situação. Assim que eu retirei toda a faixa eu a joguei contra a parede com muita raiva, aquela condição que eu me encontrava já estava me deixando furiosa, se eu não tinha sido seqüestrada, como todo mundo dizia, então o que eu tava fazendo ali? Enquanto eu pensava nisso passei a mão pelo ferimento e notei que eles tinham raspado o meu cabelo onde se encontrava a lesão.

 

 

 

Nesse momento a porta escondida se abriu e um homem, que parecia ser mais velho do que todos que já tinham aparecido por lá, entrou.

 

 

 

_ Você não devia ter feito isso _ ele disse quando me viu sem a faixa. _ Julia! _ ele chamou por cima do ombro.

 

 

 

Em seguida apareceu a mulher loira que me examinou no primeiro dia, ela me olhou e veio até onde eu estava. Ela tirou de sua maleta outra faixa e a ergueu na altura da minha cabeça para começar a enrolá-la, mas eu levantei para me afastar dela.

 

 

 

_ Ela precisa fazer o curativo _ me falou o homem.

 

 

 

Eu balancei a cabeça em negação e perguntei:

 

 

 

_ Onde eu to? _ a minha voz saiu um pouco raivosa.

 

 

 

_ Suzan deixa eu fazer esse curativo em você por favor _ falou a mulher com uma voz calma se levantando e indo até mim.

 

 

 

_ Não _ eu falei com a mesma voz raivosa _ Onde... eu... to...?

 

 

 

Eu repeti mais de vagar para que eles me entendessem melhor. O homem e a mulher me ignoraram, a Julia se aproximou de mim com a faixa na mão para a enrolar na minha cabeça, nesse ponto a raiva me dominou, então eu arranquei a faixa da mão dela e gritei bem forte:

 

 

 

_ Eu quero saber onde eu to.

 

 

 

Uma dica: nunca, leia bem, nunca grite quando sua cabeça estiver a ponto de explodir, porque a coisa vai piorar.


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