Capítulo 4:

– Fofocas tornam a vida tão mais interessante!

As aulas seguiam tediosamente na Robert E. Lee. Quando tocou o sinal do almoço, Elena já não aguentava mais.

Ela saiu da sala onde acabara de ter aula de língua francesa, quando esbarrou em alguém e derrubou todos os seus livros.

Praguejou baixo e abaixou-se para pega-los, nem olhando em quem havia esbarrado. Apenas olhou para cima quando uma mão entrou em seu campo de visão e começou a juntar os livros para ela. Era Stefan Salvatore.

Stefan Salvatore era o tipo de garoto perfeito. O mais popular da Robert E. Lee, senão de Mystic Falls. Todos conheciam ele e Kol Mikaelson, pois suas famílias estão no topo do ramo das indústrias há décadas. E é claro, a beleza ajudava. A própria Elena era caída por ele na 8° série, antes de se tornar popular e decidir que só ela importava, e que não precisava de nenhum garoto.

Como são de anos iguais, Stefan até que se tornou um bom amigo de Elena, até porque os dois eram da Elite, e sempre se viam em festas, bailes ou confraternizações. Eles se sentam juntos à mesa na hora do almoço, o grupo dos eleitos, dos populares.

– Obrigada, Stefan. – disse Elena, se levantando junto com o garoto, que entregou seus livros.

– De nada, Elena. Te vejo no refeitório?

– Claro. – e então seguiram caminhos diferentes. Elena foi para seu armário e colocando todos os seus livros lá. Agora teriam mais uma hora e meia de almoço, e de descanso, lógico. Isso que era o melhor da Robert E. Lee: Você entrava às 8 horas da manhã e saía quase 4 horas da tarde, mas os intervalos eram imensos.

– Você não acredita no que a Garota do Blog acabou de postar! – falou Caroline com a voz afobada, chegando ao lado de Elena, fazendo a garota olhar para ela com uma sobrancelha perfeita arqueada.

– O que ela falou dessa vez? A nova esquisitice do uniforme da Heather Lincoln? – ironizou Elena, soltando uma gargalhada logo depois. Heather Lincoln era praticamente a garota mais esquisita da escola. Além de usar duas trancinhas, uma de cada lado, usava óculos fundo de garrafa, com armações grossas e pretas. Como o uniforme podia “customizar”, a cada novo dia ela vinha com peças estranhas.

Mas não era essa a fofoca da Garota do Blog.

– Não! Você não viu ainda? Tipo, todos estão comentando! – Caroline falou com uma voz afetada.

– Meu telefone está no silencioso. Acabei de sair da aula da Delacour. – Elena crispou os lábios. A Sra. Delacour era uma velha ranzinza descendente de franceses que vieram para cá logo após a Guerra Civil. Ela dava aula de francês, e se houvesse algum bip de celular ou algo mais em sua aula, ela tomava na hora e o aluno era mandado para a sala da diretora.

– Veja! – Caroline estendeu seu Galaxy Note branco para Elena, que leu o post recente no site da Garota do Blog.

Garanhões em Mystic Falls

Damon Salvatore e Klaus Mikaelson. Vocês não devem ouvir esses nomes há muito tempo, não? Afinal, todos nós nos lembramos de quando o irmão mais velho de Stefan e o irmão mais velho de Kol e Rebekah se formaram – solteiros -, deixando milhares de garotas desiludidas por aí.

Pois é, pelo que parece, eles estão de volta. Hoje D e K.M foram vistos bebendo em nome da antiga amizade. Tin tin, meninos.

Iremos admitir que eles estão muito gostosos, mas o que eles fazem aqui? K. não deveria estar em LA comandando parte do império de seu pai? E D. não deveria estar começando um novo semestre em Boston? Humm, mistérios, mistérios. Muitas voltas nesse início de semestre.

E eu estou adorando!

Vou ficar de olho nesses dois, pois afinal, eles podem dar o que falar. Já pensou se eles decidem voltar às antigas e ficarem de olho nas meninas da Robert E. Lee? Ou eles são nobres demais para pegarem um bando de garotinhas?

Eu sei que vocês me amam...

XOXO

– Garota do Blog

Elena desgrudou os olhos da noticia um pouco desinteressada. Afinal, o que Damon Salvatore e Klaus Mikaelson teriam a ver com ela? Ela se lembrava bem de quando estudaram na Robert E. Lee. Elena era apenas uma setimanista magrela quando eles se formaram, os melhores da turma no ano deles, e então foram aceitos em universidades da Ivy League, e nunca mais pisaram em Mystic Falls.

A única coisa que ligava ela, e apenas ligava a Klaus, era Rebekah, pois eles eram irmãos. Nem Stefan a ligava a Damon, já que os dois apenas começaram a se falar no primeiro ano, quando Elena tomou o trono enquanto a irmã ia para o colégio interno.

Elena olhou para Caroline como se esperasse que a loira dissesse algo de interessante a ela. Caroline apenas a olhou em expectativa. Mas é claro que a notícia tem certa importância, pois afinal, você não é ninguém até ser falado.

– Sei. O irmão da Rebekah e o irmão do Stefan estão de volta. O que isso me interessa? – perguntou Elena em uma voz monótona.

– O que? – Caroline perguntou confusa, depois olhou o telefone e viu que estava no post errado.

– Ah! Bom, também era isso. Os dois são uns gostosões. – disse ela, acompanhando Elena para o refeitório. – Mas não era isso. Vai ter uma festa hoje no Grill, para comemorar a volta às aulas! – disse Caroline animada. Neste instante, chegaram Bonnie e Rebekah, começando a andar ao lado de Elena.

– Nós vamos? – perguntou Bonnie, ansiosa. Ela era menor que as outras garotas, e era a “fofa” do grupo.

– Humm... – disse Elena, fazendo mistério para as meninas, que a olharam ansiosas. Uma festa sem Elena não era considerada uma festa. – Acho que vale a pena nós irmos. – disse ela e soltou uma gargalhada, sendo acompanhada das garotas.

Elas entraram no refeitório e todos os olhares voltaram-se para elas, como sempre. Elas se dirigiram para a cantina e compraram suas saladas e suas limonadas, indo para “A mesa real”, onde todos os populares se sentavam.

Neste momento, entrava no refeitório Tyler Lockwood, com uma garota desconhecida. Stefan, vendo que seu amigo entrava, acenou para que ele se juntasse a eles

– Vai lá, Ty. Eu me viro aqui. – disse a garota desconhecida.

– Tome cuidado, Hayley. Essas garotas têm unhas. – disse Tyler a garota, que era Hayley Montgomery, sua vizinha.

– Eu tenho garras. Vai lá, riquinho. Eu me viro. – e com isso virou-se e foi em direção à cantina.

– Quem é ela? – perguntou Elena, da mesa real, onde todos reparavam na desconhecida.

– Ela é gostosa. – disse Kol Mikaelson, fitando o corpo da garota.

– Argh, Kol. Você é nojento. – disse Rebekah, jogando seus cabelos loiros para trás.

– Você acha gostosa qualquer rabo de saia que passe, Kol. – disse Bonnie, revirando seus olhos.

– Espere só quando Samara chegar. – disse Elena, presunçosa, cruzando seus braços sobre o peito e levantando uma sobrancelha. Kol revirou os olhos e crispou os lábios, parando de olhar para as pernas da novata.

Não era novidade que Samara e Kol compartilhavam uma espécie de “amizade multicolorida”, como eles próprios falavam. Todos sabiam que Samara era apaixonada por Kol e Kol por ela, mas quem disse que eles admitem isso? Não, eles apenas dizem que é atração um pelo outro e negam seus sentimentos. Mas isso era outra história.

Elena finalmente reparou bem na novata. Ela é com certeza bonita, mas com a aparência muito rebelde, e totalmente fora dos padrões da sociedade. Elena pode perceber isso tudo por suas roupas que, apesar de ser o uniforme da escola, foram customizadas propositalmente para ficarem diferentes das patricinhas e ricas da Robert E. Lee.

– Ela parece... Interessante. – disse Bonnie, reparando o interesse de Elena na garota com uma sobrancelha arqueada para a morena.

– Ela parece uma vadia, isso sim. – bufou Caroline, cruzando seus braços sobre seu peito e fazendo uma carranca. Alguns seguravam o riso. Os ciúmes de Caroline com aquela garota e Tyler (que atualmente era seu ficante) era palpável no ar.

– Não faça careta, Car. Você não quer ter rugas antes da sua mãe. – disse Rebekah, comendo um pouco de sua salada elegantemente, e fazendo muitos rirem. A mãe de Caroline era conhecida por ela ser o que chamam “coroa boazuda”, já que ela parecia praticamente irmã da filha.

Caroline deu língua para Rebekah em um ato infantil, mas logo tratou de desfazer a careta em seu rosto. Mas... Ela sendo Caroline, quando Tyler sentou-se a mesa, ela não lhe dirigiu o olhar.

As garotas começaram seu almoço, e finalmente a quinta integrante do grupo de garotas mais populares da Robert E. Lee chegou, pegando sua salada rapidamente e indo sentar-se com as garotas.

– O que houve, Samara? – perguntou Bonnie quando a garota sentou.

– Ah, foi o Sr. Brunner, de latim. Ele disse que era indicado eu melhorar minhas notas esse semestre na matéria dele, senão ele teria de ser forçado a me repetir. Já pensou? Acabariam com as minhas férias no Caribe! Minha mãe está planejando essa viagem desde o verão passado! – ela jogou seus vistosos cabelos castanhos para trás em um movimento leve de sua mão.

– Ah, ele me disse o mesmo ano passado. É blefe. – disse Caroline, dando uma garfada em sua salada.

– E pelo amor de Deus, não me fale em férias de verão. Sinto que Hamptons estará insuportável esse ano. Antigamente Katherine passava as férias com os amigos dela na Espanha, agora provavelmente meus pais vão querer fazer do verão uma “viagem em família”, igual fizeram no intervalo de inverno. – bufou Elena, espetando com força um tomate cereja.

– Vocês viram a garota nova? – perguntou Samara.

– Tinha como não ver? Ela chegou conversando com Tyler Lockwood. – disse Rebekah, levantando uma sobrancelha para Caroline, que bufou para a loira.

– E ela agora está conversando com Meredith Fell e Katherine Gilbert. – disse Samara, atraindo atentamente a atenção de Elena, que não havia visto aonde a garota nova havia se sentado.

– O que? – disse Elena chocada, levantando seu olhar até a mesa mais distante da mesa real, onde estavam sentadas a garota nova, junto com sua irmã e a garota amiga de sua irmã, chamada Meredith, uma das únicas amigas que sobraram após a “queda” de seu reinado.

– Frances! – chamou Elena, olhando por seu ombro a garota baixinha e ruiva se levantar e vir em sua direção.

– Sim, Elena?

– Bom retorno, Frances. – a garota ruiva sorriu para ela. – Escute, pode fazer um favor para mim?

– Claro, Elena! O que quiser! – disse a garota animada, fazendo seus cachos ruivos balançarem feito molas.

– Sabe a garota nova? Aquela que entrou falando com Tyler Lockwood? – perguntou Rebekah, já pegando a ideia de Elena.

– Sim. Ela é bonita. – disse Frances inocentemente, e recebendo em seguida um olhar mortal de Caroline. Elena apenas revirou os olhos.

– Sim, essa. Quero que você descubra tudo que você puder sobre ela. – disse Elena, conseguindo a atenção da garota ruiva de volta, que assentiu repetidamente.

– Ela está em minha turma de Cálculo. O nome dela é Hayley Montgomery, e ela veio da Flórida. – disse a garota, e Elena já deu um meio sorriso.

– Uhum. Se for possível, quero que descubra o máximo sobre ela, está bem? Onde ela mora, quem são os pais dela, tudo – a garota ruiva disse que sim com a cabeça e Elena deu um sorriso torto. – Ok. Pode voltar para o seu almoço agora.

A garota saiu apressada como um coelho em apuros e Elena voltou sua atenção para a mesa, onde todos olhavam para ela com uma sobrancelha arqueada, menos Rebekah.

– O que? O que adianta ser rainha se não posso usar uns súditos de vez em quando? – disse ela, dando de ombros.

Todos voltaram para suas conversas e seus almoços, rindo e fofocando sobre as aulas e os professores. Quando as meninas terminaram, foram em direção as portas duplas de vidro que era a saída do refeitório para o lado de fora, onde haviam milhares de mesas de piquenique distribuídas pelo imenso gramado.

As cinco meninas sentaram-se na mesa, aproveitando o sol antes de irem para mais uma maratona de aulas. Elas conversavam, relembrando o ano anterior, o quanto elas aprontaram no ano de calouras, matando aula e fazendo festas como nunca.

De repente, Rebekah grita:

– Lembrei! – ela levantou-se em um átimo, olhando ao redor do gramado, possivelmente procurando alguém.

– Lembrou-se do que, Rebekah? – perguntou Caroline, cruzando as pernas e olhando para as suas unhas muito bem feitas, mas a garota não respondeu.

– Stefan! – ela gritou, chamando a atenção do garoto de olhos verdes não muito distante delas, em uma mesa de piquenique com seus amigos. Rebekah fez um gesto com a mão, chamando-o até elas.

– O que está fazendo? – perguntou Elena, franzindo as sobrancelhas. O garoto foi até elas, andando elegantemente e atraindo olhares da população feminina.

– Olá Rebekah, meninas. – ele cumprimentou educadamente as garotas. – Por que me chamou? – ele perguntou a garota loira.

– Você viu o post da Garota do Blog, falando sobre o seu irmão e o meu? – perguntou ela.

– Claro, quem não viu? Mas porque está me perguntando isso? – ele respondeu

– Hoje, seu irmão te trouxe para a escola?

– Sim, trouxe. Mas, Rebekah...

– Espera. O carro dele é uma Ferrari preta?

– É, mas...

– Viram? Eu disse que eu conhecia aquele carro! Eu via sempre que o Damon visitava meu irmão! – disse Rebekah para as garotas, que rolaram os olhos e riram.

Neste instante o sino tocou para que todos os alunos voltassem às salas de aula. Andando pelo corredor para assistir sua próxima aula, Elena pensou na sensação de ser observada que sentiu naquela manhã...