Capítulo 22

– Um brinde: Às tias legais, às crianças subornadas, e aos idiotas que se apaixonam!

– Elena, já está pronta? – gritou tia Jenna do andar de baixo.

– Já estou indo! – respondeu Elena, terminando sua maquiagem em frente ao espelho. Ela vestia saltos agulha 10, uma calça jeans escura justa, uma blusa com brilhos prateados, e uma jaqueta de couro justíssima. Seu cabelo estava com pequenos cachos nas pontas, causadas pelo cabelo molhado secado naturalmente, que já iriam se desfazer pelo cabelo ser tão liso. Elena tinha uma teoria de que ele fosse contra Katherine, já que a irmã dela tinha cabelos naturalmente cacheados.

Elena pegou sua bolsa-carteira colocando seu celular dentro e descendo as escadas, encontrando Jenna sentada no sofá, falando com uma Margaret emburrada e de pijamas.

– Fofinha, já disse que você não pode ir. Já é hora de crianças irem para a cama. – disse Jenna, fazendo Margaret ficar com outra carranca.

– Mas eu quero ir! – Margaret bateu o pé, frustrada. Elena riu internamente.

– Maggie, se você for para a cama agora, sem reclamar, amanhã eu te levo naquele parque de diversões para andar de montanha russa. – disse Elena, fazendo a garotinha olha-la com brilho no olhar.

– Mas a mamãe não me deixa andar na montanha russa. – disse Margaret.

– E a mamãe também não deixa o Jeremy matar aula. E ele a ouve? – Elena pegou Margaret no colo. A garota era pequena para uma menina de seis anos. – Então, combinado?

– Combinado! – riu Margaret, descendo do colo de Elena e subindo as escadas correndo. – Boa noite!

– Não corra! – disse Elena, rindo junto com tia Jenna.

– Essas crianças de hoje em dia... Cada vez mais interesseiras. Onde você aprendeu esse truque? – perguntou Jenna.

– Tia Jenna... Foi você que me ensinou esse truque, quando eu tinha nove anos. – disse Elena, enquanto as duas soltavam uma gargalhada.

– Eu sei disso. – disse Jenna, ainda rindo – Só estava me fazendo de inocente caso Miranda apareça e diga que eu estraguei os filhos dela. – elas riram novamente. – Podemos ir?

– Claro, vamos. – Elena pegou sua bolsa e elas foram para a frente da casa, onde o motorista estava as esperando com o carro.

O caminho para a festa foi animado, com Elena contando a Jenna todas as fofocas que rolavam em Mystic Falls ultimamente.

– E sabe aquela vizinha dos Hansen? Ela estava tendo um caso com o marido da senhora Flowers! – disse Elena, soltando uma gargalhada junto com Jenna. – Quando ela descobriu, foi um inferno na terra! Os filhos viajaram e o marido foi praticamente expulso da cidade com a vizinha!

– Há! – riu Jenna – Mystic Falls e seus segredos! Essa cidade é tudo, menos parada!

– Senhoritas, chegamos. – anunciou o motorista, parando em frente ao Grill.

– Obrigada, Jordan! Ligaremos se precisar que nos busque. – disse Jenna, saindo do carro.

Elas entraram no Grill, onde estava tendo uma banda ao vivo tocando Rock. Mais tarde teria o DJ convidado, e Elena planejava ficar até o final. Precisava esquecer de seus “problemas”

– Elena! Você veio, finalmente! – uma garota abraçou Elena animada. Pelos cabelos loiros e o perfume inesquecível CH, da Carolina Herrera, Elena percebeu que era Caroline.

– Oi Caroline. – respondeu Elena.

– Tia Jenna! Que saudades! – Caroline gritou por cima do barulho da guitarra, pulando em cima de Jenna. Todas as amigas de Elena gostavam de tia Jenna.

– Olá, Caroline. – cumprimentou Jenna.

– Aonde está o Klaus, Caroline? – perguntou Elena, olhando em volta.

– Nós brigamos, de novo. – os olhos de Caroline umedeceram, fazendo Elena abraça-la novamente.

– O que há de errado com vocês dois, hein? Vocês se gostam. Garota gosta do garoto, garoto gosta da garota, namoro. Simples assim. O que tem de errado com vocês? – perguntou Elena.

– Acho que ele não acha que eu gosto dele, Len. Acho que ele pensa que eu estou o enganando. Por isso faz essa barreira toda. – disse Caroline, olhando para o bar, onde Klaus tomava uma dose de uísque, e parecia nervoso. – Mas vamos parar com isso e curtir a festa. – Caroline enxugou as lágrimas e sorriu, saindo com uma das garotas do time de líderes de torcida, que estava paralisado pelo intervalo da temporada.

Elena olhou pelo local procurando Jenna, que havia desaparecido um pouco antes de Caroline começar a falar de Klaus, e a viu conversando no bar com um carinha bonito, que devia ter a idade dela, mais ou menos. Elena riu, virando-se e esbarrando com alguém.

– Descul... – ela começou a falar, mas viu em quem havia esbarrado. – Damon. – um sorriso involuntário começou a abrir em seu rosto. Elena tentou impedir, sem muito sucesso.

– Olá, princesa. – ele disse próximo ao seu ouvido com sua voz aveludada, causando arrepios na pele de Elena. Ele beijou seus lábios delicadamente, e colocou suas mãos na cintura de Elena, parecendo que eles eram mesmo um casal.

– Oi. – ela sussurrou para ele. – Não sabia mesmo que você viria.

– E porque eu, Damon Salvatore, rei das festas da faculdade, não viria a uma simples festa de colegial? – Damon abriu um sorriso torto convencido, fazendo Elena revirar os olhos.

– Talvez por ser uma simples festa de colegial, senhor convencido? – Elena riu levemente.

– Pode até ser, se não fosse pela a minha namorada frequentar o colegial. – Elena revirou os olhos novamente. – Sua mãe nunca te ensinou que é feio revirar os olhos para as pessoas, Gilbert?

– Até ensinou, Salvatore, mas tem uma coisa... – Elena aproximou sua boca do ouvido de Damon, sussurrando levemente. – Eu não gosto de ser controlada. – Ela se separou dele, indo para a pista de dança, piscando um olho para ele enquanto ele a olhava, um pouco embasbacado.

Ela encontrou Caroline e Grace, uma das amigas do time, dançando no meio da pista de dança. Elena se juntou a elas, se divertindo.

– A Rebekah! – exclamou Caroline.

– Rebekah está em casa, Car. Esqueceu que o Kol... – Elena começou a dizer, mas Caroline a interrompeu.

– Não. É a Rebekah! Olhe! – Caroline apontou e era mesmo Rebekah Mikaelson que entrava na festa, sendo acompanhada por ninguém mesmo que Stefan Salvatore. – EU SABIA! EU SABIA! – Caroline começou a gritar. – Eu sabia que Rebekah tinha algo com o Stefan!

– Estranho, eu pensei que ela gostasse do Matt Donovan. – disse Grace, observando Rebekah com um pouco de inveja no olhar. Não era para menos. Stefan e Kol eram os mais desejados do colégio.

– Oi gente. – disse Rebekah, se aproximando junto com Stefan. Ele sussurrou algo para ela em seu ouvido, fazendo-a abrir um sorriso e assentir para ele, que se afastou.

– Não venha com esse “Oi gente” inocente. O que diabos você está fazendo aqui com ninguém menos que Stefan Salvatore? Eu sabia que tinha algo a mais naquela ligação naquele dia! – acusou Caroline, obviamente já afetada pelo álcool. Rebekah riu.

– Ele tem me ajudado com a questão do Kol. E ele apareceu na minha casa, enquanto Bonnie estava lá...

– Espere, Bonnie esteve na sua casa? – perguntou Elena, interrompendo Rebekah.

– Sim. – respondeu Rebekah, achando meio estranha a reação de Elena – No início eu nem queria vir, por causa do Kol e o Henry, mas ela me disse que ela ficava com o Kol e com o Henry. E quando eu perguntei se ela não preferia vir a festa, ela me disse que não estava no clima.

– Humm; - falou Elena apenas. Ela estava se sentindo um pouco rejeitada. Será que Bonnie não estava falando apenas com ela, de todo o grupo?

Stefan voltou e ele e Rebekah foram dançar mais afastados. Com certeza haveria beijos ali. E flagras na Garota do Blog, é claro. A banda terminou de tocar, e Elena percebeu Caroline olhando melancolicamente para Rebekah e Stefan, que dançavam colados, mesmo sem música.

Mas não era para Stefan e Rebekah que ela olhava, e sim para Klaus, que estava mais adiante.

– Acho que você devia fazer algo a respeito disso. – disse Elena atrás dela, fazendo Caroline se virar confusa para ela.

– Como? Como farei isso? Ele não acredita que eu gosto dele de verdade.

– Prove a ele. Faça alguma coisa para provar que você gosta mesmo dele. – Caroline ficou com uma expressão ainda mais confusa, mas depois seu rosto se iluminou.

Ela tirou a jaqueta que usava, entregando-a para Elena, e sem falar mais nada, começou a andar até ao palco onde a banda ainda estava saindo.

– O que está fazendo? Onde está indo? – perguntou Elena, mas Caroline nem olhou para trás.

– O que ela está fazendo? – perguntou Grace, mas Elena apenas balançava a cabeça, enquanto observava Caroline falar com o pessoal da banda, e usar o que ela chamava de “olhar do charme”, para conseguir sempre o que quer. “Será que ela vai fazer isso que eu estou pensando...?”, pensou Elena, enquanto a amiga pegava o microfone.

– Hey todo mundo! – Caroline falou no microfone, atraindo a atenção de todos. – Palmas para a banda!

– O que ela está fazendo? – surgiu Jenna ao lado de Elena, que apenas deu de ombros.

– Bom, tem um cara... Eu acho que ele pensa que eu não gosto dele... Bom, eu fiz essa música, espero que gostem.

– Ah meu Deus! – exclamou Elena. Ela tinha esquecido completamente que Caroline cantava e tocava violão. O pessoal da banda começou a tocar uma melodia lenta, e até um pouco romântica, e então a voz aveludada de Caroline invadiu o recinto.

“Took a deep breath in the mirror”

(Eu respirei fundo e me olhei no espelho)

“He didn't like it when I wore high heels”

(Ele não gostava quando eu usava salto alto)

“But I do”

(Mas eu usava)

“Turn the lock and put my headphones on”

(Eu tranquei a porta e coloquei meus fones de ouvido)

“He always said he didn't get this song”

(Ele sempre dizia que não entendia essa música)

“But I do, I do”

(Mas eu entendo, eu entendo)

“Walked in expecting you'd be late”

(Eu entrei esperando que você se atrasasse)

“But you got here early and you stand and wave”

(Mas você chegou cedo e você se levantou e esperou)

“I walk to you”

(Eu caminhar até você.)

– Ela é boa! – disse Jenna, impressionada.

– É! – sussurrou Elena, enquanto Caroline continuava a cantar.

“You pull my chair out and help me in”

(Você puxou minha cadeira e me ajudou a sentar)

“And you don't know how nice that is”

(Você não sabe o quão gentil isso é)

“But I do”

(Mas eu sei)

“And you throw your head back laughing”

(E você joga sua cabeça para trás, rindo)

“Like a little kid”

(Como uma criança)

Nesse instante, Elena olhou para Klaus, e viu que ele parecia espantado, mas riu levemente quando Caroline falou de sua risada, e Elena viu que é exatamente como Caroline descrevera, jogando um pouco a cabeça para trás, como uma criança. Caroline observara bem.

– É ele? – perguntou Jenna, percebendo o olhar de Elena. Elena balançou a cabeça confirmando e sorrindo um pouco.

“I think it's strange that you think I’m funny cause”

(Eu acho estranho o fato de você me achar engraçada porque...)

“He never did”

(Ele não achava)

“I've been spending the last 8 months”

(Eu tenho passado os últimos oito meses)

“Thinking all love ever does”

(Pensando que tudo o que o amor faz)

Oito meses. Esse era o tempo em que Caroline começara a reclamar de Tyler, quando começou a “namora-lo” há quase um ano. Aquele trecho da música fez Elena pensar: “Há quanto tempo Caroline se sente assim e não sabíamos?”

Elena viu Klaus se levantando do bar e abrindo espaço em meio ao monte de pessoas, tentando abrir caminho até o palco. Elena abriu um sorriso.

“Is break and burn and end”

(É quebrar, queimar e acabar)

“But on a Wednesday in a café”

(Mas em uma quarta-feira, em um café)

“I watched it begin again”

(Eu vi começar de novo)

Klaus subiu no palco, pegando Caroline em seus braços e beijando-a, na frente de todos. Todos começaram a bater palmas e a gritar, e Elena comemorava junto com Grace, aplaudindo também.

Elena viu Rebekah e Stefan se beijarem também, no meio da pista de dança e abriu um sorriso maior ainda. Suas amigas estavam felizes. Era aquilo que importava.

Ela sentiu um olhar queimando em suas costas e virou-se, dando de cara com Damon observando-a com um olhar malicioso e um sorriso sedutor.

Caroline e Klaus saíram do palco, indo para sei lá aonde, enquanto o DJ começava a tocar...

E a primeira música era “I Knew You Were Trouble”

– É a nossa música. – Elena ouviu a voz de Damon dizer por trás dela. A garota se virou e viu que ele estava bem perto, perto demais.

– Bom... Eu sabia que você era problema. – disse Elena para ele, dando de ombros, e sentindo tentada pela proximidade.

– Não, garota. Você que é problema. – e com isso atacou seus lábios.