Capítulo 21

– A hora que a pessoa é irritante até por celular...

– Ok, tia Jenna. Nos vemos daqui a pouco. – disse Elena, subindo as escadas para seu quarto, trancando a porta logo em seguida. A garota colocou sua bolsa em um canto, e desabou sobre sua cama. Ela estava exausta. As provas, ser ignorada por Bonnie, a reclusão de Samara, e agora... O segredo de Rebekah.

Tudo isso caia sobre ela com uma massa de preocupação e estresse, que com certeza daria rugas precoces.

Seu celular tocou na mesa de cabeceira, mas ela nem se deu o trabalho de olhar. Com certeza era algo relacionado à Garota do Blog e a fofocas.

E Elena não estava com cabeça para isso.

Na mansão Mikaelson, o filho inconsequente, que finalmente havia tido alta do hospital, voltava para casa.

– Por aqui, por favor. Ele ficará no quarto do térreo. – disse a voz clara de Rebekah, instruindo os enfermeiros a levarem seu irmão – que estava em uma cadeira de rodas, por causa da perna quebrada – para o quarto.

– Rebekah, por favor. Há mesmo necessidade de eu ficar no térreo? – reclamou Kol. Ele já havia recuperado a sua memória. Haviam alguns lapsos do acidente, mas o médico disse que era normal, devido ao alcoolismo e a rapidez do acidente.

– Hã-hã. Nem comece com reclamações, Kol. Pensasse nisso antes de rolar no asfalto. – repreendeu Rebekah.

– Onde estão pai e mãe? Pensei que estariam aqui para me recepcionarem. – disse Kol, olhando em volta, onde não havia nenhum sinal de Mikael e Esther.

– Ahn, eles sentem muito, Kol. Eles foram à Londres, devido a uma queda nos investimentos na filial da empresa. O papai está ajudando o Finn. – disse Rebekah receosamente, enquanto Kol fazia uma careta.

– Eu quase morro e eles nem estão em casa para me receber. Apenas uma visita no hospital, e mais nada. – disse Kol, amarguradamente.

– Não pense assim, Kol... – Rebekah ia continuar, mas foi interrompida pela campainha na porta. – Espere um pouco, já volto. – ela andou até a porta e abriu-a, se deparando com uma ruiva um pouco abatida, e uma morena um pouco mal-humorada.

– Samara. Bonnie. O que fazem aqui? – perguntou Rebekah surpresa.

– Eu não faço a mínima ideia. Pergunte a Bonnie. – falou Samara, cruzando seus braços.

– Bonnie, o que houve? Você sabe que... – começou Rebekah, mas uma voz a interrompeu.

– Rebekah? Quem está na porta? – falou a voz de Kol se aproximando, fazendo Samara ficar lívida.

– Eu vou te matar, Bonnie. – sibilou Samara. – Não vou ficar aqui. Adeus, Rebekah. – e virou as costas e começou a descer os degraus da varanda.

– Samara, espere! – gritou Bonnie

– Adeus! – retrucou ela, sem se virar e andando até o carro.

– Você foi a primeira pessoa que ele lembrou! – gritou Rebekah, fazendo Samara parar. A garota olhou para baixo. Algumas lágrimas já caiam por sua face, mas ela as limpou furiosamente.

– Adeus Rebekah. Eu tenho que fazer as malas. – Samara respirou fundo e continuou andando.

– Espere! Você vai para onde? Samara! – gritou Rebekah, mas a garota já havia entrado no taxi que a esperava e partiu. Bonnie suspirou.

– Eu só queria consertar as coisas. – Bonnie disse.

– Não foi sua culpa tudo isso que aconteceu. – Rebekah confortou-a. – Mas, não querendo ser indelicada, você veio aqui para mais alguma coisa?

– Hum, sim. É que eu vi você hoje na escola, você parecia nervosa... Está acontecendo alguma coisa?

– Bonnie... É complicado. – disse Rebekah.

– Eu gosto de coisas complicadas. – Bonnie abriu um mini sorriso, se odiando por dentro. Rebekah pensou por um instante, depois deu um sorriso desanimado.

– Ok, vamos entrando...

Elena acordou com o tremor de seu celular vibrando na mesa de cabeceira. Ela abriu os olhos, sonolenta. O céu estava laranja pelas janelas, indicando o fim da tarde A foto de Damon com um sorriso torto aparecia na tela. Elena apertou no botão “Desligar”, ela não estava a fim de falar com ninguém naquele momento, ainda mais com seu falso namorado.

Sentou-se na cama preguiçosamente, observando seu quarto com paredes rosa e brancas. Suspirou, finalmente checando as mensagens em seu celular. Duas de Damon, três de Caroline, e cinco de Rebekah, ah, e claro, três da Garota do Blog: Kol voltando para casa, Stefan e Rebekah se encontrando no Grill mais cedo e Caroline andando mal humorada pela praça após uma briga com Klaus.

Elena revirou os olhos. Sempre as mesmas coisas. Decidiu abrir as mensagens de Damon primeiro. A primeira era falando da festa do Grill de hoje à noite, a outra era perguntando por que ela não o estava atendendo.

As de Caroline eram confirmando a ida dela ao Grill, e também falando da sua mais recente briga com Klaus. Elena riu com a visão de Caroline resmungando e digitando furiosamente aquela mensagem.

As de Rebekah falavam sobre o “encontro” dela com Stefan, e algumas sobre seu segredo. E havia uma de agora a pouco, falando que havia contado seu segredo para Bonnie.

– Elena? – A cabeça de Miranda apareceu na porta do quarto.

– Sim, mãe? – perguntou Elena

– Samara está aqui. Quer falar com você. – disse Miranda. Elena assentiu, enquanto sua mãe desparecia no corredor, provavelmente indo para o escritório.

Elena desceu as escadas e viu sua prima sentada no sofá. Ela trajava calças escuras apertadas, um casaco grande, um cachecol e uma boina. Com certeza essas não eram as roupas para usar em Mystic Falls, mesmo sendo inverno.

– Samara... O que está acontecendo?

– Elena... Eu vim aqui me despedir.

– O que? Você vai para onde? – perguntou Elena. Samara soltou um suspiro.

– Vou passar um tempo na França com meus pais. Meu voo sai as oito.

– Não, Sam! Você não pode fazer isso! Você não pode ir embora apenas por causa do Kol! Pelo amor de Deus, Samara! Ele é o Kol! Lembra? O canalha que deixou a Car sozinha no baile do nono ano para ficar se agarrando com a vadia da Clary Duchannes! Você não pode ir por causa dele! – Samara apenas balançava a cabeça.

– Não é por causa disso. Aconteceram muitas coisas... E eu preciso dar um tempo disso tudo, ok?

– Tem certeza? – perguntou Elena, segurando um pouco as lágrimas.

– Tenho, irmã. – Elena sorriu um pouco ao Samara chamar-lhe daquele jeito.

– Então, eu, Elena Tatia Gilbert, declaro você, Samara Ashley Marin, uma vitoriosa desse reino. Você não sairá daqui humilhada, e sim com honras. – disse Elena, assumindo uma pose séria, depois caindo na gargalhada com Samara.

– Eu te amo, Elena. – as duas se abraçaram.

– Eu te amo, Sammy. – uma buzina tocou do lado de fora, fazendo-as se separarem. – Se cuida. E tome juízo na França!

– Pode deixar. E você, Elena, tome uma atitude!– e com isso Samara saiu porta afora enquanto Elena a observava.

O quinteto de ouro estava desestruturado.

O celular de Elena tocou, fazendo-a acordar de um “transe”. Ainda estava encostada na porta, por onde Samara tinha saído minutos antes, olhando o nada, apenas a luz da lua no cascalho no chão de sua casa. Era noite de lua cheia, e tudo estava muito iluminado.

– Alô? – atendeu Elena.

– Elena? Onde você está? – soou a voz urgente de Caroline do outro lado.

– Estou em casa. Samara se foi. – disse Elena.

– Eu sei que ela se foi! É o assunto mais falado na Garota do Blog! Estão especulando que ela esteja grávida e fugiu para tirar o bebê. – Elena fez uma careta, ultrajada. Sempre a Garota do Blog.

– Isso tudo é ridículo. Onde você está, Car?

– Em casa, é claro. Arrumando-me para a festa de hoje. Você vai, não é?

– Ahn, Car... Não estou com muito humor para festas.

– Elena Gilbert! Essa é a festa de fim de provas. Já é tradição irmos. E eu não tenho ninguém para ir comigo, já que Samara se foi, Rebekah está com o Kol-bastard, Bonnie não atende as minhas ligações, e eu briguei com o Klaus!

– De novo, Car? Já não é a terceira vez que vocês brigam essa semana?

– Ele fica desconfiado de mim, Elena! Não pode ver-me conversando com nenhum garoto de nossa turma. Nem mesmo com Kol! No início era fofo, mas agora é asfixiante!

– Ele está apenas inseguro, Car. Vocês por acaso conversaram sobre o relacionamento de vocês, aliás, se vocês tiverem um relacionamento.

– Ahn, não. Ah! Mas você está me distraindo! Você VAI nessa festa, nem que eu vá até aí te buscar e convença tia Jenna a te pegar a força!

– Ok, ok, Caroline. Eu vou. – disse Elena, revirando os olhos. – Já estou indo me arrumar.

– Finalmente! Vá logo, Anastasia Steele! Se Damon for nesta festa, eu vou convencê-lo a dar um de Christian Grey com você!

– Caroline Forbes, como você consegue ser tão irritante e viciada nesse livro em uma só frase? – perguntou Elena, fazendo Caroline dar uma longa risada.

– É um dom. Vá se arrumar. Ou então eu ligo para a tia Jenna para te fazer sair do quarto.

– Desde quando você tem o telefone da minha tia?

– Desde sempre. Beijos.

– Beij... – nem deu tempo de Elena terminar a frase. Caroline já havia desligado. Elena suspirou, subindo as escadas para escolher uma roupa para a festa idiota.