O Chamado das Borboletas escrita por Ryskalla


Capítulo 39
Capítulo 38 - O Dia Antes do Fim


Notas iniciais do capítulo

Só uma palavra: Amém @_@ Saiu pequenininho mesmo porque nesses dias eu não tenho andado muito bem ;-; Acho que sempre vou ter dificuldade para passar os sentimentos do Aubrey e da Meri x-x Bem, agora falta apenas um capítulo para o fim ;n; Pretendo fazer um... É spin-off o nome que se dá? XD Do que aconteceu com o Enzo após postar o último capítulo q- Só pra dar um gostinho de quero mais e panz q- É isso aí q- Espero que goste ;u;' Qualquer erro cês me avisem, por favor ç-ç



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O dia seguinte poderia ser confundido com qualquer outro dia normal, tão normal quanto uma viagem para conhecer um deus poderia ser. Não houve festa, nem votos de felicidade. Leharuin e Analiese entraram em um acordo: aquele beijo seria um segredo que guardariam até o fim da viagem.

A grande verdade era que Liese não queria magoar Enzo e Leharuin, apesar de detestar o garoto, concordava. Além de tudo, eles não sabiam o que Moros queria e havia tanto para se pensar… preferiram esperar. O ladrão estava contente em saber que se manter afastado dela fazia seu coração doer.

Voltou a assumir uma postura ausente, mas não era apenas em Clara que ele pensava. Sua mente criava um futuro para ele e Liese e imaginava se um dia a culpa se tornaria menor. A culpa que ambos sentiam, mesmo que fosse maior por sua parte. Talvez largasse os roubos e tentasse viver como uma pessoa normal. Sentiu uma de suas mãos subir até suas sobrancelhas azuis. Com aquela aparência? Suspirou, estava sonhando alto demais.

Todos pareciam perdidos naquela manhã. Acordaram com o pensamento de que Moros apareceria ali a qualquer momento, quão frustrados ficaram ao descobrir que todo o que aquela estranha existência lhe deixou foi uma nova carta, desta vez contendo um mapa e um pedido de desculpas.

 

Queria que fosse mais fácil, haverá um barco esperando por vocês… peço perdão por depender do tempo.

Nenhum deles conseguiam encontrar explicações plausíveis para o que o deus queria, o mapa dizia que deveriam ir até uma ilha onde um desenho do que parecia ser uma torre se encontrava. Se Moros estava naquele lugar, não teria sido tão mais fácil para todos se simplesmente tivessem navegado até lá? Leharuin estava com o coração revoltado, talvez Moros só estivesse brincando com todos eles… Sendulum e Seamus foram os únicos que não pareceram muito frustrados com a descoberta daquele desvio desnecessário. Enzo continuava igualmente sombrio e o ladrão não poderia dizer ao certo o que se passava em seus pensamentos.

O capitão desistiu de suas tentativas de falar com o garoto da pólvora. Fez uma dezena de ameaças, ofereceu uma centena de coisas e a nada ele cedia. Apenas encarava seu capitão com olhos de quem passou a noite em claro. O ladrão e a princesa questionavam-se intimamente se ele assistira à cena, mas quando Liese tentou conversar com ele (pois Liese era a única com quem ele aceitava falar), não houve nenhuma dica de que ele houvesse presenciado.

— Você voltou estranho ontem… nunca o vi daquele modo — ela comentou com um tom carregado de infelicidade. Não conseguia evitar enxergar Alexis no rosto do pequeno pirata.

— Se você soubesse como seu destino seria… — ele apertou sua bolsa de viagem com força e se calou.

— O que quer dizer? — franziu o cenho, confusa e ele sorriu.

— Eu deveria mudar meu nome. Não sou mais aquele que sempre vence.

— O que te fez pensar assim? — A princesa buscou disfarçar a preocupação em sua voz.

— Um… amigo. — Enquanto conversavam, a vida parecia voltar aos olhos do garoto. Uma faísca de ódio brincava em seus olhos celestes. — Ao menos terei algo com o que me divertir.

— Enzo… você está me assustando. — O tom preocupado de Liese lhe arrancou uma gargalhada, podia sentir o olhar de todos fixo nos dois.

— Você não viu nada… — suspirou e então olhou profundamente para os olhos prateados que ele tanto admirava. — Apenas lembre-se que os anos podem passar, mas meu coração ainda pertencerá a você.

— Não há como ter certe… — ela começou a dizer, contudo foi interrompida pelo pirata.

— Eu tenho. Tenho certeza de que te amarei até o fim dos meus dias. É a triste realidade. — As ruínas do castelo eram apenas um pequeno ponto negro em um mar de areia. — Meu destino começa agora… e você nunca irá me esquecer. Nunca. Não permitirei que isso aconteça. Essa será minha vingança, todas as noites você pensará em como tudo poderia ter sido diferente… como tudo mudaria se apenas fugíssemos daqui agora.

— Enzo… o que você está dizendo?

— Que eu te odeio. — Diante daquelas palavras, o choque a golpeou com força. — Quem quer que seja o culpado… eu te odeio por ser minha derrota.

O garoto atiçou o asno para que se apressasse, deixando uma perplexa Liese para trás.

Agora, enquanto o grupo viaja até o meu encontro, eu mudarei o foco para aqueles que talvez vocês tenham esquecido. Porque Meredith e Aubrey haviam encontrado as ruínas do antigo castelo de Themaesth e eles terão um importante papel em minha morte.

As olheiras de Aubrey estavam piores que o normal. Meredith não sabia ao certo se ele deveria ter olheiras… Cada morte não deveria ser equivalente ao tempo que passamos dormindo? O garoto devia acordar descansado. Ao menos era isso o que a assassina pensava. Ela também se perguntava se aquilo não seria sua culpa… as formas como o matava. Sempre envolvendo tortura, sempre tentando demonstrar todo o ódio que sentia e ainda assim Aubrey parecia aguentar bem. Provavelmente escapava para aquele quarto bem seguro dentro de sua mente, sim, Evangeline entendia bastante sobre ele.

— Havia gente aqui… — ele murmurou.

— Claro que havia, mas morreram todos pelo que contam as histórias.

— Não, disse que havia gente aqui há poucas horas. Talvez duas no máximo. Olhe — Aubrey apontou para os vestígios de uma fogueira pouco adiante. A assassina franziu o cenho e olhou ao redor. Talvez ainda houvessem pessoas os espreitando. — Acho que as histórias são um tanto exageradas…

Meredith nada respondeu.

Foram muitas as vezes que ela decidiu ir embora. Observar o cadáver do garoto sempre lhe dava aquela sensação de liberdade. Ele estava morto e ela poderia fugir quando bem entendesse. Mas o questionamento maldito sempre a fazia desistir. E se ele estivesse certo sobre Moros? Aquela dúvida era sua verdadeira prisão. Bom, se ele estivesse certo… aquilo abria margem para sua vingança.

Houve uma manhã que Aubrey acordou furioso com ela. Uma enorme e feia cicatriz lhe enfeitava o rosto agora. Era um corte nada sutil que iniciava no canto esquerdo de seus lábios e subia até pouco abaixo de sua orelha. Quase como um sorriso… Mas por alguma razão, o garoto ficou transtornado com aquilo. Ele falou sobre algo que ela não compreendeu muito bem, algo sobre o seu rosto ser a única parte poupada por Moros.

Isso porque ele ainda não sabia do tosco M escrito em suas costas.

Desde aquele surto de raiva, Meredith decidiu que completaria o sorriso no rosto dele. Logo após matar Moros na sua frente. Porque ela teria esse prazer. E talvez se fosse ela a matar um deus… bom, talvez Aubrey permanecesse amaldiçoado para sempre. Aquela, sem dúvida, seria a vingança perfeita.

A parada foi curta. Em menos de meia hora já estavam viajando novamente, cada um montado em seu dromedário. Aubrey conseguiu os animais após uma conversa amistosa com um contrabandista. Ao que tudo indicava, o pirralho nadava no dinheiro… mesmo após a moeda ter sido trocada, ainda lhe restava as joias. E foi com elas que ele conseguiu o transporte e o mapa que os levaria até o responsável por arruinar suas vidas.

Eles nunca falavam um com o outro. Aubrey estava sempre murmurando sozinho e Meredith em poucas semanas se viu contaminada por aquela mania. Eram duas almas perdidas sussurrando pelo deserto.

E eu queria que essas almas conseguissem seu tão almejado descanso. Que o ódio no coração de Meredith se aplacasse e libertasse Evangeline, para que esta pudesse experimentar a chance de ser feliz que há muito lhe foi negada. Queria que Aubrey por fim morresse para todo o sempre, não sendo mais obrigado a relembrar a dor e o desespero da morte. Eu daria a todos, se pudesse, a esperança de dias melhores. Se me fosse permitido dizer tudo o que sei…

O destino está chegando para todos eles e não haverá um que escapará imune de suas páginas afiadas.


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