Te Amar Ou Te Odiar? escrita por Dani25962


Capítulo 47
A verdade I


Notas iniciais do capítulo

Oie povo!


Eu iria postar o capítulo amanhã, mas como tive um tempo hoje deu pra terminá-lo antes do previsto.


Mais uma vez obrigada ao pessoal que está comentando, continuem assim!


Agora as coisas vão ficar muito mais interessantes, toda a demora que fiz vocês passarem, as tramas da história e as mortes vão ser todas explicadas de uma vez. Espero que gostem do que estou preparando.


Boa leitura ;)



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Pov. Autora


Mônica forçou os pulsos e as pernas contra as cordas. Realmente estavam bem amarradas, viu Henry se levantar da cadeira que estava sentado e andar até o outro lado do cômodo onde tinha uma mesa com algumas garrafas de bebidas e uns copos.

Ele se serviu de uma bebida que parecia whisky, pensou Mônica, baseou-se pela cor do líquido, seu avô também costumava beber de vez em quando.


— Desculpe pelas cordas e tudo o mais, mas foi necessário, não quero que fuja de mim novamente. – Ele disse após tomar um gole da bebida.

— O que vai fazer comigo?

— Nada, só quero conversar. – Falou olhando para ela. – Quero lhe contar o motivo pelo qual te trouxe até aqui.

— Não poderia ter simplesmente me chamado para conversar ou algo assim?

— Até pensei nisso, mas achei que não aceitaria meu pedido. – Mais um gole. – Então parti para uma abordagem mais direta.

— Mais direto do que isso impossível. – Disse ela irônica.


Henry foi até a cadeira que estava sentado e a levou para mais perto de Mônica, sentou-se ali, ainda com a bebida em mãos.


— Antes de lhe contar tudo, quero que me prometa uma coisa. – Disse ele, sério.

— Diga.

— Quero que prometa não fugir mais de mim, haverá conseqüências se o fizer.

— Tudo bem. Eu prometo. – Mesmo concordando, Mônica não tinha certeza se cumpriria o trato na prática.

— Ótimo. – Ele bebeu todo o líquido do copo de uma vez. – A história é um pouco longa... – Deixou o copo no criado mudo. -... Mas tenho certeza de que não irá dormir.



...

“Tudo começou quando tinha oito ou nove anos de idade. Morava com meus pais em uma pequena cidade no Texas, minha mãe era uma boa dona de casa, meu pai era lenhador e adorava ir ao bar se divertir todas as sextas à noite com os amigos do trabalho.

Naquela época eu estava focado em um campeonato de futebol da escola, o time tinha chegado às finais depois de dois anos. Muita gente estava assistindo, minha mãe estava na arquibancada, mas não via o meu pai. Faltando quinze minutos para terminar o segundo tempo ele apareceu, fiquei muito feliz, afinal, ele trabalhava muito e só conseguia vê-lo durante a noite e nos fins de semana.

Felizmente, nós conseguimos fazer mais um gol e garantimos a vitória. Meus pais ficaram muito orgulhosos, comemoramos depois no King Bolt, era a minha lanchonete favorita, eles realmente sabiam como assar um hambúrguer. Estava eu e boa parte dos meus amigos também com seus familiares.

Era um dia perfeito, tinha meus pais, meus amigos, meu X-burguer e meu título de campeão e melhor artilheiro. Nada poderia estragar isso.

Quando terminamos de comer, minha mãe quis já voltar pra casa, mas meu pai disse que como conseguiu aquela folga no trabalho gostaria de passar mais um tempo comigo. Disse que iríamos ao fliperama, mamãe não foi contra, beijou meu pai, me abraçou e foi embora, avisando para não nos atrasarmos para o jantar.

O fliperama ficava a cinco quarteirões dali, resolvemos ir andando mesmo. Estava adorando ter meu pai ao meu lado, nós conversamos sobre as jogadas do jogo, e ele dizia que com o tempo eu até poderia virar um profissional. Fiquei feliz com a ideia.

Passamos duas horas no fliperama, meu pai era bom nos jogos, mas eu era o melhor, até consegui superar meu próprio record em Asteroid. Infelizmente não pudemos ficar mais, estava escurecendo e mamãe ficaria preocupada. Mesmo faltando uma hora para o jantar, papai comprou um saquinho de pipocas pra mim, me fazendo prometer que não constaria nada para a mamãe.

Estávamos andando tranquilamente quando de repente meu pai parou, acho que ele viu alguns homens que estavam vindo em nossa direção, ele me empurrou para um beco a nossa esquerda, e me disse para me abaixar e me esconder atrás de algumas latas de lixo. Os homens entraram no beco junto conosco, mas acredito que só tinham visto meu pai ali. Apesar de estar escondido, consegui achar uma abertura para espiar o que estava acontecendo sem ser descoberto.

Eram quatro homens, todos bem grandes, com cicatrizes nos braços e alguns no rosto. Com medo, continuei escondido, enquanto meu pai falava com eles:

“Jack, o tempo já passou, você tem ou não o nosso dinheiro?”- Falou um dos homens.

“C-Calma, me dêem mais um pouco de tempo, assim que conseguir receber a grana da madeira eu pago a vocês.” – Foi a primeira vez que vi meu pai com medo.

“Você disse isso da última vez! E o que nos pagou não foi nem um terço do que nos devia.” – Falou outro homem.

“Estou falando sério! Vou conseguir pagar tudo, e com juros.”

“Eu já estive lá na madeireira, só para caso de você tentar nos enganar.” – O mais baixo dos homens falou, mas apesar do tamanho, parecia que era o mais marrento. – “Você ferrou com o trator semana passada e despediram você, como vai nos pagar se está desempregado?” – Meu pai não falou mais, então, o que homem disse provavelmente deveria ser verdade. – “Nós fizemos um trato com você e você não respeitou o trato.”

“Não deveria ter desrespeitado o acordo.” – Disse o homem maior, logo em seguida dando um soco na cara dele.


Meu pai caiu no chão, ele tentou se defender, mas os quatro homens o seguraram e deram uma surra nele. Com socos, tapas, chutes e empurrões. Fizeram isso por um tempo, e eu só conseguia olhar, não pensava em sair de onde estava ou de fechar os olhos. Fiquei paralisado.

Quando eles terminaram de bater nele, partiram para fora do beco, mas um dos homens parou e voltou.


“Ei, o que está fazendo? Vamos embora.” – Disse um dos homens na entrada do beco.

“Eu já vou.” – Era o homem mais baixo, ele tirou algo da cintura e deu o pior sorriso que já vi alguém dar. – “Desculpe amigo, mas os tiras já estão na minha cola, não posso deixar mais um atrapalhar minha liberdade.” – Disse isso e disparou quatro tiros, todos em direção ao coração. – “Foi bom fazer negócios com você.”

Depois disso os homens foram embora, rindo como se tivessem acabado de ouvir uma ótima piada. Quando tive certeza de que eles tinham ido embora saí do meu esconderijo e tentei chegar perto do corpo sem vomitar. Ele estava cheio de sangue e com os buracos de tiro no tronco. Comecei a chorar, desesperado. Dez minutos depois ainda estava no mesmo lugar, não queria deixá-lo, mas também não conseguiria voltar para casa sozinho.

Uns policiais que faziam patrulha apareceram e nos encontraram, me pediram para me afastar do corpo e entrar no carro. Eles falaram pelo rádio pedindo reforços. Um tempo depois uma muvuca e carros de polícia se acumularam ali perto, curiosos para saber o que tinha acontecido.

Me levaram para a delegacia, enquanto tiravam fotos do cenário do crime. Ninguém perguntou nada, a não ser se eu estava bem, só conseguia assentir com a cabeça. Algumas horas depois minha mãe chegou à delegacia, desesperada, quando me viu, correu até mim e me abraçou. Ela estava chorando, assim como eu uma hora atrás.

Ela conversou com alguns policiais antes de voltarmos pra casa, ouvi algo sobre eles acharem que eu estava em choque e sem possibilidade de falar o que aconteceu, fariam isso mais tarde. Voltamos pra casa, estava sem fome, e sem saber o que dizer à minha mãe, só subi as escadas e me tranquei no meu quarto.

Dias depois a polícia veio até a minha casa, eles queriam conversar sobre o que aconteceu, se eu tinha visto alguma coisa. Disse a eles que meu pai e eu estávamos andando quando ele me empurrou para um beco e me fez me esconder atrás do lixo, depois disso só ouvi uma briga e quatro estouros. Ele me perguntou se eu vi o rosto de quem tinha batido no meu pai, menti dizendo que não.

O policial também conversou com minha mãe, depois disso ele agradeceu nossa colaboração e foi embora. Fui até a janela da sala para ver eles saindo, eu vi meu pai ser assassinado, o rosto daqueles caras estavam gravados na minha cabeça, eu mesmo iria cuidar deles, pelo meu pai.

Semanas depois minha mãe parecia mais calma, mas ainda dava pra ver que estava abatida. Ela quase não compareceu ao enterro, pelo jeito ela o amava muito. Continuei a ir para a escola, mas não prestava muita atenção, aqueles professores eram chatos e davam muita lição de casa.

Um dia fui até o mercado comprar uma lista de coisas que minha mãe pediu, vi dois homens em um corredor, estavam conversando. Um deles pareceu me conhecer e acenou pra mim, eu acenei de volta, cumprimentando.

“Quem é o garoto?” – Perguntou o outro homem.

“Filho do Jack, o lenhador. – Respondeu o outro. Virei o corredor, mas fiquei perto para escutar a conversa.

“Aquele cara que foi morto?” – O outro acenou a cabeça, confirmando. – “Mas como mesmo ele morreu?”

“Foi espancado e levou quatro tiros à queima roupa.” – Disse, e o amigo o olhou espantado.

“Que burrada esse cara fez para eu não fazer o mesmo?”

“Ele era um bom homem, mas ninguém é livre do pecado. Jack era um homem trabalhador e cuidava bem da família, mas ele adorava jogar.” – Disse. “Eu estava lá no dia que ele apostou todo o seu dinheiro em um jogo e perdeu, ficou desesperado, acho que precisava do dinheiro para por comida na mesa. Do nada veio um homem e disse que podia lhe emprestar dinheiro suficiente para jogar de novo e ainda comprar comida para o mês inteiro, desde que ele devolvesse.”

“E o que aconteceu?”

“Pobre Jack, nem percebeu que estava falando com Zaqueu Scalera, o pior agiota de todo o Estado. Aceitou a oferta na hora. Deve ter quase ou mais de um ano que isso aconteceu.”

“Nossa”

“Pois é, e o resultado foi o que aconteceu com quem não paga Scalera, ou quem não pensou em ninguém além dele mesmo quando fez o acordo.”


Fiquei com raiva daquele homem por dizer aquelas últimas palavras do meu pai, mas talvez ele tivesse razão. Até onde sabia sobre agiotas, era que nunca se deveria fazer acordo algum com eles. Entretanto, ensinaria a Scalera que ninguém deveria tirar um pai de seu filho, especialmente se esse filho era eu.

Dois anos se passaram, eu ainda estava na escola, mas como só havia minha mãe e eu em casa, comecei a trabalhar em um açougue para conseguir algum dinheiro. Um dia, quando voltava pra casa depois de um dia de trabalho um caminhão de mudança parou em frente à minha casa, logo depois um carro cinza.

Teria novos vizinhos pelo jeito. Por mim tudo bem, desde que eles não tenham um grande amor por cachorros. Nossos últimos vizinhos praticamente montaram um canil de cachorros abandonados no quintal, até gosto de cachorro, mas quando algum gato idiota ia se enfiar naquele terreno era difícil suportar cem cachorros latindo ao mesmo tempo.

Na segunda-feira da semana seguinte minha professora de português faltou, entretanto a outra professora de filosofia assumiu o lugar. Argh, como eu não gostava dessa matéria. No meio da aula algum anjo protetor enviou alguém para interromper a chata explicação sobre a importância da filosofia, mas quando a pessoa entrou, pensei que fosse o próprio anjo. Era uma menina, tinha cabelos ruivos, olhos castanhos e usava um vestido vermelho que caia muito bem nela.

“Muito bem classe, temos uma nova aluna. Venha aqui querida, por que não se apresenta?” – A menina parou ao lado da professora e se virou pra a classe, parecia nervosa.

“Olá, meu nome é Evangeline, morava em Mississipi, mas meus pais decidiram vir pra cá.

“Que legal! Está gostando da cidade querida?” – Perguntou a professora.

“Sim, é uma cidade muito bonita.”

“Seja bem-vinda, pode escolher um lugar para se sentar e assistir ao restante da aula.”


Evangeline se sentou na primeira cadeira da fileira da esquerda, a aula seguiu tranqüila, e não demorou em dar à hora do recreio. Quando estava guardando umas coisas no armário vi a novata do outro lado do corredor, acho que estava tendo dificuldades com o cadeado, de repente um grupo de meninas se aproximou dela e a ajudaram. Pelo jeito ela iria se dar bem já fazendo amizades.

Alguns dias se passaram, talvez semanas, não me recordo, mas me lembro dos dias em que minha rotina nova começou a criar forma. Todos os dias eu colocava meu despertador para tocar as sete, isso me dava tempo suficiente para acordar, tomar banho, comer o café da manhã e pegar o ônibus escolar. Durante esse tempo eu via Evangeline pelo menos duas vezes, quando ia pegar o jornal do lado de for e no ônibus.

Quando nos víamos ela sempre sorria e dizia “oi”, ou “bom dia”, eu educadamente respondia. Na escola fazíamos aula de matemática, física, biologia e educação física juntos, mas ainda não fazíamos muito contato além de nos cumprimentar.

Depois da escola eu ia para o trabalho, trabalhava no açougue até as sete da noite e fazia uma caminhada de dez quarteirões até chegar em casa, não me preocupo com a distancia, gostava de fazer exercícios, além disso era um momento pra pensar na vida e respirar um pouco.

Chegando em casa, mamãe me recebia já com o jantar pronto, ela ainda anda meio triste pelos cantos, mas ainda consigo ver a mulher alegre e amorosa que ela sempre foi, acho que ela ainda precisa de tempo para se recuperar da morte do pai, é o que venho tentando fazer também. Terminávamos a noite ouvindo o rádio de notícias, lendo livros ou conversando sobre como foi o dia, antes das onze nos recolhíamos pra dormir. Era assim quase todos os dias.

O dono do açougue onde trabalhava já havia servido no exército na segunda guerra mundial, ele se orgulhava muito por ter ajudado o nosso país, mas não contava histórias muito detalhadas sobre seus colegas, provavelmente alguns deveriam estar mortos. Eu o respeitava, por que ele tinha perdido pessoas com as quais convivia e sabia como era a dor de perdê-las. Uma vez eu o peguei treinando golpes com um grande pedaço de carne de búfalo foi aí que eu aprendi a lutar, ele me ensinou a atacar, me defender ou proteger alguém, mas nunca recuar, por que: “Um bom soldado é aquele que serve seu país, mas um soldado de verdade nunca recua.”, é o que ele dizia.

Um dia eu consegui sair mais cedo do trabalho, aproveitei para dar uma passada no Terrano´s, o nome é meio esquisito, mas eles faziam um ótimo Milk Shake e aquele dia estava bem quente. Pedi um Milk Shake de chocolate e me sentei junto à bancada mesmo, dois minutos depois um grupo de garotas entrou, Evangeline estava com elas. Sentaram-se em uma mesa que tinha vista para a rua.

Recebi meu pedido quase no mesmo tempo em que um grupo de garotos entrou, eram o Roy e sua “gangue”, Steve, Johnny e Doug. Comparados a eles eu era só um nerd que não era gordo e nem magro demais, mas esses caras eram grandes, pelo menos para a idade deles, tinham treze ou catorze anos talvez. Se achavam o máximo só por que foram campeões no baseball deste ano, grande coisa.

Eles se sentaram junto com as garotas, fizeram seus pedidos e começaram a agir feito idiotas, se aquilo era para conquistar alguma delas, não estava dando certo. Algum tempo de conversa depois, as meninas resolveram ir embora, talvez estivessem fugindo do mau odor de perfume fedorento deles, dava para sentir a quilômetros de distancia.

Infelizmente para elas, os garotos não desistiam, e saíram com elas. Estava ficando tarde, terminei meu Milk Shake, paguei à caixa e saí da lanchonete. Na rua não se via sinal de nenhum deles, provavelmente tomaram seu rumo, quase seis e meia da noite, já estava escurecendo.

Duas quadras depois parei em frente à loja de brinquedos, havia lá uma bicicleta azul muito bonita, quem me dera ter uma daquelas, o pessoal iria pedir para andar um pouco o tempo todo. Observei o reflexo no vidro, nossa, eu precisava dormir um pouco, estava começando a criar olheiras.

De repente reparei em um movimento atrás de mim, do outro lado da rua, não sei... Era como se eu tivesse visto alguém entrar no beco. Sabia que não era da minha conta, mas resolvi investigar. Corri até a entrada do beco do outro lado e espiei.

“Me solta!”

“Ei, calma gatinha. Vamos conversar.”

Era o Roy, ele estava sozinho com Evangeline, o maldito estava prendendo os pulsos dela acima da parede, para que não pudesse fugir ou fazer alguma coisa.

“Eu sei que você está a fim de mim, vamos! Confesse, não há por que negar o amor.” – Ele disse.

“O quê? Eu nunca gostaria de um bruto que nem você, e fedorento ainda por cima.” – Ela falou, tentando inutilmente se soltar.

“Ora, não seja por isso, nós podemos ir até o lago tomar um banho jun...”


Perdi a cabeça, não deixei o idiota terminar a frase, saí do meu esconderijo e dei um chute na cabeça dele, fazendo-o cair e soltar Evangeline. Esse era o novo golpe que o cara o açougue me ensinou, ele chama de “Voadora”.

“Você está bem?” – Perguntei à Evangeline, ajudando-a a se levantar.

“S-Sim.” – Ela agradeceu, ainda um pouco espantada.

“Argh” – Roy se sentou, botando a mão na cabeça, parecia tonto. – “O que?...” – Ele olhou para mim. – “Feitoso, seu... Maldito! Você vai me pagar por isso pirralho!”


Ele se levantou com dificuldade, mas partiu com tudo pra cima de mim. Me afastei de Evangeline e enfrentei o brutamontes. Roy me derrubou, mas assim que caímos eu rolei, ficando por cima dele, desferi dois ou três socos na cara feia dele, ele revidou me empurrando.

Ficamos de pé de novo, ele conseguiu dar um soco no meu olho, doeu muito, mas aquilo só me fez ficar com mais raiva. Dei uma joelhada no estômago dele, me defendi de mais um possível soco e apliquei mais uma vez a Voadora. O idiota caiu no chão, mas não voltou a atacar. Ao invés disso, ele se levantou cambaleando e recuou.

“Você... Está ferrado!” – Disse e saiu correndo.

Eu discordava disso. Assim que Roy desapareceu, virei minha atenção para Evangeline, que estava escorada à parede com os olhos arregalados.

“Você está bem?” – Perguntei.

“Eu... Como... Como você fez aquilo?” – Ela parecia surpresa. – “Foi incrível! Onde aprendeu a lutar?”

“Ahn...” – Agora eu estava surpreso, uma menina que gostava de ver lutas? – “Eu tive que aprender, sabe como é, aparecem muitas raposas e porcos-do-mato tentando invadir o quintal de casa.”

“Bom, se continuar assim, eles vão pensar duas vezes antes de entrar no seu quintal.” – Ela sorriu. – “A propósito, obrigada por me ajudar. O Roy é um idiota.”

“Sem problemas, é o que fazemos pelos vizinhos.” – Sorri de volta.

“Aliás, nós nem nos apresentamos ainda.” – Ela estendeu a mão pra mim. – “Meu nome é Evangeline.”

“Muito prazer, o meu é Henry.” – Apertei a mão dela. – “Está indo pra casa, Evangeline?”

“Estava, antes de aquele fedido me desviar do caminho.”

“Posso te acompanhar até a sua casa, vai ser um esforço, já que moramos tão longe um do outro.” – Fiz graça, ela riu.

“Pode sim.” – Saímos do beco e começamos a andar pela calçada. - “Acha que vai chegar em casa a tempo para o jantar?”

“Não tenho pressa, hoje terá sopa, minha mãe é uma boa cozinheira, mas detesto sopa de fígado.”

“Obrigada! Alguém que me entende. Essa sopa nunca deveria ter sido inventada.”

“Concordo.” – Falei. Aquele foi o primeiro dia em que realmente conversei com ela.

Mais tarde naquela noite, fiquei deitado na cama sorrindo para o nada, estava ansioso para chegar à escola amanhã. Hoje tinha feito uma boa amiga, bati no Roy e se Deus quiser, tiraria uma boa nota na prova de biologia, foi à primeira vez que fiquei feliz desde que meu pai me levou ao King Bolt anos atrás, nunca mais voltei lá, talvez nunca mais voltaria.


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Notas finais do capítulo

Pois é... Henry tem uma história triste, sentiram pena dele?


E essa Evangeline? O que será que essa garota tem a ver com a história? Quem for realmente ligado na história já vai ter uma ideia. ;)


Me digam o que estão achando até agora, seus comentários são muito mais que bem-vindos! Próximo capítulo só na semana que vem!



Té+!