O tédio passeava por cada canto da minha residência. A tristeza o acompanhava. Não estava disposta a levantar da cama. Não tinha vontade de encarar o mundo. Mas algo me dizia que por mais difícil que fosse, deveria levantar-me e enfrentar o verdadeiro: A fome.

Suspirei. Minha aparência não estava nada boa, mas quem disse que me importava com isso? Sem contar aquela dor de cabeça que não desgrudava, deixando-me tonta a cada passo que dava... Não estava triste, muito menos depressiva. Estava cansada! Apenas...

Arrumei-me um pouco e logo saí. O dia estava frio e as ruas vazias. Constantemente garoava, e quem se arriscasse a sair para a calçada, era surpreendido por um vento muito gelado. Meu destino era a cafeteria, como sempre. Mal podia esperar por aquele chocolate que só eles sabiam fazer.

Porém, antes que eu pudesse chegar até lá, podia ver a porta fechada e as luzes de dentro apagadas. Impossível, era quarta-feira. A cafeteria só fechava aos domingos. Cheguei mais perto para conferir, e sim, a grande porta principal exibia uma placa pendurada na maçaneta da parte de dentro: “Fechado”. O que aconteceu dessa vez? Era estranho, eles nunca fechavam assim repentinamente. Sei que Mira viajou, mas Gajeel permanecia na cidade.

-Onde vou comer agora? – pensei. Pode parecer um pouco ruim de minha parte, mas no momento essa era a minha única preocupação.

Optei por uma lanchonete ali perto. Não parecia muito boa, mas naquela situação qualquer coisa valia.

Mais um dia se passou, e mais outro e mais outro... Não ouvira notícias de Rogue, nem de Mira e nem mesmo de Gajeel. A cafeteria permaneceu fechada durante todo esse tempo. Estava preocupada, de fato. Se eu soubesse o endereço de Gajeel, trataria de dá-lo uma visita, mas não fazia idéia de onde ele morava. Resolvi esperar mais uns dias.

Já era quarta-feira novamente. Preocupada demais para pensar em outra coisa, resolvi ligar a ele.

-Alô?

-Gajeel! O que aconteceu? Onde você está?

-Ah, oi Levy. Não se preocupe, estou em casa fazendo umas coisas.

-E a cafeteria?

-Fechei por um tempo.

-Tem notícias da Mira?

-Não...

-O que você está fazendo?

-Pare de ser tão curiosa.

-Desculpe... É que estou um pouco solitária... –disse com um suspiro. Meu grande orgulho desabara naquele momento. Sentia falta de alguma companhia.

-Logo você?! – ele riu. – Tudo bem, ninguém sobrevive à solidão.

-Você poderia me fazer uma visita, não é?

-Desculpa, não posso.

Suspirei.

-Não fique sentida, logo voltarei à cafeteria. – ele disse. Antes que pudesse responder, ele desligou, sem dizer um simples “Adeus”.

O importante é que ele está bem. Agora só estava preocupada com Mira. Tentei ligar à ela anteriormente, porém, sempre caia na caixa de mensagens.

Pela primeira vez na minha vida, estava me sentindo sozinha. Sentia falta de um diálogo entre amigos, risadas bobas... Sempre fui tão ocupada em escrever que nunca me importei. Pra mim isso era “frescura”. Mas agora, sentia isso... A vida dá voltas...

Continua...