Eu nunca estive tão infeliz na minha vida. tão mal, tao sozinho. Aquele maldito Orochimaru me sequestrara para que eu fosse sua “arma”.

Fazia dois meses que eu estava naquele maldito lugar e todo dia eu e o Kimimaro, que era a única pessoa que poderia chamar de albo, proximo de Amigo, passávamos por um treino intensivo. Primeiramente tínhamos aula de taijutsu com um cara enorme chamado Maruki, logo depois tínhamos aulas de ninjutsus variados com o Koji, o rapaz das tranças (ele era grosso e metido, mas era melhor do que o animal do Maruki, que nos agredia), e também tínhamos aula de variedades em que aprendíamos coisas como controle do chackra, uso de armas ninjas, lógica e raciocínio, com uma garota chamada Hannaki.

A única hora em que eu me sentia um pouco melhor era quando eu e o Kimimaro íamos pro quarto e ficávamos os dois lá, sozinhos. Na maioria das vezes ficávamos quietos ou conversávamos pouco mas ele era uma boa companhia, me fazia lembrar, um pouco da relação que eu tinha com o meu irmão e de que eu não era o único que estava passando por isso. Ele era uma criança tão calma, tão fechada.

Tínhamos acabado de chegar de mais um dia de treino e estávamos deitados cada um na sua cama mirando o teto. Ele me encarou com um olhar profundo e disse:

—Como era sua vida antes de ser sequestrado pelo Orochimaru?

Respirei fundo, com um leve aperto no peito e disse:

—Bem, eu tinha uma mãe que foi morta por ninjas da vila quando eu tinha uns cinco anos. A partir daí eu e meu irmão vivemos juntos. Ele é tudo pra mim... fico imaginando como ele está agora, provavelmente louco atras de mim, pensando que tudo era culpa de nossa vila – o silencio pairou no ar, eu peguei meu colar de meia borboleta e fiquei esfregando, pensando nele – E você, como era sua vida?

—Meu clã foi todo morto em batalha – fizemos uma pausa dramática e então ele continuou – então eu fiquei um tempo vivendo na floresta até que um dos capangas do Orochimaru me trouxe pra cá.

Ficamos mais um tempo calados olhando para o teto e então ele disse:

— Acho que vou dormir, os treinos de hoje me cansaram. Boa noite.

—Boa noite, respondi.

Virei pro canto e fiquei imaginando como Kimimaro havia sofrido. Toda sua família havia morrido, de uma vez e não tinha mais ninguém no mundo, ninguém, diferente dele eu tinha meu irmão pelo menos.

Uma criança tão sozinha dava pena, talvez por isso ele fosse tão fechado. No momento estava me sentindo na obrigação de ser seu amigo, tinha o dever de ser alguém na vida do Kimimaro, nem ele nem eu ficaríamos bem se continuássemos fechados e isolados 

—----Um ano depois-----

Um ano havia se passado desde que estávamos morando no covil do Orochimaru, nosso treinamento haviam se intensificado e havíamos evoluído muito. Havia descoberto que uma das minha habilidades especiais era o kkekei genkai de dois clãs da aldeia da folha.

Eu já estava usando alguns jutsus do clã Yamanaka, como o Shintenshin no Jutsu, e do clã Nara como Kagemane no Jutsu e o Kage–Kubishibari no Jutsu. Também havia aprendido alguns jutsus de Doton e Katon. Nos estávamos progredindo bastante, e minha saudade de casa e minha vontade de sair de lá só aumentava.

Kimimaro também havia evoluído bastante, principalmente nos taijutsus. Nossa amizade também estava crescendo, ele parecia mais feliz e diferente de mim, parecia gostar de estar lá, se mostrando pronto pra ser um ninja assassino. Bem, não dava pra culpá-lo, ele não tinha o porquê de viver, estava sozinho e Orochimaru o dera a ele um motivo, ele não precisava ser chantageado como eu.

Eram duas horas da tarde, estávamos no meio do treino de controle de chackra quando Koji veio até nós e disse:

—Orochimaru-sama e Kabuto desejam ver vocês dois no laboratório.

Deixamos o treino e seguimos Koji até o laboratório. Ao entrarmos vi uma sala com vários corpos e coisas dentro de tubos gigantes, com varias bancadas e traquitanas espalhadas. No meio haviam duas cadeiras com o apoio de braço pra retirada de sangue, atrás dela estavam Orochimaru e Kabuto (um dos capangas mais confiáveis de orochimaru, que era simplesmente chato).

—Sentem-se por favor – pediu Kabuto.

Ao sentarmos dois cientistas vieram e retiraram um tubo de sangue de cada um.

—Esperem aqui – ordenou Orochimaru.

Os cientistas, Orochimaru e Kabuto se retiraram indo pros fundos do laboratório. Depois de uns cinco minutos, Kabuto chegou dizendo:

—Yukiyo pode se retirar, volte pros seus aposentos.

Fui pro meu quarto e me deitei, sem fazer nada como sempre. Fiquei imaginando o que diabos eles queriam com o Kimimaro, estava um pouco preocupado com ele. Aqueles caras eram malucos, poderiam fazer qualquer coisa.

Treinei um pouco de controle de chackra e então fui me preparar pra dormir. Quando estava quase dormindo, a porta se abriu. Koji entrou e foi pegando algumas peças de roupa de Kimimaro, seu travesseiro e sua coberta.

—O que está fazendo? – perguntei.

—Seu amigo vai passar uns tempos isolado – disse ele, saindo logo depois.

Depois disso foi ainda mais difícil dormir, minha cabeça estava repleta de pensamentos desagradáveis, preocupado com meu amigo.