Não era fácil ficar lá naquele lugar fechado e escuro, pensava se o Dei-kun, estaria bem, se ele estaria procurando por mim...creio que sim, nesse momento provavelmente ele estaria revirando toda a vila da pedra atrás de algum sinal meu. Eu simplesmente não tirava minha mão daquele colar que ele me deu, fazia-me sentir mais próximo dele.

A noite naquele lugar não foi nada boa, não conseguia pegar no sono, ratos passavam próximo de mim, quando estava quase dormindo me assustava com algum barulho e apalpava o chão procurando meu irmão, que obviamente não estava lá.

Quando finalmente peguei no sono, sonhei com toda a cena da invasão da minha casa e com eles me levando pra lá, acordei no momento em que fui jogado na parede durante o sonho. Sentei-me na cela, desistindo de dormir.

Sentei-me, encostando minhas costas na parede olhando para o nada no escuro. Aquilo não me fazia bem, pra qualquer lado que eu olhasse só havia escuridão, então apoiei meus braços no joelho e logo depois apoiei minha cabeça neles. Foi o momento em que me senti mais próximo de seguro desde que havia chegado naquele local.

—Tá mais calmo? – me perguntou Kimimaro, me assustando.

—Não tem como ficar calmo nesse lugar – disse baixinho.

—Você terá que se acostumar, pelo que parece é aqui que viveremos.

—Não vou ficar aqui, pelo menos não pretendo.

—Ninguém pretende ficar aqui garoto, mas tente fugir do covil do Orochimaru – disse uma voz grossa vindo de algum lugar do salão que eu não pude identificar de onde. aquilo me arrepiou por inteiro, fazendo eu me encolher ainda mais.

De repente ouvi o barulho de uma porta enorme rangindo no fim da sala trazendo pra dentro a claridade. Então, pude ver como realmente era o salão: ele tinha celas pequenas por todo o salão e não eramos os únicos ali, haviam outros, nas outras celas, no fundo, havia uma escada em espiral que provavelmente levaria pra mais celas.

Um rapaz de uns 22 anos estava parado na entrada do grande salão, ele era loiro, tinha duas longas tranças e um rabo de cavalo mais no alto da cabeça e seus braços eram coberto por faixas. Ele se aproximou da cela onde eu estava e começou a destrancá-la. Se aproximou da gente, suas tranças começaram a se mover. Enquanto uma delas me pegou pelo pescoço e me jogou na parede, a outra fez o mesmo com Kimimaro, ao mesmo tempo que o rabo de cavalo amarrou uma espécie de corda em nossos punhos. Logo depois o ninja envolveu uma trança no braço de cada um de nós e nos empurrou pra fora da cela, nos arrastando para a saída.

—Para onde estamos indo?! – protestei.

—Orochimaru quer ver vocês – disse o ninja das tranças.

Naquele momento todos das celas começaram a rir e gritar, aquilo me assustou.

...

Depois de muito tempo andando, chegamos a uma porta enorme de dois lados. O ninja abriu-a e nós entramos. Era uma sala bem espaçosa, com colunas enfileiradas que tinham uma tocha em cada, o teto era bem alto e havia varias decorações de serpentes na parede. No fim da sala avistei um trono de pedra e nele um homem estava sentado.

De longe não pude ver bem a aparência dele, mas ao me aproximar notei sua pele extremamente branca, seus cabelos negros e longos e sua aparência reptiliana. Paramos os três em frente dele, que disse:

— Ah! Aí estão meus novos brinquedinhos – um sorriso malicioso lhe tomou a face, sua voz era aguda e falhada – Estava ansioso para conhecê-los de verdade.

— Por que estamos aqui? – Perguntou Kimimaro.

— Bem, eu vou explicar garotinho – ele fez uma pausa e continuou – Eu me chamo Orochimaru e a partir de hoje eu sou o mestre de vocês – ele tornou a sorrir daquela maneira.

— Mas por que a gente? - perguntei.

— Bem querido, porque vocês são poderosíssimos e são minhas novas armas, meus novos projetos. Tenho grandes planos pra vocês dois.

Meu irmão sempre me dissera que eu tinha nascido de uma experiência e que eu era um garoto destinado a ser um grande ninja, mas nunca imaginei que chegava a tanto.

— E porque obedeceríamos a você? – Questionei

— Ora querido, porque caso um de vocês me desobedeça ou faça coisas que não devem fazer, além de morrerem no seu caso... – ele disse olhando pra mim – eu ainda mato seu irmão.

— Você não pode fazer nada com o meu irmão! – disse, assustado.

— Quem disse que eu não posso? eu tenho espiões e subordinados em todos os lugares. Eu tenho você na minha mão, garoto – ele fez uma pequena pausa e continuou - voltando, vocês começam o treinamento amanhã e a partir de agora têm um quarto pra vocês, são especiais e não podem ficar naquelas celas. Mas entendam: vocês não têm como fugir.

O ninja das tranças nos tirou do grande salão e nos levou até um andar, mais embaixo, até uma porta simples. Ele a abriu e nos jogou lá dizendo:

—Espero que gostem do quarto.

O local era uma sala pequena, tinha duas camas de cimento com um travesseiro e uma coberta bem vagabunda em cima, além de dois baús pequenos nos pés da cama.

— Bem, parece que seremos colegas de quarto agora... – disse Kimimaro sorrindo.