Mãe!

“O amor de mãe por seu filho é diferente de qualquer outra coisa no mundo. Ele não obedece lei ou piedade, ele ousa todas as coisas e extermina sem remorso tudo o que ficar em seu caminho.”

Agatha Christie

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Nossa vida estava bem melhor de um tempo pra cá, nossa loja havia aumentado e mais objetos de argila estavam sendo vendidas, as verduras que minha mãe vendia estavam dando mais lucros, eu já havia me tornado um chunnin, ou seja, mais dinheiro entrava na nossa casa

Deu muito trabalho, muito trabalho mesmo, mas finalmente havia feito o presente de cinco anos daquela pequena criatura de cabelos vermelhos, que nascera exatamente no dia 13 de Janeiro, cinco anos atrás..

Eu fui ate a sala de casa onde Yukiyo jazia sentado no chão, brincando com alguns bonequinhos de argila que eu havia feito pra ele. Yukiyo usava um cachecol no pescoço e estava enrolado em uma manta. O frio por aqui era grande no inverno; me abaixei até ele e entreguei o pingente tinha o formato de uma meia borboleta.

— Ta vendo isso aqui Yukiyo? – ele acenou que sim com a cabeça – eu tenho um igual, é pra mostrar que mesmo que nos separemos um dia, de certa forma ainda vamos estar juntos – ele colocou seu colar, todo feliz, o que me fez rir.

— Obrigado onni-chan

— Querido, pode ir até a venda da esquina comprar mais arroz pra mim? – disse minha mãe. Não respondi, só peguei o dinheiro, um casaco e estava saindo de casa, quando vi os dois jounnins grandalhões e musculosos que haviam levado minha mãe na noite em que ela engravidara de Yukiyo, indo em direção a nossa casa. Jamais esqueceria o rosto dos miseráveis, eles olharam pra mim e sorriram maldosamente vindo em direção a minha casa, entrei e fechei a porta imediatamente.

—O que foi filho? – perguntou minha mãe assustada.

— Eles estão aqui, os ninjas que te levaram, e provavelmente é pra levar o Yukiyo – Falei baixo pra nao assustar meu irmão porem o pânico era claro na minha voz. E naquele momento um deles arrombou a porta, me fazendo cair no chão.

—E aí, acho que a encomenda ta pronta – disse um deles (o maior) olhando para o Yukiyo.

— Nunca – disse minha mãe pegando a faca da cozinha apontando pra ele, eu nunca havia a visto com tanta raiva e determinação – Deidara, pega seu irmão e sai pelos fundos.

— Mãe, eu sou um chunnin, deixa que eu cuido deles, saia daqui.

— Cala a boca Deidara, sai daqui, sou sua mãe e eu to mandando – aquela era minha mãe?

Eu ia discutir com ela mas naquele momento o ninja maior estava vindo em minha direção, então minha mãe entrou na sua frente e o acertou com a faca na perna.

—Sua vaca – disse o ninja em protesto, ele arrancou uma kunai e a acertou na barriga.

— Vai – disse ela caindo no chão. Peguei Yukiyo no colo e sai correndo pelas portas dos fundos, com a cabeça de Yukiyo em meu pescoço chorei feito louco, eu era um ninja e não fiquei pra proteger minha mãe? Que espécie de filho eu era?

Mas se tudo isso era pra salvar Yukiyo, eu ainda estava sendo corajoso, de certa forma. Corri até uma caverna subterrânea que eu conhecia, era pequena e escondida da vila, perfeita.

—Cadê a mamãe onii-chan? – disse Yukiyo logo que chegamos à caverna.

—Ela já vem - menti, tentando deixar minha voz o mais natural possível. mas eu notara o quão tremula ela estava

Eu o abracei, encostando seu rosto em meu peito, e lagrimas caíram dos meus olhos. Era como se tivessem arrancado meus pulmões, eu não conseguia respirar, minha mãe provavelmente já estava morta e tudo por causa de sede de poder, por causa desse mundo shinobi inútil, dessa vila inutil.

Passei mais um tempo chorando e depois de uma hora  aproximadamente  e resolvi voltar pra casa. Entrei pela porta dos fundos, não havia mais ninguém lá. Pedi para que Yukiyo ficasse no nosso quarto e não saísse por razão nenhuma, o pobre garoto estava muito assustado.

Fui até a sala e comecei a chorar novamente, minha mãe estava jogada no chão, com uma poça de sangue ao seu redor. Chequei os seus batimentos, ela já estava morta e fria. Beijei sua testa e afaguei seus cabelos loiros, assim como ela sempre fazia comigo, ainda chorando muito. Mas aquilo não ficaria assim.

Corri até a casa da Kurotsuchi, pedindo para que ela ficasse com o Yukiyo para mim e fui ate o prédio do Tsuchikage para tirar satisfação com o velho. Chegando lá eu entrei na sala do velho igual um louco, com guardas me segurando, com os olhos ainda com lagrimas 

— O que você gostaria? – ele perguntou serio, como se nada tivesse acontecido.

— O que eu gostaria?! Vocês matam minha mãe e é isso que dizem? – disse quase gritando, naquele momento eu mal parecia um menino de treze anos – Primeiro vocês a usam como cobaia para uma experiência, depois que eu ganho um irmão que amamos e nos afeiçoamos a ele, você vem tirar ele da gente e então mata minha mãe?!

—Desculpa, mas nos só queríamos o nosso ninja de volta.

—Seu ninja é meu irmão. Ele é só uma criança, não tem nem idade para andar direito.

O velho na minha frente abaixou a cabeça pensativo, parecia que ele notara o erro que cometera.

—Olha garoto, você tem que entender que a criança que você chama de irmão é um projeto da aldeia, ele é um ninja e não ha espaço pra sentimentalismo no mundo ninja – ele estava a ponto de me fazer voar no seu pescoço – mas eu te entendo, aqueles malditos ninjas que mandei em sua casa fizeram tudo errado. Compreendo o fato de tudo que você sofreu, devemos a vida de sua mãe, então você pode pedir qualquer coisa.

— Como assim qualquer coisa?

— Qualquer coisa que estiver dentro possível, claro.

— Ok – pensei um pouco tentando me acalmar e uma idéia brotou em minha mente – Eu entendo o fato do meu irmão ser um ninja poderoso, mesmo eu nao sabendo muito bem o porque ainda, então peço que ele só comece a ser treinado aos oito anos, e que ele não seja tirado de mim, que ele volte pra casa depois dos treinos, como um ninja comum da academia.

O Tsuchikage abaixou a cabeça, pensou um pouco sobre o assunto e então aceitou o acordo.

Os dias seguintes foram os mais tristes possíveis, fizemos um enterro básico, porem digno para a minha mãe, apenas com uma das sua amigas, eu, Yukiyo, Akatsuchi e Kurotsuchi. Haviam rosas amarelas em seu enterro, era sua flor preferida. Fora uma cerimônia rápida, e silenciosa.

Fora difícil explicar para Yukiyo o que acontecera com a nossa mãe e ele sempre perguntava o que havia acontecido com ela e se ela voltaria, e eu só o abraçava e dizia que ela estava no céu. Ele ficara com medo de dormir sozinho, então nós dormíamos juntos na cama de casal, onde antigamente era a cama de minha mãe.

Agora, mais que nunca, só tínhamos um ao outro e eu teria que dar a minha vida por ele, assim como minha mãe fez por nós.

"Falta você
É tudo o que precisa ser dito
Mais de azul
As palavras dentro da minha cabeça"

E eu sei que você se foi

Adeus"