Não Há Quem Possa Ocupar Seu Lugar escrita por Amanda Catarina


Capítulo 4
Capítulo 4




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Capítulo 4

No portão da escola, Inoue olhava na direção de onde, normalmente, Kurosaki vinha. Estava preocupada. Durante a noite percebera a reiatsu do amigo muito distante, como se ele estivesse ou dentro de uma barreira, ou talvez na Soul Society, mas o horário avançado a fez ir para a sala.

Chegando lá, ela deu uma última olhada para trás, e então sim avistou Ichigo correndo.

– Kurosaki-kun! - exclamou, aliviada e contente.

– Bom dia, Inoue - cumprimentou e sorriu.

Numa outra ocasião, ela teria ficado encabulada com o sorriso dele, mas, naquele momento, ficou intrigada. Nos últimos dias, Ichigo parecia estar bem desanimado, e de repente, aparecia com aquela expressão tão boa.

– Parece contente hoje... - comentou ela.

– Ah, estou mesmo... - confirmou, ajeitando os materiais na carteira.

Como ele se calou, Inoue ficou sem saber o que dizer. Logo a professora entrou na sala e aula transcorreu.

Na hora do intervalo, Ichigo ficou no terraço com os colegas de sempre, inclusive Ishida.

– Mas que cara... - provocou o quincy. – Qual o motivo de tanta satisfação?

– Apenas estou feliz, oras... te incomoda tanto assim?

– Nada disso... - devolveu de pronto, e emendou mais baixo para que apenas ele ouvisse. – Você desapareceu ontem... Aonde foi?

O ruivo hesitou uns instantes antes de responder.

– À Soul Society...

Uryuu não fez mais perguntas, e numa reação meio involuntária, não pôde deixar de pensar em Inoue e em como ela iria reagir quando soubesse do envolvimento dos dois amigos.

ooo ooo ooo ooo

No dia seguinte, à noitinha, Urahara chamou Ichigo, Orihime, Sado e Uryuu para virem até sua casa. Chegando lá, os jovens foram recebidos por Ururu e conduzidos a uma sala, onde se depararam com alguns shinigamis.

– Kuchiki-san! Rangiku-san! Abarai-san! - exclamou Orihime, alegremente surpresa. – Que bom vê-los!

– Rukia! - exclamou Ichigo com um sorriso enorme, sem mal olhar para os demais.

Yo, Ichigo... - disse ela, e não conseguiu evitar que um leve rubor tomasse sua face.

Inoue estranhou um pouco a reação da amiga, bem como a expressão de Kurosaki, que lhe pareceu entusiasmada demais.

Logo após os cumprimentos, Urahara chegou à sala.

– Sejam todos bem vindos - saudou ele, ganhando a atenção de todos. – Vamos nos sentar?

Os adolescentes e os shinigamis então se acomodaram em volta de uma mesa baixa.

– Por que nos chamou, Urahara-san? - perguntou Ichigo.

– Bem, tem a ver com os hollows. No último rastreamento que fiz em Karakura, detectei uma diferença significativa na reiatsu dos hollows que apareceram por aqui - ele fez uma pausa. – Não é de hoje que a Soul Society tem investigado isso, e agora o capitão Ukitake me pediu que os reunisse para que uma investigação mais massiva seja realizada. Acreditamos que a presença de vários shinigamis aqui, atraia esses hollows.

– Devem estar mesmo preocupados para mandarem dois vice-capitães - comentou Renji, e Rangiku balançou a cabeça concordando com ele.

– É sensato resolver pequenos problemas antes que se tornem grandes - pontuou Rukia.

– Kuchiki-san está certa - retomou Urahara. – Alguém tem alguma dúvida?

Ninguém se pronunciou.

– Muito bem, vocês estão em sete... Que tal formarem um trio e duas duplas?

– OK! - adiantou-se Ichigo. – Rukia vem comigo, já que ela ficará lá em casa depois. Rangiku-san vai com a Inoue, pela mesma razão, e o Ishida pode ir com elas. Daí... Chado e Renji.

Todos se espantaram com o sobressalto do adolescente que normalmente era mais apático.

Rukia, que já tinha entendido o porquê daquilo, ficou com olhos bem arregalados, mas tratou se manter em silêncio.

– Eu vou com o Ichigo também! - ouviram todos uma vozinha vinda próxima a porta.

– Ririn! - exclamou Ichigo, desconcertado.

– Eu mesma - e pulou no centro da mesa. – E eu vou com você!

– Urahara-san, é necessário? - tentou negociar o adolescente.

– É sim. Eu modifiquei os sensores dela e dos outros. Poderão ser de grande ajuda.

Nesse instante, Cloud e Nova apareceram também.

Ichigo ficou bem mal humorado por Ririn estragar seus planos de passar algum tempo sozinho com Rukia, e sua mudança de ânimo não passou despercebida por Orihime.

Depois de acertados mais alguns detalhes, os grupos deixaram a loja. Os shinigamis optaram por usarem as gigais ao invés de irem na forma espiritual. 

ooo ooo ooo ooo

Já estavam a umas oito quadras da loja Urahara e Ichigo não parecia querer papo com ninguém.

Oe, Ichigo... - chamou Rukia naquele tom sério. – Por que todo esse mau humor?

– Você sabe porquê.

Ela deu um suspiro, entendendo a indireta, mas não fez caso.

– Estava com saudade de mim, não é, Ichigo?! - gabou-se Ririn, querendo a atenção do rapaz só para si.

– Claro, Ririn... estava morrendo de saudade de ficar conversando com um bicho de pelúcia no meio da rua.

– Que grosseria! Também detesto esse corpo. Eu por mim teria vindo com minha gigai!

– Você podia é ter ficado lá.

– Não! - pirraçou e agarrou-se à cabeça dele.

– Pára... não dá pra ver nada... vai, fica quieta.

Rukia riu dos dois. Vendo-a rir, Ichigo deixou o aborrecimento de lado.

– Tudo bem na Soul Society? - ele perguntou.

– Sim, tudo na mesma - disse amena. – Ah, nem perguntei antes... conseguiu recuperar suas notas?

– Ainda não. Bem que você podia me dar uma ajuda...

– Eu?! Tendo o “número um” Ishida, a Inoue e até o Sado aqui, você vem pedir minha ajuda?!

– Ah, mas eu preferia você... - disse olhando de esguelha para ela.

Ririn, que já vinha estranhando o tom da conversa, não gostou nada do último comentário.

– Ei! O que há com vocês dois? Podem parar de conversar como se fossem namorados! - esbravejou possessa, morrendo de ciúmes.

– Está parecendo que somos namorados, Ririn? - indagou o rapaz num tonzinho tão irônico que deixou a pequenina furiosa e fez Rukia dar uma tropeçada.

– Idiota! - gritou a pelucinha. – Eu sei muito bem que ela não é sua namorada!

– Ah, é? E quem te contou isso? - provocou o adolescente.

– Parem de besteira! - bradou Rukia, assustando Ririn que não estava acostumada com aquele jeito autoritário dela, mas Ichigo apenas riu.

Seguiam quietos por uma rua bastante movimentada, quando de repente um hollow surgiu à frente deles.

– Num lugar desses?! - surpreendeu-se Ichigo e pegou seu distintivo.

– Não! - gritou Rukia e se adiantou a usar a gingokan. – Chama muito mais atenção eu ficar carregando seu corpo.

Assim, em forma shinigami, Rukia sacou sua zampakutou e deu fim ao hollow.

– Que rápida... - elogiou Ichigo. – Enfim recuperou sua força... - disse, encarando-a admirado.

– Não passava de um hollow baixo nível - rebateu seca, mas chegou a enrubescer por causa do olhar dele.

Continuaram a ronda, conversando banalidades e de tempos em tempos, se deparavam com outros hollows, mas nenhum desses tinha nada de diferente.

– Ah, que chateação... Estou ficando com fome - falou Ichigo.

– Não reclame! - ralhou Rukia.  – Você é o responsável por Karakura.

– ...eu sei, sua bitolada, mas só aparece hollows idiotas... Chega disso vai...

Rukia ponderou um pouco e depois olhou no relógio, estava mesmo ficando tarde.

– Tudo bem... vamos voltar.

– Isso! - vibrou ele.

ooo ooo ooo ooo

Na loja Urahara, os demais já estavam na sala à espera da última dupla.

– É, parece que a missão não deu em nada... - comentou Renji, e então, Rukia e Ichigo chegaram. – Até que enfim. Digam que encontraram alguma coisa.

– Apenas quatro hollows comuns... - reportou Rukia.

– E esses dois bobos ficaram brigando pra ver quem os acertava primeiro - fofocou Ririn.

– Que?! Então é assim?! Da próxima vez, não vou deixar você ir com a Rukia, Kurosaki. Eu que vou com ela - pirraçou Renji.

O comentário foi ingênuo mas deixou Ichigo doido de ciúmes.

– Como é que é?! Você achando...

– Calados os dois! - cortou Rukia. – Urahara, é verdade que ninguém encontrou nada?

– É sim... Que embaraçoso... mas por que não aproveitam esse fim de noite e vão a algum lugar para jantarem todos juntos?

– Que idéia fabulosa!! - vibrou Matsumoto.

Ichigo bufou zangado, queria mesmo era ir embora com Rukia, nada além.

– É, até que não é ruim... Kurosaki paga a conta - provocou Ishida.

– Que?! Por que eu? Você é quem devia pagar!

ooo ooo ooo ooo

Estava sendo um jantar muito divertido, com comidas gostosas e conversas animadas. Todos riam de uma história hilária que Rangiku contava, então Ichigo que estava sentado ao lado de Rukia, de frente para Orihime e Renji, cochichou algo com ela, que riu graciosamente e balançou a cabeça.

Orihime emudeceu com a cena, os olhos fixos nos dois. Até então, estava distraída com os amigos e atenta à narrativa de Rangiku, mas quando reparou melhor em seu amado Kurosaki, notou algo diferente. E a primeira coisa que lhe veio à mente, foi que ele e Rukia estavam parecendo um casal.

“Não... Não pode ser... a Kuchiki-san nunca demonstrou... Não pode ser isso... não pode!”

Mas os temores da bela jovem foram interrompidos pela chegada de uma mulher de boas feições e muito simpática, que se aproximou da mesa deles vendendo algumas bugigangas. Todos se interessaram e vasculharam as duas cestinhas que a mulher trazia consigo.

– Ah, legal... - Ichigo falou e pegou algo. – Vou ficar com esse!

A nobre não tinha reparado no que era, pois olhava a outra cesta.

– Rukia, pega! - falou ele, jogando o que tinha escolhido na direção dela.

Ela pegou num susto, e ao perceber o que era, abriu um sorriso enorme.

– Que lindo! - falou, agarrando um coelhinho de pelúcia. – Ichigo! Obrigada!

Inoue ficou absolutamente desconcertada e boquiaberta. Se ainda tinha dúvidas em relação aos dois, diante daquilo não teve mais.

Renji sorriu da alegria de Rukia e Ichigo também. Ishida e Rangiku ficaram apenas olhando todos eles, atentos à suas expressões. Sado continuou quieto como era típico dele.

– Olha que lindo, Inoue! - falou Rukia, exibindo o coelho.

– É, muito kawai, Kuchiki-san... - rebateu com um sorriso forçado, e só Ichigo não percebeu o quanto ela tinha ficado sem graça.

Caindo em si, Rukia se sentiu mal.

– Ichigo! Compre algo legal para a Inoue também! – mandou ela.

– Hã? - estranhou ele.

– Não! - exclamou Inoue de pronto. – Não precisa se incomodar, Kurosaki-kun.

– Ichigo baka... não pode presentear só uma mulher, se tiver outras junto - falou Renji como quem entende tudo do assunto.

O adolescente ficou totalmente sem ação.

– Não! - Inoue insistiu. – Kurosaki-kun, não se incomode... mesmo porque nem encontrei nada de que estivesse precisando...

– Que isso, deve ter alguma coisa, vamos procurar melhor... - disse Rukia, vasculhando a sacola, meio afobada.

– Tudo bem... procurem aí - disse ele.

Logo em seguida, Rukia pegou um pelucinha qualquer.

– Que tal esse, Inoue?! - perguntou afoita, exibindo um texugo de pelúcia. – Ichigo vai pagar.

Ele concordou com a cabeça.

Inoue riu e fez um gesto como que aceitando, mas estava desolada, afinal Kurosaki fazia aquilo por educação e a mando dela. Invejou Rukia naquele momento, não pelo brinquedo em si, é claro, mas por Ichigo ter escolhido um presente para a amiga.

Ishida suspirou diante da cena, se indagando como uma garota tão bonita como Orihime podia não ser correspondida.

Ficaram na lanchonete por algum tempo ainda.

– Pessoal, já é bem tarde... acho que podemos ir, não? - Ichigo sugeriu, ao que todos concordaram.

No caminho de volta, conforme andavam Inoue, trazendo seu presente pendurado na mão, sentia-se angustiada em ver Ichigo e Rukia caminhando lado a lado, conversando praticamente alheios aos demais e sorrindo um ao outro.

“E ela ainda vai ficar na casa dele.” pensou e apertou os punhos. Para uma pessoa atenciosa como ela, as evidências estavam claras.

ooo ooo ooo ooo

Na casa de Ichigo...

– Céus, que dia longo... - ele falou ao entrar, realmente cansado.

– Acho que amanhã terei que voltar para a Soul Society.

– Não seja negativa...

O pai de Ichigo fez um estardalhaço ao ver Rukia. Depois de amistosos cumprimentos, Yuzu e Karin ajudavam Rukia a arrumar o quarto, enquanto Ichigo tomava um banho.

Um tanto depois, Rukia e Ichigo se encontraram no corredor.

Ele a encarou como quem estivesse com idéias mirabolantes, mas fingindo não perceber, ela tentou sair de lado. Ichigo interceptou sua passagem.

– Não tente fugir de mim... - murmurou e botou uma mão na parede fechando o caminho.

– ...não tem desculpa dessa vez pra eu ficar no seu quarto... e tem o Kon...

– Mais cedo ou mais tarde, ele vai saber... todos vão...

– Boa noite, Ichigo - disse e afastando o pesado braço dele, seguiu em direção ao quarto das meninas.

No quarto, Rukia esticou-se na cama, puxou a coberta e fechou os olhos, também estava cansada. Além disso, aquele jantar lhe rendeu um bom desgaste emocional por causa da situação com Inoue.

Ao mesmo tempo, Ichigo, em seu quarto, não estava nem um pouco disposto em ficar longe de Rukia, e pensava num jeito de trazê-la pra lá, por mais inapropriado que fosse dormirem na mesma cama. Ele sabia que isso não era certo, seu pai mesmo tendo um jeito todo estranho de educá-los sempre dizia isso.

“Mas meu caso e de Rukia é diferente.” ele falou consigo para calar o alerta de sua consciência.

Kon dormia no chão, anormalmente quieto. Devia ter vivido alguma outra aventura com o lunático Kan’oji, as irmãs Kurosaki, Jinta e Ururu.

Depois de alguns minutos pensando, Ichigo teve uma idéia. Aproximando-se de Kon, usou o distintivo para remover a gikongan do corpo de pelúcia, e depois guardou-a numa gaveta.

Yoshe! Agora, é hora do show!

O adolescente usou novamente o distintivo e assumiu a forma shinigami, depois passou a mão pelo rosto naquele movimento em que sua máscara de hollow surgia, liberou um pouco de sua reaitsu e esperou.

Isshin levantou e chegou a dar uma espiada no corredor, mas logo viu a forma shinigami de Rukia correndo em direção ao quarto de seu filho. Então, com um risinho, voltou a deitar.

Imaginando que fosse um ataque, Rukia entrou no quarto com tudo.

– Ichigo! - exclamou, mas logo acabou tropeçando no corpo dele largado no chão, no maior tombaço.

Isso não estava nos planos dele.

– Rukia! - falou preocupado, mas naquele tom de monstro.

– ...o que raios está aprontando?! - esbravejou, caída de bruços.

Ele livrou-se da máscara.

– Nada... - disse e estendeu a mão para ajudá-la, mas ela não aceitou e se endireitou sozinha.

– Que perigo fazer uma coisa dessas! Vai acabar atraindo hollows! - ralhou ela.

– E shinigamis também... afinal, fez você vir, não fez? - provocou.

Bakamono! - xingou irada, e deu um tapão na cabeça dele, que se condoeu.

– A culpa é sua! - exclamou em resposta. – Se não ficasse se fazendo... de... de difícil... eu não precisaria ter recorrido a isso.

– É quase meia-noite, devia estar no quinto sono!

– ...mas não consegui dormir... nee-san... - falou manhoso.

– Ah é? Vou dar um jeito nisso! - retrucou pronta a disparar uma rajada de kidou nele.

– Não! - exclamou e, rápido, segurou e separou os pulsos dela.

– Me larga!

Rindo Ichigo deu um passo à frente, fazendo-a recuar, e depois outro, e mais um.

– Pára! Seu bak... - dizia ela, mas silenciou ao esbarrar na cama atrás de si.

Ichigo estreitou os olhos e aproveitando a distração dela, empurrou-a na cama.

– I-chi-go! - murmurou possessa, fuzilando-o com os olhos, mas em resposta, ele se inclinou por cima dela, segurando-a pelos braços, que ficaram erguidos na altura de seus ombros.

– ...quero que me faça dormir de outro jeito... - falou todo sedutor.

Rukia piscou alarmada.

– Seu pervertido!

– Pervertido?! - repetiu espantado.

Não. Pervertido não. Ele era um rapaz direito. Rukia estava julgando-o mal! Contudo, reconheceu que estava se excedendo um pouco. Então, ergueu o corpo e se afastou uns passos.

– Ah, voltou a si finalmente... - disse, aliviada, e se ergueu, ficando sentada na cama.

– Nada a ver... - fingiu – ...só vou tirar isso do caminho... - justificou-se e veio até o corpo caído. Mas logo voltou a se aproximar, e sentou-se na cama ao lado dela.

Rukia fez que ia levantar, mas ele não deixou.

– ...por que estamos perdendo tempo  com essas bobeiras? - indagou e aproximou um pouco o rosto.

Rukia corou violentamente. Desviou o olhar e abaixou a cabeça, mas então, Ichigo pousou a mão em sua bochecha. Demorou até ela erguer o rosto. Estavam tão próximos, Rukia ajoelhada na cama, Ichigo meio largado e as pernas abertas.

Encararam-se, admirados um com o outro, até que num gesto mútuo, colaram as bocas num beijo. Quando se separaram, Rukia, com uma das mãos no rosto de Ichigo, sorriu junto aos lábios dele.

– Insistente... - disse ela.

– Sou mesmo - gabou-se e ainda deu um selinho nela. Depois, apoiou o queixo em seu ombro e passou um braço pelas costas dela, puxando-a para mais perto ainda.

– Diz... - ele falou num tom de intimação.

– O que? - perguntou, sentindo os fios espetados roçando em seu rosto.

– Que mesmo por um dia sentiu minha falta... - murmurou, deliciado com a proximidade, a qual desejara pela tarde inteira sem poder satisfazer.

– Mentiria se dissesse que não... - confirmou, num tom singelo, muito raro de ele ouvir.

Ichigo apertou mais o corpo frágil e foi se deitando com Rukia por cima de si.

– Fica aqui, Rukia... Esquece o resto só até amanhã, vai...

– Mas, Ichigo... não podemos ficar nessa situação... isso não é direito... - falou muito séria, contudo, permaneceu deitada no peito dele.

– Eu sei... - concordou ele, abraçando-a carinhosamente – ...por isso temos que contar pra todos o quanto antes, assim não teremos mais que nos esconder...

– Contar o que?

– Que estamos namorando, oras!

– Não posso ser sua namorada, Ichigo...

Baka... você já é. Não percebeu ainda? - retrucou sonolento. – Eu até comprei um chappy pra você...

Rukia vidrou os olhos na hora, mas logo sorriu, e ergueu o rosto a tempo de ver Ichigo tombar a cabeça para o lado com os olhos fechados.

Suspirando, ela fechou os olhos também, mas não por sono, e sim como se estivesse diante de uma tentação. Sua razão lhe impelia a sair dali, mas não o fez. Então pousou a mão no peito de Ichigo, sentindo o bater de seu coração. Apesar de vencido pelo cansaço, ele tinha uma expressão nitidamente feliz.

Por mais que estar junto ao rapaz fizesse toda a diferença em sua vida, se repreendia por ceder à essa paixão. Não conseguia deixar de pensar que estava se aproveitando da ingenuidade dele. Pensativa, Rukia permaneceu lá, tentando imaginar como lidar com tudo aquilo, e apesar do cansaço que também sentia, só conseguiu dormir muito depois.

CONTINUA...

 


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Notas finais do capítulo

Agradeço sinceramente pelos comentários até aqui!

No próximo capítulo: Apesar dos receios, Rukia passa um dia inteiro com Ichigo. Tudo parece tranqüilo, mas só enquanto um certo shinigami de cabelos vermelhos não imagina o que está se passando.