Não Há Quem Possa Ocupar Seu Lugar escrita por Amanda Catarina


Capítulo 5
Capítulo 5




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Capítulo 5

Rukia despertou meio confusa, ao perceber-se junto de Ichigo, na cama dele, e ambos na forma shinigami. Sentou-se, buscando reordenar as lembranças, então suspirou fundo. Sua relação com ele andava bagunçada demais pro seu gosto.

Repreendendo-se por não se impor da maneira devida, cedendo às vontades do rapaz, ela deixou o quarto, silenciosamente, indo buscar no outro sua gigai. Feito isso, de pijama mesmo, desceu à cozinha para ajudar Yuzu com o café da manhã.

Bastante quieta, Rukia ajeitava a mesa quando ouviu a loirinha dizer:

– Bom dia, onii-chan!

– Bom dia, Yuzu, Rukia... - saudou o rapaz, e puxou uma cadeira.

A nobre corou levemente com a presença dele, e ainda mais ao erguer o rosto e se deparar com a expressão contente que ele exibia.

– Hoje teremos panqueca! - anunciou a menina. – Deixe isso comigo, Rukia-chan. Não é melhor ir se arrumar? Senão vai acabar chegando atrasada.

– Eu... - começou ela, mas foi interrompida pelo toque de seu celular.

Pedindo licença, se afastou um pouco da mesa. Ichigo a acompanhava com os olhos.

– Sim? - atendeu ela.

“Bom dia, Kuchiki-san”.

– Ah, Urahara... o que é?

“Como não obtivemos nenhum resultado ontem, o capitão Ukitake pediu que ficassem mais um dia. Hoje à noite vocês deverão fazer outra ronda.”

– Entendo.

“Sendo assim, pode ir à escola com o Kurosaki-kun.” - falou bem provocativo.

– Certo... Então até mais... - concluiu, meio constrangida com o tom dele.

Voltando à mesa, ela se sentou ao lado de Ichigo.

– Vou à escola... mas você pode ir indo na frente.

– Não, eu espero você... - disse calmo, radiante com a notícia. Logo em seguida, Rukia deixou a cozinha.

Yuzu não percebia o extremo contentamento do irmão, mas Karin assim que se assentou e o encarou, percebeu algo, e ao ver como ele olhava na direção em que a baixinha ia, deu um risinho.

“Estou achando que a Orihime perdeu a parada...” pensou ela consigo.

– Bom dia, Ichi-nii.

– Bom dia, Karin... Yuzu, essas panquecas estão ótimas!

– Ah, que bom. Sabe, a Rukia-cham me ajudou.

Ele deu um sorriso e saboreou com mais gosto, ao saber daquilo.

– Olha só... fizeram uma boa dupla então - comentou ele, para o deleite de sua esforçada irmãzinha.

Uns minutos mais tarde, a caminho do colégio...

– Faremos outra ronda essa noite, ordens da Soul Society - contou Rukia na costumeira seriedade.

Ichigo vinha andando tão feliz por estarem juntos que até tinha se esquecido de perguntar sobre o assunto.

– Viu só? Eu disse que você não ia ficar tão pouco...

Ela não deu resposta.

– Dessa vez vou dar um jeito de largar a Ririn lá... - dizia ele, mas então algo mais importante lhe ocorreu. – Ei, pensando bem... se vamos nos reunir todos, podíamos contar sobre a gente.

A pequena parou e virou o rosto a ele, que também parou.

– Sobre a gente?! - gaguejou. – Mas...

– Claro! É uma boa oportunidade... - confirmou e voltou a andar.

Rukia continuou no mesmo lugar por uns instantes, e logo ficou bastante angustiada, ao pensar em Inoue. Não sabia como lidar com aquilo e achou que precisava arrumar um jeito de fazer Ichigo desistir daquela idéia.

ooo ooo ooo ooo

Quando chegaram à escola, Rukia entrou primeiro na sala de aula e Ichigo veio logo atrás dela.

Inoue, ao vê-los chegar juntos, ficou bem amuada. Seus olhos atentos captavam os mínimos detalhes dos gestos dos dois. Kuchiki estava sorridente como sempre, encenando o papel de uma estudante normal. Kurosaki, nitidamente de bom humor, e claro que devia ser por causa da presença da shinigami. Ao notar um chaveiro de coelhinho na bolsa de Rukia, ela se perguntou se aquele também não teria sido um presente dele.

– Bom dia, Kuchiki-san - cumprimentou Mizuiro todo cortez. – Ichigo...

Yo... - respondeu ele e ficou atento, não ia deixar que o outro ficasse de gracinhas com Rukia.

– Kuchiki-san! - berrou Keigo, e se aproximou bem rápido. – Quanto tempo não a vejo! Está linda como sempre!

Uma veia saltou na testa de Ichigo e ele cerrou um dos punhos.

– Obrigada, Asano-san... - agradeceu Rukia no tom cantado que Ichigo odiava.

– Ah, não seja tão formal... - retrucou e já ia se aproximando, mas Ichigo não deixou.

– Pode parar com a babação! - mandou e o arrastou pelo pescoço.

– Aaah, Ichigo - choramingou. – ...não precisa ficar tão... bravo só porque... estou elogiando nossa colega... - gaguejou sendo estrangulado.

O comentário fez Mizuiro reparar que, de fato, Kurosaki parecia mais alterado que o normal.

“Como é? Justo agora que paramos de espalhar boatos sobre os dois, está rolando um clima?!” pensou o colegial.

– Bom dia, Inoue - cumprimentou Rukia.

– Ah, bom dia, Kuchiki-san! - retrucou de súbito, pega de surpresa, pois olhava para os garotos.

Encarando-a com certa atenção, Rukia percebeu o quanto ela parecia abalada e lamentou muito, mesmo sem ter total certeza se a razão daquilo era a que pensava.

A aula seguiu rotineira, depois que a professora chegou.

Orihime bem que tentou se concentrar nos estudos, mas foi impossível. E toda vez que percebia Ichigo olhando na direção de Rukia, sentia uma fisgada no peito. Aquela aula foi bem penosa para ela.

ooo ooo ooo ooo

Ichigo e Rukia voltavam para casa. Rukia desde então tentava rastrear os tais hollows, muito concentrada nisso, com os olhos fixos no aparelho semelhante a um celular.

– Quer largar esse troço - implicou o adolescente, que vinha alguns passos atrás.

– É o nosso trabalho.

– Rukia?

A shinigami continuou andando, indiferente, então Ichigo segurou-a pelo braço.

– Eu falando com você! - esbravejou.

– Que é? - perguntou voltando-se a ele, visivelmente aborrecida.

– Não quero ir pra casa...

Ela arqueou uma sobrancelha, desconfiada.

– Como assim? - e imprimiu um tom nada amigável na voz.

Sem se abalar, Ichigo abriu o maior sorriso em resposta. Passar a tarde fazendo lição e aguardando ordens definitivamente não eram os planos dele.

– Não sabemos quanto tempo você vai poder ficar, por isso... temos que aproveitar cada minuto! - falou e pegando na mão dela, puxou-a na direção oposta à qual seguiam.

– Ichigo, espera! Ichigo!

Ela até se preocupou enquanto não sabia o que ele tinha em mente, mas ao descobrir que a ideia era de um resto de tarde mais... descontraído, acabou vencida, de novo.

De todo modo, foram ao parque de diversões, onde passaram uma tarde maravilhosa! Brincaram em todos os brinquedos, tomaram sorvete, comeram algodão doce, tiraram fotos, ganharam prêmios, enfim se divertiram àbeça. E claro, namoraram também.

Voltaram pra casa apenas para jantarem e então saíram de novo.

ooo ooo ooo ooo

A caminho da loja Urahara...

Rukia e Ichigo andavam por uma pracinha, lado a lado e tranqüilos, quando ela avistou, num jardim público, uma fonte ornamental. Seus olhos se iluminaram e correu até lá, e chegando próxima a beira, subiu ali num impulso.

– Aha! Agora eu fiquei mais alta! - disse toda contente.

Apesar de ter ficado meio surpreso com aquilo, Ichigo sorriu apenas e se aproximou também. Com uma expressão sapeca, Rukia começou a andar pela estreita faixa de pedra da beirada da fonte.

vendo a hora de você cair nessa água... - advertiu ele, seguindo ao lado, no mesmo passo.

– Não vou cair... - disse, e é claro que perdeu o equilíbrio. – Aaaahh...

Num reflexo rápido, Ichigo alcançou a mãozinha dela, no último segundo, salvando-a do “splash”.

– Eu avisei, sua pestinha... - rateou, mas acabou sorrindo quando ela começou a rir.

Ele ficou, por uns instantes, parado, só a admirando. Estava linda rindo daquele jeito. Endireitando-se então, Rukia se desvencilhou dele e voltou a andar na beirada.

– Foi por pouco - disse ela, com um leve sorriso nos lábios ainda. – Vem logo.

indo... - falou calmo, retomando as passadas. – Ih, sua estrada acabando...

– Daí vou pular nas suas costas!

Ele riu levemente. Então, sem aviso, passou um braço pela cintura dela e a puxou para si com tudo. Rukia levou um susto e por pouco não gritou. Quando deu por si, estava suspensa no ar e colada ao corpo do adolescente.

– Ichigo! Me põe no chão... - falou preocupada de serem vistos.

– Ué, você não queria ficar no alto? - provocou e foi aproximando o rosto, como quem ia beijá-la, mas então, de repente, a soltou com tudo.

Então sim ela soltou um gritinho estridente, mas conseguiu se firmar nas pernas e evitar o tombo.

– Que perigo, Ichigo! Me largar duma altura dessas, eu podia ter me espatifado!

Foi a vez dele cair na risada.

– Sua nanica...

– Quê?! Quem é a pintora de rodapé que só dá pra ver com uma lupa?! - ela esbravejou tal qual um jovem alquimista famoso.

– Rukia... você é menor que isso.

Ultrajada, a shinigami tomou distância na intenção de dar um salto e depois um chute na cabeça dele, mas então avistou a lua alta no céu, e pensou que já estavam se demorando muito ali. Depois de se recompor, dando uma alisada no vestidinho listrado que usava, deu um passo a frente.

– Vamos logo - e voltou a ser a Rukia séria de sempre. – Já devem estar nos esperando.

– Fazer o que? - suspirou resignado.

ooo ooo ooo ooo

Renji estava deitado de lado num futon, ouvindo música, quando sentiu próximas as reiatsu de Rukia e Ichigo. Saltou de pé na mesma hora, contente, e então correu a encontrá-los.

Chegou ao quintal, num instante, com um sorriso lindo nos lábios, e já podia avistá-los do outro lado da rua. Só que... olhando-os, acabou presenciando algo absolutamente desconcertante: Ichigo, sem mais nem menos, puxou Rukia para si e lascou um beijo nela!

– Que?! - exclamou alto, balançando a cabeça numa negativa nervosa.

Um formigamento se espalhou por seu corpo, que passou a ser agitado por um forte tremor também, ao mesmo tempo em que o beijo se estendia, e pior, Rukia estava correspondendo!

Viu então os dois se separarem, finalmente, e Rukia dizer qualquer coisa ao rapaz. Então se afastaram e voltaram a caminhar, mas antes que adentrassem a propriedade, Renji se escondeu. Usou um shunppo para aparecer nos fundos da casa. Estava mortificado e ainda sem acreditar no que tinha visto.

– Mas como isso? Não pode ser...

Os pensamentos do vice-capitão ficaram turbulentos e seu respirar ofegante. A cabeça parecia girar e o coração doía no peito. A cena começou a se repetir em sua mente, e uma raiva desmedida foi dando lugar à razão.

– Maldito Kurosaki! ...fedelho desgraçado... - balbuciou. – Como ele se atreve?!

Enquanto isso, Ichigo e Rukia chegavam a mesma sala da noite anterior, onde apenas Urahara se encontrava.

– Boa noite, Kuchiki-san... Kurosaki-kun - saudou o ex-shinigami.

– Boa noite - responderam os dois ao mesmo tempo.

– E então? Aproveitaram bem o dia, imagino - disse com um olhar enigmático, que parecia ser capaz de descobrir tudo que fizeram apenas de olhá-los.

Os dois ficaram vermelhos na hora.

– Cadê o pessoal? - perguntou Ichigo, desconversando.

– Abarai-san deve estar vindo, ele estava no quarto até agora pouco... Rangiku-san e Inoue-san ainda não chegaram. Ishida e Sado estão a caminho.

Assentindo, os dois se acomodaram.

Lá fora, Renji tentava recobrar o controle de si.

– ...deve ter sido um engano... preciso tirar isso a limpo!

Pouco depois, o vice-capitão adentrava a sala, meio afobado.

– Ah, Renji... - falou Ichigo, mas percebeu de imediato algo estranho com ele. – O que foi?

O shinigami tentou manter a calma, mas bastou ouvir a voz do adolescente para sentir o sangue ferver.

– Rukia! - exclamou, encarando a amiga com um olhar incisivo.

– O que foi, Renji? - perguntou ela, e reparando que ele apertava os punhos com força, sentiu então um estalo na alma.

– Bem, fiquem à vontade... - disse Urahara e se retirou.

Ichigo permaneceu quieto.

– ...vocês dois... - falou Renji, entre os dentes.

O casal arregalou os olhos, estava evidente que tinham sido vistos juntos. Rukia se levantou e deu um passo em direção ao amigo.

– Renji, escute... - começou ela.

– Já descobri! - vociferou.

Ichigo fez um gesto a Rukia para que permanecesse onde estava.

– Descobriu o que? - perguntou sério, num tom baixo.

– Idiota! - gritou e tentou dar um soco nele, mas o jovem segurou-lhe o punho, impedindo o ataque.

– Renji... não é hora de briga. Temos que conversar - disse ele.

Rukia ficou extremamente abalada, a ponto até de seus olhos graúdos ficarem mais brilhantes, quase marejados, mas se segurou.

– Não tem nada pra conversar seu miserável! Como pôde!? E você?! - berrou para Rukia.

– Renji... - Ichigo o chamou, mas ele sequer o olhou.

– Hein? Rukia?!

– Renji! - gritou o adolescente e o puxou pela camisa. – Íamos contar hoje mesmo...

– Seu moleque! - tentou socá-lo outra vez, mas de novo Ichigo impediu.

– Quem está agindo como moleque aqui é você!

O vice-capitão ficou tão furioso que conseguiu enfim acertar o soco.

– Pára com isso, Renji! - gritou Rukia.

– Cala boca! - devolveu ele e ia atacando Ichigo de novo, mas antes foi atingido por um soco forte no estômago, que o fez se dobrar e escorregar no chão sobre os joelhos.

– ...miserável... - balbuciou.

Ichigo não queria ter batido com tanta força, mas aquele berro realmente o tirou do eixo. Não ia permitir que ele tratasse Rukia daquele jeito na sua frente.

– Foi mal... mas olha, você vai ter que entender, Renji, eu gosto da Rukia... é isso...

Com uma mão na barriga, o shinigami ergueu a cabeça com tudo.

– Imbecil abusado! Você não passa de um pirralho! - vociferou. – O que acha que entende dela? O que acha que significa pra ela!? Hein!?

Rukia abaixou o rosto, fechando os olhos. Um vento polar pareceu congelar seu coração.

– ...parem, por favor... - implorou angustiada.

– A culpa disso tudo é sua! - Renji berrou novamente, furioso. – O que você tem na cabeça, Rukia?! Cair na conversa de um garoto humano!

Sem perder tempo, Ichigo se aproximou e o ergueu pela camisa.

– Pode parar! - mandou bravo.

Renji se soltou dele, encarando-o com tamanha repulsa que chegou a fazê-lo recuar um passo.

– Eu não acredito nisso... - disse bem mais baixo. – É um pesadelo... só pode ser... - e abaixou a cabeça. – Rukia... diz que é mentira.

Ela demorou a falar e quando o fez, tudo que saiu foi um murmúrio:

– ...me desculpe.

– Não tem nada que se desculpar, Rukia! - falou Ichigo, indignado.

– Vocês perderam o juízo, a razão... - acusou Renji. – Como podem achar que uma coisa dessas tem cabimento?!

– Tem sim! - insistiu o jovem.

– Não tem não! Rukia não pode ficar com outro, minha vida inteira... ela e eu...

Ichigo estremeceu de ciúmes.

– Não é de você que ela gosta... - soprou entre os dentes. – Rukia sente o mesmo por mim! E eu vou passar por cima de quem for pra ficar com ela! - declarou alto.

– Ichigo, não! - gritou Rukia.

Perdendo completamente o controle diante daquelas palavras atrevidas, Renji elevou sua reiatsu, disposto a resolver a questão no tapa. Ichigo não se intimidou, ao contrário pareceu deixar-se dominar pela raiva também. Os dois quase se chocavam, mas Rukia apareceu entre eles.

– Parem com isso! - gritou autoritária. – Eu... não posso... - começou a gaguejar – ...não posso suportar isso... nós somos amigos... nós três... por favor...

Eles se detiveram em consideração a ela e, aos poucos, foram recobrando a calma.

Numa ante-sala, Orihime ouvia toda a discussão, e lutava ferozmente para conter as lágrimas que escorriam fartas por seu rosto.

Rukia abaixou a cabeça e Ichigo socou uma parede.

– Rukia... - Renji a chamou – Por que? Dê-me ao menos um motivo, eu juro que entenderei se me der um único motivo...

Ela não falou nada, mas Ichigo respondeu.

– Você acha que todos os anos que viveram juntos lá na Soul Society, foram mais significativos só pelo fato de terem sido muitos?

Os dois shinigamis ficaram surpresos.

– Acontece que quando a zanpakutou de Rukia atravessou meu coração, nossas vidas se uniram e não há mais como separá-las. E daí que isso foi há pouco tempo? Não deixa de ter significado! Esse lugar no meu coração é só dela!

Renji piscou os olhos, desconcertado.

– Desgraçado prepotente! - gritou.

– Não sou! - revidou no mesmo tom. – Você não entende? Já era difícil quando eu podia ver espíritos quando pequeno, depois então de ter me tornado um shinigami, depois de tudo... como pode achar que eu ainda poderia ter uma vida normal?

O vice-capitão se aquietou um pouco.

– A Rukia me entende... ela estava comigo naquela hora, ela me deu poder pra salvar minha família, minha vida... o que resta pra mim sem ela? - declarou com toda sua sinceridade.

Renji ficou estático por alguns instantes, então balançou a cabeça freneticamente.

– ...não, Kurosaki... isso não pode... não pode...

Na ante-sala, Inoue escorregou no chão, ao ouvir aquilo, tentando abafar o choro, mas foi em vão. Mais que depressa, Rukia correu naquela direção e abriu a porta de correr com tudo.

– Inoue! - exclamou ao vê-la.

– Kuchiki-san... - balbuciou, tentando inutilmente esconder as lágrimas. – Eu sinto muito...

O nó que já apertava a garganta de Rukia, se fechou ainda mais. Há quanto tempo ela estava ali? Teria ouvido tudo? Diante daquilo, não conseguiu mais segurar as próprias lágrimas. Foi nesse momento que Ishida e Sado entraram na sala, e logo estavam atônitos com o quadro.

– Vocês dois, venham comigo... - os chamou Urahara.

Alguns minutos se passaram...

Renji permanecia sentado no chão, com a cabeça baixa. Rukia em pé perto de Inoue, e essa abraçando os joelhos, em pranto. Ichigo próximo de Renji. Todos calados, cada qual com sua própria angústia.

– Ichigo... - falou Rukia, quebrando o silêncio enfim. – Agimos de forma egoísta...

– Nem começa, Rukia...

– Não começa você! - revidou alto. – Renji está certo. Isso não tem cabimento...

O adolescente balançou a cabeça numa negação enérgica. Inoue ergueu a cabeça só para se angustiar com a expressão desesperada dele. Soube então que, por mais que o amasse, seu sentimento pouco significava para ele.

– Rukia... - chamou Ichigo, se aproximando dela.

– Não me toque! - ela gritou. – Voltarei à Soul Society e pedirei que nunca mais me mandem para Karakura. Acabou, Ichigo... - tentou parecer firme e estava determinada, mas não imaginou que seu coração fosse relutar tanto a ponto de quase lhe roubar a fala.

– Não vou aceitar isso! - berrou ele em resposta.

– Vai ter que aceitar, porque já está decidido - devolveu fria. Então assumindo a forma shinigami, puxou a zanpakutou para abrir um portal para a Soul Society.

– Rukia!? Por que isso?! - gritou Ichigo, desconsolado. – Se ele é mesmo seu amigo devia entender! Por que temos que abrir mão disso?! Pra sermos dois infelizes?!

Renji se espantou.

– ...se dos dois jeitos sofrerei... prefiro então não trair meus amigos... - declarou ela, de costas a ele, que ao ouvir aquilo paralisou no lugar.

Sem olhar para trás, Rukia abriu o portal e se foi. Ichigo teria ido atrás, ainda que precisasse reabrir o portal com as mãos, mas aquelas palavras o detiveram, pois compreendeu que ela preferia sacrificar os próprios sentimentos pelos amigos.

Foi a vez dele escorregar ao chão, desarmado. Poderia ter enfrentado Renji, Byakuya, a Soul Society inteira, mas a própria Rukia não. E como sempre, o abalo emocional trouxe seu hollow à tona. Os olhos do adolescente ficaram negros e ele levou a mão ao rosto.

“Eu disse que você não era digno dela... Idiota! O sonho acabou! Tudo acabou, Ichigo! O que vai fazer agora? Hein? Ichigo?”

– Não... Rukia... - balbuciou e em seguida gritou com fúria. – Não!!

Ele tinha o corpo curvado, quando sua máscara de hollow surgiu, numa fração de segundo, mas tão rápido quanto, ele desapareceu dali.

– Kurosaki-kun! - gritou Inoue, mas o rapaz já estava longe.

CONTINUA...


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Notas finais do capítulo

Agradeço sinceramente por todos os comentários!

No próximo capítulo: Isshin consola seu filho e revela algo importante sobre seu passado. E é claro que Ichigo não vai se conformar com a situação.