POV’ Jake

Ficamos, acreditem se quiserem, três horas andando pela cidade para achar um vestido. Um vestido. E depois ficamos mais uma hora achando um smoking legal para mim. Foi um negócio complicado.

Quando voltamos para casa, ainda faltavam duas horas para o baile começar.  Foi o tempo de eu tomar um banho e comer um sanduíche. Logo ela estava na porta, magnificamente linda naquele vestido vermelho-sangue que chegava até um pouco acima do joelho. O seu cabelo loiro estava solto nos ombros e usava uma maquiagem leve – uma coisa nova para mim – e sorria de canto.

- Você... você tá perfeita – eu disse gaguejando.

- Posso dizer o mesmo de você – ela me deu um selinho.

- Vamos? – eu peguei meu paletó.

- Vamos – ela segurou minha mão.

Quando entramos no elevador, as lembranças do nosso primeiro beijo voltaram, e eu não pude deixar de sorrir. Ela também estava olhando para onde tínhamos ficado naquele dia do apagão e soltou um sorriso de canto. Eu a abracei para mais perto.

- O mundo dá voltas. De uma garota que te odiava para uma garota que não consegue mais viver sem você – ela disse me olhando.

- E eu, de um garoto que adorava te provocar para um garoto que não consegue dormir sem o seu beijo – e eu a beijei.

…

Foi a primeira vez que eu dancei uma música lenta com uma garota. Tipo, não que eu fosse um garoto que dançava músicas lentas com outros garotos, mas foi a primeira vez que eu dancei de verdade. Ela se movia com a delicadeza de um anjo, e conversava comigo, tentando diminuir a tensão que eu estava sentindo de não pisar no pé dela.

Quando ela cansou de dançar me puxou para fora do salão. Fomos até a parte de trás do teatro, onde pequenas luzes de natal amarelas iluminavam todo o jardim – lotado de flores coloridas. Tudo estava perfeitamente em harmonia: o barulho dos pequenos grilos até o som da música lenta ao fundo e o luar amarelo. Sentamos em um banco e ela me olhou sorrindo.

- Queria que essa noite não acabasse. Tudo tá tão perfeito.

- Não me lembro de me divertir tanto. E não me lembro de me apaixonar pela mesma garota duas vezes.

Ela me abraçou e sussurrou no meu ouvido que me amava. Aquela garota queria me matar. Também sussurrei que a amava e eu a beijei. Mas esse beijo foi mais urgente e “selvagem”.

Um pensamento passou pela minha cabeça, e parece que na dela também, pois ela sorriu e assentiu com a cabeça, pegando minha mão. Fui até o carro com ela ao meu lado.

Fui andando calmamente pela cidade, enquanto ouvíamos uma música muito ruim que tinha “baby” nela e muitos comerciais, até eu achar a música So Far Away do Avenged Sevenfold. Chegando no prédio, eu estacionei o carro e rumamos ao apartamento dela, onde um bilhete estava colado na porta com fita-crepe.

“Filha,

Hoje eu irei ficar na casa da Tiana, só voltarei no domingo à tarde.

Deixei dinheiro em cima da mesa para você comprar comida. Nada de festinhas nem bagunça.

Papai.”

Ela sorriu de orelha a orelha e me beijou, me arrastando para dentro do apartamento. Ela ligou o som e uma música incrivelmente bonita começou a tocar. Ela pegou dois copos de conhaque – me surpreendi um pouco, e acho que ficou na cara, pois ela me explicou que o pai dela a ensinou a gostar dessas coisas – e batemos os copos falando “saúde”.

Foi aí que tudo começou a se desenrolar. Bebemos rapidamente e as coisas começaram a acontecer.

Tenho que dizer que fazer amor com Kate foi uma coisa mágica. Depois de tudo, ela deitou a cabeça em meu peito e sorriu para mim com um olhar cansado. Afaguei os cabelos loiros e macios dela lentamente.

- Está cansada? – eu falei baixo, soou quase como um sussurro.

- Uhum. Quer dormir?

- Quero.

Ela se deitou ao meu lado e eu a abracei.

- Boa noite – ela disse sussurrando.

- Boa noite – a beijei calmamente.

Não sonhei com nada, mas ainda era sexta à noite.