O último Beijo escrita por andy_1993


Capítulo 5
Casa Mal-Assombrada - Parte 5




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Vi a lua nova afundando em um lago negro profundo. Sentia a água em meus pés descalços, estava muito fria, abaixei e a toquei com suavidade com a ponta dos dedos, não sabia o porquê, andei mais para o fundo e à medida que a água subia por minhas pernas uma onda de dores vinha de tão gelada que se encontrava. Tentei me manter imóvel, mas por que eu não conseguia parar? Quanto mais andei mais ela se apossava do meu corpo. As dores eram como levar vários choques, um atrás do outro, um mais doloroso que o outro. A água batia na minha cintura quando parei. Olhei em volta.

Uma mulher morena lavava suas roupas, seus cabelos eram cheios e lisos ate a cintura, usava trajes curtos, como uma blusa suja ate o começo da barriga e uma calça solta cinzenta ate os joelhos. Olhei bem para ela, mas seus olhos não me encontraram, meus pés começaram a seguir novamente. Tentei pará-los, mas não conseguia. Tentar gritar? Chamar? Como fazer isso se eu não tinha cordas vocais? Fui afundando mais e mais, quando finalmente tocou meu rosto, fechei os olhos, até ficar completamente submersa, tentava gritar com medo de me afogar, mas nada saia, então não senti, pisei com mais força no solo do lago, a areia entrava entre meus dedos e eu respirava como se estivesse em terra firme, abri devagar as pálpebras e o lago negro como a sua superfície. Não via nada além da obscuridade naquelas águas. Desde que havia visto a mulher, não teria parado de andar. Assustada, com medo, poderia até ficar com calafrios, aos poucos pude olhar pra cima e ver que já estava chegando à superfície, com o coração apertado, meus olhos se colocaram pra fora daquelas águas. Eu a olhava diretamente. A mulher arregalou seus olhos pequenos, em pé, desabou no chão, ela me olhava com o mesmo medo que Vivian havia me olhado.

“Quem é você?” – Perguntei. Mas como já esperava nenhum som.

Fui me aproximando dela, e minha visão escureceu de repente...

 

Silêncio...

 

Medo...

Não sentia mais a areia em meus pés, estava flutuando em algum lugar. Um grito veio até mim, gritos de uma mulher, gritos que fizeram doer meus ouvidos.

Aos poucos, pude ver árvores grandes, ainda me sentia ensopada pela água, com meus cabelos e roupas pesadas, meus olhos ardiam um pouco, foi fácil ignorar, me meti no meio daquela selva.

Parei ao ouvir:

- Anne... – Uma voz grossa me chamou por trás de mim, como se ela estivesse parada com os lábios perto do meu ouvido.

 

Virei rapidamente tentando encontrar quem sussurrava meu nome, mas nada. Agora a voz suspirava um suspiro barulhento e violento segui quase correndo, tentando me guiar por aonde vinha o som, até tropeçar em alguma coisa. Cai no chão, mas não estava machucada. Sentei e olhei para meus pés querendo descobrir o que teria causado minha queda. Prendi a respiração ao deparar com uma mão estendida, com marcas roxas e alguns arranhões pequenos. Debaixo de varias plantas, a mulher que vi na beira do lago, cheia de arranhões como as do braço, mas sem nenhum profundo. Os olhos pequenos abertos e sem vida. Morta.

 

 

 

Acordei assustada. Mais uma vez aqueles sonhos estranhos me atormentavam, e junto com ele a dor de cabeça, em minha mente eu perguntava:

 

“Porque isso está acontecendo comigo?”.

 

Meus olhos lagrimavam e soluços escapavam da minha boca. Botei as mãos em cima dos olhos, e enquanto me acabava com minhas lagrimas, o som do suspiro veio em meus ouvidos como um sopro.

 

- Pare. Por favor, pare... – Eu suplicava, não sabia pra quem, mas não agüentava mais.

 

Já se passavam das 11 da manhã quando finalmente eu já me sentia bem o bastante para encarar os rostos de sempre – Pelo menos eu esperava que sim – Abri a porta do quarto e dei de cara com Will parado na porta como uma estatua.

 

- Ah, oi, eu já ia chamar você...

 

Eu o fiquei encarando. Acho que ele esperava uma resposta, mas continuei calada, mas sorri timidamente pra ele. Ele passou a língua em volta dos lábios e se pôs a prosseguir - Você vem com a gente hoje?

 

- Sim, claro.

 

Ele passou as mãos nos cabelos, bagunçando-os mais do que já estavam, eu pelo visto não era a única a acordar tarde, Will ainda estava apenas com sua calça xadrez e uma blusa branca sem mangas, debaixo dos seus olhos estavam nossas amigas olheiras, ainda sentia meus olhos lagrimarem um pouco, então virei um pouco o rosto para que não percebesse.

 

- Ta tudo bem? – Perguntou virando o rosto para encontrar meus olhos.

 

Abaixei a cabeça. Cruzando os braços a altura do peito

 

- Sim, claro. Por que não estaria? É apenas uma coisa deve ter caído nos meus olhos – Suspirei. Puxando o ar e levantei o olhar tentando encará-lo.

 

Não estava pronta nem disposta a contar meus sonhos, as mudanças na minha vida, meus problemas para ele nem pra ninguém.

 

- Eu tenho cara de otário? O que você tem?

 

As lagrimas começaram a se dispersar pelo meu rosto, e não pude me conter a me aproximei mais dele. Passei meus braços ao redor da sua cintura, encostei meu rosto em seu peito esquerdo, onde conseguia ouvir seu coração bater calmamente, sentia sua respiração e o calor que seu corpo transmitia ao meu. Consciente eu jamais faria isso, tanto porque me faltava coragem, mas eu precisava de alguém, Sophie? Ela não estava lá agora. Minha mãe? Nem morta. Não queria procurar consolo eu queria apenas me sentir protegida, e foi o que eu senti quando Will passou os braços por cima dos meus, seus dedos, aqueles mesmos dedos grossos que haviam tocados os meus em um fim da tarde de um pôr-do-sol, alisando meus cabelos negros, o apertei mais um pouco e eu sei que ele sentiu, pois me tomou em seus braços com mais força do que antes.

 

- Anne... – Sua voz saiu tremula.

 

- Não me faça nenhum tipo de pergunta, não fale nenhuma palavra, apenas me abrace, por favor. – Soltei um suspiro de alivio, eu sabia que depois disso eu teria que encarar essas perguntas cedo ou tarde, mas opino por mais tarde.

 

 

 

Estávamos eu e ele no meu quarto, eu sentada na cama com as pernas cruzadas de frente pra ele, tentando dizer a mim mesma para ficar calma, que não seria tão difícil quanto parecia.

 

- Então... – Seu olhar era diretamente pra mim, esperando que eu explicasse por que as lagrimas por que o abraço.

 

Eu não podia contar... Por que eu não podia? Nem eu sabia ao certo.

 

- Eu tive um pesadelo.

 

- Com o que?

 

Hesitei um pouco e por fim falei:

 

- Com meu pai, sonhei que ele estava aqui...

 

Ele ficou me encarando incrédulo.

 

- Tudo bem, e com o que você sonhou?

 

- Eu já disse com meu pai.

 

- Uma hora você vai ter que me contar, então não prefere que seja agora?

 

- Não.

 

Por que eu fui abraçar logo ele? Porque talvez, se fosse com outra pessoa, tipo Sophie eu seria obrigada a contar sem medo, sem vergonha. Se mentisse, ela saberia, e também não é da minha natureza mentir pra ela.

 

- Tudo bem, quando quiser, é só chamar. – Ele se levantou e andou ate a porta, quando abriu, ele se virou pra mim e com um sorriso no canto da boca disse:

 

- Você mente muito mal sabia?

 

- Eu nem tenho duvidas.

 

Ele riu.

 

- Então depois do almoço nós vamos. Tem certeza que ainda quer ir?

 

- Absoluta. – Eu sabia que sair um pouco daqui iria me fazer bem, em resposta para provar que já estava melhor, sorri para ele.

 

Quando virou para sair, ele se virou de novo.

 

- Hei. Você estava acordada nessa madrugada?

 

- Não.

 

- Ouvi um barulho vindo de dentro do seu quarto.

 

- É que eu caí da cama. – Menti.

 

- E conseguiu sair ilesa?

 

- Tem um roxo na minha bunda, mas não fique na expectativa que algum dia você vai vê. – Segurei o riso, mas não pude conter meu bico.

 

Ele me olhou desconfiado, como sua mãe na noite anterior, mas deixou passar.

 

 

 

Não me preocupei em escolher alguma roupa bonita como Sophie. Uma calça jeans desbotada e uma blusa já eram mais do que ótimo. Prendi meus cachos em um rabo de cavalo e peguei uma jaqueta jeans. Pelo o que Will havia dito iríamos passar quatro dias dormindo na casa de um amigo dele – Isso fora o que ele disse a Silvia e a Christine. Já para nós, iríamos dormir em uma casa que diziam ser mal assombrada, para os moradores da região, claro para nós era apenas um puro mito para assustar crianças, era perfeito agora porque nos próximos dias não teríamos aula – em Salinas, iríamos divididos no Palio prateado de Will e no Chevrolet Captiva de Gabriel. Claro, minha mãe fez questão de colocar eu e Sophie no carro de Will já que ela dizia que não nos queria por em risco com um sujeito que ela não conhecia e que poderia bater o carro e nos matar, a super proteção dela era apoiada por minha tia que fez meu primo prometer que qualquer coisa ligaria e que cuidaria de nós.

 

Já estávamos prontos, minha mãe me encheu de beijos e me abraçou bem forte, o mesmo com Sophie, então fomos buscar Yuka, Fernando e Daniela. Yuka me contara por telefone que Daniela e Gabriel estavam se conhecendo melhor por isso ele decidiu chamá-la, quando paramos em frente a sua casa suas sardas estavam apitando ele a recebeu com um beijo no canto de seus lábios, fazendo assim Yuka fazer uma careta de nojo, ela já estava bem intima dos amigos de Will pelo o que parecia. De lá pegaríamos a estrada e pelo o que disseram o caminho era longo até lá, de seus amigos eu só conhecia dois, Gabriel e Pedro, mas agora tinha mais dois, Thiago e Rod, que eu havia visto também no primeiro dia na sala de aula.

 

Estava fazendo sol, agora mataria a enorme saudade que eu sentia do meu caloroso sol.

 

Mal havíamos saído de casa e minha mãe já ligava pro meu celular, e como sempre as mesmas perguntas.

 

- Anne, se você não quiser mais ficar lá, não se preocupe que eu mando seu primo trazer vocês de volta viu.

 

- Mãe, ta tudo bem! – Falei impacientemente.

 

- Ok! Só estou avisando.

 

Depois que passei o telefone para Sophie que estava do meu lado, as duas passaram à metade do tempo conversando.

 

Eu olhava para fora da janela, e um vento gostoso vinha, um vento que me fez lembrar o meu pai, olhei pro céu azul sorri mais para ele do que para mim. No caminho acabei adormecendo, me sentia tão cansada por causa do choro, do meu pesadelo, que não voltou.

 

Quem me acordou foi Sophie, sua expressão entusiasmada me fez ficar até mais animada, ela passou a mão no meu ombro e me puxou para perto de si.

 

- Por quanto tempo eu dormir? – Perguntei com a voz um pouco roca.

 

- Praticamente – Disse olhando seu relógio rosa de pulso – Agora fez duas horas sua dorminhoca, não dormiu a noite?

 

Pude ver o olhar de Will pra mim sobre o retrovisor, aquele olhar preocupado, esperando por minha resposta também.

 

- Tive um pesadelo...

 

- Com o que? – Seu olhar carinhoso e preocupado como o de Will, me fitava.

 

- Papai.

 

Ouvi um grunhido vindo do banco da frente, mas como Sophie, ignorei.

 

- Ele esta feliz agora que a mamãe também esta.

 

- Eu sei...

 

Vi que atenção de Sophie voltou para o lado da janela, virei o rosto para encontrar o que havia lhe chamado a atenção uma lagoa grande entre várias árvores. Engoli em seco, senti o choro vindo de novo, me contive e escondi meu rosto no pescoço de Sophie.

 

Só estava torcendo para que Will não tivesse visto.

 

 

 

Chegamos lá e o pôr-do-sol já estava sumindo, a casa fica a poucas distâncias do lago que eu tinha visto, mas pude ver o sol afundando na água.

 

Paramos em frente a ela, e atrás de nós Gabriel. A casa era de dois andares, um pouco menor que a da minha tia, as janelas eram grandes, a porta da direita estava quebrada, era de um branco sujo, com algumas telhas faltando.

 

- Se chover já era pra gente, cara – Comentou Rod a Gabriel que ainda se mantinha olhando para a enorme casa de boca aberta.

 

Ao entrarmos olhamos tudo ao redor, empoeirada e cheia de aranhas no teto, mas mesmo assim ainda se mantinha o luxo naquela sala, no primeiro momento Sophie se arrependeu de ter vindo, ouvia-se seus gritinhos finos de um lado para o outro, mas logo se calou e mudou de idéia em relação ao se arrepender, ficou parada maravilhada quando encontrou um armário com alguns vestidos dos antigos donos.

 

- São lindos! – Disse pegando um nas mãos colou o vestido branco junto ao corpo e foi para frente de um espelho – e acho que são do meu tamanho!

 

O armário estava no quarto em que devia ficar as garotas da época, no caso nós éramos quatro, havia duas camas velhas de madeira, mas para nos precaver havíamos levado sacos de dormir. Enquanto as outras ficavam arrumando suas camas e olhando os vestidos eu desci para explorar mais aquela casa.

 

No primeiro andar havia uma biblioteca enorme cheia de livros antigos caindo aos pedaços, e um escritório, em uma mesa, uma fotografia de uma senhora bem idosa segurando um caderno.

 

Segurei a fotografia, passei meus dedos sobre o rosto da idosa senhora. Deduzi pelas roupas que havíamos encontrado e pelo o estado da fotografia que ela seria do ano de 1833, sua expressão cansada e exausta, quem ela devia ter sido, o que devia ter feito para punirem sua casa como mal assombrada? – Me perguntei.

 

Abandonei a fotografia e subi para o segundo andar, devagar por causa das escadas de madeira que parecia que iam desabar a qualquer instante. Nas paredes do corredor, havia alguns retratos, todos em preto e branco mostrando a mesma senhora que estava na primeira fotografia que eu vi, estava sentada em uma cadeira junto com quatro crianças, dois meninos e duas garotas que supus que fossem seus netos. Na outra parede vi um quadro de um homem com roupas elegantes, ao seu lado outro rapaz um pouco mais alto e duas mulheres jovens um pouco menores que os dois rapazes, no colo de uma um bebê, seus rostos estavam todos arrancados, menos a do bebê.

 

No segundo andar havia vários outros quartos e apenas um banheiro que ficava no final do corredor, então se decidiu as garotas ficaram com o quarto da esquerda que era pequeno, nele só haveria duas camas de solteiro e um guarda-roupas – Aonde Sophie teria achados os vestidos – E os garotos ficaram com o da frente já que estavam em um número maior, em seu quarto além de camas separadas e o armário, tinha uma mesa com um abajur e um espelho de mão prateado.

 

Dizia à lenda que a casa era habitada por monstros sanguinários, que foram caçados até suas mortes, no entanto, eles não morriam, foram queimados, esfaqueados, enterrados vivos, enforcados, nada os matava, até que de um dia pro outro sumiram, as mortes haviam parado, disseram que finalmente haviam morrido, mas que suas almas continuavam ali, assombrando quem morasse perto. Claro, eu não acreditava naquela história ridícula.

 

Lembrou-me a época em que mulheres eram caçadas, acusadas de bruxaria e por isso queimadas injustamente.

 

Com certeza aquela família devia ter sido crucificada por causa de alguma coisa que aconteceu. Mas sem provas foram punidos mesmo assim.

 

Olhei mais para o retrato com os rostos da idosa e das crianças. Eles não pareciam ser cruéis ou assassinos.

 

 

 

Já estava de noite e depois de termos organizado tudo, os garotos quiseram dá um mergulho no lago, eu inventei a desculpa de que estava muito cansada para ir, eu queria saber mais sobre aquele lugar, me empolguei completamente por aquela história e as pessoas que haviam morado nele.

 

Logo depois de saírem, voltei à biblioteca, seus títulos eram totalmente desconhecidos e estranhos, a maioria falava sobre criaturas de outros mundos, antigas lendas, elfos, bruxas, lobisomens...

 

Revirei todos os livros no chão, lendo e relendo cada um deles, não conseguia entender o que tudo aquilo queria dizer, porque eles guardariam tantos livros sobre aquilo? Para mim não havia sentido, ou talvez apenas gostasse do assunto, encontrei alguns livros sobre política, medicina, história da França.

 

Comparei a lenda da casa com todas as histórias dos livros, nenhuma conclusão, nenhuma semelhança, talvez lobisomens já que eram sanguinários, mas fazia pouco sentido, nada, quando finalmente me convenci a desistir, voltei a organizar todos os livros quando um vento soprou forte fazendo abrir um livro que estava no canto do quarto, que eu esqueceria, sua capa era verde com traços de uma árvore e em baixo seu titulo: Vampiros na história.

 

Antes que pudesse lê, ouvi o barulho da porta de abrindo.

 

- Anne? – Chamou Will.

 

Escondi o livro atrás das costas ao vê-lo entrar na sala, estava bastante molhado, pingando, com o cabelo bagunçado, molhando todo o chão.

 

- Will... Cadê os outros?

 

- Ainda estão lá, eu vim só ver se você estava bem.

 

- Eu estou bem.

 

- Mesmo?

 

- Sim, eu só estava aqui vendo se conseguia achar algum livro interessante, mas apenas velhas lendas.

 

- Realmente, aqui você só acha livros assim, alguns chegaram a serem roubados outros queimados... – Disse ele desviando seus olhos para a enorme estante – Mas bem poucos, porque as pessoas tiveram medo de entrar na casa. O que você esta escondendo ai? – Perguntou ele percebendo que escondia algo.

 

- Nada.

 

Ele se aproximou de mim.

 

- Sei... “nada”, por que eu não posso ver? – Ele já estava perto o bastante para eu senti a sua respiração em meu rosto, a força envolveu seus braços em volta de mim tentando pegar o livro.

 

- Porque não é nada de importante! – Insistir. Empurrando pra trás.

 

Mas ele parou de repente, levantei o olhar ao ver o quanto estava perto de mim, olhou em meus olhos, eu podia sentir seu hálito quente em meus lábios, as gotas de água já escorriam por minhas roupas, seus lábios lentamente se aproximavam dos meus, quando finalmente eu consegui senti-los, uma imagem rápida de outra pessoa veio em minha mente, fazendo com que eu me afastasse de Will de maneira rude.

 

Em meus pensamentos eu só conseguia ver uma pessoa... Victor se contorcendo em dor e agonia no breve momento em que os lábios de Will encontraram os meus, tive uma visão clara. Por quê? O que estava acontecendo? Sentia uma necessidade enorme de sair correndo e ir para algum lugar longe daquela casa.

 

Will estava em minha frente, com os olhos confusos, tentando compreender o porquê eu teria recuado, eu o olhava, mas não o via, meus pensamentos estavam distante dali, eu sentia que a qualquer momento eu poderia explodir, comecei a sentir minhas pernas bambas e minha visão embaraçada, e logo tudo ficou escuro, e pude ouvir o estrondo do meu corpo caindo no chão.

 

Quando voltei a mim, havia vários rostos a minha volta, analisei cada um deles, reconhecendo todos, continuaram calados, esperando que eu falasse algo do tipo: Eu estou bem, quando eu mesma não sabia se realmente estava, deitada agora em uma cama, aos poucos quando fui conseguindo me levantar, aquela dor de cabeça veio mais forte que nunca, botei minhas mãos na minha cabeça, dando um gemido um pouco alto.

 

- Anne volte a deitar! – Ouvi Sophie falando ao meu lado, puxando o meu corpo para que eu deitasse de novo. – Will nós precisamos voltar, ela não pode ficar assim nesse estado.

 

Ao ouvir isso, tratei de voltar ao normal, lutando contra a dor de cabeça.

 

- Não vamos embora! – Consegui dizer.

 

- Anne, eu não vou deixar você desse jeito aqui. Ta louca?! – Aquilo foi mais uma acusação do que outra coisa.

 

- Eu já estou melhor.

 

- Melhor uma ova!

 

- Anne eu também acho que devíamos ir pra casa, se quiser podemos voltar outro dia. – Disse Yuka pegando minha mão.

 

Um dos garotos parados ali ia pronunciar uma objeção, mas se calou quando Yuka lhe lançou um olhar ameaçador.

 

- Mas eu já disse que estou bem! Aquilo foi apenas... – Pensei rápido em uma palavra que pudesse naquele momento explicar tudo. – Nervosismo.

 

Todos me olharam com estranheza.

 

Certo não foi uma palavra inteligente, mas foi a primeira que passou pela minha cabeça ao lembrar o “quase” beijo que ia receber de Will.

 

- Nervosismo? – Perguntou Sophie de braços cruzados.

 

- Sim.

 

- E porque esse “nervosismo”?

 

- Bem...

 

- Eu tentei beijar ela – Se manifestou Will rapidamente.

 

- Mas vocês não são primos? – Perguntou o amigo dele que eu não lembrava o nome.

 

- Somos, mas... Eu tenho meus motivos pow! Primos não podem se gostar dessa forma?

 

- Não.

 

- Sim.

 

Respondeu Sophie e eu ao mesmo tempo.

 

Eram tão poucas as vezes que discordávamos uma da outra... Aquela mudança realmente teria mudado tudo.

 

Voltei a sentar na cama, com um ar pensativo, eu não queria ir embora, queria continua a investigar aquela casa.

 

Foi então que Sophie foi mais rápida.

 

- Vamos ficar, mas se acontecer de novo vamos embora, sem mais nem menos!

 

Tentei continua séria, mas dentro de mim um sorriso gigantesco brotou.

 

Sophie parecia irritada com tudo aquilo, tanto que saiu do quarto bufando, batendo os pés na madeira velha do chão.

 

Logo todos foram, mas calmos, atrás dela, menos Will que se mantinha ainda encostado com o braço na parede me olhando.

 

- Anne, desculpe se... Fiz ou tentei fazer algo que você não gostou.

 

- Você não fez nada de errado, apenas... Fiquei mesmo nervosa – Menti.

 

Eram raras as vezes que eu demonstrava meu nervosismo, eu tinha a capacidade de controlar, e Sophie sabia disso, ela sabia de tudo ao meu respeito, pelo menos agora quase tudo, e sei que faria de tudo para descobrir o que estava realmente acontecendo comigo.

 

- Anne, como eu já disse, eu não sou ótario, nem tenho cara de um, você não estava nervosa nem aqui nem na China, mas não quero te pressionar, quando você quiser, se quiser algum dia, você conta igual ao seu pesadelo. – Ele já estava abrindo a porta para sair quando levantei em um pulo e a fechei.

 

- Will, quem é Victor? – Algo em mim tinha a certeza que ele sabia quem era realmente ele.

 

Por um momento seus olhos se arregalaram, deve ser por que eu o peguei de surpresa, ele ficou calado me olhando ate abrir um sorriso.

 

- É apenas um cara como outro qualquer.

 

- E eu sou um ET.

 

- Sério? Por que você nunca me contou?

 

- Droga! Diz quem ele é!

 

Agora ele me olhava sério, se aproximando de mim aos poucos, fazendo com que eu me encostasse-se à parede atrás de mim.

 

- Ele é apenas um cara esquisito, com uma família esquisita, que um dia chegou a morar aqui, nessa casa.

 

- Por que sua mãe não gosta dele?

 

Ele bufou.

 

- Coisa de família. – Ele disse desviando o olhar.

 

- Que eu saiba, também faço parte dessa família. – Eu o encarava sem expressão.

 

Ele tinha as respostas que eu queria, e eu iria consegui-las, nem que pra isso eu tivesse que enfrentar o furacão.

 

- Você anda se encontrando com ele! – Ele me acusou.

 

- Não! Ele apenas salvou minha vida duas vezes, e nem isso você e sua mãe mostram gratidão!

 

- Preferia que você morresse a ele encostar o dedo em você!

 

O fiquei olhando sem expressão. Sem conseguir dizer alguma coisa. Sem conseguir pensar em alguma coisa.

 

- Satisfeita?

 

- Demais.

 

- Ótimo.

 

Com fúria, ele pegou meu rosto em suas mãos grossas e puxou meu rosto pra perto do seu, e sentir seus lábios apertarem contra minha bochecha, quando eu botei as mãos em seu peito e o emburrei com toda força que eu tinha.

 

Fui me sentando bem devagar no chão, olhando pela janela e pensando, estava uma lua tão grande e brilhante, olhei para o meu relógio de pulso, eram apenas 23h30min, pensei por um longo minuto que seria bom naquele momento ir tomar um pouco de ar puro, eu precisava, mas sabia que eles nunca me deixariam sair àquela hora, vasculhei na minha mochila em busca de um papel e uma caneta, mas para a minha felicidade achei apenas um lápis desapontado, eu não pretendia demorar mesmo.

 

Abri apenas um lado da porta da janela, e com cuidado fui saindo, por sorte, o telhado ainda estava inteiro daquele lado, até eu tropeçar em alguma coisa e fazer meu pé abri um buraco.

 

- Era bom demais pra ser verdade – Murmurei para mim mesma.

 

Com toda a delicadeza do mundo fui tirando o meu pé e cruzando os dedos, torcendo pra que ninguém tivesse ouvido o barulho – e o buraco – que acabei fazendo. Andei ate a ponta do telhado, planejando a melhor maneira de descer, não havia muitas alternativas: Tinha queda, e queda, acho que eu optava pela queda.

 

Meu olhar foi ate o outro canto do telhado onde tinha uma escada de madeira escondida por plantas cheia de musgo.

 

- A sorte voltou a se abraçar em mim – Pensei.

 

Colocando meu pé no primeiro degrau desci com cuidado, me lembrei de todas as experiências com musgos que eu tivera e sabia que teria que segurar firme. Quando já estava chegando perto do chão, afrouxei as mãos, já que eu já estava praticamente a dois degraus do chão, mas quando coloquei meu pé no penúltimo degrau acabei escorregando e caindo de costas no chão.

 

- Queda – Bufei.

 

Não houve danos nem nada, mas quando olhei para o céu, estava todo estrelando, mais que naquela noite em que Victor teria salvado minha vida por mais que ele não admitisse. Eu sabia da verdade e nada do que ele dissesse ou tentasse me confundir iria mudar. Voltei a mim quando ouvi um barulho estranho vindo das árvores, levantei e fui andando entre elas, procurando alguma coisa que nem mesma não sabia o que poderia ser. Eu podia não ser fresca igual à Sophie, mas eu não era a menina natureza, pensei em voltar para não me perder mais já era tarde de mais, já estava longe demais, e já estava perdida, tudo o que eu via atrás de mim eram árvores e plantas, tudo estava escuro e aquela escuridão me fez lembrar o meu sonho, da primeira vez que havia sonhado com ele... Continuei andando me perguntando quem seria talvez apenas uma imagem que minha mente criou. Seus olhos vermelhos, toda vez que me lembrava deles era como se eu estivesse sendo hipnotizada, me perguntei se ele estaria-nos outros sonhos, ou melhor, pesadelos sem que eu tivesse percebido, talvez os sussurros...

 

Quando olhei para frente, pude ver uma luz, fui seguindo ela até que cheguei aquele lago que eu havia visto quando chegamos aqui, olhei para a água, lembranças, coincidências, eu queria saber. Tirei meu tênis e andei ate meus pés tocarem aquela água, igual como no meu sonho, foi como levar um choque, me abracei e pude sentir o frio agora por todo o meu corpo, olhei para frente e do outro lado uma moça, inclinei mais a cabeça para frente, para analisá-la melhor, me parecia tão familiar, estava começando a ficar mais frio, e me apertei no meu abraço um pouco mais, sentia meus dentes trincando e minhas pernas tremendo, me aproximando mais um pouco tentando vê-la melhor, meus pés já estavam submersos, logo pude ver uma coisa saindo da água, minha respiração começou a ficar mais forte do que nunca, a mulher do outro lado, estava se com a boca aberta, olhando para aquela coisa que saia das profundezas da água, seu rosto só mostrava o mais profundo ar de terror, a vi balançando a cabeça como negativo, acho que estava falando alguma coisa, mas estava muito longe para conseguir escutá-la. Incapaz de levantar e sair correndo buscando ajuda, ela foi se arrastando pra trás, seus lábios se mexiam mais e agora conseguia vê-los, mas não conseguia escutar nada, ate que ele já estava completamente na superfície em pé na sua frente, se aproximando mais e mais dela, eu fui andando pra trás aos poucos, sentindo alguma coisa dentro de mim, que eu não sabia dizer o que era logo ele se agachou ao seu lado, puxando-a mais para perto de si, ela olhava fixamente para ele, como se estivesse hipnotizada.

 

Meu pesadelo, eu sabia o que aconteceria, eu sabia o que ele devia ser agora tudo se encaixava claramente.

 

- Não... – Tentei dizer a mim mesma. Quanto mais as respostas vinham por si próprias a minha cabeça, mas a morte da mulher estava próxima, eu tinha que fazer alguma coisa. Olhei para os lados procurando algo que eu pudesse usar para chamar sua atenção, nada além de árvores atrás de mim, e plantas, quebrei um galho fino de uma árvore e o joguei em sua direção, o galho bateu na água, mas acabei conseguindo o que eu queria. A mulher estava deitada no chão, presumi que tivesse desmaiado e ele lentamente virou a cabeça para me olhar, pude sentir seus olhos em minha direção, fui recuando devagar, e o vi ele se levantando.

 

Sai correndo pelas árvores, estava completamente escuro e as árvores pareciam enormes e assustadoras...

 

Com medo? Sim. Nervosa? Sim. Assustada? Sim.

 

Todas aquelas imagens eram bastante familiar, mas não me lembrava de onde eram mesmo com as lembranças dos meus pesadelos às vezes tão claras, corri e corri, estava cansada demais para continuar, mas era isso ou morrer. Com o medo me dominando, estava perdida, estava com frio. Ouvi um barulho vindo do lado esquerdo e rapidamente olhei, procurei, mas nada vi, fiquei arrepiada ao ouvir um suspiro em meu ouvido direito, virei com força, levantando meu braço para tentar me defender, não conseguia mais correr, nem me mexer, cai sentada no chão, com a respiração acelerada.

 

Passou algum tempo, mas nada, nenhum sussurro, nenhum suspiro e já começava a me sentir mais aliviada para continuar, já conseguia pensar, e a primeira coisa que pensei é que todos deviam estar atrás de mim. Ligado pra minha mãe preocupando ela, chamando a policia, quando consegui me recompor e levantei, dei o primeiro passo, senti as mãos frias em meus braços. Quando a morte esta a poucos centímetros de você... É permitido pensar em tudo o que quiser. Rezar eu nunca rezava, pois não acreditava em Deus algum, mas agora eu não sabia no que acreditar por que a coisa mais fantasiosa estava atrás de mim, fechei os olhos, e tentando controlar meu nervosismo como sempre conseguia fazer. Suspirei fundo e soltei o ar pela boca. As mãos frias foram subindo pelos meus braços ate meus ombros, eram tão frias como se fosse gelo em minha pele, senti algo entre meus cabelos presos, fiquei paralisada, prendi a respiração quando uma das mãos segurou a liga que prendia meus cachos e a puxou devagar, fazendo meus cabelos caírem sobre os ombros, meus olhos ainda se mantinham fechados, mas agora com mais leveza.

 

As mãos subiram até meu pescoço, mas as palmas foram levantando, senti como se seus dedos dançassem por todo o percurso do meu pescoço sentia sua respiração calma em meus ouvidos, e eu suspirava calmamente como nunca.

 

- Anne... – Sussurrou ele em meu ouvido, prendi a respiração novamente – Me perdoe...

 

Eu abri os olhos que logo se arregalaram a ouvir aquilo, virei rapidamente, mas ele já havia sumido.

 

 

 

*****

 

 

 

Voltei para a casa, como se eu sempre soubesse a que caminho tomar, subi com cuidado a escada, que acabei escorregando de novo, mas dessa vez segurei firme para não cair.

 

Ao entrar no quarto, não havia ninguém, tudo estava do mesmo jeito que havia deixado, olhei para o relógio, eram agora 03h15min, estranhei demais, imaginei que estariam loucos esperando e procurando por mim, abri a porta e desci as escadas, estavam todos jogando baralho e rindo, olhei para Yuka que parecia feliz com seu jogo, e os outros pensativos.

 

- Hei garota sumida, quer jogar com a gente? – Perguntou Pedro.

 

Ele estava apenas de meias e uma bermuda os outros garotos estavam como ele, menos Will que estava encostado na porta da frente com os braços cruzados a altura do peito nu, me olhando com severidade, mas ignorei por enquanto Yuka estava vestida com seu pijama rosa bebê, Sophie estava com sua camisola amarela e Daniela. Estava com um mini short e um blusão da Hello Kitty.

 

- E ai Anne, como foi o passeio? – Perguntou Yuka mais concentrada em seu jogo do que em mim.

 

- Foi bom... Eu acho, pensei que estavam preocupados e loucos por eu ter sumido de repente.

 

- Eu li o bilhete com o recado que você deixou na sua cama e pensamos que seria melhor você dá um pulinho por ai mesmo só acho que você devia ter usado a porta da frente ao invés de fazer um buraco no telhado – Disse Sophie me olhando. – Menos Will que ficou implicando, querendo ir atrás de você.

 

Ela riu bem baixinho, olhando discretamente para Yuka que também riu.

 

Will continuava do mesmo jeito, me encarando sem piscar.

 

Eu não me lembrava de deixar nenhum recado...

 

Subi ignorando eles, e quando estava no meio da escada ouvi Yuka dizer.

 

- BATI!!!! Quero suas cuecas.

 

- Eu acho que você ta roubando, sua japa! – Disse Rod.

 

- Claro que não! Vou te mostrar a japona aqui!

 

Quando cheguei ao quarto, bati a porta com força e vi o tal bilhete, me aproximei dele e li em voz alta.

 

 

 

Sophie, eu estava muito atordoada por causa da situação e precisava dá um passeio por ai, não demoro.

 

 

 

 

 

Anne.

 

 

 

Era a minha letra, mas como? Não me lembrava, não havia escrito recado algum, sentei na cama, pensando.

 

Não havia nenhuma caneta, nem papel apenas um lápis sem ponta, então como...

 

Não havia nenhuma explicação.

 

Deitei-me e comecei a pensar, até que finalmente chegou o sono.

 

Naquela noite eu não havia sonhado nem um aviso de dor de cabeça ou algo do tipo, Sophie havia me avisado que naquela manhã nós iríamos até o lago e que de noite acenderíamos uma fogueira do lado de fora da casa.

 

 

 

De manhã quando já estávamos a caminho do lago, me mantive calada o tempo todo, não parava nem um minuto se quer de pensar na noite anterior, no bilhete... Nele. Talvez tivesse sido um sonho... Ou como Will devia ter me acusado, eu realmente estava ficando louca

 

Todos já estavam dentro da água, e eu estava sentada em um tronco velho, olhando para as nuvens, fazia um sol brilhante, que grande saudade dele.

 

- Se sente melhor? – Perguntou Will do meu lado.

 

- Sim! Não preciso que VOCÊ se preocupe comigo! – Respondi secamente sem olhá-lo.

 

- Você é bastante misteriosa.

 

Não me preocupei em responder aquele comentário.

 

- Me desculpe por ter dito aquilo ontem... Falei sem pensar.

 

- Não, você apenas falou o que passou pela sua cabeça.

 

- Prometo contar a verdade essa noite.

 

Olhei para sua expressão tranqüila e serena como naquele fim da tarde no galho grosso do meu quarto.

 

- Gosta de histórias sobre vampiros, Anne?

 

Engoli em seco.

 

- Não, por quê?

 

- Estava lendo o livro que você escondia ontem, e pra estar interessada em um livro daqueles, com certeza deve ser fascinada por vampiros.

 

Havia me esquecido do livro completamente.

 

- Pode me devolver?

 

- Sim, claro, ia devolver ontem à noite, mas como você deu aquela fugidinha.

 

Ele pegou a mochila que estava no chão ao lado das outras, e me entregou o mesmo livro que eu havia achado ontem.

 

Passei as mãos sobre ele, queria poder lê-lo naquele exato momento, mas com os olhares de Will...

 

- Não vai entrar?

 

- Não, eu estou bem aqui no meu canto.

 

- Certo então. – Falou ele, levantando, e andando ate o lago para se juntar aos outros quando deu meia volta e me puxou pelo pulso, me botando no seu ombro.

 

- O que... O que você pensa que ta fazendo? Bote-me no chão agora!! – Joguei o livro nas mochilas antes que sofresse qualquer tipo de coisa que o deixasse ilegível. Fiz de tudo para que me soltasse, gritei, bati os pés, bati em suas costas, enquanto ouvia os outros dando força para ele.

 

Ele me tomou em seus braços, e se jogou junto comigo na água, e todos riam, batendo na água feito crianças que fazem birra, eu segurando o riso e um pouco enfurecida joguei água nele foi quando também percebi que estava rindo de tudo.

 

Naquele momento, cheguei a lembrar de como era em São Paulo, eu mal saia e mal ria, quando pude notar, olhei para o lado de onde estava a mulher da noite passada, e lá estava em pé com uma criança pequena ao seu lado, como se nada naquela noite tivesse acontecido. Vê que estava bem trouxe alegria para dentro de mim depois de tudo o que eu passei naquela noite.

 

Fui surpreendida com uma onde de água, que fez com que eu voltasse a aquele momento que eu nunca tivera.


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