Presságio [Klaus/OC] escrita por TheNobodies


Capítulo 41
It's like a fairy tale


Notas iniciais do capítulo

Já que esse seria o último capítulo quero saber a opinião de vocês, hein ;*



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/332644/chapter/41

"It's like a fairy tale without a happy ending."



Agora, completamente sóbria, após um longo banho, Sammy pegou o celular para checar as chamadas perdidas.

Ignorou as de Rebekah, além do mais, a loira já havia dado um belo sermão quando ela chegara. Algo como “Você disse algumas horas e passou o dia todo sumida com Niklaus, o que queria que eu pensasse?!”.

Sammy fez careta, ainda podia ouvir a voz dela em sua mente.

E tantas ligações de Leila. Aquilo sim era estranho.

Havia uma mensagem de voz, no entanto, estava entrecortada e com ruídos, era quase impossível entender o que Leila dizia.

Samantha só pode entender alguns fragmentos de frases:

“Ele está na sua cidade” “Perigoso” “Igual a você” “Bebê” “Cuidado”

Samantha amaldiçoou o inventor do celular por criar aparelhos tão propensos a interferências.

Quem estaria na cidade? Ou ela estava falando de Henrik quando dizia “bebê” e ele seria perigoso? Por ser igual a ela, talvez?

Ligou para Leila, tocou algumas vezes caindo na caixa postal em seguida.

Samantha jogou o celular sobre a cama.

Hoje parecia um daqueles dias onde nada dava certo.



*



Klaus olhava para Henrik dormindo no berço.

Era demais pensar que aquele ser tão pequeno seria tão Poderoso algum dia.

Ainda havia tantas perguntas sem respostas, tudo era questão de tempo, de espera.

Aguardar enquanto Henrik crescia e se tornava a pessoa mais poderosa do mundo. Ocupando diretamente seu posto.

Klaus não parecia preparado para isso. Perder tudo o que por veio construindo por séculos.

Em outras circunstâncias, ele já teria cuidado de acabar com a ameaça, mas agora ele não poderia.

Não queria abdicar de seu trono, não poderia machucar Henrik.

Sua única saída era o que vinha planejando desde o principio: Afastá-lo de bruxas e qualquer outra pessoa que pudesse influenciá-lo negativamente. Se Klaus o controlasse completamente não haveria porque temê-lo futuramente.

Claro que tudo poderia ser em vão, não funcionar. Era mais um risco que ele estava disposto a correr.

Pensava que ao menos havia feito muitas coisas por todos esses anos.

Não poderia dizer o mesmo de Samantha, era tão nova. Com um espirito de liberdade gritando dentro dela.

22 anos para sempre, agora. Uma eterna criança.

Parando para pensar, Klaus sabia que havia sido cobrado muito dela, desde que ela nascera na verdade. Era completamente compreensivo que ela fosse do jeito que é.

Quando você aprende a se defender sozinho, tudo o que vem de outro parece ameaça.

Seria errado prendê-la ali. Seria errado privá-la de viver.

Era ainda mais errado que ele fosse tão egoísta e o pensamento de deixá-la partir incomodasse tanto.

Saiu do quarto, fechando a porta atrás de si.

Desceu ás escadas, parando ao ouvir a voz de Samantha. Ela parecia nervosa enquanto falava no celular.

“Tem certeza?”

“Eu preciso de uma certeza.”

“Não importa, de qualquer forma eu resolverei isso.”

“Sim, farei o necessário.”

Respirou fundo.

Mais segredos da senhorita Robertson...



*



Klaus entrou no quarto dela, fechando a porta em seguida.

Samantha parou o que fazia para observá-lo.

Klaus olhava para o chão como se buscando as palavras certas dali.

– Eu nunca quis que você fosse infeliz aqui... – começou incerto. – Mesmo depois de todas as brigas, não foi minha intenção.

– Eu sei, Niklaus. – Samantha disse.

Ele fez sinal para que ela o deixasse continuar.

– Confesso que eu adoro brigar com você, faz eu me sentir vivo. – riu brevemente. – Há alguns anos não encontro alguém que me desafie de igual pra igual.

Samantha sorriu de lado.

– Certa vez você disse que queria conhecer o mundo. – pela primeira vez ele olhou para ela. – Realmente deveria. Há muita vida lá fora, coisas que você não encontrará aqui.

– Espera. – Samantha olhou confusa para ele. – Está me pedindo para ir embora?

Klaus negou.

– O que eu quero dizer é que eu entendo sua necessidade de ir.

Klaus se aproximou dela.

– Realmente entendo, mas não quero que vá.

Sammy mordeu o lábio inferior, prendendo ali a vontade de cair em lágrimas.

Klaus colocou o rosto dela entre as mãos, olhando em seus olhos.

– Nós poderíamos ir para qualquer lugar que você quisesse depois que soubermos lidar com Henrik. – continuou. – Mas peço para você ficar agora.

Sammy desviou o olhar.

– Não torne as coisas mais difíceis para mim Niklaus.

– Eu fiz tantas coisas ruins. – ele disse pensativo. – Já não faço ideia de quantas pessoas matei. Fiz tantas coisas ruins...

– E...? – Samantha o incentivou a continuar.

– Não vou dizer que me arrependo, na verdade, vou dizer que pretendo apenas acrescentar mais algumas a minha lista. – Deu de ombros.

– Algo envolvido á mim? - Samantha quase riu da sinceridade.

– Eu sou egoísta e te buscaria no fim do mundo se necessário. – ele se afastou. – Acredite.

– É uma promessa? – Sammy sorriu minimamente.

Klaus assentiu.

O sorriso dela se alargou, para a surpresa de Niklaus, que já esperava por uma resposta irônica ou algo assim.

– Estava torcendo para que você dissesse isso. – murmurou.

– Você gosta da forma insana com a qual faz minha mente trabalhar? – ele voltou para perto dela.

– Não tanto quanto você gosta de estar assim. – sorriu esperta. – Mas tudo bem, acho que temos um empate aqui.

– Suponho que isso seja algo bom. – disse mais baixo. – Destruição mútua.

Samantha acompanhou o riso dele.

Sammy observou de perto o sorriso dele.

Sentiu seu perfume.

– Você é um idiota. – disse o abraçando.

Klaus a envolveu.

– Suponho também que esse não foi um verdadeiro xingamento. – disse.

– Será que você pode ficar em silêncio por um minuto?

– Tudo bem.

Alguns minutos se passaram.

– Sammy. – ele chamou.

– Silêncio. – ela resmungou.

– Ah, desculpe. Achei que já havia sido o suficiente e---

– Niklaus!

– Tudo bem, já parei!



*



– Achei você. – Rebekah entrou na sala com Henrik nos braços.

Samantha pareceu riscar uma frase na folha que escrevia.

– Te atrapalhei? – Rebekah perguntou ao notar.

– Não. – Sammy guardou a folha no bolso. – Qual o problema?

– Acho que ele quer ficar perto de você. – disse. – Estava muito inquieto lá em cima.

Samantha pegou o pequeno no colo que se acalmou rapidamente.

– Como se estivesse pressentindo algo. – Rebekah disse pensativa.

– Como assim? Pressentindo... – Samantha olhou para ela.

– Ah, eu não sei. – Rebekah deu de ombros. – Você tem esses fortes pressentimentos também, ele poderia ter herdado de você.

Sammy nada disse.

Notou o olhar de Rebekah analisando-a.

– O que foi?

– Apenas pensando em como deve ter sido crescer ouvindo que você daria a luz uma criança especial. Quer dizer, você mesma era só uma criança e já convivia com a ideia de gerar outra. – Rebekah fez careta ao fim. – Isso me deixaria apavorada.

– Nos primeiros anos. – Sammy concordou. – Mas de tanto ouvir eu simplesmente me acostumei. Não é como se eu pudesse fugir do meu destino, mesmo que tenha tentado uma vez...

Sua voz sumiu ao fim.

Philipe. Ela tentara fugir com Philipe.

– O que você sente por ele ainda está aí? – Rebekah perguntou apontando para seu peito.

Claro que aquela era uma pergunta evitável, mas ela queria ouvir de Samantha à resposta.

– Não como antes. Mas ainda é difícil pensar que a culpa de tudo que aconteceu com ele é minha.

– A culpa é de Niklaus. – Rebekah interviu.

Samantha negou.

– É tudo o que sobrou para mim agora: Culpa. Não a tire de mim também.

Elas se encararam longamente sem dizer nada.

Rebekah sabia que ela não mentia ao falar de Philipe, se um dia ela o amara verdadeiramente, hoje só restava a culpa e o carinho especial.

Klaus não precisaria se preocupar com isso, aparentemente ele havia se infiltrado profundamente na mente dela.

E Rebekah já sabia o quão reciproco aquilo era.

Aquele desejo. Aquela dependência. Aquele sentimento embaralhado e confuso.

Porém, não entendia como eles os guardavam tão bem. Ou na maior parte do tempo.

Era a forma errada do jeito certo deles viverem.

Ou a forma certa do jeito errado.

– Quem sabe em mil anos eu seja capaz de entender. - Disse em voz alta.

– Já pensou. – Sammy riu. – Eu terei 1.022 anos! Uau!

Rebekah rolou os olhos, mas foi obrigada a acompanhar o riso dela.

– Eu terei feito tantas coisas que a morte não me assustará mais. – disse mais baixo, ficando séria.

– Tem razão. – Rebekah a abraçou de lado. – Você já teria viajado o mundo e feito todas as atrocidades possíveis.

– Sem mais anos de planejamento para um propósito maior. Sem mais ameaças de bruxas. – Sammy continuou. – Sem mais quase morte para mim.

– Tudo isso. – Rebekah concordou, se afastou beijando-lhe a testa. - Preciso visitar Matt.

– Fala que eu mandei um abraço, um beijo, um aperto de mão...

– Ok... – Rebekah concordou lentamente rindo.



*



[N/A: Clique aqui e deixa a música tocar ;*]



Samantha foi até próximo à janela do quarto de Henrik. O sol brilhava forte, era começo da tarde.

Concentrou seu olhar no céu e fez alguns movimentos com a mão livre. Como num passe de mágica as nuvens se agitaram e deixaram o sol encoberto.

– Melhor assim. – Sammy murmurou. – Tanta claridade estava machucando meus olhos.

Era tão legal que seus Poderes tivessem essa dimensão.

– Seu pai me fez duas promessas. – disse olhando para Henrik, ele olhava atentamente para o rosto dela como se entendesse o que ela dizia. – Espero que ele realmente as cumpra. Estou contando com isso.

Beijou sua testa e o colocou no berço.

– Você está crescendo muito rápido mocinho. Parece entender tudo que eu falo.

Tirou o colar e colocou no pulso de Henrik, após várias voltas era suficiente para permanecer ali.

– Confesso que estou com medo. Samantha Robertson está com medo. – Ela sorriu de lado para ele. - Mas filho, o medo é o coração do amor.



*



Klaus foi ao quarto de Henrik.

Estava acordado no berço brincando com uma correntinha.

Klaus franziu o cenho, aquele não era o colar que Samantha jamais tirava?

Na parte de cima, próxima a algumas roupas do bebê, havia um papel.

Um bilhete.

Niklaus o pegou ,começando a ler atentamente.









Eu não sei quando você começará a ler essa carta Niklaus. Espero que logo.
Bom, obviamente eu não estou aí e temo dizer que não voltarei logo.
Sei que Henrik ficará bem, confio em você para cuidar dele com a ajuda de Rebekah.
Sei que ela seria uma ótima mãe, só que não posso dizer o mesmo de mim.
Talvez eu possa voltar a vê-lo um dia... Mas, por enquanto, guardo a imagem do rostinho dele aqui comigo. Se eu parar e me concentrar ainda consigo ouvir seu choro. Mas prefiro lembrar-me de seu sorriso. É a melhor lembrança que eu poderia ter.
E essa foi provavelmente a coisa mais difícil que eu já fiz na minha vida. Deixá-lo. Eu realmente amo esse garoto.
Niklaus, eu nunca consegui e nem consigo até hoje expressar em palavras o quanto minha vida mudou desde que você pareceu. Isso é um fato engraçado.
Espero que não me odeie mais do que você odeia agora.
E que nunca diga ao Henrik que sou uma má pessoa. Talvez eu seja boa para ele algum dia. Vou esforça-me para tornar isso realidade.
O que você me disse mais cedo fez bastante sentido, eu não quero morrer nessa cidade sem fazer metade das coisas que eu quero. É, eu sou muito nova e mereço isso.
E é exatamente o que eu vou fazer agora.
Não estou sozinha. Leila está comigo, se isso servir de consolo. Pelo menos você sabe que ela vai me manter na linha.
Não que eu ache que isso será preciso, já que agora eu tenho um motivo maior para tentar ser melhor.
Talvez Rebekah, Matt e Elijah se orgulhem disso algum dia.
Eu vou provar para esse Original metido – e para quem mais dúvida - que eu tenho muito mais serventia do que simplesmente ter gerado Henrik.
Eu apenas preciso de um tempo. Acho que é isso.
Para colocar um ponto final em coisas inacabadas. Coisas que eu não terminei antes de me mudar para a sua cidade. E novos problemas que eu arrumei.
Você disse que confiaria em mim e espero que não tenha sido da boca pra fora, porque realmente estou contando com isso.
Tenha a certeza que estou fazendo isso principalmente por Henrik.
E por você.
Não se preocupe comigo e espero que entenda o motivo de falar tudo isso por carta.
Eu não sou uma covarde!
Mas sei que você jamais me deixaria partir se soubesse, mesmo dizendo várias vezes que não me impediria.
Acho que esse é o nosso adeus.
E Niklaus...
Eu te






Niklaus dobrou a carta, guardando-a no bolso.

Olhou para o berço, vendo Henrik agitando os braços.

Foi até lá o pegando no colo, rapidamente seu choro invadiu o quarto.

– Você está triste? – Klaus disse balançando-o levemente. – Você parece triste. Você sabe o que sua mãe fez, não sabe?

O choro de Henrik se intensificou como se fosse uma confirmação.

– É, eu também. – ele disse. – Mas não se preocupe. Ela não vai me deixar com toda a responsabilidade e diversão.

Rebekah entrou no quarto.

– Onde está Samantha? Acho que esse é um choro de fome. – disse.

– Eu não sei. – Klaus disse pensativo entregando Henrik para ela. – Ela pode estar em qualquer lugar...

– Como assim? – Rebekah se preocupou lembrando-se da conversa mais cedo. – Não me diga que...

– Deixou uma carta. – Niklaus disse.

– Mas... – os pensamentos de Rebekah estavam conturbados. – Ela não pode...

– Faça as malas. – Klaus disse olhando pela janela.

– Por quê? – Rebekah perguntou.

– Nós vamos buscar a sua mãe. – disse direcionando o olhar a Henrik.

Ele não saberia explicar, mas Henrik simplesmente parou de chorar.

– Não se preocupe filho. Eu vou procurar sua mãe em cada canto do mundo se preciso.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

*¹ Frase da música "I will follow you into the dark" Death Cab For Cutie

Sim, depois de adiar a morte de Samantha no parto, esse seria o final.
Mas depois desse - quase - 1 ano escrevendo Presságio seria tão injusto terminar assim, não é?
Injusto quando meses atrás ao escrevê-lo acabei chorando, tipo... Muito!

Claro que ainda há possibilidade de voltar aqui apenas para o Epílogo, mas aí vocês que decidem. Leitoras mais lindas do mundo quero ver os comentários de vocês, ok?

See you Later ;*