Presságio [Klaus/OC] escrita por TheNobodies


Capítulo 16
To kiss my lips will leave you cold tonight




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"To kiss my lips will leave you cold tonight (you'll need my blood) and I’ll devote my life […] (when the full moon shines) we'll stop hearts together." - Violent Kiss - Eyes Set To Kill



Dor de cabeça. Foi a primeira coisa que Samantha constatou ao acordar. Seus olhos pareciam pesados, demorou um pouco a abri-los e a se acostumar com a luz. Pode ver Niklaus sentado na poltrona encostada à parede oposta a cama.

– Enfim acordada. – ele disse sem expressão alguma. – Lembra-se de algo?

Samantha pensou no que fizera noite passada. Relembrou o passado, ficou confusa com isso e bebeu um pouco. E foi isso que disse a ele enquanto sentava-se encostada a cabeceira da cama.

– Não Samantha. – Klaus parecia controlar o tom de voz. – Você não ficou “confusa” você estava sofrendo. – sentou na beirada da cama. - Você não bebeu “um pouco” você ficou completamente bêbada.

Samantha sentiu raiva por ele estar com raiva também.

– Philipe. – ele disse chamando a atenção dela.

– Como você sabe sobre... – sua voz falhou. – ele? – completou.

– Não sei se você se lembra, mas eu estive com você todos os anos. – sua voz se elevou um pouco. – Não foi difícil perceber que algo estava errado quando você mudou tão drasticamente. – Klaus levantou dando as costas a ela. – Sylizia me disse que vocês eram bons amigos. Eu só não vi na hora o significado desse ‘bons’.

– E o que isso importa agora? – Samantha perguntou interrompendo os pensamentos dele. – Por que temos que falar sobre isso afinal?!

A verdade era que ela não queria que Klaus ficasse falando sobre isso. Ela não queria pensar nisso de novo. Depois de todos esses anos evitando pensar no que ela fizera, porque as lembranças vieram para assombra-la logo agora?

– Porque noite passada você me chamou de Philipe! – praticamente gritou socando a parede a sua frente.

Samantha olhou para ele sobressaltada.

– Disso você não se lembra não é mesmo? – disse debochado.

– Como você mesmo disse “eu estava completamente bêbada”. – disse sem se abalar. – Você não pode simplesmente esquecer isso?

Eu posso esquecer. – Klaus voltou para perto dela subindo na cama e ficando com o rosto praticamente colado ao dela. – A pergunta é: Você consegue esquecer?

– Eu já esqueci. – Sammy disse desviando o olhar.

– Não. – Klaus puxou seu rosto novamente. – Se tivesse esquecido não teria chorado por ele.

Niklaus levantou da cama e em seguida deixou o quarto sem olhar para trás.

Samantha suspirou voltando a deitar, mas logo a porta foi aberta novamente. Por Rebekah.

– Eu não chorei por ele. – Sammy disse quando ela sentou a seu lado – Foi...

– Foi...? – Becky insistiu.

– Por mim.

Rebekah sentou encostada á cabeceira da cama como ela.

– Era uma coisa adolescente. – Sammy disse se forçando a não chorar de novo.

– Essa “coisa” se chama “paixão”. – Rebekah disse virando-se para Samantha. – Você pode dizer. Não te faz parecer menos qualquer-coisa se disser.

– Foi há muito tempo. – Sammy disse.

– Você quer dizer que não sente mais nada por esse Philipe? – Becky tentou entender.

– Nada. - Sammy repetiu. – Eu desliguei as emoções da parte vampira depois disso.

– Isso deve significar alguma coisa. – Rebekah disse séria.

– Não foi por ele. – Sammy se zangou. – Foi por mim.

– Pra deixar de sentir o que ele causou ao sumir. – Rebekah completou.

– Ele não sumiu. – Samantha passou a mão furiosamente pelo rosto; cansada daquilo. – Sylizia fez algo.

Rebekah ficou em silêncio por um tempo.

– E por que Niklaus ficou tão incomodado afinal? – Sammy perguntou de repente. – Esta bem, o chamei por outro nome, mas... Hello. Não é pra tanto.

– Ele está preocupado. – Becky disse. – No que pode acontecer hoje.

Eu deveria estar preocupada. – Sammy murmurou.

– Ele está preocupado no que você pode fazer se continuar tendo esses surtos. – Rebekah explicou de outra maneira. – Nunca se sabe quando o passado resolve nos assombrar.

– Ele acha que eu vou fazer algo impensado estando grávida. – Sammy se apegou ao fato de usar a palavra pela primeira vez. Becky sorriu.

– Você sabe que vai precisar do dobro de juízo. – Becky bateu o dedo na cabeça dela. – Juízo esse que você vai aprender a ter.

– Eu tenho juízo. – Sammy fingiu-se de ofendida. – Só o mantive guardado por um tempo. – riram.

– A mulher mais intrigante que ele já teve em sua vida. – Rebekah começou. – Com toda essa marra, já foi uma garotinha apaixonada. Apesar de esconder isso de todo mundo e nunca, em hipótese alguma falar sobre isso. Ela o amou. – sussurrou como se fosse um segredo.

Samantha respirou fundo.

– Ela desligou emoções por ele. Não completamente, mas a parte vampira a que intensifica. – Rebekah continuou. – Ela fugiria com ele. Ela faria o que ele quisesse.

Samantha mordeu o lábio inferior fortemente.

– Ele fora o primeiro. – Rebekah sussurrou de novo. – De tudo.


#Flashback On


Estavam abraçados na cama espaçosa de Philipe no meio da noite.

– E então? – Philipe perguntou inseguro.

– Não poderia ter sido melhor. – Sammy sorriu para ele.

Philipe tocou seus lábios rapidamente.

– Sabe... – Sammy disse se afastando lentamente. – Só existi uma forma de estarmos inteiramente íntimos nesse momento.

Philipe esperou a garota continuar.

Samantha abaixou o lençol que a cobria e com a própria unha fez um pequeno corte na altura dos seios. Philipe olhou fascinado a trilha de sangue.

– Tem certeza? – olhou em seus olhos.

Samantha assentiu.


#Flashback Off


– Eu já entendi. – Sammy disse antes que Rebekah continuasse. – Ele está inseguro.

Rebekah assentiu.

– Mas não é como se Philipe fosse bater na minha porta dizer “voltei” e eu fosse largar tudo por ele.

– Nunca se sabe. – Becky murmurou.

– Eu sei que não. – Samantha levantou da cama. – Essa parte do meu passado eu prefiro esquecer. Aliás, eu prefiro esquecer tudo.

Parou em frente ao espelho.

– Eu não sou mais a mesma. – disse simplesmente. – Não há o que temer. Ontem foi uma recaída e só isso.


*


Samantha desceu até o escritório de Niklaus. Ele analisava alguns papéis na mesa então Samantha sentou-se no sofá a parede oposta.

– Eu sei que você ouviu tudo o que eu disse. – Sammy foi direto ao ponto. – E é tudo verdade.

Klaus assentiu depois voltou a olhar os papéis.

– Todos têm um passado Niklaus. – Sammy chamou sua atenção. – E agora você vai deixar que um momento estrague tudo que já foi planejado durante anos?

– Claro que não. – disse. – E espero que você também não o faça.

Sammy bufou.

– Não pense que você mais me tratar como uma... Uma... Alienada. – Samantha levantou. – Você não tem o direito de me julgar por uma noite de mal-estar.

Klaus rolou os olhos.

– Eu sei que não vai acontecer de novo.

– Tudo bem. – Klaus deu se por vencido.

Klaus levantou da cadeira então Sammy parou de frente a ele.

– O que foi? – Klaus perguntou.

– Me certificando que esse “tudo bem” foi verdadeiro. – Sammy disse olhando em seus olhos.

– Foi. – Klaus apoiou as mãos na mesa, de forma a Sammy ficar ‘presa’ entre ele e a mesma. – E adianta discutir com você?

– Não.

– Mas, eu gosto. – Klaus sorriu de lado.

– Eu sei de outra coisa que você gosta também. – Sammy passou os braços pelo pescoço dele.

– E o que é? – arqueou a sobrancelha.

Samantha colou seus lábios aos deles em um beijo rápido e depois se afastou.

– Quando você acha que tudo isso vai se resolver? – perguntou abaixando o olhar.

– Hoje à noite eu espero. – respondeu.

Klaus se afastou olhando vagamente para o lado de fora da janela.

– Eu preciso caçar antes de irmos. – disse.

– Claro. – Klaus olhou para ela. – Está liberada pra ter quem você quiser hoje.

– Despreocupado com seus humanos é?! - Samantha riu.

– O que eu posso dizer?! – Klaus deu de ombros rindo brevemente junto a ela.


*


Samantha observava a lua que enfeitava o céu quando Rebekah entrou no quarto.

– Tudo bem? – perguntou á ela.

Samantha assentiu olhando vagamente para ela.

– Algo que você queira dizer a mim? – Rebekah perguntou um pouco incomodada pelo olhar.

– Sabe... – Sammy começou. – Quando você apareceu na vila pela primeira vez eu não entendia exatamente qual o seu interesse em cuidar de mim, assim como continuo não entendendo agora.

Rebekah suspirou.

– Bom... Essa criança tem ligação com meu irmão.

– O que não justifica o cuidado que você tem comigo, você poderia não se importar com a humana apenas com a criança e afins, mas aqui estamos nós.

– Tudo bem. – Rebekah se deu por vencida. – Eu nunca tive contato direto com um humano... Assim, de ter uma amizade ou seja lá como chamamos o que temos.

Samantha esperou ela continuar.

– Quando eu soube da historia toda e conheci você, achei que me aproximando de você seria como viver toda essa experiência também.

– Não me diga que você...

– Sim. – Rebekah interrompeu. – Eu queria ser humana.

Sammy respirou fundo tentando por as ideias no lugar.

– Você quer conhecer de perto os estágios de uma gravidez. – Samantha disse por fim.

– Seria incrível. – Rebekah disse com os olhos brilhando. – E ainda mais quando eu puder segura-lo em meus braços.

– É claro que você vai. - Samantha sorriu para ela.

Rebekah segurou em suas mãos.

– Já que eu não poderei estar lá hoje, ficarei aqui torcendo para que dê tudo certo.

Sammy assentiu rindo um pouco.

– Não queria atrapalhar o momento de vocês, mas... – Klaus disse aparecendo na porta do quarto. – Você deveria se preparar Samantha.

– Claro. – Sammy sorriu de lado pra ele.

Rebekah se retirou do quarto e Klaus parou a frente de Samantha.

– Volto aqui em uma hora esteja pronta. – disse seriamente.

Samantha bufou.

– Eu já sei o que eu tenho que fazer Niklaus, não precisa me lembrar disso mais uma vez, sabemos que eu passei todos os anos da minha vida focada nisso.

– Não fique tão brava. – Klaus pousou uma mão em sua mandíbula.

Samantha afastou sua mão.

– A propósito. – Klaus mostrou uma caixinha de veludo que estava em sua outra mão. – Acho que isso é seu.

Samantha olhou para ele confusa e pegou a caixinha que era direcionada a si. Abriu-a deixando um sorriso brotar em seus lábios.

– Meu colar.

– Eu mandei arrumarem-no. – disse – Está praticamente o mesmo.

Samantha assentiu.

Voltou seu olhar para Klaus que permanecia olhando para ela.

– Eu não vou dizer obrigada. – disse séria. – Você o quebrou, não era mais que sua obrigação arruma-lo também.

– Não sei por que eu ainda me importo. – Klaus falou no mesmo tom, expirando o ar com força.

– Ah, é? Eu também não. – Sammy sorriu irônica.

Klaus balançou a cabeça negativamente contendo qualquer coisa que pudesse sair de sua boca agora e deu as costas a ela indo em direção a porta.

– Uma hora. – repetiu e bateu a porta.


*


Samantha parou em frente ao espelho avaliando sua aparência cansada, nada que uma bela caçada antes de sair com Klaus não resolvesse. As coisas mudariam em breve.

– Samantha. - ouviu sua voz melódica atrás de si.

– Sim, Klaus. – respondeu em meio a um sorriso irônico.

– Você ainda quer fazer isso, amor? - o seu tom deixava claro que ele não queria uma resposta.

Sammy mordeu o lábio inferior e depois virou olhando para ele. Seus olhos hoje estavam em um tom azul excepcional. Sorriu com isso. Era um bom sinal. Tudo daria certo naquela noite.


*


O céu estava limpo, nada mais que a lua brilhava nele agora, como se algo maior estivesse ajudando para que tudo ocorresse da melhor maneira possível.

Chegaram a uma clareira ampla e iluminada pelas mais diversas velas, o odor do sangue impregnou o nariz de Sammy rapidamente eram os símbolos marcados no chão e nas árvores mais próximas.

– Sangue de virgens. – Trina disse assim que chegaram até onde ela estava.

Trina pegou nas mãos de Samantha e fechou os olhos, como se enxergasse além dela.

– Sabemos que a primeira parte do ritual seria feita por você. – disse voltando a abrir os olhos.

– Eu fiz.

A primeira parte tratava-se de Samantha reclusa em um lugar sozinha se conectando com o espirito das que foram escolhidas antes dela.

– Eu preciso que você permaneça em silêncio enquanto eu preparo Samantha. – Trina disse a Klaus que assentiu se afastando um pouco delas.

Trina dizia algumas palavras enquanto mexia o sangue em um recipiente, as velas bruxuleavam em todas as direções, em seguida Trina voltou até Samantha que sabendo o que viria a seguir deixou o vestido leve cair a seus pés ficando nua.

Trina passou por todo o corpo de Sammy o sangue em formas e letras diferentes, em línguas não conhecidas por Samantha enquanto recitava algum tipo de feitiço.

Quando terminou chamou Niklaus para que fizesse o mesmo a ele. Mas apenas na parte superior do tronco.

– A Lua de Sangue já está chegando ao ponto exato. – Trina disse olhando para o céu. - Essa é a lua que celebra a ancestralidade: é por isso que precisa estar conectada também as outras escolhidas Samantha. A fecundidade: para termos a certeza que tudo dará certo para a criança. E a maternidade: Que será a nova etapa de sua vida.

Colocou-os frente a frente dizendo para que permanecessem olhando um no olho do outro para que ficassem conectados tanto fisicamente quanto espiritualmente.

– O vermelho da lua representa o sangue. – Trina passou a mão pelo sangue que já secará no corpo de ambos. - O útero sagrado – tocou levemente a barriga de Samantha. - A vida e a morte.

Trina pegou um dos livros apoiados em pedras que improvisavam um altar. Recitou numa língua desconhecida depois voltou o olhar para Samantha.

– Esta completa e inteiramente disposta a devotar sua vida pelo propósito maior, doar a sua vida pela da criança?

Samantha fechou os olhos sentindo um aperto no peito, suspirou antes de voltar a olhar para Niklaus. Sua expressão se mantinha neutra o que a deixava ainda mais nervosa.

– Sim. – respondeu por fim.

Trina sorriu abertamente.

– Vocês podem ficar naquele círculo ali. – apontou.

Samantha se ajoelhou de frente a Niklaus sem desviar o olhar dele.

– Está pronta, amor? – Klaus sussurrou.

– Tenho que estar. – Sammy respondeu.

– Sinta o Poder que vem de dentro. – Trina disse a Klaus. – Sinta seu outro eu.

Samantha assistiu os olhos de Klaus mudarem do azul ao amarelo em segundos e sua expressão de contorcer. “Seu outro eu. Sua parte lobo” – pensou.

– Deixe seu Poder transparecer Samantha.

Os olhos de Samantha se tornaram completamente negros, parte de seu cabelo balançava levemente mesmo sem qualquer vento naquele momento.

– Ambos sabem que o concebimento deve ser feito da forma natural? – Trina olhou de um ao outro que assentiram.

Samantha agradeceu mentalmente por já ter tido esse grau de intimidade antes com Klaus. Seria estranho se aquela fosse a ‘primeira vez’.

No chão de Terra marcado por sangue de virgens, com os mais diversos símbolos e formas Niklaus e Samantha deram inicio ao Propósito Maior.


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Notas finais do capítulo

Quem percebeu que o 'prólogo' entrou nesse capítulo? rs

Confesso que passei bastaaaante tempo pra escrever esse capítulo, nada parecia bom o suficiente, então mais que nunca preciso que me digam se vocês gostaram, ok?

See you later ;*