"Now that don't kill me... Can only make me stronger."– Stronger - 30STM (cover)

Niklaus bateu três vezes na porta antes que Matt aparecesse sonolento. Klaus olhou brevemente no relógio como se dissesse “ainda dormindo?”.

– Meu dia de folga. – Matt respondeu a contragosto.

– Você poderia chamar minha irmã ou eu mesmo terei que acorda-la? – Klaus sorriu de lado.

Matt olhou para dentro da casa depois de volta a Niklaus.

– Eu sei que ela está aqui. – Klaus disse. – Assim como Samantha também estava.

– Olha, eu não quero problemas. – Matt disse cauteloso. – Elas apareceram por aqui.

– Eu não me importo com o que você e Rebekah vêm fazendo. – Klaus se aproximou até o limite da porta onde não podia entrar por não ser convidado. – E Samantha me garantiu que você não tocou nela, então creio que não teremos problemas, Matt.

Matt concordou mais que rapidamente ao mesmo tempo em que Rebekah aparecia a seu lado.

– Nik.

Foram para o lado de fora da casa, pararam lado a lado na varanda, porém olhando para frente.

– É bom que você esteja aqui. – Klaus disse.

– É mesmo? – Rebekah fez-se desentendida.

– Achei que você não apareceria por aqui tão cedo. – comentou olhando brevemente para ela. – Não depois de tudo.

– Digamos que eu não guardo rancor. – Rebekah suspirou impaciente. – E digamos também que você não esta aqui para ter uma conversa sobre o passado.

– Ao invés de ficar aqui – ele apontou vagamente para a casa atrás de si. – Deveria ficar na minha casa. Com a Samantha.

– Ela não precisa de uma babá. – Rebekah deu de ombros.

Niklaus virou olhando sério para ela.

– Estou brincando. – sorriu de lado. – Ela está nervosa.

– Amanhã à noite. – Klaus disse. – Lua de Sangue.

– Ela é muito forte, no lugar dela eu já teria enlouquecido. – Rebekah balançou a cabeça negativamente.

– Talvez seja bom ter você perto, provavelmente vai fazê-la se sentir melhor. – Niklaus começou a descer os degraus da casa. – Tenho que falar com Trina agora.

– A bruxa? – Becky perguntou.

Ele concordou com a cabeça.

– E Rebekah...? – Klaus chamou se virando para a casa novamente. – Eu---

– Não precisa agradecer. – Rebekah interrompeu. – Não estou fazendo por você.

Ele riu brevemente e concordou com a cabeça indo embora em seguida.

*

Apenas dois dias. Na noite seguinte a Lua de Sangue estaria no céu. Seria o momento. O momento pelo qual ela esperou por toda a sua vida, o momento pelo qual ela fora instruída - desde sempre – a realizar sem contestar.

Niklaus não estava no quarto e - pelo o que seus sentidos diziam - em nenhum outro lugar da casa também. Era melhor assim. Samantha não queria encará-lo agora. Precisava de um tempo sozinha.

Contrariando a vontade de permanecer deitada pelo resto do dia, Samantha levantou e tomou um longo banho escolhendo uma roupa qualquer em seguida.

Sentia-se estranha, não era uma sensação boa, mas também não era ruim. Ela não saberia definir. Havia aquele incomodo inexplicável.

Pensou em ligar para Rebekah, no entanto não foi preciso. A campainha tocou e ao atender Sammy encontrou Rebekah.

Sentaram-se ainda em silêncio, Samantha olhava para as próprias mãos enquanto Rebekah esperava pacientemente até a decisão dela de falar.

– Amanhã. – disse simplesmente.

– Eu sei. – Becky tocou suas mãos. – Niklaus me procurou hoje.

Samantha fez sinal para ela continuar.

– Ele disse que seria melhor que eu ficasse aqui com você.

Sammy ligou a TV em um canal qualquer e permaneceram em silêncio por um longo tempo.

***

Niklaus entrou no lugar combinado – o mesmo da outra vez – Trina esperava por ele.

– Niklaus. – cumprimentou cordial.

Ele fez o mesmo.

– As informações obtidas através dos cabelos foram úteis? – perguntou.

– Por assim dizer. – Klaus foi evasivo.

– Vejo que algo está te incomodando. – Trina avaliou sua expressão.

– Samantha esta preocupada com o nascimento. – disse ele. – Mesmo não querendo admitir. Eu sinto que ela esta com medo.

– Dado o percentual... – Trina suspirou. – É um grande risco para ela.

– Não há nada que eu possa fazer em relação a isso? – Klaus insistiu.

– Está acima de qualquer um de nós.

Niklaus assentiu pensativo.

– Não se preocupe com o nascimento ainda. – Trina disse. – Vamos focar no ritual de amanhã, se tudo ocorrer perfeitamente será um passo para dizer que tudo dará certo para ela ao dar a luz.

– Então faça com que de certo. – Klaus disse intimidante.

*

– E onde Niklaus está agora?

– Disse que iria acertar os detalhes com a tal bruxa. – Rebekah disse vagamente sem desviar o olhar da TV.

Já era tarde. Muito tarde. Cada batida do relógio fazia Samantha sentir-se mais nervosa.

– E Matt? – perguntou de repente.

– Na casa dele. – Rebekah deu de ombros. – Por quê?

– Nada. – Sammy voltou a olhar para a TV também.

Rebekah sentou de frente á ela.

– Seus olhos estão claros. – disse de repente.

– O que? – Sammy foi até o espelho rapidamente.

Não era uma grande mudança, não era percebível a um humano. Os olhos de Sammy estavam castanhos, castanhos escuros, mas para quem tinha – ou tem? – olhos completamente negros é uma mudança.

– Você esta mudando? – Rebekah foi até ela. – Por amanhã.

– Eu não sei. – Sammy parecia inquieta. – Ninguém nunca me falou sobre esse tipo de mudança.

Samantha pareceu perceber tudo naquele momento, que seu corpo parecia mais quente, não podia negar as súbitas mudanças no humor, à queimação na garganta e o desconforto na gengiva mesmo que ela estivesse sentindo-se alimentada. A aparência cansada, apesar de se sentir forte.

– Espero que isso seja uma boa coisa.

*

Samantha encontrava-se sozinha na sala enquanto Rebekah havia saído por um momento. Começou a pensar sobre sua vida. Sobre seu passado...

#Flashback On

– Você acha que meus pais podem estar vivos? – Samantha perguntou virando-se para a mulher mais velha.

– Eu não sei Sammy. - Sylizia desviou o olhar. – Não se apegue a isso.

Samantha bufou preparando-se para levantar e sair dali, mas Sylizia segurou em seu braço forçando-a ficar.

– Você está ficando mais velha. – disse. – Pode ser daqui a alguns anos.

Samantha entendia do que ela estava falando. Ele viria.

Instintivamente seu olhar caiu sobre o garoto loiro a metros dali. Philipe. Ao perceber o olhar de Samantha, Sylizia puxou-a pelo rosto forçando-a olhar em seus olhos.

– Você entende que isso é preciso? – Sylizia perguntou uma vez mais.

– Entendo. – Sammy respondeu aborrecida se livrando da mão dela. – Como não entenderia se há 16 anos você vem me dizendo isso?!

Sylizia suspirou.

– É para o seu próprio bem, criança.

– Eu posso ir agora? – Samantha perguntou sem olhar para ela.

– Pode sim. – Sylizia respondeu.

Samantha se levantou e caminhou na direção de Philipe que abriu um sorriso ao vê-la.

– Eu vou cuidar de você e garantir que o seu futuro seja como o planejado. – Sylizia falou para si mesma – sabendo que Sammy não a ouviria - levantou já sabendo o que teria que fazer. – Você tem que aprender que emoções atrapalham.

#Flashback Off

Samantha foi para o jardim da frente – acompanhada de uma garrafa de uísque - ainda envolta de todos esses pensamentos. Era muito para ela. Seus olhos se encheram de lágrimas, as lembranças voltando com mais força e intensidade.

#Flashback On

Philipe era humano como todos os outros naquele vilarejo, mas ao contrário dos outros era amigo de Sammy. Mais que amigo... Samantha sentia-se bem estando com ele. O humano que não se sentia intimidado pela meio-vampira desordeira.

Samantha puxou Philipe para trás de uma das casas da pequena vila. Seus lábios rapidamente procuraram pelos dele.

– Qual o problema Sammy? – perguntou preocupado a abraçando.

– Nenhum. – Sammy sorriu o mais convincente possível. – Eu só... – soltou um longo suspiro.

– Ele virá em breve? – Philipe olhou em seus olhos. – É por isso que você esta aflita assim?

– Eu não sei quando ele vira. – respondeu sincera incapaz de mentir perante aqueles lindos olhos azuis.

O semblante dele ficou sério, porém triste também. Sammy sentia-se mal por vê-lo daquela forma.

Tocou seu rosto mantendo o próximo ao dela.

– Philipe diga que você ficaria comigo. – Sentiu lágrimas se formarem em seus olhos. – E eu largo tudo isso por você. Eu não me importo com as consequências, eu não me importo com nada. Desde que você esteja comigo...

– Você sabe que sim. – respondeu sorrindo. – Eu te amo Samantha.

– Eu te amo Philipe. – Sammy sorriu.

#Flashback Off

– A primeira e última vez que eu disse aquelas palavras. – constatou.

Bebeu mais um gole diretamente da garrafa. Seu olhar vagava pelo céu estrelado sem realmente se apegar aos detalhes.

#Flashback On

Era tarde da noite quando Samantha chegou ao lugar combinado. Ela precisava fugir. Fugir com ele. Ela e Philipe em um lugar desconhecido para sempre.

Samantha esperou. Esperou por muito tempo. Philipe nunca chegou...

Talvez ele tivesse desistido dela. Esse pensamento era ruim. Ou talvez ele apenas não tivesse conseguido sair de casa. Esse pensamento doía menos.

Andou descida até a casa onde ele vivia. Empurrou a porta devagar, mas não havia nada. Nada. As coisas dele não estavam ali. Ele não estava ali.

Um soluço escapou de sua garganta ao tentar prender as lágrimas.

– O que você fez com ele? – perguntou entredentes virando-se para a parte mais escura daquele quarto.

Sylizia mantinha o semblante sério.

– O que você fez? – Samantha perguntou novamente, dessa vez mais alto.

– Eu não fiz nada com ele. Você fez. – Sylizia disse simplesmente.

– Do que você esta falando? – Sammy se aproximou dela.

–Você tem um destino que não pode ser mudado. Eu não deixarei que seja. – falou seriamente. – Fugir Samantha? Francamente. Não há lugar nesse mundo que você pudesse se esconder. – tocou levemente seu rosto. – Talvez você se escondesse de Niklaus, mas sabe o que outros como eu fariam, não sabe? E estamos em todos os lugares.

– E você simplesmente sumiu com ele? – Sammy afastou a mão dela.

– Não importa Samantha. – Sylizia tentou secar as lágrimas de Samantha que caiam cada vez com mais intensidade. - Eu disse a você que não poderia se envolver com ninguém.

– Tarde demais. – Samantha riu debochada, apesar da angústia. – Eu me envolvi. Entreguei-me de todas as forças possíveis a Philipe.

Sylizia atingiu seu rosto com um tapa.

– Não importa o que você faça! – Sammy gritou. – Não vai apagar o que aconteceu entre mim e ele. Eu o amo.

– Não. Você não ama. – disse no mesmo tom. – São essas emoções intensificadas. – Sylizia virou controlando a respiração. – Eu devia tê-la feito desliga-las antes. – pareceu falar para si mesma a última frase.

– Onde ele está? – Samantha perguntou mais uma vez em meio à dor de não tê-lo mais.

– Fora da sua vida! – respondeu ríspida. – Você vai superar isso da mesma forma que vem superando tudo. E no final de todo esse sofrimento vai perceber que é mais forte.

– Eu não quero ser forte. – Sammy caiu de joelhos no chão. – Eu não consigo mais. Eu não aguento mais isso! Eu preciso de Philipe comigo!

– Você pode mudar isso. – Sylizia ajoelhou-se a sua frente. – Desligue suas emoções.

Samantha balançou a cabeça negativamente.

– Desligue. – Sylizia insistiu. – Será a única forma de fazer parar de doer. – apontou para seu peito – mais precisamente – o coração.

– Eu não quero esquecer o que sinto por ele. – Sammy choramingou.

– Você não irá. – Sylizia garantiu. – Desligue as emoções da sua parte vampira. É ela que esta intensificando essas emoções. Desligue apenas elas por agora. Quando estiver preparada desligue as humanas também, não precisa ser agora.

Sammy pensou na dor que estava sentindo, algo que nunca pensou possível se não imposto por algo físico.

“Desculpe Philipe, mas eu não posso continuar assim.”

#Flashback Off

Samantha bebeu o resto do líquido jogando a garrafa longe ao constatar que não havia mais nada ali. Sua cabeça doía, assim como seus olhos e seu corpo. Tentou levantar, mas uma vertigem repentina a fez quase cair. Quase. Niklaus segurou-a antes que acontecesse.

– Você esta bêbada Samantha?! – não era de todo uma pergunta.

– Eu não quero mais lembrar. – disse chorosa tentando soltar-se dos braços dele. – Eu não posso.

#Flashback On

Um ano havia se passado desde o sumiço súbito de Philipe. Sylizia estava contente por Samantha ter desligado as emoções vampira. Seria péssimo ter a escolhida sofrendo por aí, quando Niklaus viesse procura-la.

Mas tinha que admitir que a nova Samantha era no mínimo ameaçadora em comparação a como era antes.

Corpos e mais corpos deixados espalhados pela cidade – fora da vila – mas preocupante de qualquer forma. Ela não falava com ninguém ali, suas atitudes eram impensadas. Sylizia sentia-a o Poder dela se alastrando de forma rápida.

Em meio a esses pensamentos voltou sua atenção para a panela no fogo. Assustou-se ao ver Samantha parada a alguns passos dela. Não ouvira – ou sentira-a – ali.

– Está assustada? – sorriu debochada como já era de costume.

– Só não te vi aí. – Sylizia respondeu séria.

– Não é legal? – Sammy sentou na pia encarando-a. – Eu pareço estar fora de radar ás vezes. Vem aumentando com frequência.

Sylizia olhou para ela com duvida. Samantha não contava nada do que acontecia com si mesma desde Philipe.

– Estou muito mais forte... – Sammy olhou para suas unhas. – Com a mente.

Sylizia assistiu a faca afiada subir alguns centímetros no ar e depois Sammy a pegou.

– Estou mais rápida também. – sorriu.

Sylizia não estava gostando daquela conversa, se afastou levando a panela para a mesa.

No segundo seguinte Sammy estava segurando seu pescoço com as mãos contra a parede.

– Apenas me diga o que você fez com Philipe. – disse em um sussurro.

– Ainda esse garoto! – Sylizia se irritou. – Não me obrigue a fazer o que eu não quero Sammy. Eu ainda tenho alguma consideração por você.

– Que pena. – Sammy apertou mais. – Porque eu não tenho nenhuma por você.

Sylizia tentou usar seu Poder, entrar na cabeça de Samantha, mas não funcionou.

– Deveria saber que eu sou imune a isso. – Samantha riu abertamente. – Mas eu aprendi esse pequeno truque.

Sylizia sentiu a cabeça girar e a dor inundar a mesma. Sammy a soltou.

– Essa dúvida vai te assombrar pelo resto da vida.

Sammy concordou com a cabeça dando de ombros. Depois abaixou até ficar na altura dela.

– Eu posso ter essa dúvida. – olhou em seus olhos. – Mas de uma coisa eu terei certeza.

– E qual seria? – Sylizia perguntou entredentes.

– A sua morte. – sussurrou.

Samantha agarrou lhe o coração puxando-o em seguida. Assistiu a bruxa cair sobre seus pés sem vida.

– Você pode ter ridicularizado com o meu coração uma vez. Mas agora eu tenho o seu.

#Flashback Off

Niklaus colocou Sammy embaixo da água gelada que saia do chuveiro. O choro de Samantha se intensificou conforme suas palavras sem sentido ecoavam pelo banheiro.

– Eu te deixei aqui para cuidar dela exatamente por esse tipo de coisa. – Niklaus falou furioso olhando para Rebekah que havia chegado à porta do banheiro.

– Eu há deixei sozinha por alguns minutos. – Rebekah bufou.

– E veja o que acontece em alguns minutos.

– Deixa comigo. – Rebekah segurou no braço de Sammy.

– Não, Philipe. – Sammy disse se agarrando a Niklaus. – Não me deixe de novo Philipe.

Rebekah arregalou os olhos.

O semblante de Niklaus ficou ainda mais sério. Ele sabia exatamente quem era Philipe. E Samantha estava naquele estado por lembrar–se dele? Soltou-se dela delicadamente, mas algo incomodava sua mente.

Ali estava a verdadeira face de Samantha Robertson; a eterna garota apaixonada.