–--------------------------------PRIMEIRA PESSOA, DRACO, PRESENTE.-----------------------------------

É obvio de que vou sofrer olhares raivosos sobre mim.
Mas quer saber? Dane-se. Isso mesmo, dane-se.
A partir de agora não vou perder outra chance de ficar com Hermione. Pois, pensando bem... Talvez eu não poderei passar mais tempo algum aqui, em Hogwarts.

Terei que me juntar a aquele povo nojento que leva a mesma marca no braço que eu levo.
Dirijo-me para a sala de poções, e espero poder fazer algo que me distraia, por mais que esteja exausto, com pesadas olheiras e com os olhos arregalados devido à pílula de energia.
Queria poder me juntar a Hermione em uma das mesas, mas logo lembrei que o tempo que passei com ela na aula passada só é possível de acontecer a cada milhão de ano, pelo visto.
E quando entro, ela já está posicionada entre Harry e Ronald, partindo a mesa com um Lufano qualquer.
Sento-me com Blásio e mais dois Sonserinos sonsos.
Realmente, Potter gosta de ser o todo humilde. Está usando um livro de segunda mão. Todo esfarrapado, a capa quase caindo. Até parece que ele não tem dinheiro para isso. O mais estranho é que o ruivo está até com um livro em boas condições, devem ter trocado.
Horácio acaba esbarrando em um frasco azul asqueroso, e solta gritinho, como se aquele liquido pudesse causar um estrago. E a cor voltou ao seu rosto quando o frasco parou de tremer e parou a sua posição normal.
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(3 pessoa, passado)
Draco fixou seus olhos num ponto distante, imaginando como seria sua vida ao lado se Hermione, filhos, uma casa simples.
Porém, sua concentração voltou ao escutar as palavras "Então, é o que lhes ofereço hoje. Ao aluno que conseguir, num tempo mais curto, preparar uma poção do morto-vivo aceitável. Um frasquinho de Sorte Líquida."
O coração bateu a mil. Seria esta a saída para os problemas? Alguns goles de Sorte Líquida na noite em que Draco trouxesse os Comensais para Hogwarts?
Piscou duas vezes. Tinha que conseguir isso. Era fazer ou morrer.
Pegou a apostila e se pôs a trabalhar.
Era uma coisa complicada, as letras eram miúdas para poderem caber em uma página, e os desenhos de exemplos eram confusos.
Porém, ele não conseguia tirar a seiva da bolinha preta, a qual não conseguia saber o nome, mas viu Hermione pegando uma igual.
A faca não cortava a pele da bolinha e a seiva não saia.
A poção de Draco começou a ficar mais espessa. A presença de Snape nunca lhe faltara tanto, ele sempre o ajudava.
Percebeu que não era o único em tal situação.
As colheres de Zabini estavam derretendo e seus longos e escuros dedos tentavam pega-lá sem se queimar.
Ronald estava com uma gosma verde em seu caldeirão e Hermione, tão inteligente, estava com os cabelos armados, e uma fumaça densa a envolvia.
Porém, o que mais o incomodava o loiro, era a afeição que a menina tinha de raiva e desdenho. O bom era que não estava sendo direcionada a ele, porém a Harry Potter.
Com um sorriso maroto no rosto, ele colocou exatamente a seiva de 13 vagens (ou seja lá o que seria aquilo), mais do que o indicado e Hermione soltou um pouco alto "As instruções mandam especificamente cortar" Expôs, com raiva "Ahh, não diga?!" Ironizou o amigo, que estava espremendo a bolinha para sair mais seiva.
Resolveu imita-lo, e obvio que o procedimento deu muito mais certo.
Porém, para o desespero de Draco, Slughorn se levantou e disse em alto e bom tom "Acabou o tempo!".
Passou pelo de Draco e deu um sorrisinho, e o loiro sorriu mais do que deveria.
Passou pelo de Hermione e levantou as sobrancelhas positivamente.
Passou pelo de Rony e fez uma leve careta.
Quando, de súbito, parou e olhou pasmo para o caldeirão de Harry.
"Pelas barbas de Merlin!" Riu "está perfeito" e Draco sentiu uma raiva subindo pela sua cabeça e uma dor forte em sua garganta "tão perfeito que uma gota mataria a todos nós!"
Ao observar melhor, Draco viu que não era o único com uma raiva enorme dele. Hermione estava olhando, desapontada, para Harry.
O coração dele bateu mais forte. É incrível a capacidade do Potter de ser perfeito em tudo.
Dizem que é o menino mais generoso e gentil de todo o mundo... Mas... E os outros? E as chances dos outros?

O pequeno grupinho se juntou em volta de Harry, e de longe, o loiro viu-o ser presenteado com um frasquinho dourado.

Slughorn fazer com que todos batessem palmas para o sorridente garoto Potter. Logo após, a sineta tocou e os alunos foram saindo, efusivamente, atrás de Harry, que mostrava, com orgulho, sua vitória.

Mais uma chance de escapar de seu destino horrível fora desperdiçada pelo Malfoy.
As pálpebras começaram a ficar mais e mais pesadas.
Draco foi se arrastando, olhando, quase como um morto-vivo, para o chão.
"Ai" escutou um gemido leve, e Draco quase morreu ao perceber que tinha topado em Hermione mais uma vez.
– Ah... Éh... Hmm... - Gaguejou, piscou e quase babou. Os cabelos estavam bagunçados e a sala estava quase vazia.
– Gosta de tropeçar em mim, não é? - Ela disse, olhando para o chão, e ele sem querer tocou-a na mão, fazendo com que ela recuasse, assustada.
– Me...Me Desculpa - Draco tentou se redimir. - É que... Eu... Eu não te vi.
– É... - Resmungou ela, pegando pesados livros, que quase caíram, se o loiro não tivesse sido ágil o suficiente para equilibrar todos eles, empilhados, de volta para seus braços. - Sou invisível para qualquer um. Entendo. Uma sangue ruim desprezível. Desculpa, já vou saindo do seu caminho. - Disse secamente. E Draco ficou extremamente confuso. Achou que depois da aula de DCAT ela tivesse "de bem" com ele.
– Não... Não... - Falou um pouco alto demais, ao vê-la se afastar lentamente a caminho da porta, e ela virou violentamente, fazendo o loiro vibrar com o cheiro de seu perfume. - Não foi isso que eu quis dizer, sério mesmo, eu só queria dizer que...
– Que não era seu objetivo. Entendi já. Tudo bem, todos fazem isso comigo, não me importo mais. - E virou novamente, tomando caminho.

(1 pessoa, Hermione.)
Eu não posso fazer amizade com o inimigo. Como acham que eu me sinto quando ele fala comigo, de um modo tão estranho, sendo que há poucos dias quase fez meu melhor amigo perder o ano?
O toque dele me da arrepios, o medo que sinto, a agonia que me lembra. A dor que me vem.
Todas as vezes que fui humilhada por ele, que ele me xingou, que me empurrou e me agrediu. Os olhos cinza dele me fazem sentir fria, leve.
Porém hoje a mão dele estava quente. E eu não senti tanto medo assim.
É uma mescla de sentimentos. Eu não o odeio, mas toda a vez que vejo seus olhos azuis me fitando, sinto um embrulho no estômago.
É confuso para mim. Não sei o que fazer! Draco é gentil comigo e brutal, chega a ser cruel com meus amigos.

(1 pessoa, Draco.)
É isso, nunca conseguirei entender a mente feminina.
Sendo sincero, eu tento. Eu realmente tento.
O que eu fiz de errado dessa vez?
Os corredores são frios e ao passar minhas mãos pelas paredes, consigo sentir a umidade das paredes escurecidas.
Chego à porta do meu salão comunal "Presa de prata" sussurro, e a porta de abre, soltando pó.
A maioria dos Sonserinos não passa, como a maioria pensa, as noites xingando nascido trouxas, planejando matar todos, fazendo feitiço das trevas... Eles são como qualquer outro adolescente, às vezes, pouco mais ambiciosos, maliciosos e inteligentes (sem querer puxar o saco da melhor casa).
O fogo alto reflete ao azulejo verde escuro e deixa a sala pouco mais iluminada. Os sofás escuros de couro estão preenchidos por grupinhos de alunos conversando e um ou outro fantasma anda por ai. Desço em direção ao quarto masculino. Mala ainda arrumada, cama intacta.