– Hermione! - Harry chamou-a.
Ela passou reto, segurando amontoados de livros sobre Poções, por Harry, Ron e Lilá.
– O que aconteceu?
Ela escutou a voz de Ron, quando os ignorou.
– Deve estar com problemas, coitada. Tão doentinha... - Escutou Lilá, falando com um tom de pena. - Vamos ajuda-la.
Já tinha se passado uma semana desde que Lilá a atacara.
Ela apenas se sentia mais feliz quando se encontrava com Draco, na Sala.
Harry percebeu a troca de olhares e o sorriso entre os dois, uma vez que se toparam num dos corredores, e eles não puderam deixar de corar violentamente.
– Que aconteceu agora? - Harry lhe perguntou, e Hermione sacudiu os ombros.
Estava abarrotado de lições. Draco estava ficando cada vez melhor. As olheiras diminuíram, ele ganhou peso, e o sorriso estava mais aparente em seu rosto.
Hermione ajudava Draco com poções, e ele a ajudava principalmente em Oclumência.
– Ei, Mione! - Rony a chamou, antes de ela entrar na sala de aula. Lilá não estava junto.
– Que foi? - Perguntou, olhando para o chão.
– Você esta bem? Lilá estava preocupada com você.
– Ah... - E Ron não pode deixar de sentir o desdenho em sua voz. - Eu estou bem, agora, se me da licença, eu preciso entrar na sala. - Entrecortou o ruivo que já ia abrir a boca, logo que viu uma pessoa de cachos loiros virar o corredor.
Não era Lilá, mas só de ver seus olhos congelantes, ou qualquer pessoa parecida, Hermione ficava até tonta. Seu cheiro adocicado doentio entupia suas narinas e fazia os olhos lagrimejarem.
O olhar abobado de Ron toda vez que a olhava era algo assustador, o que fazia atender que havia algo mais naquela relação. Não era normal.
Ela passou a aula sentada mais no fundo, perto de Draco.
Cada vez que ela levantava a mão para responder uma pergunta, olhava de esgueira para o loiro. Ele esboçava um rosto feliz, mesmo ao lado de Goyle.
"Você não acha que ela tá estranha?" Ron por vez, perguntou.
"Talvez sejam hormônios. Ou TMP, deixa ela" respondia Harry.
"Lil fala sobre ela estar se envolvendo com drogas ou bebidas... Reparou que ela anda desaparecendo a maioria das noites, e manhãs, e que quando está com a gente, fica seria?"
Harry olhou com desprezo para o amigo.
– Sério isso? Hermione? Nas drogas e álcool? A Lilá está mudando sua cabeça.
– Cala a boca! - Ele vociferou, mais agressivo, e o professor Flitwick olhou feio para eles. - Ela é perfeita.
A pupila dele dilatou, ele bufou e virou a cara para um Harry pasmo.
Enquanto isso, Hermione sorria discretamente ao receber um bilhete de Draco:
"Venha agasalhada hoje à noite. Não vamos ficar na Sala Precisa.
D.M"
Mas sua alegria durou pouco.

Naquele dia, logo depois da ultima aula, ela foi tomar um banho, foi relaxar para ficar bonita à meia noite, hora de se encontrar com Draco na Sala Precisa.
Retirou a roupa e entrou no banheiro, deixado que a água morna caísse sobre sua pele fina e branca, na qual resquícios de hematomas ainda prevaleciam.
– Olha, a vadia toma banho! - Escutou a voz estridente de Lilá.
Hermione ficou ofegante, a água pareceu ficar mais quente.
O vento gelado bateu em seu corpo quando Lilá abriu violentamente a cortina do box.
– Ah, mas temos que ser sinceras, não? - Olhou Mione de cima para baixo. - Não é tão péssimo assim.
Hermione não tinha nada com o que se cobrir. O banheiro estava vazio, e só ela e Lilá estavam lá.

– Mas ainda não entendo como alguém poderia querer alguém assim, com essa carinha de mula.
– Sai daqui! - Implorou Hermione. – Tínhamos um acordo, não? - Encostou-se à parede de azulejos gelados, para se afastar dela.
– Eu não faço acordos. - Ela lhe deu um tapa violento eu seu rosto, ardente.
– Eu fiz o que você pediu! - Gemeu Hermione - Eu deixei ele em paz... Por favor...- Ela chegou mais perto, desligou o chuveiro e sussurrou em seu ouvido- Você estava com ele hoje. Acha que eu não vi? - Rosnou. - Sobre o que vocês falaram?
– Não foi sobre nada, eu juro! - Ela choramingou, a loira puxou seu cabelo, e ela despencou no chão - Por favor... Ele é seu...
– Prove! - Ela disse mais alto.
– Eu... Eu estou saindo com outra pessoa... - Sussurrou.
– Quem?
– Eu não posso falar - falou com a voz interceptada.
– Então é mentira! - Puxou mais.
– Dr... - Ela chorava de dor, baixinho. - Dra...
– Fala logo!
– Draco... - Seu coro cabeludo já estava ficando dormente.
– Mentira. - Gritou.
– Eu, eu juro!
– Mentirosa! Como você pode mentir assim? Acha que eu não sei o tanto de coisas que rolou entre vocês? Ele não é burro o suficiente para enfrentar o mundo todo por você.
E largou-a no chão. Não antes de ligar a água do chuveiro, deixando quase fervente.
– Ah, eu menti sobre não fazer acordos. - Ela olhou maliciosa - Se você mexer com ele, vai acontecer disso para pior.
Hermione ficou ali, parada por um tempo, sentindo o corpo ficando submerso na água quente, parte dos cabelos flutuando sobre a água escaldante, a bochecha direta avermelhada, as lágrimas se misturando ao líquido que lhe rodeava.
Ouviu a voz de Gina, uns vinte minutos depois, cantarolando, e levantou, desligando o chuveiro, com o corpo dormente devido a temperatura da água.
– Oi, Gina. - Disse, olhando para o chão, fazendo parecer o mais bem possível.
– Oi, Mi - ela arregalou os olhos - O que é isso?
– Tentei jogar Quadribol! - Deu uma risada falsa. - Pelo visto não é meu forte, ha-ha-ha...
Gina riu também e Mione se dirigiu, pensativa, para a pia.
Enrolada numa toalha de algodão branca, ela colocou suas mãos debaixo da corrente fria que saída da torneira e, aos poucos, foi molhando seu rosto, aliviando a dor.
A dor já havia passado, e os pensamentos começaram a tomar conta de sua cabeça.
Achou e passou um creme que Fred e George tinham lhe dado no começo do ano logo depois que haviam deixado-a com um olho roxo devido à um brinquedo da loja, conseguindo ajudar os hematomas,fazendo os machucados quase curados e indolores.
Enquanto se sentava numa mesa, com mais duas meninas meigas, ela conseguiu encontrar a resposta: Só havia um jeito de Lilá saber o que Ron faz todos os momentos de sua vida. O COLAR.
"Essa menina é problemática!" Sussurrou para si mesma depois de terminar um resumo gigante sobre Aparatação.
Com certeza havia algum feitiço naquilo. Ela era louca, realmente louca! Desde que ela deu um colar para ele, ele não o tirou, e com certeza tinha algum feitiço nele. Algo. Ele estava totalmente diferente depois que começou a usa-lo. Depois teria que ver se estava certa. Iria investigar.
Fez mais alguns resumos, olhou para o teto, conversou alguns minutos com meninas da sala, como Parvati, Gina.

Cansou-se. Ainda tinha algum tempo antes de se encontrar com Draco.
Caminhou lentamente de braços cruzados até a Sala Precisa. Ela precisava descansar longe de olhares.
Sentou-se no sofá onde ficou com Draco das últimas vezes. O cheiro dele ficara impregnado no lado direito do sofá, onde ela apoiou a cabeça de leve.
Ela já dormira lá três vezes, enrolada em seus braços, com carinho em sua nuca, com seu cheiro natural acolhendo-a.
Estava sentindo sua falta.
Algo pouco longe de ali quebrou, e ela escutou um "Droga".
– Reparo - uma voz ecoou.
– Draco? - Ela chamou, tímida, a voz era parecida.
– Não, Harry. - Outra voz respondeu, e, de trás de uma pilha de cadeiras, o da cicatriz apareceu, para sua decepção.
– O que você tem com o Malfoy? - Harry questionou, chegado perto dela, sério. - Fique longe dele, Hermione. Ele é um monstro, um Comensal.
– O que você estava fazendo lá? – Perguntou.

– Não é de necessário conhecimento. – Retrucou – Ouviu o que eu disse?

– Eu sei. É que eu achei que vi um cabelo loiro. Se ele confirmasse, eu ia sair correndo. - Mentiu descaradamente.
– Ah, ta. - Respondeu, sentando-se ao seu lado.
– Ah, Harry... - Ela falou, amigavelmente - Eu estou super chata esses dias, sabe? - E Harry concordou com a cabeça, confirmando para si mesmo suas teorias sobre seu mal humor. - Eu gostaria de ficar um pouco sozinha... - E sorriu.
– Tudo bem. - Levantou-se rápido. - A gente se vê mais tarde, então? - Perguntou.
– A gente se vê mais tarde, então – Ela confirmou, sorridente.
Ela se encolheu no sofá, e colocou um casaco grosso que tinha trazido, adormeceu.
– Ei, ei. - Sentiu um carinho. - Está cansada? Quer deixar para todo dia? - Escutou a voz dócil de Draco, a única que gostaria de ouvir. E abriu os olhos. Uma hora tinha se passado.
– Nem pensar!
Sorrindo, ela o puxou pelo cachecol que usava. Ele caiu em cima dela com jeito, e os dois deram gargalhadas.
Eles ficaram se olhando, sentindo a respiração um do outro, testa com testa, nariz com nariz, os braços entrelaçados, e as chamas das velas dos lampiões baixas.
Hesitaram por um momento, e então, se beijaram deliciosamente, enrolados no sofá, acolhidos pelo calor.
– Tá com fome, né? - Ele sorriu, levantando-se. - Vamos, temos um piquenique para fazer.
– Serio? - Ela sorriu, feliz.
– Serio. Vamos?
– Você é inimaginável, Malfoy...