Secret escrita por Rocker


Capítulo 3
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

Olá lindinhas!!

Mais um cap pra vcs!!



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Capítulo 3

Aeronaves alemãs continuam com inúmeros ataques à Grã-Bretanha ontem à noite. Os ataques, que duraram várias horas...

Susana apressou-se a desligar o rádio. Pedro olhou-a intrigado, mas ela apenas inclinou a cabeça em direção onde Lúcia estava deitada, parcialmente concentrada na conversa que tinha com Lena.

Quando ouviu o silêncio da falta do noticiário, a mais nova virou-se para os irmãos, que se aproximaram mais dela. Lena preferiu voltar para o lado de Emma e Hailee, do outro lado do quarto, para deixá-los ter uma conversa de irmãos. Mas pode ouvir o que falavam.

Ela sentou-se em uma poltrona e apoiou os cotovelos nos joelhos, com o queixo entre as mãos.

– Os lençóis pinicam. – reclamou Lúcia, olhando melancolicamente para eles.

– Guerras não duram para sempre, Lúcia. – disse Susana. – Voltaremos logo.

– É... Se a casa estiver lá. – disse Edmundo, aproximando-se dos irmãos. Lena apenas observava-os, enquanto suas irmãs cochichavam ao seu lado.

– Edmundo, não tá na hora de ir para a cama? – perguntou Susana ironicamente.

– Sim, mamãe. – respondeu sarcasticamente.

– Ed! – Pedro chamou-lhe a atenção.

Edmundo suspirou tristemente e Lena sentiu uma vontade de correr até ele e abraçá-lo. Mas ao invés disso, foi até o lado de Pedro e sussurrou-lhe um “diga sobre brincadeiras”. Ele pareceu entender o recado, pois assentiu e voltou-se para Lúcia.

– Você viu lá fora. – disse Pedro, voltando ao tom mais calmo. – Este lugar é enorme. Podemos fazer tudo aqui. – ele olhou para Lena, pensando se realmente poderiam ou não, mas ela sorriu para Lúcia e assentiu. – Amanhã vai ser ótimo. Verdade...

Lúcia deu um meio sorriso, mas logo foi apagado pela tristeza de estar longe de casa.

– Vamos, gente, precisamos nos animar um pouco! – disse Hailee, se aproximando juntamente com Emma.

– Como? – perguntou Susana.

– Ok, eu não sei! – admitiu Hailee, sentando em uma cadeira, mas esta logo bambeou, quase a derrubando no chão. Mas Pedro logo a pegou pela mão, impedindo que isso acontecesse.

Pedro abaixou-se e conferiu toda a cadeira.

– Parafuso solto. – concluiu.

– Está tão gorda assim, Hailee?! – disse Lena.

– Engraçadinha! – disse Hailee ironicamente, cruzando os braços.

– Como consertar? Gosto dessa cadeira. – disse Emma.

Todos olharam para ela pensando fala serio!.

– O que?! – perguntou ela, arqueando uma sobrancelha. – Gosto mesmo!

– Emma, querida... – disse Lena, forçando uma voz doce. – Você tem problemas. – concluiu, dizendo isso naturalmente e causando uma risada geral.

– Não importa! – disse Emma. – Como consertar?

– Um dos cavalheiros aqui terá de pegar a caixa de ferramentas. – disse Susana, olhando sugestivamente para Edmundo e Pedro.

– Não sei mexer com isso! – disse Pedro rapidamente, levantando as mãos num gesto de “não olhe para mim”.

– Edmundo... – disse Lúcia. – Sobrou pra você.

– Como sempre, não é?! – ele resmungou e cruzou os braços, mal-humorado.

– Ah, vai Edmundo... – pediu Lena. – Não quero ficar ouvindo Emma reclamando na minha cabeça.

Edmundo suspirou e descruzou os braços.

– Tudo bem. Mas uma de vocês – apontou para Lena, Emma e Hailee – tem que vir comigo, porque não sei onde fica.

– Onde fica o que? – perguntou Hailee. Ela não estava prestando muita atenção na conversa. Estava mais preocupada em conversar com Pedro separadamente.

Lena revirou os olhos e se virou para Edmundo.

– Tenho certeza que eu serei a única competente para o trabalho de achar a caixa de ferramentas. – Lena disse, dando ênfase ao fim da frase.

– Vamos lá então... – disse Edmundo, indo em direção à porta e sendo seguido por Lena.

Eles andaram silenciosamente por uns cinco minutos, rodeando toda a casa. Lena sentia-se tensa por ser ela a ir com ele, mas a menina sabia que as irmãs jamais iriam saber onde se encontrava a caixa de ferramentas. Elas eram mais do tipo conversa, compras e moda.

Lena não era assim. Ela era mais esportiva e não gostava de nada comum. Sua roupa era um exemplo. Ninguém usaria algo assim e é por isso que ela gosta tanto. Mas diferentemente das irmãs, ela era muito tímida. Não dissera uma única palavra desde que saíram daquele quarto. Emma e Hailee, a essa altura, já teria descoberto tudo sobre o menino.

– Eu acho melhor você ir na frente... – Lena ouviu Edmundo falar.

Balançou a cabeça e passou por Edmundo, indo em direção às escadas. Mas acabou escorregando no chão de madeira e se não fosse por Edmundo que a segurara pela cintura, a menina teria caído da escada. Seu coração batia acelerado, as bochechas queimando de rubor. Virou-se lentamente para Edmundo, que ainda a segurava pela cintura para que evitasse escorregar novamente.

– Você está bem? – perguntou Edmundo, preocupado.

– É... Eu acho que sim...

– Tem certeza? – Lena viu um olhar assustado e preocupado nele.

– Sim... Só preciso tomar mais cuidado. – ela disse, colocando a mão no corrimão.

Edmundo assentiu e retirou o braço da cintura dela relutantemente. Eles continuaram até a parte separada da casa onde havia os entulhos que D. Marta odiava e onde, consequentemente, estaria as caixas de ferramentas.

~*~

– Gastrovascular. – recitou Susana.

Ela estava sentada em um sofá na sala para estudos, de frente para Pedro e Hailee. Emma estava ao lado de Susana, mas não prestava atenção – batucava os dedos na coxa, alheia a qualquer coisa.

Lúcia olhava a chuva forte batendo nas janelas enquanto Edmundo estava enfiado embaixo da cadeira, tentando consertá-la. Lena estava ao lado, entregando-lhe ferramentas e ajudando no que fosse possível.

– Anda logo, Pedro. Gastrovascular. – insistiu Susana.

– Isso é latim? – perguntou Pedro.

– É. – concordou Susana.

Emma suspirou, entediada.

– É latim? – perguntou Edmundo ironicamente, saindo de debaixo da cadeira e sentando-se. – “Pro pior jogo já inventado”.

Pedro soltou uma risadinha nasalada. Susana, irritada, fechou fortemente o grande livro enquanto Lúcia saía de sua posição em frente à janela e se aproximava de todos.

– Aqui tem muito espaço para ficar só estudando! – reclamou Lena.

– Podemos brincar de pique esconde? – perguntou Lúcia, apoiando os bracinhos na poltrona de Pedro.

– Mas já estamos nos divertindo a beça aqui. – disse Pedro, olhando sugestivamente para Susana.

Lena e Hailee riram baixinho. Susana bufou.

– Vamos brincar! – insistiu Lúcia, balançando o braço de Pedro. – Por favorzinho.

Edmundo apoiou a cabeça no assento da cadeira que consertava, próximo a Lena, apenas esperando pela resposta de Pedro.

– Ah, vai Pedro! – disse Lena, para a surpresa de Edmundo. – Faça uma irmãzinha feliz.

Ela disse e Lúcia riu, agradecida.

– 1, 2, 3, 4... – Pedro começou a contar.

– O quê?! – perguntou Edmundo, enquanto Lúcia saia correndo e Susana e Emma já se levantavam.

– 5, 6, 7, 8...

– Espera, nós também? – perguntou Lena.

– Mas é claro! – disse Edmundo se levantando e oferecendo a mão para ajudá-la.

Edmundo a levantou, mas antes que ela dissesse alguma coisa, já saía correndo. Ela foi atrás, mas quando chegou ao corredor, foi na direção oposta. Ela conhecia um lugar perfeito para se esconder. Ela simplesmente esperava a oportunidade perfeita para ganhar num jogo de pique esconde. Era um guarda-roupa velho ali mesmo naquele andar. Grande e feito de uma madeira muito antiga, o velho guarda-roupa se encontrava em uma sala vazia, coberto por um pano branco.

Como ela sabia?

Ela adorava explorar e, há uns dois anos atrás, quando estava prestes a retirar o pano, seu tio aparecera e lhe dissera que ela estava destinada a algo importante que tinha a ver com aquele guarda-roupa. Mas que não havia chegado a hora ainda. Teria que esperar por um jogo de pique esconde. Ela nunca entendera muito bem aquilo, mas sabia que o tio jamais errava. Bom, talvez algumas vezes, porque ele era humano e humanos erram. Mas Lena sempre admirava quando alguém errava e aprendia com os erros.

Ela correu até a sala e viu que o pano já estava caído no chão. Ela franziu o cenho, estranhando. Ninguém nunca entrava ali naquela sala. D. Marta as proibia e o professor Kirke dizia que Lena devia esperar pela oportunidade. Ela avançou cautelosamente e abriu a porta do guarda-roupa. sentiu uma brisa fria vinda de dentro dali e estranhou esse fato ainda mais.

– 55, 56, 57, 58... – ela ouviu Pedro contando e se apressou para dentro.

Foi andando o máximo que conseguia, tentando sentir a madeira de fundo, mas apenas sentiu algo pontudo espetando a palma de sua mão. Apressou mais o passo e de repente se viu em uma grade floresta nevada. Árvores grandes e de todos os tipos, mas de certo modo parecia-lhe uma floresta morta. Não parecia ter vida, apenas um pedaço de casca, com folhas saindo. Sentiu-se triste de repente. Virou-se para trás e viu os casacos do guarda-roupa ainda ali.

Sorriu.

Poderia dar uma olhada no lugar sem medo de se perder. Seria apenas procurar por agasalhos entre duas árvores que saberia como voltar.

Andou um pouco e ouviu vozes.

– Pode achar seu caminho de volta?­ – ouviu uma voz masculina dizendo.

Depois ouviu uma voz particularmente conhecida.

– Acho que sim.

Era Lúcia.

Lena rapidamente se escondeu atrás de uma árvore, apenas ouvindo.

– Ótimo. – disse o homem.

– Você vai ficar bem?

Lena ouviu o homem soltou uma risadinha nervosa e logo depois fungar.

Ei, ei. – ouviu Lúcia tentar consolá-lo.

Me perdoe. – pediu o homem. – Eu peço perdão. Leve.

– É seu. Precisa mais do que eu.

– Não importa o que aconteça, Lúcia Pevensie, foi um prazer conhecer você. Me fez mais feliz do que eu tenha sido em cem anos.

Cem anos?!, perguntou-se Lena.

– Agora vá. – disse o homem. – Vá logo.

E então Lena ouviu passos sobre a neve e viu Lúcia passar correndo em direção aos casacos. Lena ouviu a porta do guarda-roupa sendo aberta e esperou três segundos antes de segui-la.


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Notas finais do capítulo

Não esqueçam de deixar reviews!! Isso faz uma autora mto feliz sabiam?! >.