Percy's POV

Eu estava nervoso. Não queria ir ao Olimpo, era cedo demais, Alex era muito nova para ser introduzida a esse mundo de deuses e monstros. Alguns Olimpianos podiam ser bons e divertidos às vezes, mas todos eles sabiam como ser cruéis. Tinha medo de que Hera, Ares, ou qualquer outro usasse minha filha para atingir a mim ou a minha esposa, e não suportaria se isso acontecesse.

E havia Atena... Eu sabia que Annabeth estava magoada pelo silêncio de sua mãe, mas minha preocupação era outra. O que a deusa da sabedoria faria quando visse a neta? Ela a aceitaria? Atena tinha finalmente aprovado meu casamento com Annabeth, mas, depois, desaparecera. Eu queria saber o significado disso...

Argos levou-nos ao Empire State com a van do Acampamento, Rachel estava sentada ao meu lado. O Oráculo ia conosco a todos os lugares agora, sempre perto de Alex, a quem chamava de "minha afilhadinha". Eu e Annabeth tentamos convencê-la a não vir ao Olimpo, afinal, mesmo ela sendo o "Portal de Delfos", ainda era mortal, e o lar dos deuses não era um lugar para seres-humanos. No entanto, a ruiva insistira.

O porteiro nos aguardava, franziu as sobrancelhas quando viu Rachel, mas nada disse. No elevador, tocava "Circle of Life", do Elton John. Alex ficou quietinha enquanto subíamos, agarrada aos cabelos da mãe, ela tinha essa mania.

Quando as portas se abriram, uma deusa esperava dando pulinhos. Os olhos, ora castanhos, ora azuis, brilhavam de excitação e, quando viu a pequena Alexandra, abriu um sorriso resplandecente.
- Que amor! Percy, ela tem os seus olhos! - Afrodite estava linda como sempre (que Annie não me ouça), ela veio andando em nossa direção tão graciosamente que parecia flutuar. - E terá os cabelos de Annabeth...

A deusa tocou os cabelinhos de Alex e apertou sua bochecha.

- Ela vai ser minha nova protegida! Agora vamos, queridos, os outros estão ansiosos para conhecê-la!
Meu coração ficou apertado, Alex era tão novinha... Seria isso superproteção? Eu só queria que minha filha estivesse em segurança. E não sabia se ser protegida de Afrodite era algo bom.

Não importa quantas vezes você visite a sala dos tronos, sempre ficará impressionado.
Quase todas as cadeiras gigantes estavam ocupadas por seus donos que, como sempre, discutiam acaloradamente. Percebi que o lugar da deusa da sabedoria estava desocupado, senti alívio, mas, ao mesmo tempo, tristeza. Meu pai também estava ausente, o que era compreensível, já que conhecera Alexandra antes de todos. Annabeth olhava para o trono da mãe com o cenho franzido.
- Ela não está aqui... - Sussurrou.
Nesse instante, os deuses perceberam nossa chegada. Zeus revirou seus gigantes olhos.
- Mais uma vez, Perseu Jackson? Eu nunca vou conseguir me livrar de você? - Perguntou com a voz cansada.
Senti uma onda de ira me atingir, mas não podia irritar Zeus, Alex estava ali. Para me controlar, comecei a contar: 100, 99, 98... Mas acabei me confundindo e ficando mais zangado ainda...
- Nós fomos convidados, ou melhor, intimados a vir. - Respondi secamente.
- Ah, sim... - o deus suspirou. - Agora estou me lembrando...
Os deuses levantaram-se de seus tronos e voltaram ao tamanho "humano". O primeiro a nos cumprimentar foi Hermes.
- Que linda criança... - Ele sorriu.
" Olhe Marta, uma Cabecinha de Alga!"
Eu reconheceria aquela voz ofídica em qualquer lugar.
- Olá, George. - Falei. - Marta...
"George, não seja mal-educado. E creio que essa criança terá a inteligência da mãe"

"Ah, tanto faz. Tem algum rato para mim, garoto?"

"Não, George, o garoto tem coisas mais importantes para fazer."

" O poderia ser mais importante que ratos?"

- Calados, vocês dois. - Hermes fechou os olhos. - Desculpe por isso, Percy.

- Tudo bem. - Respondi. Eu gostava das cobras.

Em um segundo, ficamos cercados pelos deuses. Toda vez que eles encostavam em Alex eu sentia o ímpeto de destampar Contracorrente e atacar, mas consegui controlá-lo. "Eles não a estão machucando, só querem conhecê-la" repetia essas palavras em minha mente, uma oração para tentar me acalmar. Tenho de admitir que todos foram agradáveis com minha filha, até Ares (eu sei, que milagre foi esse?), mas mesmo assim, só me senti tranquilo quando caminhávamos de volta ao elevador.

Tudo desmoronou quando vi Atena em nosso caminho. Annabeth soltou uma exclamação e eu congelei no lugar.

- Annabeth... - Chamou a deusa. - Podemos conversar?

Minha esposa demorou um tempo para responder, mas, por fim, encontrou a voz.

- Sim... Claro.

- Ótimo. Agora, filho de Poseidon, deixe-nos sozinhas. - Atena olhou-me com seus olhos cinzas, sérios, mas deixando transparecer um sentimento de vergonha. O que aquilo significava?

- Não sei se é uma boa ideia... - Respondi impetuosa e estupidamente.

- Percy, está tudo bem. Minha mãe jamais nos faria mal. - Annabeth parecia certa do que dizia, mas eu não tinha tanta certeza, não queria deixar minha pequena Alex ali. Deixei-me ficar por algum tempo, mas Rachel, que estivera conversando animadamente com Apolo sobre profecias, percebeu o que estava acontecendo e disse:

- Ande, Percy, quero que me apresente a alguém...

O oráculo me arrastou para longe de minha família, um nó se formou em minha garganta.