15 Contos Sobre Percabeth escrita por AnnaSun


Capítulo 3
Seu mais amável ciúme


Notas iniciais do capítulo

Para meu melhor amigo eterno Lucas Fortes. Quero que saiba que não importa o que aconteça e que não importa para qual escola você vá, estará sempre comigo, meu melhor amigo. Meu "cuscuz".



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Percy saiu de seu chalé a fim de dar uma volta, naquela manhã. Ele desejava ficar um pouco sozinho e pôr seus pensamentos em ordem depois do sonho maluco que tivera ontem. Despertado mas ainda um pouco sonolento, o semideus saiu para baixo do sol escaldante daquele dia e começou a caminhar até os estábulos, onde seu velho amigo Blackjack estaria.

Quando lá chegou, o seu pégaso estava devorando uma pilha de pequenos torrões de açúcar, algo que Blackjack tinha prazer em fazer. Quando Percy Jackson se aproximou, o pégaso levantou a cabeça.

Hey, chefe! O que faz aqui?

Disse a criatura na cabeça do meio-sangue. Como filho de Poseidon, Percy podia-se dizer com muitos privilégios, entre eles, entender a linguagem de animais como Blackjack, que eram criaturas de Poseidon.

– Apenas... passando o tempo. - respondeu.

Que bom! Quer um torrão de açúcar?

Não, obrigado. São seus.

Tudo bem!

O pégaso abaixou a cabeça e voltou a comer seus torrões doces, contente. Percy fez uma carícia em sua crina negra e em seguida voltou a andar pelo acampamento. Ele já estava entrando ao campo dos chalés quando ouviu um grito estabanado e feminino que ele conhecia muito bem.

Annabeth.

Percy correu a toda sua velocidade para a direção ao som do grito da sua namorada, mas quando chegou lá, não se agradou nem um pouco que via. Um garoto alto, bronzeado e loiro segurava Annabeth delicadamente pelos seus braços, centímetros antes de ela tocar o chão como se estivesse evitando que ela fizesse algo. Caísse, deduziu Percy. Ela estava com uma expressão de surpresa e o garoto quase sorria. Um grupo de campistas apareceu bem na mesma hora que Percy. Ela ainda não tinha o visto.

Lentamente ela se recompôs e limpou o pó de cima dos ombros da camiseta laranja do acampamento que vestia. Percy resolveu se dar por presente.

– Annabeth! - chamou, andando alguns passos até ficar frente a frente com sua sabidinha. Ele a analisou para ver se estava bem. E sim, ela estava. Pelo menos fisicamente. - O que aconteceu?

– Hã... nada demais. É que aquilo acertou meus pés e eu tropecei - ela apontou para uma bola de basquete rolando para longe - mas ele ... hã... me segurou. - Ela indicou o garoto bronzeado com a cabeça. - E, bem, obrigada.

O garoto abriu um sorriso suave para o casal e em seguida estendeu uma mão forte e bronzeada para que Percy apertasse.

– Alex Tridesurf. Filho de Apolo. Sou novo por aqui, cheguei a uns poucos dias, mas posso dizer que consigo me enturmar fácil. Me desculpe pela sua amiga, eu...

– Namorada. - Percy o corrigiu e o garoto quase pareceu surpreso. Annabeth corou.

– Hã... namorada. Me desculpa, cara. Aliás, qual o seu nome?

– Percy.

– Ah. Prazer, Percy. - Ele sorriu e virou-se para Annnabeth - E a senhorita? Como se chama?

– Annabeth Chase, filha de Atena.

– Ah. Certo. Annabeth. Nome legal o seu.

Ele encarou Annabeth e depois Percy, mas nenhum dos dois queria ou sequer tinha algo para falar. Annabeth sentia-se envergonhada por precisar ser "salva" por alguém que nem conhecia e Percy apenas não queria prolongar o assunto. Quando o terceiro semideus percebeu a tensão estabelecida, ele deu um passo para trás.

– Ah, então... vou indo, Percy e Annabeth. - ele apontou para o casal com uma piscadela como um malandro de filme de Hollywood. Percy definitivamente não gostava daquele cara. - Vejo vocês mais tarde. Au revoir!

Alex se afastou como se estivesse dançando até desaparecer pelos arredores do anfiteatro. Annabeth olhou para Percy com um sobrancelha erguida.

– Que foi, cabeça de algas? Está tenso.

Percy balançou a cabeça tentando livrar o pensamento de Alex.

– Não, nada. Estou bem. Só não vou com a cara desse cara.

Annabeth deu uma gargalhada alta quebrando todo o clima tenso que antes predominava. Percy a olhou, curioso.

– Que foi?

– Você está com ciúmes de mim, cabeça de algas!

– O que?! Claro que...

– Não adianta fingir! Alguém já te disse que você é um péssimo ator?

Annabeth não parava de rir e Percy ficava cada vez mais envergonhado e corado. Não sabia o que dizer. Por fim ele apenas pegou sua mão e a levou até seu chalé sem que ninguém os visse, onde teriam um pouco de privacidade.

Tyson não estava no acampamento aqueles dias, então eles teriam o chalé apenas para os dois, se quisessem. Annabeth tinha visitado poucas vezes o chalé em que o namorado morava, pois era contra as regras que um garoto e uma garota ficassem sozinhos em um chalé, mas ainda assim, algumas vezes eles tinham a ousadia de quebrar essas regras. E ninguém nunca percebia.

– Qual é, Percy, você está com ciúmes de mim, confesse.

– Eu não... Ah Annabeth, tudo bem. A verdade é que eu não gosto de te ver com outros caras.

Annabeth o olhou sorrindo por alguns segundos, depois foi até ele, entrelaçou as mãos em seu pescoço e lhe deu um beijo longo doce. Ele a fazia feliz, até mesmo com seus ciúmes bobos.

– O que acha de ir comigo até a praia? Agora? - perguntou Annabeth

Percy esboçou um sorriso e a beijou novamente, como um selinho. Aquilo era um sim para a pergunta.


Eles seguiram juntos até a praia. O aroma de areia molhada e água salgada que Percy tanto gostava invadiu o seu nariz, e instantaneamente ele se sentiu em casa. Porém ainda assim o garoto bronzeado que estava com  com Annabeth antes dele chegar não saía de sua cabeça.

Quem devia tê-la segurado era ele! Seu namorado, não um desconhecido. Um filho de Apolo ainda por cima. O cara era bonito, boa-pinta, e filho de Apolo. Pelo que Percy sabia pelas semideusas do acampamento, os filhos de Apolo eram os favoritos. Ele se lembrara do depoimento de uma filha de Afrodite sobre um filho de Apolo. Ela aconselhava uma garota de Deméter que estava, segundo ela "perdidamente apaixonada" por um dos meninos do chalé 7. Percy tentou lembrar das palavras.

"Os filhos de Apolo são os mais queridos pelas garotas. São sempre os mais românticos, cantam bem, são incrivelmente lindos e esportivos. Eles tem um charme natural."

Fora isso que Gwendolyn Givens dissera para uma outra menina sobre os filhos de Apolo. Agora Percy se sentia quase perdido.

Eles seguiram até a praia, onde pretendiam ficar sozinhos, mas já havia alguém lá. Na verdade, alguém não era o termo certo. A não ser que pudesse ser usado como "muitos alguéns". A praia estava repleta de semideuses em um grupo. Especificadamente em torno de duas garotas do chalé de Dioniso.

– O que é aquilo? - Annabeth perguntou.

Foi então que Percy percebeu que todos que iam embora saiam com pedaços de papéis amarelos nas mãos. Panfletos. Percy e Annabeth se aproximaram para ver melhor, mas então uma voz os parou de súbito.

– Minha peça, casal.

Percy se virou e deu de cara com alguém que não queria: Alex Highsurf. O garoto estava um tanto inclinado sobre os dois, e Percy deu um paço para trás, desconfortável.

– Sua peça? - perguntou Annabeth.

– São panfletos da minha peça. Organizei com alguns dos meus irmãos e com algumas filhas de Dioniso uma peça de teatro. Vai ser daqui a aproximadamente... - o menino olhou para cima, tentando lembrar algo - três horas. No anfiteatro. Serei Apolo.

Ele olhou de relance para Annabeth, e por alguns segundos, Percy se enfureceu.

– Nós não vamos, sinto muito.

– Percy!

– Percy... - Alex começou, sarcástico. - não seja idiota. Será bom, cara.

– Nós iremos. - Annabeth retrucou e Percy a olhou incrédula.

– Annabeth!

Mas ela não disse nada, apenas abriu um sorriso e fingiu não ter ouvido. Indignado com a situação, Percy saiu caminhando pesadamente de volta para seu chalé, sem saber que atrás de si, havia uma garota relutante ao não tê-lo aquele momento.


Algumas horas depois, a porta do chalé de Poseidon foi batida por alguém do lado de fora. Percy estava deitado em sua beliche com os braços sob a cabeça, com raiva de tudo. De Alex, dos filhos de Apolo, da maldita peça e acima de tudo de si mesmo, pois ele sabia que estava sendo idiota, mas tinha medo. Confiava muito em Annabeth, mas não tanto em si mesmo.

A porta bateu mais uma vez, e quando ele a abriu, viu uma linda e loira filha de Atena por quem ele era apaixonado. Annabeth tinha um rabo de cavalo bem arrumado preso na lateral da cabeça, deixando os longos cabelos caírem sobre o ombro, usava a típica camiseta laranja e um jeans bonito. Ela estava bonita, embora parecesse triste.

– E aí, cabeça de algas. - Sua voz era triste e quieta.

– Oi.

– Eu quero que vá comigo. Sabe... a peça.

Percy revirou os olhos, confuso.

– Olha Annie, eu não que...

Mas Annabeth o interrompeu, pondo o seu dedo indicador nos lábios dele.

– Quieto, cabeça de algas. Não precisa dizer nada. Mas eu quero sua companhia. Não creio que queira me deixar ir ver a peça sozinha, quer?

Percy a encarou e ela soltou um risinho, acompanhado por uma cotovelada fraca na barriga dele. Ele não conseguiu segurar e deixou escapar um risinho também. Ele enrolou o braço sobre os ombros de Annabeth e saíram da porta do chalé.

Claro que não deixaria sua garota sozinha no meio de tantos garotos.


O anfiteatro estava cheio: semideuses estava por toda parte, o próprio Quíron se posicionava na frente do palco, ninfas flutuavam por toda parte... O evento parecia ser realmente algo sério, não apenas um passa-tempo entre semideuses. Um pouco além, Percy viu Alex Highsurf dando uma última visão numa saia ao estilo grego antigo feita com o que parecia ser metal.

Os semideuses sentaram-se na arquibancada quando uma música começou a tocar. Percy distinguiu Will Solace e mais uns três filhos de Apolo nos instrumentos. Em poucos minutos, Alex Highsurf subiu ao palco com mais alguns semideuses e semideusas. Ele estava mais reluzente e brilhante que tudo que havia no campo de visão de Percy.

Não tinha como não fazer o papel do deus do Sol.

Com o passar do tempo, a peça foi se desenvolvendo e Percy percebeu que o tal do Alex realmente atuava bem e a cada palavra que dizia, arrancava suspiros de uma dúzia de meninas. Mas não de Annabeth. Com pouco tempo, Percy conseguiu ficar um pouco mais confortável.

Algum tempo depois, a peça chegou ao final. Todos os semideuses comentavam os principais assuntos: Alex Highsurf, o talento incrível de Alex Highsurf e o corpo sexy de Alex Highsurf.

Percy achava aquilo ridículo mas Annabeth apenas ria.

A platéia já ia dissipando-se quando Annabeth lhe fez uma pergunta.

– E aí, cabeça de algas, o que achou?

– Decente. - Percy começou. - É. Decente.

Annabeth riu.

– Deixa de ser tão duro, cabeça de algas! Foi legal.

– É. Talvez.

Ele lhe deu um beijo na ponta do nariz e começou a andar com a namorada linda pelo acampamento, embora ainda não se sentisse 100% seguro e feliz.

A noite ficava cada vez mais escura enquanto o casal vagava abraçado pelo acampamento. Era um daqueles dias saudáveis que Percabeth tinha para relaxar. dias assim eram sempre bem vindos. Eles passaram pelo lago de canoagem, pelos chalés e estavam quase atravessando a frente do refeitório.

Então Percy ouviu uma voz conhecida. Ele olhou para Annabeth que parecia ouvir também. Dobraram o pavilhão do refeitório, curiosos,  e viram ele, Alex Highsurf ainda com a fantasia. Mas ele não estava andando sozinho.

Ele estava de mãos dadas com uma garota. Não, não era uma garota. Era uma...

Ninfa.

Eles trocavam olhares apaixonados enquanto caminhavam (e flutuavam) atrás do refeitório. Ela era tão bela quanto todas as outras ninfas. Tinha cabelos castanhos da cor de carvalho e olhos claros.

– Eu gostaria de ficar com você o tempo todo. Apresentá-la para todos como minha... - Alex Highsurf abaixou o olhar, triste - namorada.

Pela primeira vez, Percy conseguiu sentir um segundo sentimento senão raiva de Alex: dó. O cara parecia realmente triste. A ninfa levantou a cabeça do semideus com o dedo mínimo, para que olhasse em seus olhos.

– Oh, Alex. Eu também sinto muito, meu querido. Mas infelizmente fomos condenados a viver um romance difícil.

Ele soluçou. E ela o abraçou. Sua mãos pequenas e delicadas quase desapareciam em meio aos músculos do semideus.

– Prometo que ficará tudo bem quando sairmos daqui. Você sabe. Só está aqui por pouco tempo, enquanto a situação se estabiliza com a sua família humana. Depois disso voltaremos ao mundo mortal e ficaremos juntos. Confia em mim?

Ele a olhou. Seus olhos tinham um tom diferente de tristeza agora, quase como se ela desaparecesse. Ele pôs suas mãos fortes em torno da cintura da ninfa e a beijou com paixão.

– Confio.

Alguns segundos depois continuaram a caminhada para além do refeitório, até desaparecerem do campo de visão de Percy e de Annabeth.

Então era isso. Alex Highsurf namorava uma... ninfa. E pareciam tão apaixonados, tão românticos, mas com uma dor em seus corações. Ele tentou imaginar como seria sua vida se Annabeth fosse uma ninfa. Seria complicado para os dois. Tão diferentes... Percy quase quis correr até os dois para oferecer sua ajuda, mas sabia que a coisa mais correta agora era ficar com sua Annabeth. Sua sabidinha. Ela o olhou perplexo.

– Wow. - disse - não sou uma pessoa muito romântica, mas confesso que isso foi lindo, concorda?

Percy sorriu como um sim. Annabeth lhe ergueu uma sobrancelha, sarcástica.

– Por que você não faz isso comigo, cabeça de algas? - Ela o empurrou levemente para trás e os dois começaram a rir. Percy entrelaçou os braços por sua cintura e a levou até a parede externa do refeitório. Trocaram beijos doces e quentes por tempo o suficiente para Percy Jackson ter certeza que não havia motivo algum para ficarem separados. E mais do que tudo, que Annabeth era o bem que ele tinha de mais precioso.


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Notas finais do capítulo

Se ficou muito longo, sinto muito. Espero que gostem



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