15 Contos Sobre Percabeth escrita por AnnaSun


Capítulo 4
E que vença o mais esperto




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- Caramba Annabeth, assim não vale! - Nervoso e alvoroçado com a situação vergonhosa que estava passando, Percy apertava os botões do controle feito um louco enquanto Annabeth se divertia com o orgulho ferido do namorado.

- Assim não vale o que, Perseu? Claro que vale - disse a sabidinha enquanto humilhava seu namorado em mais um round. - Ah e seu eu fosse você eu parava de falar e prestava mais atenção no jogo.

Mais risos de Annabeth. Um soco. Dois socos. Golpe master e o personagem de Percy perde mais uma vida. Era uma tarde de sexta, a terceira depois da última batalha contra Cronos, aquela que Luke morreu como um herói, aquela que Percy quase morreu inúmeras vezes, aquela que Annabeth recebeu um bom golpe de faca na barriga no lugar de Percy, aquela que Percy jamais gostaria de relembrar. Eles estavam na casa do semideus, sozinhos. Sally havia saído para resolver algumas coisas no banco e Paul Blofis estava trabalhando. Portanto teriam um tempo a sós. Percy havia pegado emprestado um dos video-games que Travis estava "traficando" dentro do acampamento para se divertir um pouco, mas não tinha sido exatamente uma boa idéia, porque ele estava levando uma verdadeira surra de Annabeth.

Eles haviam colocado o mesmo jogo de luta há mais ou menos meia-hora, e até agora Percy não havia ganhado nenhuma vez sequer. Annabeth era melhor do que ele podia imaginar.

- Qual é cabeça de algas? Vai perder de novo? - Annabeth abriu um sorriso sarcástico e com um golpe de mestre, derrubou o personagem de Percy de um abismo, destruindo qualquer chances do garoto ganhar aquele primeiro round. Sétimo primeiro round. - Ah, deixa. Já perdeu!

Annabeth caiu na gargalhada enquanto Percy ainda tentava, abobalhado, entender o que havia acontecido.

- Sabe cabeça de algas, eu nunca imaginei que fosse tão boa nesse negócio aí. Não te culpo. Você está jogando contra uma verdadeira "gênia dos video-games".

Annabeth deu um soco fraco na barriga de Percy e ele começou a lhe fazer cócegas. Ela ria feito boba. 

Depois de algum tempo rindo amigavelmente, Annabeth se levantou e foi até a cozinha para preparar um misto de queijo com presunto para os dois. Era o tempo que Percy precisava para bolar alguma coisa. Não podia mais perder aquele mesmo jogo pela milionésima vez. Não podia dar esse gosto para a sua "gênia dos video-games". O que ele poderia fazer? O que?...

Então ele lembrou-se.

Lembrou-se da última maquete que tinha feito para um trabalho de ciências, na qual precisou explicar para os seus colegas como funcionava, detalhadamente,  o organismo de dois animais que poderia ficar à escolha dos alunos. Com sua cabeça na vida de semideus, ele escolheu o cavalo (em uma quase homenagem ao seu pégaso Blackjack) e a aranha (em homenagem a Annabeth). Lembrou-se também que sempre guarda os ítens que usa nas suas maquetes para o caso de algum dia precisar reutilizá-los em outra maquete. 

Ele levantou-se e silenciosamente começou a vasculhar o seu guarda-roupas em busca da caixa de sapatos velha onde guardou os elementos da última maquete. Depois de mais ou menos dois minutos procurando o "mini-baú" naquela bagunça toda que ele prometera para a sua mãe arrumar no dia seguinte, ele a acha.

Uma caixa velha e um pouco gasta com um peso razoável. Logo ao abrir a caixa de sapatos, Percy deu de cara com o que queria. Uma miniatura completamente falsa (e super aparente que era falsa) de uma aranha marrom. Ele a utilizara na maquete para mostrar apenas qual era o tamanho exato da espécie de aranha que estava apresentando. Agora a miniatura teria uma serventia muito melhor. 

Percy não sabia se devia ou não usar aquela miniatura. Se sentia cruel. Ele não ia jogar a aranha em sua namorada (até porque ela iria acabar tendo um ataque cardíaco), nem fazer algo do tipo. Deixaria o brinquedo numa boa distância, para que Annabeth apenas se desconcentrasse. Percy riu sozinho, até que ouviu o barulho de pratos. Ele tinha que agir rápido.

Guardou a caixa de qualquer maneira dentro do guarda-roupas e colocou a aranha quase escondida dentro do mesmo, para que Annabeth só a percebesse quando Percy apontasse. Rapidamente ele voltou para o lugar que estava antes e alguns segundos depois, uma linda e loira Annabeth aparece na porta com dois pratos com torradas deliciosas. Ela se sentou ao lado do cabeça de algas e lhe entregou um dos pratos.

- Pronto para perder de novo?

- Isso é o que veremos, sabidinha.

Disposta e desafiadora, Annabeth pega o controle do video-game em suas mãos e dá início ao segundo round do jogo. 

Com alguns movimentos rápidos e simples, Annabeth já tira boa parte da "vida" do personagem de Percy antes mesmo de fazer um minuto. Mais um chute. Um soco. E então um golpe mais poderoso. Não dá mais. 

Percy respira fundo e larga o controle com força.

- Uma aranha! - Ele aponta com o seu dedo indicador para a miniatura e uma Annabeth antes confiante solta um grito e como um raio, sai correndo na direção do banheiro ao lado do quarto. - Annie, espera!

Percy sai correndo atrás da namorada, mas já é tarde demais. Annabeth tranca a porta do banheiro enquanto Percy escuta seus gemidos de pavor abafados pela madeira.

- Abre essa porta, Annabeth. - Percy começa - é um brinquedo. Não é de verdade. 

- Não acredito!  - Annabeth fala com um tom desesperado do outro lado da porta.

- Eu juro! Fui eu quem a coloquei alí. Queria que você se distraísse e eu ganharia o jogo. Mas não achei que ficaria assim, desculpe!

- Ainda não acredito! Você não faria isso!

- Não achei que você fosse ficar assim, Annie. Era pra você sacar que era de mentira logo. Desculpa, desculpa, desculpa. - Agora Percy implorava por Annabeth. Se sentia um babaca completo pelo que havia feito com sua namorada. Aquela era Annabeth. E aquilo era uma aranha. 

Não tinha como dar em outra coisa. 

Percy deslizou as costas na porta de madeira e se sentou no chão. 

- É sério, sabidinha Não queria magoar você, mas é uma miniatura. Eu a coloquei lá.

- Então... Percy, você é um idiota.

- Eu sei, eu sei, eu sei! Eu sou mesmo um idiota, mas saia daí. A aranha de brinquedo não vai machucar você.

Percy escutou um suspiro de trás da porta.

- Eu não vou sair daqui.

- Como não? Quer dizer que vai ficar aí até envelhecer e morrer? Annie, por fav...

- Eu só saio com uma condição!

Percy se levanta e encosta a testa na porta do seu banheiro. 

- Qual?

- Eu quero chocolate.

Percy ergue uma sobrancelha.

- Mas aqui não tem...

- No supermercado. Lá tem. 

Percy suspira, preocupado. Annabeth não era de comer chocolate tanto.  Dizia que fazia mal à saúde e tudo. Só de vez em quando Percy a via comendo chocolate, mas devia isso a sua namorada. Agiu como um pirralho com ela.

- De qual você quer?

                                               ...

Percy caminhava de volta para seu pequeno apartamento enquanto segurava em suas mãos uma pequena embalagem de chocolate amargo. Annabeth gostava de chocolate amargo. Da última vez que dividiram uma caixa de chocolates, Annabeth devorou todas os cubinhos de chocolate amargo, então Percy imaginou que estava fazendo a compra certa. Ainda havia comprado uma segunda barrinha para o caso de Annabeth querer mais uma.

Ele não se arrependia nem se lamentava por comprar aqueles chocolates para sua namorada. Pelo contrário, achava que o que estava fazendo por Annabeth ainda era pouco em comparação ao susto que ele a tinha feito passar. Isso provavelmente a tinha decepcionado em relação ao seu cabeça de algas.

Percy entrou pela portaria de seu prédio e seguiu pensativo e relutante para o seu apartamento, onde provavelmente encontraria sua namorada triste sentada no sofá. Senão ainda trancada no banheiro.

Ele abre a porta da frente e segue para o banheiro, mas a porta do cômodo está aberta, e Annabeth não está em lugar nenhum. Mas então Percy escuta uns abafados barulhinhos de cliques que lhe parecem familiares. 

Curioso, o semideus segue para seu quarto e quando abre a porta a vê: Annabeth com um sorriso cruel nos lábios, um controle de video-game nas mãos, e escrito na TV conectada ao aparelho, há a declaração mais limpa.

FIM DE JOGO. VITÓRIA DO PLAYER 1.


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