15 Contos Sobre Percabeth escrita por AnnaSun


Capítulo 10
Um tour pelos seus sentimentos


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo é muito especial para mim. A ideia brotou na minha cabeça do nada, quando eu nem pensava no assunto. Não precisei procurar fan arts fofas nem ver um vídeo. Foi só, de repente. Então espero que apreciem o resultado e critiquem-na com carinho ♥



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Depois do café da manhã, Percy já se sentia quase restaurado para recomeçar suas atividades de treinamento no Acampamento Meio-Sangue. Sim, se é o que você, semideus que acompanhou o massacre do garoto, está se perguntando, ele ainda sentia o corpo dolorido depois do treino de combate corpo-a-corpo de ontem em que lutara com um garoto de Hefesto que tinha o dobro do seu peso apenas em músculos nos braços. Cara, isso não é justo, é?, Percy pensava. Mas agora não importava mais tanto assim. Ele só esperava pelo dia em que poderia lutar com o mesmo cara, só que com uma diferença. Usando espadas.

De qualquer maneira, o dia anterior não havia sido tão horrível assim. Percy tinha que confessar que sair de cena com um olho roxo, um galo na cabeça e a boca ferida tinha suas vantagens. Quais? Depois de um certo sermão do tipo "Se fizerem algo de errado lanço vocês no tártaro", Quíron permitiu que Annabeth ajudasse o namorado a ir até o seu chalé e cuidasse dele por lá. Até porque a enfermaria estava lotada de gente com olho roxo. Eles tiveram privacidade e puderam ficar a sós em um lugar tranquilo sem estar infringindo as leis do acampamento, o que podia ser até uma glória, talvez?

Saber que tem alguém cuidando de você é uma coisa ótima, mas quando esse alguém é sua namorada, hum... Annabeth era a melhor enfermeira do mundo!

Ele, que não tinha muitos planos para aquela quinta-feira, depois de devorar um prato gigante de waffles, Perseu decidira que apenas faria o de sempre: treinar, treinar e treinar. Depois da luta cansativa que tivera ontem, tudo o que o garoto queria era mais uma enfermaria lotada, mais um olho roxo como desculpa e mais um dia com Annabeth (lhe enchendo de beijos) cuidando dele. Mais um dia assim e Percy se sentiria 100% recarregado. Mas ele era um semideus. E além de tudo estava no Acampamento Meio-Sangue, onde se quisesse bancar o certinho, seria o treino primeiro e tempo livre com a namorado loira monstruosamente inteligente depois. Depois que se cumprisse o treino dessa semana, da semana seguinte, e da seguinte, e da seguinte e ainda ajudasse no cultivo dos morangos por alguns dias. 

É, bem vindo ao mundo meio-sangue.

Mas como um dia sem a namorada loira monstruosamente inteligente não era um dia, logo após de terminar de comer, Percy fora até o Chalé de Atena. Ele caminhou o suficiente de onde estava até perceber que a porta estava aberta e não havia ninguém alí. Se aproximando um pouco mais, ele percebeu que havia sim alguém lá dentro. Era um dos filhos da deusa, remexendo algo em seu baú de roupas.

Percy bateu na porta.

- Hã, onde estão todos?

O garoto no chalé se virou e abriu um sorriso esboçado para o filho de Poseidon.

- Ah, oi, Percy, entra aí - o menino logo voltou a sua atenção para o baú - Estão todos no Treinamento Privado do chalé 6.

Percy entrou no ambiente estremecendo. Treinamento privado. Ele odiava isso. Cada chalé detinha um mês por mês para o seu Treinamento Privado, em que se reuniam em um determinado local do acampamento para praticarem apenas os dons que herdavam de seus pais olimpianos. Os filhos de Apolo iam para treinar seu poder de cura e as crianças de Afrodite iam para praticar o charme, por exemplo.  Mas a razão de Percy odiar esse tipo de treino talvez só Thalia Grace conseguisse entender. Era a tristeza de ir praticar sozinho.

Relutante, Percy decidiu mudar seus pensamentos.

- E o que você está fazendo aqui, cara? - Percy quis saber, mesmo quando ele era o "intruso".

- Eu esqueci o meu livro de técnicas estratégicas por aqui... Eu só estou tentando achá-lo.

Percy olhou à sua volta. Os mapas nas paredes, as dezenas de livros grossos que Percy talvez demorasse dois meses para ler se estivesse realmente interessado, os pôsteres de navios e instrumentos da primeira guerra mundial, os tabuleiros de xadrez... sem todos aqueles adolescentes para preencher o chalé, aquele lugar parecia o bunker de um Albert Einstein psicopata.

- Que horas vocês terminam, quero dizer, aproximadamente, o treinamento.

- Acho que lá pelas cinco da tarde. Geralmente passamos um pouco disso, mas essa é a hora correta.

- Passam um pouco disso? - Percy tentou não parecer tão assustado, afinal eram filhos de Atena. - Quer dizer que vocês ficam o dia inteiro estudando técnicas estratégicas para fazerem coisas e... ainda passam da hora de terminar... só por prazer?

- Claro - Disse o menino com total indiferença, enquanto vasculhava o baú. -É sempre bom ampliar as ideias, não acha?

Percy engoliu em seco.

- Sim, sim - ele estava enganando bem? - Claro. Ampliar as ideias. 

- Achei! - O menino puxou o livro do baú com ar triunfante. - Finalmente achei. 

- Hum, legal - Percy deu uma olhada rápida no livro. Quase um palmo de grossura.

- Hã, cara, eu preciso ir agora. Você se importa de fechar a porta quando sair? Eu já estou baita atrasado.

- Eu também já estou de saída.

- Ah ótimo, então tchau, Percy. Até mais - e o garoto saiu correndo pela porta até desaparecer no campo de visão.

Percy agora estava sozinho. Ele já estava se dirigindo até a porta quando algo no chalé começou a fazer um barulho de cliques. O garoto se virou e percebeu, depois de uma olhada rápida ao seu redor, que os cliques vinham de um laptop sobre uma cama num dos últimos beliches no quarto. Percy o reconheceu na hora.

O laptop de Dédalo, de Annabeth.

Ele tinha que ir para o treino. Tinha que ir! Os treinos da manhã já deviam ter começado e agora ele devia estar na parede de escalada. Não, ele não podia ir até o laptop e ver o que estava fazendo aquele barulho. Ele não era tão curioso. Sim. Ele era tão curioso. 

Percy fechou a porta e correu até o laptop. Ele subiu na beliche de Annabeth e abriu o computador. Mas o melhor de tudo foi o cheiro quase floral do cabelo da namorada no travesseiro. Ele já não estava arrependido de ter ficado. Quando a tela se iluminou, Percy viu que os cliques no computador significavam que algo que Annabeth havia deixado baixando antes de sair já estava completamente instalado. Ele só não conseguia entender direito o que era aquilo. Um diagrama, talvez? Ele não conseguia identificar. Para Percy aquilo era o desenho de uma criança de quatro anos no Paint. Mas Annabeth com certeza lhe diria que era o diagrama pentagonexativibla bla blá que ele não fazia nenhuma ideia do que seria. Percy bufou e fechou o computador. 

Preocupado com o que poderia acontecer com aquele computador alí, Percy abriu o baú de Annabeth e acomodou o laptop lá no fundo, debaixo de todas as roupas da namorada, até... ele suspirou. Até achar uma uma foto dos dois, sorrindo abraçados em frente ao Riacho de Zéfiro. Percy pegou a foto e olhou-a com mais atenção. Ele se lembrava perfeitamente do dia em que bateram aquela foto. Eles e mais alguns outros semideuses estavam escondidos tentando criar uma mini comemoraçãozinha com balões, soda e cupcakes para mais um aniversário de Quíron, na beira do riacho. 

Sem querer, Percy acabou rindo com a lembrança. 

Quando foi guardar a foto, lá no fundo, percebeu que aquela não era a única. Ele analisou mais umas cinco fotos de momentos felizes entre os dois. Eles pareciam tão alegres e despreocupados alí que era até duvidoso que aquelas crianças ferradas e condenadas a serem peões de aposta dos deuses fossem os mesmos adolescentes felizes e apaixonados da foto. Percy sentiu um aperto no coração. Aquelas fotos deviam ser sua rotina. Mas momentos como aqueles só aconteciam de vez em quando. Talvez por isso Annabeth fazia questão de guardar todos de lembrança. Eles só queriam uma vida alegre e cheia de paz, mas tinham que se contentar apenas em estarem perto um do outro. 

O garoto colocou todas aquelas fotos de volta no fundo do baú e puxou um outro papel. O que era aquilo, era uma carta? Perseu até sentou-se no chão, de frente para o baú para poder ler aquilo com tranquilidade. Quando percebeu o que era quase perdeu o ar. Era uma carta de Annabeth para ele que nunca fora entregue. E eles tinham 13 anos na data!

Ele desamassou o papel e começou a ler mentalmente.

"Percy,

sei que nos conhecemos há pouco tempo, mas quero que saiba que gosto muito de você. Você é um cara ótimo, cabeça-de-alga. Depois de todas as encrencas que já passamos, E DEPOIS DE TODAS EM QUE VOCÊ NOS METEU, eu acho que devia odiá-lo. E talvez seja mais ou menos isso que eu devo parecer sentir, mas sinceramente? você é uma pessoa bacana. Claro, é um bobão, encrenqueiro e na maioria das vezes até bem idiota, mas é um grande herói. Foi por causa de você que pude finalmente sair do Acampamento em uma missão de verdade e serei eternamente grata por isso. Queria que todas as vezes que eu precisasse sair do Acampamento, você e Grover fossem a minha companhia, mas sei que se isso não for possível, quero ter a sua companhia pelo menos aqui dentro. Oh, cabeça de algas, olhando para os últimos acontecimentos, nos metemos em tantas roubadas... Está vendo? Estou falando como você! De verdade, a convivência com você até me faz bem. Acho que bem até demais... Você já salvou a minha vida tantas vezes que acho que perco a conta, mas ao lembrar de algumas elas eu só tenho cada vez mais certeza que você é o meu melhor amigo, Percy Jackson. Acho que é um tipo de amizade que dura para sempre, e se eu estiver realmente certa, apenas em ter você para lutar comigo e me salvar sempre que eu estiver precisando de forças, já me sinto uma semideusa completa. Pode não parecer, cabeça-de-alga, mas eu te adoro. Realmente. E se você não entender apenas no lado de amizade... pode entender também que sinto algo mais forte por você. Se quer saber, de qualquer maneira eu amo você!

Com carinho,

Annabeth Chase"

Percy sentia a mente meio paralisada. Annabeth gostava dele tanto assim há tanto tempo e ele nunca nem imaginara. Até saírem para a missão no Mar de monstros ele achara que ela nunca nem gostava dele como amigo! Mas o que Annabeth sentia por Percy era tão forte que ela escrevera uma carta inteira descrevendo o que sentia por ele e ele nunca nem imaginara! De fato, Percy também tinha uma queda por Annabeth desde muito tempo. Ela era bonita, corajosa e até irritantemente inteligente, e eles compartilharam tantas coisas juntas que se não se considerassem nem ao menos amigos, poderiam até se matar se discutissem alguma vez. No fundo do seu coração, Percy conseguiu sentir-se alegrar. Embora soubesse que Annabeth o amava, ler aquilo lhe fez tão bem que ele sentiu vontade de gargalhar. Ele juntou o papel amassado ao peito e soltou um riso. Não queria que Annabeth desconfiasse que ele estava fuçando em suas coisas, mas Percy queria de fato roubar aquela carta, para que todas as manhãs que acordasse, pudesse ler aquilo. 

Entusiasmado com o verdadeiro museu no fundo do baú da sabidinha, Percy começou a puxar mais cartas, e mais fotos, e mais...

- Não sabia que você gostava tanto de vasculhar as coisas dos outros, cabeça-de-alga. 

Seu ar havia fugido. Percy se levantou em um pulo e enfiou tudo de qualquer maneira dentro do baú da sua namorada. Ele virou-se cautelosamente, seu coração a mil e seus nervos quase explodindo de um misto de vergonha, nervosismo e até um pouco de medo. Aquela cara de anjo de Annabeth não enganava a ninguém, muito menos a ele. Ele sabia muito bem o quanto perigosa era a namorada.

- A-Annabeth... Você p-por aqui? Eu achei que que...

- Que eu não ia ver você mexendo nas minhas coisas?

Os olhos cinzentos da garota brilhavam com uma luz maligna, enquanto seus lábios construíam um sorriso cruel. Percy achou que se ainda não havia morrido nas mãos dos titãs e monstros até aquela hora... poderia morrer nas mãos da namorada loura. 

Annabeth encostou o corpo na porta, esperando uma resposta.

- Eu só... seu laptop... - Percy parou de repente - Espera aí, há quanto tempo você está me espionando?

Annabeth deu uma gargalhada.

- Ei, não fuja da resposta, sabidinha! Há quanto tempo você está me espionando? Sabe o quanto isso é feio?!

- Ah, então agora a culpa é minha?

- Não fuja!

- O que?

- Você estava me espionando, Annab...

- E você estava mexendo nas mi...

Percy correu até Annabeth e a beijou. A culpa era dela e acabou! Ele a abraçou e ela fez o mesmo. Aquela era a melhor maneira de fazer a sua namorada ficar quieta e ao mesmo tempo aproveitar o tempo que perderam por timidez. 

Ele havia perdido todo o seu treino de escalada, mas ao lado dela, sua tarde foi bem melhor do que subir uma parede em chamas. Bem melhor.


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Notas finais do capítulo

- Por favor, comentem o que acharam do capítulo respondendo "o que mais gostou no capítulo", certo? :3 É muito importante para mim

— Se você gosta muito da estória e se sente a vontade para isso, pode recomendar a fic? Acho que ajuda a atrair novos leitores.

— O próximo capítulo já está feito :B

— Se estiverem interessados em ler uma fic de ficção fantástica, estou escrevendo uma nova. Se chama A Garota dos Lobos.

Espero que tenham gostado, amores! *___*
"Saber que tem alguém cuidando de você é uma coisa ótima, mas quando esse alguém é sua namorada, hum... Annabeth era a melhor enfermeira do mundo!"