"Oh, five years time

I might not know you

In five years time

We might not speak at all

In five years time

We might not get along

In five years time

You might just prove me wrong."

Five Years Time - Noah And The Whale.

–Jazz! -Ruby grita do quarto dela.

–Que foi? -Eu respondo.

–Atende a porta.

–Por que você não vai?

–Só... vai!

Eu desço as escadas correndo e abro a porta, um pouco sem fôlego, pra encontrar... Chick. Ele está com as roupas normais de sempre, mas com uma expressão nervosa. Eu confesso que olho para os lados para ver se Morgan está com ele, mas ele está totalmente sozinho. E praticamente radiando nervosismo.

–Chick?

–E aí, Jazmine, er... A Ruby está? -Isso está ficando cada vez mais estranho.

–Você... quer falar com a Ruby? -Ele fica um pouco vermelho.

–...É. -Eu faço a maior cara de choque da história. Mas me recomponho rápido e digo:

–Só um segundinho. -E então eu subo as escadas, com um monte de suposições e criando várias formas de provocar ela por causa disso. Eu bato na porta dela.

–Quem era, Jazz? -Ela diz, do outro lado.

–Chick está aqui. E ele quer falar com você.

Eu conto cinco segundos até ela abrir a porta e sussurrar com os olhos arregalados:

–Repete.

–Chick está lá embaixo, e quer falar com você.

–Fala pra ele que eu não estou aqui.

–Ele vai saber que é mentira. Seu carro está na rua, idiota.

–Então... diz que eu estou tomando banho. -Eu estreito meus olhos, procurando por alguma resposta.

–Por que você não quer falar com ele?

–Nós não temos nada pra falar.

–Mentirosa. Ele está todo nervoso lá embaixo. O que você aprontou? -A expressão dela muda para surpresa e algo mais, que eu não consigo ler o que é, mas ela abre porta um pouco mais.

–Ele está nervoso? -Eu faço um sim com a cabeça e ela pensa um pouco. -Está bem, diz pra ele que eu já vou descer.

–Sim, senhorita. -Eu digo, brincando, e desço as escadas. Ele me olha esperançoso quando eu vou até a porta. -Ela já vai descer.

–Valeu, Jazz.

–Sem problemas. -Eu digo, e então lembro de uma coisa. -Quando a banda vai tocar de novo, Chick?

–Essa sexta. No Connie Hall, a fraternidade da universidade da Lacey. -Ele explica, -Fala com o Morgan, ele te leva. -Ele dá uma piscadinha, como se estivesse sabendo de algo muito secreto. 

–Achei que a Lacey estudasse na Brown. -Eu estou confusa.

–Não, era só o moletom da Brown que era bonito. -Ele dá de ombros e eu rio, bem na hora de Ruby chega e ele concentra a atenção nela.

Eu podia muito bem ficar aqui e escutar toda a conversa deles pra poder irritar minha irmã depois. Mas, mesmo sendo bom escutar as pessoas, nem tudo é da minha conta, então eu saio de casa, um pouco dolorida e vou pegar as bolinhas de plástico que Melody pediu para eu pegar, que são da piscina de bolinhas dos filhos dos vizinhos, que vivem jogando as bolinhas no jardim da Melody.

Urgh. Crianças.

Quer dizer, pra quê? Pra que jogar bolinhas no jardim de outra pessoa? Só porque você NÃO vai pegar? Que injustiça. Eu devia fazer as crianças pegarem com a boca.

Mentira. Eu não sou tão má. Então eu me abaixo, e vou catando as bolinhas, ignorando a dor no meu corpo.

Morgan ficou um bom tempo chorando no meu ombro ontem - ou hoje, que seja - como um bebê. Foi até meio fofinho, se eu não estivesse meio magoada por ele não querer me contar o motivo para a choradeira. Eu SEI que teve alguma relacionada com Jessica e para adicionar ao pacote, ele também não vai me contar o motivo do tapa dela. Quer dizer... ele gosta dela ou alguma coisa assim? Ou ela é uma vadia que gosta de dar tapas? Mas, que seja. Então depois de acabar de chorar tudo que ele tinha que chorar, ele se desvencilhou do abraço e nós pegamos as bicicletas e viemos pra casa. Ele me deu um beijo na bochecha enquanto me dava um abraço de boa noite e eu (tentando não ficar corada por causa disso... quer dizer... OLÁ! Um cara bonito acabou de fazer uma coisa muito fofinha pra mim agora!) entrei em casa depois disso. O engraçado foi que eu entrei em casa, no horário que nós normalmente teríamos saído pra fazer alguma coisa. Mas eu estava tão cansada que eu nem liguei pra bronca que Melody deu sobre sair sem avisar ela (Qual é, eu avisei a RUBY) e desabei na cama e dormi como um bebê. Sério. Foi a primeira vez desde que cheguei aqui que eu dormi como um bebê.

Olho para Ruby, e ela ainda está falando com Chick, que parece mais relaxado. Então, eu olho para a porta da casa dos White e vejo Morgan. Ele levanta a xícara que ele tem nas mãos e eu aceno, voltando ao trabalho. Ele sempre faz isso. Não importa qual seja o horário que eu saio de casa, ele SEMPRE está lá com uma xícara de café, encostado na porta. Se ele fosse um pouco mais... bem, adulto, eu acharia que ele era um pai de família apreciando o ar da manhã antes de ir para o trabalho. Porque, olhando de longe, parece mesmo.

Eu termino de juntar as bolinhas e levo para dentro, já que Melody quer entregar pessoalmente as bolinhas. Como eu não sei, já que são onze da manhã e ela ainda não saiu da cama. Mas tudo bem, vou ter esperança. Depois disso, eu entro em casa e vou para o meu quarto, escutando Orange Lemonade no meu iPod. Começo a arrumar o quarto, porque se Melody ver o estado que esse quarto está, ela nunca mais me convida para vir aqui.

Algum tempo depois, eu escuto a porta batendo com força.

–O que foi isso? -Melody grita do quarto dela.

–Nada! -Ruby responde, irritada. Eu corro pro quarto dela e vejo ela sentada na cama, com o rosto enterrado nas mãos.

–O que ele queria?

–Eu odeio aquele BABACA! -Ela está vermelha de raiva. Meu Deus, o que ele fez?

–O que ele fez?

–Nada.

–Fala! Ou eu fico aqui te provocando por causa dele. -Ela dá uma expressão torturada, mas eu não ligo. Eu quero mesmo saber.

–Urgh, Jazmine. Chick... Chick é meu ex-namorado.