Night Troopers escrita por loliveira


Capítulo 11
Salvação




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"Won't you save me?
Saving is what I need
I just wanna be by your side
Won't you save me?
I don't wanna to be
Just drifting through the sea of life"

Save Me - Hanson

–Olívia? -Eu pergunto. Estou na rádio, separando os CDs que eles vão tocar no programa amanhã. Já fazem uns quatro dias que eu estou trabalhando a tarde aqui, planejando frases de efeito para os intervalos entre os programas e montando a playlist do programa do Max e da Jessica. Ontem eu escutei o programa pela primeira vez. Ele se chama "Flor da Meia Noite", por causa do horário que ele passa (meia noite!!!!!) e nossa, é muito bom. Apesar de achar Jessica uma vadia (ela já arranjou algumas brigas comigo no trabalho MAIS o tapa que ela deu em Morgan... não deu uma boa primeira impressão) ela sabe muito de música. E pior (ou melhor) ainda... ela sabe de música boas. É tipo o paraíso ouvir ela e Max conversando sobre músicas legais quando você não consegue dormir. Sexta - hoje - é o único dia que eles fazem o programa ao vivo. Olívia me contou esses dias que era porque os dois viviam arranjando confusão a noite, então os pais deles perguntaram se eles podiam passar as madrugadas na rádio e Olívia concordou, já que ela sabe que os adolescentes podem se meter em muita confusão quando querem.

–Sim? -Ela está do meu lado, fazendo as contas do quanto deve pra cada empresa, essas coisas. Nós somos as únicas aqui e devem ser umas sete da noite. No nosso trato inicial, eu podia trabalhar até as seis da tarde, depois eu ia pra casa, mas hoje é dia do programa ao vivo, então Olívia precisava de alguém pra montar o esquema do programa e eu me ofereci pra ajudar. Eu já liguei pro Morgan e ele vai me buscar daqui a meia hora, pra gente ir pra fraternidade da Lacey, onde o Chick e a banda vão tocar. O bom é que eu vou embora na mesma hora que Jessica e Max vão chegar, então não vou ter que aturar Jessica. Max - apesar de ficar FLERTANDO TODA HORA é muito legal. Só Jessica que parece meio... chata.

–Por que você não contrata alguém... mais... -Eu não consigo achar a palavra certa, mas ela acha por mim.

–Adulta? -Ela sorri.

–É. Tipo... eu só vejo adolescentes! Tudo bem, tem Caleb que é um gênio da mesa de som, então ele não parece tanto um adolescente, mas eu nunca vi um adulto vindo pra cá. -É verdade. A única adulta (pelo menos acima de dezoito anos) que eu vejo aqui é Olívia. E apesar das coisas correrem sempre bem, é esquisito a falta de alguém adulto pra guiar a gente. Olívia é a chefe perfeita, séria e divertida ao mesmo tempo, só não me acostumei ainda com a falta de pressão que ela faz na gente.

–Você sabia que Will e Hunter estavam na reabilitação antes de virem pra essa cidade? -Junto as sobrancelhas.

–Sério? Eu não sabia.

–Todos eles. Todos precisavam de salvação. Caleb tinha os pais abusivos quando eu conheci ele. No primeiro dia dele aqui, ele apareceu com um hematoma do tamanho do seu punho. Ele chorou por duas horas quando eu perguntei o que tinha acontecido. Isso foi a dois anos. Então eu chamei a assistente social e agora ele está com pais melhores, mais preparados pra ter um filho adolescente e que botaram ele num curso especial para mexer nas caixas da rádio.

–Nossa. -Eu não sei mais o que dizer! Acho que estou impressionada. Olívia não tem cara de... uma mulher sensitiva.

–Pois é.

–Como você conhece Morgan? -Ela hesita um pouco e eu fico mais curiosa ainda.

–Não sei se eu podia te contar... mas ele e Jessica namoravam. -Eu engasgo. Uma pontada de raiva me atinge mas eu tento ignorar.

–Sério? Quando ela... ainda fazia besteira?

–É. Depois, aconteceu alguma coisa com ele, ele terminou com ela. Não posso julgar se ele estava certo ou errado. A gente não sabe a história totalmente. Ele ficou bem mal também, e vivia aqui. Depois que eles terminaram ele parou de vir. E começou a ficar esquisito... mas estou feliz que ele tenha arranjado alguém como você.

–Eu?

–Você não sabe como ele era antes. Ele era fechado e preocupado... eu percebo a diferença entre o antigo Morgan e o novo Morgan quando ele está com você.

–Bem... eu fico lisonjeada. -A gente ri. -Mas, porque você me contratou então? -Eu pergunto, voltando ao nosso assunto inicial. Ela pensa um pouco.

–Algo me diz que você também precisa ser salva.

E então Morgan me liga, antes que eu possa abrir minha boca pra responder ela. Isso se eu conseguisse. Estou em choque por causa disso. Eu sei que eu tenho problemas, mas eu nunca pensei que estaria tão evidente assim. Ou talvez ela saiba como Melody consegue ser difícil quando quer.

–Estou aqui embaixo te esperando. -Ele diz, quando eu atendo. Quando eu não respondo, ainda meio confusa por causa das palavras da Olívia, ele continua: -Quer que eu suba?

–Não! Quer dizer, você quer subir?

–Tanto faz. -Quase vejo ele dando de ombros.

–Tudo bem, estou descendo. -Eu pego minhas coisas e olho para Olívia, ela sorri e acena com a cabeça e essa é minha deixa para eu descer as escadas e encontrar Morgan encostado na porta do carro. Quando eu chego ele me dá um High-Five e depois segurando na minha mão ele me puxa para um abraço e abre a porta pra mim. -Estou vendo que você aprendeu a ter modos de cavalheiro. -Eu brinco, entrando e vendo ele dar a volta.

–Eu faço o que eu posso. -A gente ri e ele liga o carro e entra na rua. Eu avisei pra Melody que eu iria pro show do Chick e ela deixou, então não preciso me preocupar com um sermão quando eu chegar em casa. No máximo, Ruby vai me encher a paciência. Porque ela diz que é traição ir num show do ex-namorado da sua irmã, mas aí eu disse pra ela que eu não sabia que ela ex-namorada dele quando combinei de ir e mandei ela calar a boca. Eu ainda estou tentando digerir esse fato.

Será que eu devia falar pra Morgan que eu sei sobre ele e Jessica? Acho que ele ia ficar bravo comigo, então é melhor ficar quieta. Ele liga o rádio, e nós vamos em silêncio, só escutando as músicas até a fraternidade da Lacey. Tem bastante gente, verdade, mas eu não me sinto desconfortável. Na verdade, eu sempre me senti mais feliz aqui, com um monte de gente, na correria. O caos me acalma, às vezes. Quando eu saio do carro, tenho que piscar com força os olhos pra me livrar do sono, e Morgan ri da minha cara. Eu dou um tapa nele, e ele enlaça os dedos nos meus pra gente passar até onde a banda está. Chick já está lá, e quando me vê, cora. Deve ser por causa da cena dele com a Ruby há alguns dias, mas eu não ligo a mínima pra isso, e vou dar um abraço nele também. Shep, Thomas e Peach já estão lá, e eu dou um abraço neles também, correndo pra me soltar quando dou um na Peach, porque ela não vai com a minha cara desde o primeiro dia que me viu, isso eu sei. Ela demora pra abraçar o Morgan e fica sussurrando coisas no ouvido dele, olhando para mim. Eu ESTOU com raiva disso, mas não sei dizer nem remotamente se isso é ciúme. Que seja. Não vou deixar ela me provocar.

–Jazmine! -Lacey aparece e me dá um oi. Vejo Thomas encarando ela e sorrio. Ela faz a mesma coisa com Morgan e então a banda começa a tocar e Morgan me puxa pra um lugar onde tem pouca gente, mas que dá pra ver bem também. Dá pra ver que Shep está bêbado, mas eu tento não me preocupar, já que ele toca muito. Eu só fecho os olhos e deixo a música - assim como eu deixei Olívia - me salvar.


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