The Hikers Dead - Infecção escrita por Gabriel Bilar


Capítulo 9
Carne, Sangue e Vidro


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo, estou conseguindo mais tempo para escrever esses dias!
Espero que gostem e boa leitura!



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POV – Bruno

Apesar de grata, Carla parecia receosa e desconfiada com relação a nós.

Queria dizer a ela que não tinha o que temer e que estávamos ali para ajudar, porém não tinha o tempo necessário para reconfortá-la, os adolescentes zumbis estavam a ponto de invadir a sala e eu ainda não tinha um plano.

– Há alguma saída? – perguntei a Carla.

– Não, aquela é a única opção de saída – disse, se referindo à porta da sala.

– Tem certeza? – Steve perguntou, já não reclamava mais do ferimento na testa, mas ainda estava evidentemente aborrecido. – Nenhum lugar por onde possamos nos espremer para sair?

– Bem... na verdade... – começou a dizer ela; seu rosto se iluminara com alguma ideia repentina – Eu acho que conseguimos passar pelas janelas. Eu tenho quase certeza que posso, pelo menos.

– Se podia escapar o tempo todo... Por que ainda está aqui? – perguntou Steve – Deveria ter passado logo pelas janelas e procurado um lugar mais seguro!

– Tem noção da quantidade deles que havia naquele jardim? Eu estava totalmente cercada! Acha que não tentei escapar? Acha que eu fiquei aqui de braços cruzados o tempo todo? Lutei muito para sequer conseguir chegar a esta sala! – ela se defendeu, falando baixo no começo e terminando a frase com um grito furioso.

– Ok, ok. As janelas são nossa melhor opção no momento, mesmo. – admiti.

As janelas eram apenas chapas de vidro, colocadas entre suportes de metal; a distância entre um suporte e outro era de aproximadamente trinta centímetros. As janelas tinham apenas como objetivo deixar a luz solar e o ar fresco entrarem, e não, servir de passagem para pessoas, porém, hoje teria que servir!

– Nunca vamos passar por elas. – murmurou Steve.

Primeiramente atirei no vidro e, em seguida, retirei os estilhaços que haviam ficado para trás.

– Faça as honras. – ofereci a Carla.

Sem as dificuldades que Steve e eu provavelmente iríamos ter, ela passou pela grade da janela.

– Ok cara, sua vez. – resolvi ficar por último e assegurar a retaguarda.

Quando Steve tinha projetado apenas metade do corpo para fora da sala, os zumbis entraram em meio a uma confusão de carteiras quebradas com o impacto das dezenas de mortos andantes.

Recarreguei a pistola que levava presa ao quadril e comecei a atirar, derrubando diversos caminhantes ao mesmo tempo; pelo canto do olho vi mais deles se aproximando de Carla no jardim, porém não me preocupei, Steve estava lá para protegê-la.

Depois de alguns minutos, como sabia que iria acontecer, Steve derrotou os infectados do lado de fora. Pelo menos um sucesso, lembro-me de ter pensado, pois estava perdendo a luta contra os que estavam na sala de aula, o cerco sobre mim estava se fechando cada vez mais.

– Bruno! Precisa sair daí! – ouvi Steve gritando enquanto tentava mirar nos zumbis que me atacavam.

– Acha que não sei disso, porra? – gritei de volta.

– Eu posso te dar cobertura! Anda! A munição logo vai acabar.

Confiando em Steve, comecei a me espremer pela grade apertada; a certa altura senti um caco de vidro entrando em meu joelho, mas não me dei ao luxo de me preocupar com aquilo, pelo menos não naquele momento. No final da travessia um contaminado tentou morder meu pé, mas só encontrou o couro da bota e um chute, da minha parte que, o projetou para trás.

– Vamos, precisamos ir embora já! – disse Carla que neste momento já tinha lágrimas nos olhos enquanto observava desesperada, os monstros que atravessavam o jardim em nossa direção.

– Sabe usar um desses? – perguntei, entregando a ela um facão.

– Esqueceu que eu era uma professora? É ÓBVIO QUE NÃO SEI USAR UM DESSES!

– Vai precisar se quiser viver, moça. – debochou Steve.

– Ok. Estou na chuva, é para me molhar, não é mesmo? – respondeu Carla com um sorriso conformado no rosto, que passou para um sorriso cruel enquanto sopesava o facão entre as mãos.


E, determinados, nós três começamos a abrir caminho entre os zumbis.

A princípio, Steve e eu usamos as armas de fogo, mas logo a munição acabou e ficamos a mercê de armas brancas, Steve agarrou um pequeno machado e eu, uma lâmina afiada de gume duplo, com não mais que vinte e cinco centímetros.

Carla ficou em nossa retaguarda a maior parte do tempo, estava assustada e Steve e eu nos revessávamos para mantê-la viva. Porém, a situação não estava nada fácil para nosso lado.

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Quando, enfim, encontramos o carro – ainda estacionado no mesmo lugar –, eu estava a ponto de desmaiar de cansaço e de dor, por conta do caco de vidro em meu joelho.

– Graças a Deus! – exclamou Carla.

Joguei-me no banco de trás, tomando todo o lugar e obrigando a mulher a sentar no banco da frente. Imediatamente comecei a remexer em meu joelho, a situação não era nada boa. Carne, sangue e vidro.

Enquanto eu gritava de dor no banco de trás, Steve atropelava os adolescentes e crianças contaminados, sujando o para-brisa de sangue.

E Carla, parecia lamentar cada um dos alunos que matávamos.

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Eu havia escolhido o primeiro turno de vigia por dois motivos: O primeiro era que não conseguiria dormir e o segundo era que queria pensar um pouco. Pensar em Esther... Pensar em minha vida antes da Infecção e até mesmo antes de ser contratado pelo governo. Havia sido uma criança solitária, perdera os pais para um acidente de carro e, tinha tudo para ir mal na vida, mas superara as expectativas, tornando-me uma pessoa honesta e próspera.

Estávamos em um hotel abandonado à beira da estrada, o lugar era bem simples, decorado com um papel de parede azul bebê que predominava nos corredores e nos quartos. Já as camas eram simples, sujas e empoeiradas; uma das primeiras coisas que fizemos ali, foi trocar os lençóis nojentos que encontramos adornando as camas.

Encontramos o hotel barato após duas horas de carro seguindo para o norte. No caminho, eu havia retirado o vidro do joelho, porém, ainda sentia pontadas de dor que me arrancariam do sono, caso caísse em um.

A porta à minha esquerda se abriu. Revelando uma Carla traumatizada com rugas de preocupação.

– Tudo bem? – indaguei, pois ela parecia péssima.

– Não, muito... Tem um tempo?

– Claro. Estava fazendo o turno mesmo e estava uma chatice. – disse sorrindo.

– Não consigo dormir, depois de... tudo o que presenciei. Aquilo foi uma tortura para mim. Ver os alunos, bons e ruins, os que eu amava e odiava... – a voz dela falhou embargada de emoção – Todos morrendo na minha frente.

– Nesse ponto te entendo. Foi difícil para mim também, quando os vi pela primeira vez. – estremeci ao me lembrar das instalações dos criadores do vírus. A cena de Lysa me voltou à mente repentinamente, com mais intensidade que qualquer outra lembrança e estremeci novamente. – Mas, mudando de assunto... Como conseguiu sobreviver por tanto tempo?

– Na verdade, não fazia tanto tempo que eu estava ali dentro do armário. Eu tinha me organizado com um grupo de alunos e funcionários, mas... todos morreram e sobrei somente eu... Partindo crânios com uma régua de madeira. – ambos rimos daquilo.

– Então, Carla... Você vai permanecer conosco? Ou tentar a sorte sozinha? Quero deixar bem claro que é livre para escolher.

– Eu gostaria de permanecer com vocês, porém, sei que serei um peso que terão que sustentar. Não quero interferir nas chances de sobrevivência de vocês.

– Nada disso! Apenas diga. Quer ou não, permanecer conosco?

– Eu quero sim. – ela decidiu.

E com isso, agora éramos três. Três sobreviventes contra um mundo de infectados.


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Notas finais do capítulo

Não se esqueça do review e do fato de que sua opinião é muito importante para mim. ;)
O que estão achando da história até agora? O que preciso melhorar? Algum errinho escapou da revisão? ^^