The Hikers Dead - Infecção escrita por Gabriel Bilar


Capítulo 7
Lecionando Para Os Mortos


Notas iniciais do capítulo

Galera, nesse capítulo os personagens se desesperam um pouco e usam um linguajar impróprio em alguns momentos. Peço desculpas, mas achei a melhor maneira de expressar o que eles sentiam no momento.
Espero que gostem e não se ofendam.
Boa leitura.



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POV – Bruno

- Veja! Aquilo parece um colégio. – disse Steve, enquanto parava o carro.

- Será que há algum sobrevivente? – perguntei esperançoso. Nossa primeira semana fora repleta de caminhantes mortos, mas não vimos um sobrevivente sequer.

- Acho improvável. Mas vamos tentar.

O colégio era uma construção de apenas um andar, com paredes antigamente brancas, mas que agora conheciam a ruína sangrenta. Entramos pela porta dupla, empunhávamos uma pistola e uma lanterna cada um.

O local estava escuro e logo de início encontramos um caminhante, era apenas uma adolescente, vestia o mesmo uniforme padrão dos mortos ao redor e tinha a boca manchada de sangue. Usava fones de ouvido que não estavam conectados a nenhum aparelho e seu cabelo negro encaracolado, parecia ter sido arrancado em alguns locais.

Minha mira foi certeira e atingiu-a na cabeça sem nenhum barulho, os silenciadores estavam sendo úteis.

- Graças a Deus, temos os silenciadores. – Steve adivinhou meu pensamento.

A organização havia nos dado armas, munição e suprimentos suficientes para sobrevivermos por algum tempo.

O longo corredor em que estávamos acabou repentinamente e, enfim, vimos as salas de aula. A primeira em que olhamos nos apresentou a cena bizarra de alunos, com não mais que nove anos, devorando a própria professora. A porta da sala estava bloqueada pelo lado de fora por uma cadeira de metal, pelo visto algumas pessoas só pensaram na própria sobrevivência.

A escuridão daquele colégio, contrastando com o sangue nas paredes e chão, dava uma aparência mais que sinistra ao local. Senti um arrepio na base da coluna e me virei a tempo de matar o demônio que estava prestes a morder Steve.

- Mais cuidado! – sibilei.

Ele não respondeu, como se não tivesse ouvido, mas notei que ele agora olhava por cima do ombro constantemente.

Algo chamou minha atenção em meio aquele desastre; era um pedaço de papel caído no chão, havia algo rabiscado nele. Com um pouco de dificuldade entendi as palavras “Socorro Estou Viva” escritas com caneta preta e com certeza apressadamente.

- Steve! Temos uma sobrevivente? – entreguei o papel a ele.

- Uhn, isso não parece ser velho, veja, não está sujo de sangue como tudo ao redor, parece recente.

- Mas quem escreveria um bilhete em meio a um massacre? Eu não ficaria esperando que me encontrassem, eu certamente fugiria.

- Alguém desesperado. Ou desesperada. Isso parece uma letra A.

Tomei o bilhete das mãos de Steve.

- Algo pisou nisso. – observei, percebendo as marcas - Ela poderia estar sendo perseguida.

- Vamos seguir em frente, quem sabe...

Meu coração se encheu de esperança. Talvez fosse uma esperança tola, mas era um bom incentivo para continuar.

- Outro pedaço de papel – apontei.

Não havia nada escrito, mas era obviamente o mesmo tipo de papel do outro que encontramos antes.

- Estamos seguindo as migalhas de pão? – perguntou Steve.

- Se João e Maria estivessem em uma escola quando começasse esse inferno, creio que seria o que os dois fariam. Papel é um material que não falta aqui.

Mais partes do papel! Alguém estava rasgando-os e fazendo uma trilha.

O corredor das salas de aula havia acabado. Chegamos a mais uma porta dupla. Empurrei com força.

E demos de cara com uma legião de zumbis no refeitório.

-Merda! – murmurou Steve.

Começamos a derrubá-los, acertávamos a maioria dos tiros, mas alguns inevitavelmente acabavam não acertando. Estilhaçamos duas janelas e com isso, pensei que atrairíamos mais mortos.

- Vamos embora! – Steve gritou e começou a recuar.

Outro grupo deles se aproximava pela nossa retaguarda, ainda maior que o do refeitório.

- Vamos prosseguir! – gritei de volta.

E com isso, atravessamos o refeitório. Muitos monstros se interpelavam em nosso caminho e mais chegavam por trás. Aquilo era o fim? Não, não podia ser o fim.

Um infectado chegou muito perto de me atacar, e tive que matá-lo a coronhadas, pois não estava em condições de atirar. Eles eram fáceis de matar, tinham os crânios semi apodrecidos e moles, porém tinham a vantagem numérica sempre.

Steve gritando alguns palavrões alcançou o outro lado.

-BRUNO! Venha, o caminho está livre.

E estava, apenas três zumbis bloqueavam o trajeto entre mim e a porta. Não gastei minha munição. Derrubei o primeiro com um soco, passei uma rasteira no segundo e empurrei o terceiro.

Corremos pelo novo corredor com ainda mais salas, e soube que precisávamos nos refugiar em alguma delas. Todas estavam dominadas por infectados e apenas uma parecia segura.

Porém, a porta estava trancada.

Fiz força para arrombar, enquanto Steve matava os caminhantes mais próximos.

- Não tá dando, porra! – entrei em desespero.

- Eles estão próximos, tenta mais uma vez!

Uma gota de suor escorreu pelo meu rosto e finalmente a porta cedeu com um estrondo.

- Essa foi por pouco. – arfou ele.

Os zumbis ainda tentavam em vão, entrar.

Steve agarrou várias carteiras ao mesmo tempo e colocou-as contra a porta.

- Isso vai segurá-los por algum tempo. – falou.

- Como vamos sair daqui?

- Vou ver.

Ele começou a trabalhar na área, olhando para todos os lados ao mesmo tempo.

Foi quando um caminhante saltou de dentro do armário de ferro da sala. De alguma maneira ele feriu Steve na testa; o sangue vazava rapidamente. Steve empurrou a morta para o lado e fez menção de que ia atirar.

-PARE! – gritei, bem a tempo.

Steve me observou confuso. Coloquei-me entre ele e a mulher, que na verdade não estava morta.

- Você está bem? – perguntei a ela. – Foi mordida?

- Estou bem e não fui mordida... Até agora. – ela estava assustada e com medo de nós.

Ela tinha uma régua de madeira entre as mãos e percebi, que fora com ela que a mulher ferira Steve. Que arma mais patética, pensei.

- Como se chama? – perguntei. A mulher tinha cabelos castanho-avermelhados e olhos escuros, era magra e estava vestida impecavelmente com uma camiseta rosa e uma calça jeans. Nenhuma gota de sangue, sequer. Era uma beleza em meio a toda aquela bagunça que se tornara o mundo.

- Alguém se preocupa comigo? – Steve tentava conter o sangramento na cabeça, mas não parecia nada grave e o fluxo já diminuía.

Desviei o olhar para a mulher novamente, ainda esperando uma resposta.

- Carla. Me chamo Carla. Eu... Eu era professora.

- Pode abaixar isso. Está segura. – reconfortei-a.

- Segura? – ela falou em tom de deboche, mas abaixou a régua – Tem como estar segura no inferno?


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Notas finais do capítulo

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