The Hikers Dead - Infecção escrita por Gabriel Bilar


Capítulo 6
Haverá Outra Rodada?


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem desse capítulo. Não acho que esteja muito bom,mas... Vocês decidem.
Boa leitura!



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POV - Claire

Observei-os pela janela estilhaçada. Meus instintos me diziam que não deveria ficar ali por muito tempo, tão desprotegida, tão vulnerável. Mas estava hipnotizada pela cena de horror a minha frente; nunca havia os visto tão de perto. Eram dois e, em comum acordo, devoravam o corpo de uma senhora de cabelos brancos que jazia caída em uma poça de sangue na própria sala de estar.

O sol estava a pino no céu. Nenhum vestígio da manhã melancólica com que começara o dia. Eu havia tido sucesso até ali; pois sabia - pelas minhas observações pela janela - que se o zumbi fosse atingido na cabeça, não poderia ser reanimado; então, sempre que avistava um deles sozinho, aproveitava a chance e matava.

Os dois zumbis que estava observando até então, se levantaram e passaram a vagar desorientados pela casa. Hora de ir, pensei.

Estava quase fácil arrumar alimentos. A maioria das casas tinha janelas quebradas ou portas arrancadas das dobradiças, de modo que uma parte do serviço - que era entrar - já estava feita. Algumas casas já tinham sido saqueadas, mas encontrei bons alimentos nas que visitei.

Enquanto passava pelas ruas, permanecendo na penumbra e me escondendo atrás dos carros caso visse mais de um morto-vivo, recordei-me do Dia do Massacre. Apelidei-o assim, pois fora basicamente aquilo, um massacre. Autoridades competentes foram convocadas, mas não em números suficientes e logo a cidade se perdeu. Observei tudo pelas janelas, pessoas desesperadas se atiravam dos prédios ou cortavam os pulsos quando perceberam o que estava acontecendo.

As notícias haviam chegado antes, dizendo para nos escondermos e estocar alimentos, pois um novo vírus que alterava os padrões comportamentais humanos estava à solta. Todos estavam fazendo o recomendado, mas o desastre não foi menor por conta disso.

Começou de repente, um grito, seguido de passos agitados de uma multidão de pessoas desesperadas nas ruas e, logo os primeiros infectados. Ouso dizer que só os melhores sobreviveram à primeira noite. Sim, hoje encaro o mundo como um jogo, um jogo de estratégia e habilidades. Sua verdadeira e derradeira chance de provar que deve viver.

Eu, Claire Sankots queria sobreviver às próximas rodadas. E para isso, precisava tomar a decisão.

Estava deixando para decidir depois, se voltaria para o orfanato ou não; coletei os alimentos, pois precisaria deles de uma forma ou outra, caso decidisse seguir jornada.

- Por favor, tem de me ajudar. – uma voz fraca chamou. – Não fui mordido.

Olhei para os lados, tentando identificar de onde vinha a voz, segurei a faca de Ana com ainda mais força. Algo agarrou meu tornozelo, chutei para me livrar e percebi que era uma pessoa. E viva!

- Não foi mordido? – perguntei enquanto me afastava instintivamente do homem aos meus pés. Ele era loiro e magro, tinha olhos castanhos e um rosto bom, mas algo nele me chamou atenção. Sua perna direita terminava em um toco sangrento e... irregular. Sua perna parecia ter sido arrancada.

- Não, não fui. – ele percebeu que eu olhava a ferida e disse: - Sofri um acidente, fui atropelado, só isso.

Ele suava muito e tinha dificuldades em falar.

- Mentiroso. – respondi com convicção, aquele homem mentia, fora mordido e estava desesperado. Pela palidez que aparentava, estava à beira de se tornar um deles.

- Por favor, garotinha, você é a única que pode.

- Não posso. Não vou.

- Vadia inútil! – gritou ele e cuspiu na minha direção.

- Mas você não queria a minha ajuda? Agora sou uma inútil? – dei um sorriso cínico na sua direção.

- Se eu não sobreviver você também não vai. – congelei, quando ele tirou um revólver da cintura. Pensei que ele ia me matar, mas ele apenas deu três tiros para o alto.

- O que está fazendo? Está maluco?

O homem agarrou meu braço.

- Me solta! – gritei, confrontando a força esmagadora daquele homem; comecei a me desesperar quando vi três zumbis surgindo na esquina e logo, mais se juntaram a eles. – Você os atraiu!

Eles se aproximavam agora vindos de todos os lados. Eram dezenas.

- Filho da... – comecei, mas ele me silenciou com um tapa da mão livre - Me solta! Ou vai se arrepender. – pressionei a faca de Ana contra a garganta do sujeito e apertei um pouco, para mostrar que falava sério.

- Garotinha. – ele riu – Você não tem a força e a capacidade para fazer uma coisa dessas.

- Não tenho? – perguntei cética e enterrei a faca com força.

Sua mão se afrouxou e logo me afastei. Um zumbi me agarrou por trás e tentou me ferir, mas a faca o atingiu primeiro.

Vi uma oportunidade de fuga do outro lado da rua; havia cinco infectados em meu caminho, mas era minha melhor chance de sobreviver no momento. Era uma casa moderna de dois andares e a porta permanecia entreaberta.

Corri, jogando o peso do meu corpo contra o primeiro deles, arremessando-o ao chão. O segundo, atingi com a faca e os outros três simplesmente driblei.

Atravessei a porta em desespero e fiquei feliz ao constatar que não havia nenhum outro zumbi no cômodo principal, mas os outros vinham atrás e eu precisava me apressar. Optei por subir as escadas de madeira. Tropecei uma vez e tive que me agarrar ao corrimão.

Entrei no primeiro cômodo que avistei e fechei a porta atrás de mim. Era um quarto de casal, as paredes pintadas de um tom claro de marrom que, ironicamente combinava com o sangue nos lençóis.

Empurrei a cômoda que servia de suporte para um despertador, algumas fotos emolduradas e uma bíblia de bolso para travar a porta. Os mortos arranhavam e grunhiam no corredor.

Encostei-me a um canto do quarto e deixei algumas lágrimas escaparem, tirei a bolsa com os suprimentos – que nesse momento estava quase cheia - para não estragar nada e joguei-a ao meu lado.

Eu havia matado um ser humano. Apesar de ter sido uma situação de vida ou morte, eu havia matado uma pessoa e me sentia terrível por isso.

Algo me trouxe de volta dos meus devaneios. Observei admirada enquanto um gato de pelos brancos adentrava o quarto pela janela. Era lindo e miou alto depois de uma rápida verificada no local, provavelmente era o gato da família. Ele continuou olhando – desesperado - rapidamente em todas as direções até que me percebeu ali, encolhida.

E todo o encanto e admiração que sentia pelo animal, desapareceram, ao perceber o tom vermelho em seus olhos. Algo se derramou do seu flanco esquerdo e percebi que era algum órgão interno; o animal havia sido mordido.

Diferentemente do que faria um gato comum ao encontrar um completo estranho em sua casa, aquele avançou em minha direção. Os olhos brilhando; movido pelo desejo de carne. 


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Notas finais do capítulo

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