The Hikers Dead - Infecção escrita por Gabriel Bilar


Capítulo 37
Capítulo 37


Notas iniciais do capítulo

O Nyah! voltou o/ Estava ansioso para postar esse capítulo kkkk Gostei muito dele e espero que vocês também!



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POV – Steve

Restava pouco tempo antes que a escuridão engolisse tudo. Havíamos acabado de passar por uma estrada que levaria à rodovia principal e nos colocaria novamente em rota, porém, mais uma vez, infectados frustraram nossos planos. Fomos obrigados a recuar alguns metros e nos embrenhar novamente na floresta.

– Podemos armar uma fogueira e revezar os turnos de vigia – sugeri. – Não demos de cara com muitos deles até agora, aqui na mata, pode ser que passemos a noite sem muitos incidentes.

Ninguém chegou a concordar, mas como não tinham uma alternativa melhor, também não se opuseram a ideia.

Depois de muito arrastarmo-nos pela floresta, tentando não tropeçar nas raízes de árvore expostas e evitando a todo custo os insetos incômodos que planavam por todo lugar, demos de cara com uma clareira, que podia não ser ideal, mas não havia luminosidade suficiente para investir numa continuação da busca.

As mulheres largaram as bolsas – que nem tinham tanta coisa assim, pois Bruno e eu fôramos gradualmente retirando peso delas conforme andávamos ao longo do dia –, e se afastaram, provavelmente porque precisavam tratar de suas necessidades femininas sem nossa presença.

– Não vão muito longe! – berrei, em tom brincalhão.

– Tá bom, mamãe – retrucou Paula sorrindo.

Quando ficamos sozinhos, levantei as sobrancelhas e disse:

– Quer ir espiá-las?

– Não estamos no colegial, Steve. Preciso lembrar você disso?

– Eu sei. Só estava brincando. Relaxa cara!

– Desculpe – suspirou. – É só que... estamos tão perdidos. E você sabe o quanto eu me sinto culpado por isso tudo... Eu não posso vacilar com elas. Não posso vacilar com nenhum de nós.

– Claro que sei como você se sente. Eu me sinto assim também. Mas, cara, você não pode controlar o mundo. Sim, você pode fazer o seu melhor pelo grupo, porém, do jeito que as coisas andam, ninguém está a salvo. Caso percamos alguém, e eu rezo para que isso não aconteça, não será culpa sua.

Aquilo o calou por um instante, mas logo ele se pronunciou:

– Certo, mas mesmo assim, o que vamos fazer agora? Podemos continuar lutando e lutando para continuar vivos, porém, não vamos seguir adiante por muito tempo.

– Nós temos o Refúgio, oras!

– Quer mesmo atravessar o país, centenas de quilômetros, atrás de um lugar que nem sabemos direito como está agora? – Sua expressão era um misto de ceticismo e perplexidade.

Carla e Paula voltaram, não tendo percebido o clima tenso, elas anunciaram que viram um zumbi próximo de onde estavam e o mataram, mas afora aquilo, o lugar parecia seguro.

Após o jantar magro – umas poucas frutas quentes e algumas fatias daquele pão de coco industrializado que era vendido em sacos – à luz de uma mini fogueira, Bruno se ofereceu para ficar de sentinela primeiro, mandando o resto de nós para os sacos de dormir velhos. Concordei com um aceno de cabeça cansado e não hesitei em fechar os olhos e esquecer o mundo.

POV – Bruno

Uns óculos de visão noturna cairiam bem, pensei. Sem aquele tipo de equipamento, tudo o que eu podia fazer era ficar em pé – não sentado porque temia pegar no sono, tamanha era a sensação de exaustão –, com a mão em volta de uma faca ou pronta para sacar a arma de fogo, caso necessário.

Mas o único inimigo real naquele ponto da noite eram os insetos. Nuvens de mosquitos pareciam ignorar as três presas fáceis dormindo e vinham direto na minha direção. Três pessoas dormindo prontas para ser devoradas pelos insetos e eles vinham direto para mim!

Em certo momento, visualizei um infectado,porém ele estava longe o suficiente para não representar perigo e por isso decidi que não valia o risco de deixar Steve, Carla e Paula desprotegidos sob o luar fraco. Logo ele desapareceu nas sombras.

– Merda. Eu deveria estar morta de sono depois de um dia tão longo – disse alguém próximo a mim. Alto o bastante para que eu ouvisse sem problemas, mas ainda assim baixo a ponto de não incomodar o sono merecido dos outros.

– Carla, oi. Está tudo bem?

– Acho que sim. Aquelas horas caminhando em silêncio acabaram me fazendo bem.

Não respondi nada, estava ocupado bocejando.

– Se você quiser ir descansar, aproveite, eu te chamo caso aconteça alguma coisa – ofereceu ela.

– Obrigado, mas eu acho que posso aguentar mais algum tempo.

Um silêncio um tanto constrangedor pairou sobre nós. Fiquei me perguntando se devia que dizer alguma coisa.

– Posso? – perguntou Carla, certo tempo depois. Ela apontava para um infectado ao longe, que enquanto ela falava, seguia em frente.

– Ele nem está vindo para cá. Deixe-o.

– Você acha que a Alana e os outros vão ficar bem? – disse ela, de repente, sendo a primeira a tocar no assunto desde que havíamos deixado o lugar.

– Ela sabe se virar. No momento estou mais preocupado com o nosso rumo.

– É o segundo, não é? E o terceiro!

– De que raio está falando? – perguntei, deixando transparecer a irritação evidente na voz por ela estar mudando de assunto tão repentinamente, de novo.

– Os zumbis, olha, eles continuam passando por aqui, mas não estão dando a mínima para a gente.

– Não vejo como isso pode ser um problema.

– Tem alguma coisa acontecendo lá, Bruno – Carla estava séria. – Não é melhor darmos uma olhada?

– Ok, você está certa. Já volto.

Sacudi o ombro de Steve com urgência, e seus olhos se abriram devagar.

– Que droga, Bruno...

– A Carla e eu vamos dar uma olhada nas coisas mais à frente – informei e, notando seu olhar malicioso, acrescentei: – Só vamos ver o que está acontecendo com os zumbis. Eles estão agindo de um jeito estranho. Só preciso que fique de olho em tudo, ok?

Ele assentiu, concordando sonolento, enquanto agarrava minha lanterna, estrategicamente posicionada ao lado da fogueira que precisava ser revivada antes que se apagasse de vez.

– É bom não se esquecer disso, cara.

– Obrigado.

Troquei um último olhar com Steve e finalmente me embrenhei com Carla na mata.

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Carla deu um pulinho e cravou a faca com uns 25 centímetros um pouco a cima da nuca do zumbi mais próximo – um retardatário, rumando na mesma misteriosa direção dos outros.

– Ei, Carla, não queremos atrair atenção, certo? – sussurrei, puxando-a para trás de uma árvore enquanto o corpo decomposto tombava no lugar onde Carla estivera um instante antes.

– Ok. Observar. Entendi.

Não trocamos mais nenhuma palavra de imediato, apenas ficamos ali, amontoados contra a árvore sem sermos notados.

Após um instante apreensivo, Carla não aguentou o silêncio e tirou a lanterna – antes apontada para o chão para não atrair atenção indesejada – de minhas mãos.

Meu coração falhou uma batida quando a lanterna revelou um número bem maior que o esperado de infectados. Tive vontade de gritar “Carla, apaga isso!”, mas ela sabia o que fazer. O desespero não a deixava estúpida, como acontecia com boa parte das pessoas.

– O que vamos fazer? – Ela estava de costas para mim. – Você acha que eles nos notaram?

Quase como que respondendo à pergunta, um braço sujo surgiu e agarrou Carla pela cintura. Ela teria caído se eu não tivesse reagido rápido o suficiente ao agarrá-la e arrastá-la alguns passos para trás. O monstro caiu aos seus pés e ela chutou sua cabeça com toda a força.

Desprendeu-se de mim enquanto tirava os cabelos castanho-avermelhados do rosto, pronta para lutar.

– Ei, espera! Temos que buscar Steve e Paula. – repreendi gentilmente.

A ex-professora não disse nada enquanto disparava em uma corrida de ritmo moderado ao meu lado.

Mas na metade do caminho, demos de cara com Steve e Carla fugindo do acampamento. Paula resumiu a situação, já que Steve não tinha mais fôlego para explicar nada. Além dos infectados que Carla e eu havíamos perseguido, contou ela, havia outro grupo vindo por trás para garantir sua refeição.

– Isso não parece nada bom – suspirei.

– Não é – garantiu Paula.

– Só vamos... sair desse lugar. Porra. – manifestou-se Steve.

Ninguém precisou dizer nada. Aliás, ultimamente, ninguém mais dizia nada, apenas entendíamos uns aos outros e fazíamos. Era assim que precisava ser.

Steve foi o primeiro a se sujar com sangue infectado, o que aconteceu quando ele disparou a arma em um zumbi próximo demais. O líquido vermelho escorreu pelo seu peito, formando pequenas poças sangrentas no chão.

Nos instantes seguintes todos ganhamos aquelas manchas em nossas roupas. Carla ao atirar uma faca contra um deles ganhou um respingo na altura dos quadris; Paula estourou a cabeça de um com o machado e eu me sujei ao chocar a cabeça de um deles contra uma árvore próxima.

Todos gritávamos enquanto matávamos, ou melhor, todos com exceção de Steve, que urrava ao desferir golpes com o machado de Paula – aparentemente, ela não se acostumara o suficiente com a arma para continuar lutando e trocara com Steve em algum momento na escuridão.

Corri verdadeiro perigo quando um dos monstros precipitou-se, pulando sobre mim e chegando a fechar a mandíbula à centímetros do lado esquerdo de minha clavícula. A sorte foi que era uma mulher, o que possibilitou minha mão de agarrar seus cabelos sujos por trás e puxá-la para longe. A morta-viva caiu e como estávamos enroscados o suficiente, caí junto, sentindo o impacto do chão de terra nas minhas costas e cabeça.

– Porra! – Carla pisou na cabeça da morta, colocando um fim à sua deplorável situação e mandando um jato de sangue repulsivo na direção do meu rosto.

Cuspi e procurei me levantar, por mais que o corpo clamasse por um tempo de descanso.

– Não ainda, idiota – falei comigo mesmo.
Os momentos seguintes foram a repetição de sempre: atingia-os na cabeça e deixava o sangue jorrar enquanto partia para outro zumbi, até que Paula surgiu ao meu lado e me puxou urgentemente.

– O Steve abriu um espaço lá na frente! Vamos logo!

Tropecei várias vezes até chegar ao lugar onde Steve matava zumbis freneticamente, buscando manter o “espaço” aberto. Ele suspirou aliviado ao ver Paula e eu e então matou um último infectado antes de nos conduzir através deles na direção de onde Carla nos esperava.

Nossa situação ainda não era boa, longe disso, mas pelo menos agora tínhamos os dois grupos de infectados atrás de nós, ao invés de nos cercando como há alguns momentos atrás.


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Notas finais do capítulo

E aí, o que achou? Não seja um leitor fantasma, comente!

~~Se alguém tiver uma ideia pro nome do capítulo, eu aceito e.e~~