The Hikers Dead - Infecção escrita por Gabriel Bilar


Capítulo 29
Improvável


Notas iniciais do capítulo

Boa tarde, povo o/
Quero dedicar esse capítulo especialmente a GnomaSynystra e Jennifer Diau, que fizeram recomendações incríveis da história nos últimos dias *-* (se alguém quiser seguir o exemplo... hehe)

Espero que gostem :) Até as Notas Finais!



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POV – Steve

Daniel e eu estávamos esperando em um lugar mais ou menos próximo de onde eu ficara de vigia na árvore, noite passada. Aquele era o último ponto de terra plano, antes que toda a floresta se tornasse um declive na direção da fazenda-acampamento.

- Acha mesmo que vai dar certo? – Daniel sussurrou. Ele estava ao lado da caminhonete negra que encontráramos para realizar a missão. O veículo era importante, mas tudo dependia da parte da Carla no plano dar certo ou não.

Dan portava uma pistola, após uma aula básica de como atirar, dada por mim e por Bruno – antes que ele se sentisse fraco e voltasse para a cabana – e um cutelo como garantia. Sua voz soava apreensiva.

- Claro que vai. – garanti, soando confiante, quando na verdade, sabia estar mentindo. Não havia como aquilo dar certo. Muito provavelmente, Carla, Daniel e eu seríamos rendidos e mortos antes de poder dar um passo pra fora da fazenda, mas obviamente, preferi não dizer isso. – Só me prometa uma coisa, garoto. Você não vai deixar seus motivos pessoais atrapalharem isso. Não importa o que aqueles caras fizeram a sua mãe, não banque o justiceiro ou algo do tipo.

Ele não respondeu nada e não forcei. Tinha meus próprios problemas e apreensões. Teria sido uma boa escolha mandar Carla até lá? Ela era a única que poderia executar aquela parte do plano, mas, não sabia se acertara na opção. E, mesmo que ela cumprisse sua função, qual a garantia de que o restante do plano correria bem?  

Havia uma razão para termos escolhido uma caminhonete. Na sua traseira, com pulsos amarrados e sacos nas cabeças, sete infectados. E eu já sabia direitinho para onde iria levá-los.

Apenas esperava o sinal de que Carla cumprira sua parte. E esse sinal veio logo em seguida, nada sutil.

POV – Carla

- Prontas? – perguntei, sem tirar o olho do homem que acabara de matar. 

- Então, tudo o que temos que fazer é correr desesperadas? – Uma mulher alta perguntou, cética.

- Pelo que entendi, sim. – Outra respondeu no mesmo tom.

- Não é correr desesperadas – suspirei, irritando-me.  – O que vamos fazer, é criar uma confusão. Nesse momento, meus amigos vão agir e dar cobertura para que todas nós escapemos.

- Mas, e se eles não vierem? – indagou uma morena alta.

- Eles virão. – declarei.

- E se não quisermos cooperar? – perguntou uma mulher acidamente, cabelos loiros e olhos claros astutos.  – Nem todas querem morrer em uma tentativa desesperada de fugir.

- As que não quiserem vir, fiquem por aqui. Com ele. – indiquei o homem morto com uma bala no peito e pensei ter visto um espasmo na sua mão direita, mas provavelmente era só minha imaginação, não podia estar ocorrendo tão rápido.

- Eu não vou fazer isso. – disse ela, e outras três eram da mesma opinião, já as demais, mantinham um olhar de determinação no rosto, estavam crentes de que o sofrimento delas acabaria naquela noite.

Não liguei para as exceções mal-humoradas em um canto do celeiro. O importante mesmo era manter segura a mulher ao meu lado, baixa e magra, com belos cabelos negros lisos, brilhantes não fosse toda a sujeira do acampamento, a mãe de Daniel permanecia segurando meus pulsos com mãos geladas e úmidas. Era o único motivo para estarmos ali, o que daria uma oportunidade as outras também, mas eu sabia, e provavelmente ela também, que as outras mulheres teriam permanecido aprisionadas eternamente ali, se Alana não nos tivesse obrigado a isso em troca dos cuidados médicos de Bruno. Quando terminei de contar a versão resumida dos fatos que nos levaram até ali, a mulher, chamada Claudia, sorriu.

- Isso tinha que ser coisa da Alana. É o tipo de artimanha que eu esperaria dela. – Ela fez silêncio um instante. – Ainda vai demorar muito?

- Eles só vão agir quando nós agirmos.

- E quando será isso?

- Que tal agora?  – Senti um frio agudo na barriga, enquanto o homem morto tornava a se levantar, os olhos vermelhos fitando cada uma de nós. Fiquei arrepiada, seria possível que mesmo depois de infectados, eles ainda se lembrassem de coisas como, quem os matou? Seria possível que aquele homem viesse buscar sua vingança sobre mim? Devo admitir que não fiquei parada para descobrir.

Abri a porta do celeiro com um estrondo e cada uma das mulheres – até as que antes não concordavam com o plano – correram, acompanhando-me. Algumas berravam e estavam fazendo um ótimo trabalho, pois logo, metade dos homens no acampamento avançava na nossa direção.

- Espalhem-se! – gritei.

Então ouvi o som, abafado pelos gritos, correria e até pela minha própria pulsação nos ouvidos. O motor de um carro. Sorri para Claudia e para a mulher morena de antes, que estava ao seu lado. Elas olharam para cima bem a tempo de ver a caminhonete negra, usando o embalo do declive tortuoso para chocar-se contra a cerca da propriedade, criando uma grande brecha de escape. O carro não seguiu em nosso auxílio, em vez disso, foi à outra parte do acampamento, dando continuidade ao – insano – plano.

POV – Steve

- Vamos lá, rápido, Daniel!

O garoto esticou um braço para fora do veículo em alta velocidade e lançou um projétil, o mais longe possível. Este, assim que atingiu o solo de terra no centro do acampamento, ao lado de uma fogueira, passou a expelir uma fumaça branca, com o objetivo de atordoar e confundir o inimigo, tornando-os todos, alvos fáceis.

Brequei a alguns metros da cortina de fumaça e pulei do carro, velocidade era essencial naquele momento. Daniel me acompanhou e ajudou na complicada tarefa de cortar as amarras e sacos nas cabeças dos infectados. Por fim, empurramos todos eles na direção da perigosa névoa, onde fariam sua função.

Estava no caminho de volta ao banco da caminhonete quando escutei o primeiro grito surpreso.  Apressadamente, deixei aquela área, torcendo para que os infectados matassem todos eles.

Daniel sorria, não parecia mais nervoso, estava até gostando da adrenalina da situação e gostou mais ainda de mirar a pistola nos pés de um inimigo prestes a alcançar uma mulher de curtos cabelos castanhos, em fuga. O homem se curvou dolorido, e no instante seguinte, um infectado surgia em seu flanco, eles lutaram por um minuto ou dois, mas por fim o homem sucumbiu e sua carne agora era banquete.

Observei, pelo canto dos olhos que, duas das mulheres mais ágeis já terminavam de escalar o declive, e corriam pela noite, em direção à liberdade.

- A noite não será em vão – Daniel tinha seguido meu olhar. – Pelo menos já salvamos duas vidas.

Para que possam morrer na mão dos infectados, acrescentei em minha própria mente, afinal, não havia mesmo uma garantia segura de que a fuga delas ajudaria em qualquer coisa, podíamos só estar adiando a inevitável morte.

Prendi a respiração quando vi Carla, um alívio imediato me invadiu, era tão bom vê-la novamente, mesmo que coberta da terra vermelha do acampamento. Ela mirava o ombro de um homem de meia-idade que estava chegando perto demais, quando uma mulher pequena a distraiu, apontando em nossa direção, então as duas, acompanhadas por uma bela morena, correram ao nosso encontro. Senti Daniel arquejando ao meu lado na caminhonete, o que me levou a prestar mais atenção na baixinha, de fato, ela e Daniel tinham semelhanças faciais.

- Sua mãe? – perguntei.

Dan assentiu, quase pulando da caminhonete.

- Calma aí, garoto, vai ter tempo pra conversar com sua mãe quando tivermos chegado lá em cima. – Apontei para além da abertura feita na cerca, para o lugar onde estivéramos esperando antes de invadir a fazenda.  – Corra direto pra lá e nos espere, ajude qualquer mulher que precise.

- Mas...

- Lembra o que eu disse mais cedo sobre motivos pessoais?

- Achei que estivesse se referindo a uma possível tolice da minha parte em buscar vingança dos homens que fizeram isso com minha mãe.

- Eu estava – bufei –, mas que se foda, o sentido mudou agora. Vá!

Relutante, ele obedeceu, largando a caminhonete com suas armas em punho. Aguardei um instante a mais, preparando-me para abandonar o veículo e correr.

- Como assim? Não vamos sair daqui com a caminhonete? – Carla indagou a alguns metros de distância.

- Vamos sair por onde entramos. E não conseguiríamos fazer isso com a caminhonete.

- Daniel? Onde está o meu filho?! – A mulher baixa e também, pude perceber com uma olhada discreta, bela, perguntou nervosamente.

- Ele foi na frente, está esperando por nós.

Entreguei a Carla seu cinto de facas, que ela passou pelo pescoço e ajustou-o diagonalmente sobre o tronco, agora sim, parecia completa; confiante da fuga.

Apreciei a última vista da fazenda. A cortina de fumaça já desvanecia, revelando cadáveres e feridos fatais. Três infectados ainda estavam de pé, alimentando-se dos corpos; por um momento, pensei em voltar lá e acabar com eles, mas a pressa era inimiga da perfeição e naquela hora, escolhi a pressa. Na nossa parte da fazenda, a desgraça era ainda maior, de alguma maneira, havia infectados ali também e cerca de quatro vítimas deles – entre homens e mulheres. Pude perceber também que, outras fugitivas tinham sido cruelmente arrebatadas por golpes que zumbis nunca poderiam executar.  Aquele pensamento direcionou meu olhar ao outro lado da fazenda, onde, semicerrando os olhos, consegui distinguir dez homens reunindo-se em um local próximo ao celeiro. Deviam estar conferindo armas e se reagrupando, tentando entender o que acontecera ali, um deles apontava na direção da caminhonete.

- Eles estão vindo pra cá. Não nos viram ainda, mas vão ver assim que sairmos. Acompanhem meu ritmo, ou morreremos todos.

Elas assentiram em concordância. Começávamos a nos mover quando a mulher de pele negra pediu para esperarmos.

Ela agachou-se ao lado de um homem inconsciente e agarrou o cabo de seu machado. A compreensão do que ela estava prestes a fazer demorou a me atingir, e quando veio, já era tarde. Friamente, ela ergueu a arma e separou a cabeça do homem do resto do corpo com um só golpe.

Agora estávamos nos movendo e a mulher morena não me parecia mais tão atraente, não com um machado pingando sangue a tiracolo.

Um som preencheu nossos ouvidos, acima da correria e do barulho que nossos passos provocavam. Meu olhar foi do topo aos pés do declive, onde havia uma mulher estatelada, morta.

- Que horror! – berrou a mãe de Daniel. Concordei mentalmente, mas mais horrível que isso, era o que se desenrolava lá em cima, pelo menos uma dúzia de infectados, contra um único adolescente armado e mulheres que mal tinham visto as criaturas ainda.

Sem que qualquer um de nós precisasse dar as ordens, todos corremos para o declive, as marcas de rodas da caminhonete ainda marcavam o solo. Atirei algumas vezes para trás, atrasando os homens que partiam em nossa perseguição.

A mulher que caíra do precipício tinha uma expressão eternamente surpresa, olhos arregalados e o pescoço em um ângulo nenhum pouco natural. Carla aproximou-se e perfurou a cabeça da mulher com uma de suas facas.

Não havia tempo para questionar o ato. Quase que mecanicamente, venci os primeiros metros de subida, alternando entre andar, rastejar e escalar. Quando cheguei ao topo, estava coberto de terra vermelha, depositada em minha cabeça, roupas e um pouco dentro do sapato esquerdo.

Um grande estrago já havia sido feito, uma mulher convulsionava no chão, o pescoço com uma ferida enorme na forma de mordida. Outra parecia estar tento um ataque de pânico, respirava com dificuldade e auxiliada por uma amiga preocupada. Nada disso abalava Daniel, que continuava lutando, suas roupas, encharcadas de sangue, a arma de fogo – provavelmente com a munição gasta –, largada próxima de onde eu estava, recebia a ajuda de uma jovem loira que, quase inutilmente afastava os zumbis com empurrões bruscos. Notei com certo orgulho, que cinco coisas jaziam no chão, Daniel as detivera.

Prepara-me para disparar quando algo cutucou meu ombro, a mulher morena me entregou o machado.

- Poupe sua munição.

Assenti, grato. A arma era um tanto rústica, mas serviria para lidar com os mortos-vivos.

Corri de encontro ao desafio, afastei gentilmente a garota e usei as duas mãos para aplicar um golpe de lado no crânio de um infectado. Daniel me encarou, assustado e surpreso – um tanto aliviado –, o zumbi que ele atacava se aproximou e tive que eliminá-lo também.

- Cuide dos seus mortos – falei, cumprimentando-o.

Desliguei-me de um choro baixo vindo das fugitivas aglomeradas e ataquei, sentindo os músculos se adaptarem a força necessária para cravar e puxar o machado. Encantei-me com a eficiência da arma e o estrago que era capaz de fazer.

Um golpe direto; sangue; uma cabeça rolando; sangue; um rosto fatiado ao meio. Sangue.

Restava apenas um zumbi de pé, já me preparava para partir sua cabeça, visualizando o golpe antes de executá-lo, quando algo silvou próximo ao meu ouvido, minha visão periférica captou um borrão difuso e, no instante seguinte, havia uma faca pendurada na bochecha esquerda do morto. Não fora um golpe fatal, mas pelo menos atingiu o alvo, Carla estava melhorando nos arremessos.

Bastou um golpe de machado para que o crânio se espatifasse, sujando ainda mais minha roupa, mergulhei a mão naquilo e recuperei a faca.

Devolvi, sorrindo, a faca para Carla, ela sorria também.

- Boa mira.

- Obrigada.

O clima deveria ser de festa, tínhamos sim, motivos para comemorar, mas ninguém o fazia. Pensei que, ao fim da ameaça zumbi, Daniel correria para os braços da mãe, como quase fizera lá embaixo, mas não, havia um silêncio mortal no local.

- Então... Ninguém vai comemorar? Pulem, dancem, só... Façam alguma coisa.

- Ele foi mordido. – A jovem loira declarou, olhando com aflição para Daniel, que fitava o chão. 

Congelei, encarei Carla, tão desnorteada quanto eu.


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Notas finais do capítulo

Sinceramente, eu editei e reescrevi certas partes desse capítulo inúmeras vezes e não consegui ficar lá muito satisfeito, mas resolvi postar e.e Caso queira dar sua opinião sobre o capítulo, deixe um review, não custa nada, pô ahsuhahushus
~le mendigando review.
Obrigado por lerem, até o próximo, vou tentar demorar menos.