The Hikers Dead - Infecção escrita por Gabriel Bilar


Capítulo 27
Cordas


Notas iniciais do capítulo

O capítulo ficou um pouco mais curto do que o normal, mas não importa, acho que vocês vão gostar mesmo assim c:



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/331373/chapter/27

POV – Carla

Meus pulsos ardiam com a pressão da corda enrolada ao redor deles e minha cabeça latejava com os ferimentos feitos por Steve, mas mesmo assim, estava confiante.

Cada detalhe do plano fora discutido e repassado até que todos entendessem sua respectiva função. Estava bem claro que não podiam haver erros. Nossas chances, caso tudo corresse bem, já eram mínimas.

- Quem são vocês? – Desconfiado e grosseiro, um homem obeso, com a barba por fazer, portando uma pistola, perguntou. Estava parado, ao lado de um carro preto sujo de lama e respingos de algo que parecia sangue, com um cigarro suspeito entre os dedos indicadores. Parecia uma espécie de guarda do portão principal da fazenda.

- Eu vim por parte da fazenda dos Umber – mentiu Steve, usando, no final da frase, o nome de uma fazenda vizinha conhecida por Alana. –, ouvimos muito sobre vocês. E como não queremos nenhum problema, vim trazer... algo para vocês. Espero que seja o suficiente para assegurar que não invadam nossas terras.

Steve, que já estava do lado de fora do carro, deu a volta por trás do veículo para abrir a porta do passageiro. Fingindo modos rudes, ele puxou meus braços e colocou-me no campo de visão do criminoso – eu já o considerava assim –, que pela primeira vez, parecia empolgado.

- Mas que coisinha bonita que você tem aí, hein?

- Será sua se prometer deixar a fazenda em paz.

- Trato feito – O homem sorriu, todo tipo de perversidade devia estar passando por sua mente no momento.

Steve me lançou um último olhar cheio de significado, antes de me empurrar na direção do homem. Percebi, quase tarde demais, que deveria começar minha parte da atuação.

- Seu filho da puta! – A noite ficou silenciosa de repente. – Não tem o direito de fazer isso! Me vender como se fosse uma mercadoria. Isso é canalhice demais, até pra você!

- Cala a boca, as coisas são como precisam ser – respondeu ele. – Essa foi a única utilidade que encontramos pra você. Se não queria esse destino, devia ter matado mais zumbis.

Já esperava que Steve não fosse decepcionar, mas ele estava até mesmo superando as minhas expectativas mais otimistas.

Steve entrou no carro e deu a partida no motor, ao mesmo tempo em que o barbudo colocava as mãos nojentas em mim. Tateava descaradamente, comigo tentando ao máximo evitar seu toque.

-Quieta, vai ser pior pra você mesma... – falou, encostando os lábios repulsivos no meu pescoço. – Gostaria mesmo de me divertir com você agora, mas haverá outras oportunidades.

Ele se afastou, ainda olhando na minha direção, para chamar outra pessoa pelo walkie-talkie e após alguns instantes de conversa, ele se voltou para mim.

- Aguarde só mais alguns instantes, querida. Não posso deixar meu posto sozinho, não é mesmo? Vão mandar alguém para me substituir.

Estava muito nervosa, Steve havia dito o que provavelmente iria acontecer, para onde me levariam, mas mesmo assim, a dúvida pairava sobre mim. E se descobrissem que tudo não passava de uma armação? Eu não teria nenhuma chance.

Dez minutos depois da chamada pelo walkie-talkie, um segundo homem apareceu e este sim, eu reconheci como o guarda que dera o soco em Daniel.

Ele me avaliou por alguns demorados segundos e fiquei –sem motivos – com medo de que ele pudesse se lembrar de mim, mas Steve e eu estivéramos bem escondidos, impossível que ele tivesse me visto alguma vez antes.

- Bonita, devo admitir – Foi o único comentário que o homem fez. – Depois que já tiverem terminado com você, quero a honra de tê-la gemendo debaixo de mim. Seja de prazer... ou de dor.

O pensamento causou-me um estremecimento, preferia morrer a ter alguma coisa com qualquer um daqueles caras.  

- Então, posso levá-la. Obrigado por ficar no meu lugar, Mike – declarou o obeso.

- Nada disso. O chefe me mandou levá-la, você continua no seu posto.

- Merda, mas eu...

- Devo falar pra ele que está descumprindo as ordens?

O gordo bufou e disse, agora para mim:

- Alguma noite você ainda será minha.

“Vai ver que eu não sou de ninguém” pensei, mas nada disse.

Quando a distância entre nós e o portão já era bem grande, o homem ao meu lado comentou:

- Sua vida não será nada fácil nos próximos dias. 

Optei por não responder, simplesmente não fazia ideia do que dizer.

- Geralmente, as mulheres se revezam para satisfazer todos nós, mas você é novidade aqui. E tudo o que é novo costuma ser bem aproveitado, logo nos primeiros dias.

“A única coisa bem aproveitada aqui, será a sua morte” resisti ao impulso de dizer aquelas palavras em alto e bom som, mal cheguei àquele local e já estava farta de todos eles pensando que poderiam me ter a hora que quisessem. Iria provar, melhor, iria demonstrar que estavam enganados.

- Aqui. Chegamos. – anunciou ele, parando na frente de um celeiro que aparentava uma reforma recente.  – As putas que já estão aí dentro há mais tempo, irão te dar algumas dicas de como agradar, entre outras coisas, tente se enturmar, fazer amizades  – Agora o tom de sua voz denotava cinismo. –, aproveite a estadia!

Ele abriu o cadeado que trancava o local e voltou-se na minha direção, esperando desamarrar as cordas em meu pulso e empurrar-me para dentro. Foi quando ele se surpreendeu.

- Sabe qual foi seu único erro? – Steve não havia feito nós de verdade, as cordas enroladas em meu pulso eram, assim como os ferimentos na cabeça, apenas para aumentar a realidade da cena. Com um movimento específico dos músculos da mão e dos pulsos, livrei-me das cordas que desabaram, inúteis, no chão. – Não ter me revistado.

A surpresa dele aumentou quando percebeu a arma de fogo com silenciador, antes oculta, entre minhas mãos, apontando para a sua direção.

Não reagiu. Nem poderia. 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E aí, o que acharam? O próximo capítulo vai ser bem emocionante, até lá!
Comentários? c: