The Hikers Dead - Infecção escrita por Gabriel Bilar


Capítulo 25
Curando-se Na Cabana (parte 4)


Notas iniciais do capítulo

Ei, povo que acompanha a história! Como vão vocês?
Bem, aqui está mais um capítulo pra vocês lerem, e desde já, prometo muita ação para o próximo capítulo!!



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POV – Steve

O lugar onde os homens se escondiam não era um verdadeiro refúgio. Eles pareciam ter um bom esquema de revezamento na segurança, mas eu sabia que poderia encontrar brechas se procurasse o suficiente.

Era arriscado estar ali, acomodado nos galhos superiores de uma árvore no escuro da fria noite que avançava, observando atentamente a fazenda a quase meio quilômetro de distância, mas poderia ser ainda mais arriscado realizar qualquer ataque, sem antes, ter um planejamento, ou no mínimo, uma noção do que fazer.

Carla, para minha total surpresa, havia concordado sem qualquer hesitação em me ajudar e quando a questionei sobre o assunto, ela respondeu:
- Não estou fazendo por você e acho que sabe disso. Estou fazendo pelo Bruno. Sei que ele nunca me deixaria para trás.

Quando aquela mulher iria entender a grande escolha que eu tivera de fazer? Talvez a resposta fosse: nunca.

Havia pensado nisso duas horas atrás, enquanto aproveitava os derradeiros raios de sol para firmar meu esconderijo e me preparar para a vigília durante o resto da noite, e pensava novamente agora. Pensava, pois era a única coisa que me impedia de enlouquecer enquanto o frio e a dúvida penetravam fundo em meu corpo.

Até o presente momento, não havia conseguido nada útil com a minha empreitada e estava mesmo pensando em deixar tudo para lá, mas Alana fora bem clara com as ameaças e não seria bom colocá-la à prova.

Sem qualquer positivismo, esperei, até que os olhos quase se fechavam contra minha vontade, e nada. Começava a pensar em até mesmo tirar um cochilo, afinal, se nada acontecera até ali, não ia acontecer no meio da madrugada.  Estava errado, e essa certeza veio quando um homem alto e forte entrou em meu campo de visão, cortava o cabelo escuro rente, como o da maioria esmagadora dos homens do grupo e tinha olhos que, mesmo a distância, me pareciam friamente cruéis. Caminhou na mesma direção por demorados instantes, até parar na frente de um celeiro e esperar impacientemente o jovem desajeitado com o revolver na mão, que vinha logo atrás.

Trocaram algumas palavras e o garoto tirou um molho de chaves do bolso que foi arrancado de suas mãos pelo mais velho, este selecionou uma das chaves, e calmamente, destrancou a porta do celeiro. Parecia bem empolgado ao entrar na construção de madeira, e cerca de cinco minutos depois, ele saía arrastando uma garota morena, com uma beleza natural, nada contente, pelos braços.

- Mas o que está aconte... – falei sozinho, tentando entender a situação.

O homem trocou algumas palavras com o garoto, dessa vez em tom brincalhão e jogou a chave de volta, sem agradecimento algum. Durante todo o tempo, a adolescente permaneceu em silêncio encarando o chão de terra batida.

De repente as palavras de Alana voltaram a minha cabeça. A mãe e o tio dele, os meus dois filhos... Foram levados de nós por outro grupo de sobreviventes.

Embora não soubesse que destino levara o tio de Daniel, sabia bem em que situação devia estar sua mãe, pensei ter visto outros vultos agachados no celeiro e agora desconfiava de que não eram apenas fruto da imaginação.

E com aquela informação, um plano começou a desenrolar-se em minha cabeça.

POV – Bruno

“O cansaço é companhia constante”, pensei comigo mesmo.

Como se por sinal de ciúmes, uma agulhada de dor atravessou a lateral do meu corpo, lembrando-me de outra irritante companheira.

Apesar de cansado, não aguentava mais o cheiro, a luminosidade, a aparência, enfim: tudo, naquele quarto. Precisava sair, ver a luz do sol, antes que Alana aparecesse com seus chás de gosto horrível.

O mais silenciosamente possível, abri a porta do ambiente, sendo recebido por uma rajada de ar noturno como não sentia há vários dias. 

- Vejo que está se sentindo melhor – disse Alana, pensativa, do outro lado da salinha que terminava onde a cozinha começava, sendo impossível distinguir o ponto exato do início de um ou outro.

- Devia mudar um pouco o tratamento, estive isolado todo esse tempo, respirando o mesmo ar, dia após dia.

Alana considerava responder, quando passos foram sentidos e ouvidos no exterior da cabana.

- Eu por acaso ouvi a voz do... – precipitou-se uma mulher para dentro da cabana, por um momento não a reconheci, mas conforme foi se aproximando, a silhueta tornou-se mais clara e familiar. Era Carla e meu coração encheu-se de alívio.

- Parece que não vamos nos separar tão fácil assim – declarei, enquanto a envolvia em um abraço, ignorando a ponta de dor logo abaixo do ombro.

- Graças a Deus. Realmente pensei que...

- Não aconteceu. – interrompi, encarando seus olhos castanhos que agora refletiam o sorriso besta em ambos os rostos.

- Muita coisa aconteceu – murmurou ela, em resposta, mas logo desviou o assunto. – Não sabe como estou feliz pela sua recuperação.

- Acho que sei sim. – De novo aquela pausa no assunto, não interessava a nenhum de nós falar qualquer coisa, por um momento era capaz de sentir seu corpo tão próximo, me desafiando a ignorá-lo.

- Lamento interromper a troca de carinhos – Alana não parecia lamentar em nada. –, mas menina, é só minha imaginação, ou você está mesmo mancando?

O sorriso no rosto de Carla se desfez, enquanto ela se afastava, não deixei de notar, com certa dificuldade.

- A doida que nos atacou... Ela machucou minha perna. Foi isso. Apenas isso.

- Quem está tentando convencer? – sibilou Alana. – Deixe-me ver isso agora.

Relutante, ela se apoiou no sofá, ao lado da velha, e indicou a perna direita, com um pedaço de tecido improvisadamente passado sobre o jeans esfarrapado.

- Um deles fez uma porção de cortes na minha perna... Acha que estou infectada?

- Eu não sei. Se ficar quieta, talvez eu descubra – Alana cortou o tecido e agora tentava evitar o jeans destruído, enquanto examinava a ferida.

- Planejava colocar todos nós em risco? – atacou a velha.

- Eu... Quer dizer, você acha que... Eu esteja infectada?

- Claro que não, sua idiota. É apenas uma ferida comum, mas, caso não fosse, planejava nos contar quando? Não abrigo vocês aqui para que coloquem a minha vida e a vida de meu neto em risco.

- Está sendo injusta, Alana – interferi.

- Não Bruno, ela tem razão – rebateu Carla.

- É claro que tenho.

Sentei ao lado de Carla no sofá, sem conseguir me livrar da inquietante sensação de que ela omitia algo.

- O que aconteceu lá? Eu lembro... Eu consigo lembrar de que Selena me atacou, mas e depois?

- Você desmaiou. Zumbis pegaram o filho da Selena, tanto que eu até fui atrás, mas... Não consegui salvá-lo a tempo.

- Sinto muito – respondi.

- É melhor mesmo que ele morra agora, parece até piedade, não viver nesse mundo.

Pensei naquelas palavras por alguns instantes, e depois, acompanhei Carla, fitando o vazio. Devia estar mais cansado do que pensava, pois, adormeci, vindo a acordar apenas com o baque próximo.

Percebi que estava aninhado com Carla no sofá, o que poderia ser um pouco constrangedor, se ela também não tivesse pegado no sono, diferente de mim, ela não acordou quando Steve entrou, desesperado, pela porta.

- Ei cara, as pessoas estão dormindo, sabia?

Steve parou em frente ao sofá, olhava de maneira esquisita na minha direção.

- Carla... Ela te contou tudo o que aconteceu?

- Sim, uma pena que todos que conhecemos por aí tentam nos matar. Selena não era flor que se cheire, afinal. – respondi, e por um momento, ele pareceu não saber sobre o que eu falava, mas depois concordou com um aceno de cabeça.

- Pois é... Mas isso ficou no passado, nós agora temos problemas bem mais urgentes. 

- Onde você estava? – Carla bocejou audivelmente.

- Avaliando o refúgio deles.

- No meio da noite? – ela parecia alarmada, mas em seguida, tranquilizou-se, como se não se importasse com Steve. Agora tinha quase certeza de que eles escondiam algo.

- Espera, espera, espera! Do que diabos estão falando?

- Em troca dos cuidados médicos, a Alana nos pediu um favor – esclareceu Carla.

- Pedi e sei que vão cumprir – disse ela, entrando abruptamente no local.

- Hoje mesmo – declarou Steve. – Essa noite, vamos cumprir com o prometido. 


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Notas finais do capítulo

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Obrigado por ler!