The Hikers Dead - Infecção escrita por Gabriel Bilar


Capítulo 19
Curando-se Na Cabana (parte 1)


Notas iniciais do capítulo

Enfim, mais um capítulo, galera!! Trabalhei bastante nesse e espero que gostem.

Aproveitando para agradecer os 77 comentários, os 14 acompanhamentos, os 12 favoritos e a única recomendação da fic; muito obrigado a todos que tem feito The Hikers Dead acontecer!!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/331373/chapter/19

POV – Selena

Minha última chance de vingança estava debruçada sobre o amigo inconsciente. De costas para mim, totalmente desprotegido de qualquer ataque.

“Vou fazer com que se arrependa de não ter me matado.”

Assim que pudesse também iria arrancar os olhos daquela vadia, a tal da Carla, só de pensar nela, meu sangue fervia de ódio; mas primeiro o cara à minha frente.

Sorri, vendo o caminho livre e comecei a engatinhar sorrateiramente, com uma segunda faca reserva entre os dedos da mão direita. Sangue, proveniente de um ferimento aberto em minha testa, escorria direto para o asfalto.

Estava a apenas alguns metros de Steve quando algo roçou em minha panturrilha esquerda. Imóvel, não ousei sequer respirar por alguns instantes. Quando nada aconteceu, continuei o rastejar sutil, ignorando o que acabara de acontecer.

Ignorar o perigo foi o pior erro que podia ter cometido.

POV – Steve

Virei-me, assustado, e encontrei Selena agoniando a apenas dois metros de mim. Vagamente, percebi a infectada agarrada à sua perna esquerda, uma mulher, por volta de cinquenta anos, vestindo um avental ensanguentado por cima das roupas típicas do campo e uma touca, utilizada para preparo das refeições.

Sem hesitar, atirei na senhora infectada.

- Selena. – cumprimentei com amargura e apontei a arma na sua direção.

- STEVE, PRECISA ME AJUDAR! Corte meu pé; minha perna; sei lá! Mas me ajude a sobreviver, por favor; deixarei vocês em paz, apenas não me deixe virar uma dessas coisas! – Selena estava descontrolada, lágrimas rompiam pela face e o medo de estar infectada fazia-a suplicar.

– Deixar-nos em paz? Por que eu acreditaria em alguém como você?! – fiz uma pausa – E isso na sua mão é uma faca?

- Porque, você é o único que pode fazer isso, agora! Não quero ser uma deles.

- E não será. – respondi, secamente.

- Ah! Graças a Deus, sabia que não ia me...

A pistola em minhas mãos disparou, certeira. Selena arregalou os olhos surpresa, e seu corpo todo tremeu por um instante, antes de desabar completamente.

- Comemorou antes da hora. – afirmei, com raiva; surdo aos lamentos da mulher sabia que ela não teria piedade alguma de mim se a situação se revertesse, a faca em suas mãos no momento da morte já demonstrava o que ela pretendia fazer.

Voltei para junto de Bruno, este estava febril e voltara a sangrar de maneira preocupante. Tinha de tirar nós dois dali o mais rápido possível.

Foi quando avistei uma linha de fumaça a algumas centenas de metros, encobertos pelas árvores. Podia até ser um grupo maior e aproveitador, mas era nossa melhor chance no momento.

E, Carla, que ainda não havia voltado da sua expedição pela floresta, se não nos alcançasse ficaria para trás.

–--------------------------------------------------------------------------------------------------------------

Consegui manter Bruno acordado por algum tempo. Nesses raros instantes, fiz com que levantasse e passasse um braço ao redor de meus ombros para que pudesse se apoiar em mim durante a jornada que viria a seguir. Apoiar era um termo vago, a verdade é que acabaria carregando-o.

- Aonde vamos? E, onde está Carla? – gemeu de dor.

- Poupe suas forças, Bruno, você levou uma facada.  – respondi.

Ele encarou-me confuso, como se quisesse entender o significado das minhas palavras, mas pelo visto seus pensamentos já vagueavam novamente.

A caminhada foi longa, comigo tropeçando e indo ao chão com o corpo de Bruno pendurado sobre mim, a cada passo.

“Não dá mais!” pensei, por mais vezes do que gostaria de me orgulhar, mas apesar disso, toda vez que caía, encontrava forças para levantar.

Estava quase desistindo quando localizei a cabana. Uma construção simples, porém, aconchegante, de madeira, com uma chaminé de um dos lados de onde emanava a fumaça que me guiara até ali.

Podia estar habitada ou não. Mas não podia me dar ao luxo de desperdiçar aquela chance, de não investigar o local, pelo menos.

Deixei Bruno de lado por um instante, apoiado contra uma árvore, e observei atentamente o local.

Por um momento, tudo esteve calmo, até que vi um movimento na parte de trás da casa e, pensando que poderia ser um contaminado, avancei cuidadosamente pelo terreno, contornando a cabana com o revólver em mãos.

A criatura estava curvada sobre uma cesta de plástico rosa. O que estaria fazendo? “Não importa, afinal, com um tiro isso acaba!” Estava mirando sua cabeça, protegida por um pano rosa, quando uma voz me sobressaltou.

- Afaste-se dela! Agora!

Girei sobre os calcanhares e encontrei um jovem gorducho de aproximadamente doze anos portando um punhal que com toda certeza não sabia usar; apenas pelo modo como empunhava a arma, percebi que era um principiante que tinha como professor o desespero.

- Acalme-se, não pretendo machucá-la. – tranquilizei o rapaz.

- O que querem aqui? Já não pagamos vocês essa semana? – berrou ele, com amargor.

- Como é? Não, não, eu só preciso de um lugar para cuidar do meu amigo. Ele foi esfaqueado. Não quero nenhum “pagamento” de vocês.

- Onde está ele? – uma voz feminina, um pouco cansada, porém forte, indagou.

Virei-me e encarei a senhora com o pano na cabeça.

- Não, vó! – opôs-se o garoto.

- Eu deixei-o aqui perto, senhora. – ignorei o jovem resmungando atrás de mim.

A velha, relutantemente disse:

- Traga-o para cá, cuidarei dele.

- Muito obrigado, não sei nem como agradecer...

- Eu sei. Cuidarei do seu amigo e em troca você cuidará de um assunto para mim.

POV – Carla

Por um momento, pensei que fosse cair da árvore. Apenas não caí, pois, como último esforço, agarrei a madeira desesperadoramente com as duas mãos, o punhal entre uma delas caindo na terra macia.

A criatura investiu novamente; com suas mãos asquerosas sujas de sangue e terra, agarrou e fez uma porção de cortes irregulares que partiam da minha coxa até a tíbia direita, que começou a sangrar de imediato.

- Filho da mãe! – gritei e revidei o ataque com um chute no maxilar do morto-vivo. Este titubeou por tempo suficiente para que eu tentasse arremessar uma das facas do meu cinto na sua direção. Porém, como Bruno dissera, aquelas coisas eram difíceis de atirar, e a minha primeira tentativa, foi parar, inofensiva, aos pés do monstro.

O zumbi não se interessou pela arma, estava totalmente focado em mim.

Não sei por quanto tempo resisti, mas sei que, com um bom puxão na minha perna machucada, o infectado conseguiu o que mais queria: arrancar-me da árvore.

Caí, por cima de pequenas pedras, terra e carne podre; a perna cortada e a cabeça, latejantes em sintonia; o ar, bruscamente arrancado dos pulmões.

Por um momento, era como se tivesse esquecido o garoto contaminado ao meu lado, estava entorpecida demais pela queda, os sentidos anestesiados; mas, ao sentir um hálito quente e fétido em meu pescoço, consegui, por fim, reagir à situação repulsiva. Com um soco, afastei a criatura e, com a mesma mão, mantive-a longe de mim por algum tempo.

Usando a outra mão, tateei a terra à procura de algo que pudesse fazer a diferença na luta. Logo, meus dedos se fecharam ao redor de um galho, perfeito para a situação.

Empreguei toda minha força para empurrar a cabeça do morto para longe e, levantei-me, com o galho pronto, na sua direção.

Cambaleando, o infectado aproximou-se de mim. Ele estava a poucos centímetros e já esticava os braços para me tocar, quando ergui o joelho na direção do que antes foram suas costelas e impulsionei-o contra a árvore. Algo estalou e por um momento, tive-o onde queria, isso bastou; trespassei o olho direito do zumbi com o galho, que partiu-se lá dentro.

Recolhi a faca de arremesso e o punhal caídos próximos e corri para longe daquela clareira que tanta dor, física e psicológica me provocara.

Lágrimas desciam pelo meu rosto, enquanto tomava distância do local. Os traumas eram tantos que eu já nem sabia por que as derramava.

Quase não acreditei quando vislumbrei a estrada à frente. O alívio invadiu meu corpo e por um instante, até mesmo a dor na perna ferida ficou em segundo plano.

Todo o alívio, porém, transformou-se em frustração, ao constatar que estava sozinha na estrada. Havia sido abandonada. Deixada para morrer.

Escorreguei no asfalto frio de fim de tarde e deixei novas lágrimas tomarem o lugar das antigas.

“Steve! Não tinha o direito!” amaldiçoei em pensamento, sabia que Bruno jamais me abandonaria, já Steve... Aquilo era coisa dele.

Inconsolável, encarei a ferida provocada pela criatura e sobressaltei-me. O zumbi destruíra minha perna com as garras! Mas, além disso... Em meio a todo o sangue, havia algo anormal, uma irritação de pele, talvez, ou...


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Merece um review ou quem sabe, uma recomendação???
O que acharam? Sugestões, dicas, críticas?

Não percam os próximos capítulos, serão cheios de ação, infectados e sobreviventes desesperados!!